Dra. Luna

Capítulo 6

Lilly se revirava na cama há várias horas; ela sabia que teria dificuldade para dormir esta noite. Lilly gemeu e sentou-se. Ela queria limpar a mente com uma corrida, mas isso não era uma opção agora. Ela ainda era nova no território e não havia sido integrada à matilha. Ela poderia ser confundida com uma loba solitária e isso não seria bom. Em vez disso, ela decidiu pegar algo quente para beber, como chá de ervas. Ela saiu do quarto e seguiu em direção à cozinha. Ela olhou para o corrimão e viu a luz da cozinha acesa e Kade lá dentro. Ele estava movendo o braço em movimentos circulares e parecia estar tentando aliviar uma dor. Lilly desceu as escadas e o observou em silêncio.

"Você não consegue dormir?" Kade falou, sentindo a presença dela. Ele não precisava olhar para cima para saber que era ela ou que ela estava lá. Ele parou de movimentar o braço e olhou para ela quando ela se aproximou.

Ela sorriu e se aproximou dele curiosamente. "Eu sabia que não conseguiria dormir, mas seu alfa rabugento pegou minha camiseta confortável e em vez disso insistiu que eu usasse a camiseta dele. O que, é claro, não pode acontecer porque tinha o perfume de outra loba. Seu ombro está doendo?"

"É uma dor que me incomoda há alguns anos. É irritante, mas aprendi a conviver com ela." Kade deu de ombros.

Lilly se aproximou dele e estendeu a mão até o ombro dele. Ela riu ao perceber sua reação desconfortável. "Calma. Eu sou médica, lembra? Por que você não deixa eu examinar seu ombro?"

"Agora?" Kade olhou para o relógio que marcava três da manhã.

"Por que não? Estou acordada e você está acordado." Lilly deu de ombros. Por que não agora? Kade se mexeu desconfortavelmente e Lilly suspirou irritada. "Pelo amor de Deus, Kade! Tire a camisa e deite-se na mesa." Lilly finalmente disse brava para ele.

"Tirar a camisa?" Kade virou-se e olhou para ela.

"Você acha que vou me aproveitar de você ou algo assim? Sim, tire a camisa." Lilly achou graça em seu comportamento estranho, mas então algo passou por sua cabeça. "Vocês têm médicos na matilha, certo?"

"Na verdade, não. Temos algumas enfermeiras e parteiras, mas somos lobisomens. Na verdade, não precisamos muito de médicos. E se alguém realmente precisar de um médico, não está tão longe do hospital mais próximo." Kade tirou a camisa e deitou-se na mesa.

Lilly balançou a cabeça irritada com esse conhecimento. Ela gentilmente colocou suas mãos e começou a examinar o ombro e o braço de Kade. Ela podia sentir exatamente o que estava acontecendo. É por isso que eles deveriam ter um médico na matilha.

"Você teve uma lesão grave alguns anos atrás e usou cicatrização acelerada?" Lilly perguntou, já sabendo a resposta.

"Sim, na verdade o tempo todo." Kade riu de sua pergunta sem sentido.

"Aff!" Lilly esfregou a testa irritada. "Você curou os ossos de forma estranha. Eles se fundiram onde não deviam porque você forçou o processo de cicatrização. É por isso que vocês deveriam ter médicos na matilha."

Nesse momento, alguém desceu as escadas. Lilly virou-se e olhou para o homem. Era outro homem grande que parecia meio morto para o mundo.

"Caleb, conheça a nova luna, Lilly. Lilly, este é Caleb, ele esteve em patrulha o dia todo, é o terceiro no comando por aqui." Kade apresentou os dois.

"Perfeito, você vai servir. Caleb, posso contar com sua ajuda." Os olhos de Lilly brilharam ao ver o par extra de mãos que agora tinha à disposição.

"Uh oh, o que você vai fazer comigo?" Kade perguntou nervosamente.

"Eu posso consertar seu braço e fazer a dor desaparecer. Mas eu preciso quebrá-lo e colocá-lo no lugar primeiro. Você precisa se abster de cicatrizar até eu mandar. Vai doer... Não vou mentir, vai doer muito. Eu poderia usar a força do Caleb para ajudar a segurar você."

Os olhos de Caleb se iluminaram ao ouvir isso, e ele se ofereceu como voluntário com muita empolgação. "Posso quebrar o osso dele?" Caleb perguntou animado.

Kade rosnou com sua empolgação enquanto Lilly ria de seu entusiasmo. "Não, isso precisa ser feito com cuidado. Você parece muito ansioso para causar dor nele."

