Um mês depois…
Judy
Os dias não têm sido nada fáceis, não por causa do trabalho, mas porque eu não estou conseguindo me concentrar em nada desde que Ramon tem se aproximado de mim. Hoje seria o último dia de trabalho antes de mudarmos para o outro prédio, Mary não estava muito afim de ir para festa que iriam fazer por isso, então convidei ela e a filhinha dela para irmos ao cinema.
Ulisses era indeciso até para escolher vestido e nem era pra ele, porque sua roupa era apenas uma calça e uma camisa de gola alta com um sobretudo por cima e só.
— Por que sempre se limita a usar vestidos? Você fica tão bonita.
— Sei lá, me sinto menos desprotegida e por isso só uso quando você sai comigo. Como hoje é um dia desses, qual você prefere; o lilás ou o bege? — Segurei um em cada mão e levantei a altura dos seus olhos. Ulisses analisava nem cada um deles e eu sabia que ele iria escolher o lilás, afinal, pensamos muito parecido.
— O bege é lindo, mas esse decote nos s***s acho que não é uma coisa que precise hoje. Já esse lilás. — Ele passava as mãos no vestido de cima a baixo e bagunçando meu cabelo em seguida.
Fiz uma maquiagem leve, soltei os cabelos e vesti o que Ulisses escolheu. Ele estava lindo, não tem quem o diga que ele é gay!
Ulisses estava tirando o carro da garagem quando eu abri a porta e me deparei com Ramon em um traje perfeitamente parado com dois bilhetes em mãos.
— Judy… boa noite… — Seu olhar raio-x me analisou de cima a baixo sem nem ao menos ter o trabalho de disfarçar. Pigarreou antes de falar e então voltou ao seu normal. — Eu pensei que você pudesse ir ao cinema hoje comigo, mas vejo que já está de saída.
— Achei que iria estar na sua festinha. E sim, eu já estou de saída. Convidei Mary para ir ao cinema comigo e pedi que ela levasse sua filha, estamos indo agora. Se quiser ir com a gente, não vejo problemas.
Ele não pensou muito e logo aceitou. Eu e Ulisses fomos em meu carro e ele no dele. Pegamos a Mary em sua casa e a neném dela estava dormindo serenamente. Não havia muitas pessoas no cinema e o filme de passava era A Nova Onda do Imperador, um clássico perfeito.
— Olha só essas bochechinhas que perfeitas. — Ulisses acariciava a neném no colo de Mary enquanto ela lhe entregava a mesma em seus braços. — Eu queria ser mulher pra poder sentir o tamanho de um amor tão surreal, que é o amor de mãe.
— Mas para dar e receber amor não precisa partir, o ato da adoção é para despertar o melhor do ser humano. Não existem regras para o amor, tanto que você saiba o dar da forma correta, como todo ser humano e principalmente, como toda criança precisa mais ainda. — Ramon falava bonito, isso fez os olhos de Mary brilharem, mas ela ainda se perguntava em como a gente se conhecia e como ele estava aqui.
— Realmente, o ato da adoção é lindo. Quando eu casar quero ter uns dois no máximo e adotar um casal. — Sim, esse era meu sonho, mas não agora.
Mary estava distraída amamentando sua neném, enquanto Ulisses estava com os olhos vidrados no desenho e Ramon estava bem aí meu lado
— Por que está fugindo de mim? Peço desculpas se diz alguma coisa, mas eu tenho certeza que não. — Quando sua mão tocou em minha perna eu senti um feio na barriga, uma coisa inusitada e dei um leve pulinho da cadeira por isso.
— Está certo, não estou fugindo de você. Não acho certo a gente ficar com i********e no trabalho, não é porque você é o meu patrão que eu tenho que fazer o que quer. — Tirei sua mão sem jeito e com. — Ficou louco? Alguém pode ver!
— Então vamos sair daqui e ir até um lugar mais reservado se tem medo que saibam de…
— Judy, porque a opinião dos outros te incomodam tanto? Somos adultos, solteiros e sabemos bem o que a gente quer. Você sabe o que eu quero.
— Mas você não sabe o que eu quero, Ramon. Você é como um irmão para o meu pai, não para mim. Pouco mais de um mês a gente… — Antes que eu prosseguisse com o que estava falando, Ramon segurou minha nuca e me beijou. Meu corpo automaticamente retribui e para mim era como se estivesse apenas nós dois ali.
Ramon
Estava louco para sentir seu gosto. Judy não me fazia pensar em outra coisa a não ser beijá-la, e isso estava me deixando cada dia mais louco.
A cada toque meu em seu corpo ela correspondia, alguém tinha que ter a noção e essa pessoa era sem dúvidas eu.
— Pensou melhor sobre a gente ir para um lugar mais reservado?
— Agora não, Ramon. Sai com Mary e quero ficar com ela até o final da noite. Não vê que ela está sobrecarregada com muitas coisas? Ela é mãe solo e a filha dela está com câncer, como acha que ela se sente? — Que a Mary tinha uma família isso quase todo mundo sabia, mas que a filha dela precisava de tratamento isso para mim era novidade.
— Eu não sabia disso. Não sabia que ela escondesse algo tão grave!
— Ela não escondeu nada, ninguém é que nunca se importa com o próximo. — Mary parecia cansada e a neném queria dormir.
— Posso? — Perguntei estendendo os braços e Mary a colocou em meus braços me fazendo sentir a melhor sensação da vida.
— Se importa de ficar com ela pra eu ir ao toalete?
— Claro que não. Vai sem pressa. — Ulisses acompanhou Mary que pediu para que ele fosse com ela. Ela era uma mulher forte e cheia de segredos.