Capítulo 15 — Seja minha

1114 Words
Ulisses Mary era uma pessoa amável assim como sua filhinha que era tão pequena e frágil. Judy havia saído com Ramon para buscar pipoca e água, mas estavam demorando a voltar e Mary que estava querendo perguntar e sem jeito, então resolvi puxar conversa como o bom amigo que sou. — Eles dois são?... — Não, eles não são namorados, Mary. Ramon é o melhor amigo do pai da Judy, eles se conhecem há muitos anos, antes mesmo do nascimento da Judy. Embora eu ache que os dois formam um casal, Judy não acha isso. — O jeito que ele olha pra ela é como se a amasse. Acha mesmo que ela não gosta dele também? — Eu acho que ela também gosta dele, mas Judy tem muito medo de julgamentos da sociedade e para isso ela não está preparada ainda. Sem tirar que seu pai mataria o Ramon se isso acontecesse. — Eu também pensava dessa forma até perder o homem que eu amei mais que tudo na minha vida. Ele me deu tudo quando eu não tinha nada. Me tirou de uma profunda depressão, me acolheu em seus braços e quando eu menos esperei o perdi… — Seus olhos tinham lágrimas e seu semblante tristeza. — Ele me amou até o dia em que apareceu alguém que lhe desse aquilo que eu não lhe dei, amor. — Mas você não o amava ou nunca havia dito isso a ele? — Eu o amava mais que tudo, Ulisses. Mas, ele era mais velho que eu 13 anos, e eu não tinha coragem de assumir ele por conta das críticas que eu viria receber, por ele ser um homem rico e bem sucedido, enquanto eu não tinha nada, assim como hoje também não tenho. Em uma noite de recaída entre nós dois eu engravidei, mas ele já era casado e mesmo assim eu cedi aos meus desejos por ele. — Então quer dizer que ele não sabe que é pai da sua filha é isso mesmo? — Minha cara de sem graça foi feita e eu não sabia controlar isso, o que fez com que Mary deixasse um riso escapar. — Isso mesmo. Ele não sabe que eu engravidei naquela noite e também desde então não nos vimos mais. Algumas pessoas dizem que ele está em outro país, mas eu não sei se é verdade. Não quero atrapalhar a vida dele como já fiz durante anos atrás, eu o amei demais e não quero vê-lo infeliz nunca mais. — Mas, se ele aparecesse hoje, você daria uma nova chance a ele? — Sem pensar duas vezes, daria quantas chances ele quisesse. Eu era cega, não enxergava o quanto ele me amava e me queria, estava preocupada demais com o que os outros iriam pensar sobre mim. O que hoje não faz a mínima diferença em minha vida e… — E quando olhamos para o lado havia um homem sentado com esposa, rindo do desenho enquanto seguravam uma criança em seu colo. — Não pode ser, ele continua com o mesmo rosto e tão feliz… O "coroa" não era tão velho assim, suponho que esteja na faixa etária de uns 47 anos por aí… mas ainda sim, com um belo rosto e muito bem cuidado. Ao vê-lo, Mary mudou de assunto e deu atenção a sua filha que estava começando a chorar. — Eu vou lá fora um pouco, aqui não pode fazer barulho e Suzy está febril hoje. Qualquer coisa avise a Judy que pedi um táxi e fui embora. — Obviamente eu não iria deixá-la sozinha, jamais! — Eu vou com você. Se quiser ir embora eu te levo, você não vai ficar sozinha por aí há essas horas, ainda mais com uma bebê no colo. — Tirei meu sobretudo e coloquei em cima dela que estava arrepiada de frio. Antes de sair vieram Ramon e Judy saindo do banheiro, ambos de lados opostos. — Mary não tá se sentindo muito bem e quer ir embora, Suzy está febril também. Vou levá-la em casa e encontro vocês depois. — Peguei a chave do carro de Judy e fomos em direção ao estacionamento. … Judy — O que aconteceu entre a gente hoje não poderá mais acontecer, Ramon. Você me beijou na frente da Mary, e se ela espalhar por aí que estamos juntos? — Ramon não parecia me dar ouvidos, diferente de mim, ele não se importava com o que as pessoas pensavam ou falavam. — Eu assumo as consequências se é disso que você tem medo. — Pra você é tudo mais fácil, você é homem! — Sim, ser homem era muito mais fácil, assim eu pensava. Eles somem quando engravidam as mulheres e vivem tranquilamente enquanto as mulheres se ferram sozinha e sem poder fazer nada em relação a muitas coisas. — Eu sinceramente não sei onde quer chegar. Você me beijou, gostou do que eu fiz e agora está arrependida, é isso? Eu peço desculpas se não era isso que você queria, mas… — Mas era isso que eu queria, Ramon. Eu só não sei como vamos fazer isso. Meu pai vai enlouquecer quando souber disso e… — Podemos ir com calma, Judy. Eu sei que sua cabeça não funciona como a minha, mas pode ter certeza que estou disposto a fazer o que for necessário para ter você. — Até mesmo enfrentar meu pai? — Ele sorriu e assentiu, o que me fez estremecer por dentro e a sensação de luxúria tomar conta de mim mais uma vez. Sem pensar duas vezes me aproximei do seu corpo, passando meus braços em volta do seu pescoço e o beijei sem cerimônias. — Enquanto Ulisses não volta podemos aproveitar esse momento tão bom que estamos tendo, assim eu vou ter certeza que não estou sonhando. — Sua barba roçava meu pescoço, fazendo meus olhos fecharem e a incrível sensação de "poder" me tomar. — Vamos… — Entramos no carro dele e antes de sair deixei uma mensagem avisando a Ulisses que sairia com Ramon e que ele não precisava me esperar voltar. — A gente nem se despediu da Mary. — Amanhã faremos isso, eu não me conformei com ela não ter dito sobre a sua filha. Isso é um assunto que tem que ter o máximo de atenção. Eu não vou deixá-la desamparada, me coloco em seu lugar e se acontecesse alguma coisa semelhante com minha filha eu não saberia como agir. Ramon dirigiu até um bar, onde havia muitas pessoas, inclusive pessoas que o conhecia e lhe cumprimentavam quando o via. Já estava arrependida por ter aceito isso, alguma coisa me dizia que isso não foi uma boa idéia.
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