"Um golpe grátis no beta? Sim, pode-se dizer isso." Caleb riu e um rangido foi ouvido no degrau. Ele olhou para cima e viu seu parceiro Avery descendo.

"O que está acontecendo aqui?" Avery perguntou meio sonolento.

"Estamos prestes a quebrar o braço ou o ombro do Kade. Não importa, pois vamos quebrar um dos ossos dele." Caleb disse empolgado.

"Ah, ok, divirtam-se então." Avery disse como se tivesse mencionado sair para correr. "Ah! Você é a nova luna?" Avery voltou sua atenção para Lilly, de repente muito mais interessado.

"Provável luna e você pode me chamar de Lilly." Lilly corrigiu.

"Eu sou Avery, sou a companheira de Caleb. Precisa de ajuda com alguma coisa?" Avery estava mais que disposta a ajudar a nova luna, caso precisasse.

"Como você reage ao som de ossos quebrando?" Lilly perguntou e percebeu que Avery se contorceu um pouco. Enquanto Kade gemia ao ouvir ela falar sobre quebrar ossos tão casualmente.

"Não sei, eu geralmente não luto, então nunca ouvi esse som." Avery admitiu.

"Hmmm. A decisão é sua, então. Se você quiser assistir, como uma experiência de aprendizado, pode fazer isso, ou se quiser poupar-se, agora é a hora de se retirar." Lilly deu um sorriso caloroso a Avery, oferecendo-lhe uma saída fácil.

"Então acho que vou voltar para o quarto e colocar meus fones de ouvido. Nos vemos de manhã, Lilly." Avery sorriu brilhantemente para ela antes de sair dali. Isso não era do tipo dela e ela estava feliz por ter sido dispensada.

Lilly voltou sua atenção para Kade, enquanto Caleb parecia estar ficando animado. Lilly se aproximou de Kade e se agachou para deixar sua cabeça na mesma altura que a dele, enquanto ele estava deitado na mesa. "Kade." Lilly estendeu a mão e tocou o braço dele à sua frente. "Você está bem com isso? Confia em mim?" Lilly olhou nos olhos de Kade, procurando uma resposta.

"Não estou muito animado em ter meus ossos quebrados, mas confio em você. Se isso vai resolver essa dor, estou disposto a fazer. É só uma dor, certo?" Kade deu a Lilly um sorriso tímido.

"Sim, é só uma dor, então não grite muito alto, docinho." Caleb sorriu com um entusiasmo sádico, enquanto dava um tapa na parte de trás de Kade.

"Caleb, tudo o que preciso é que você o segure firme. Ele naturalmente reagirá à dor. Você acha que consegue segurá-lo, ou precisamos de outra pessoa?" Lilly estava entrando em modo profissional agora e sua voz estava séria.

"Ele pode ser o Beta, mas sou forte o suficiente para segurá-lo." Caleb sorriu de forma confiante para Lilly, mostrando que ele poderia lidar com a tarefa. "Tenho que dizer isso, acho que estamos ganhando uma Luna muito f**a na nossa matilha." Caleb sorriu para ela e ela respondeu com um sorriso discreto.

"Ok, Kade, prepare-se e faça o possível para ficar imóvel." Lilly posicionou suas mãos no ombro dele e procurou pelo osso fundido. Lilly concentrou-se e trouxe a força de lobo para seus braços. Ela precisaria de sua força de lobisomem para quebrar os ossos fundidos. Lilly concentrou-se e, num único movimento, empurrou com força, o que resultou em um barulho alto de estalo no ambiente, seguido pelo rugido alto de Kade. Caleb segurou Kade com maestria e impediu que ele se movesse demais. Lilly reposicionou o osso e então se aproximou novamente de Kade. Ela estendeu a mão e passou suavemente os dedos em seu cabelo, tentando acalmá-lo. "Ok, Kade, agora, aos poucos, permita-se curar. Não muito rápido para que eu possa sentir como está se recuperando." A voz de Lilly estava calma e reconfortante.

Lilly continuou a verificar o progresso da cura e depois retornou à sua posição em frente a Kade para incentivá-lo durante esse processo.

"Ok, acho que está feito, Kade. Você pode se sentar e testar seu braço agora." Lilly deu alguns passos para trás e enxugou a testa.

Kade desceu da mesa e moveu o braço em diferentes movimentos. Ele sorriu e olhou para Caleb. "Sumiu! Não consigo me lembrar da última vez que eu me senti assim. Lilly, você é incrível!" Kade se aproximou e a levantou em um abraço. No momento em que o fez, um pequeno rosnado foi ouvido acima deles, vindo do segundo andar.