Capítulo 13 — Amigos para sempre

1628 Words
Ulisses — UAU, foi o gato do pai que te mandou essas aí? Eu adorei. — O buquê era lindo, uma pena que Judy não gosta de flores e nem se quer deu valor. Ela estava pensativa e triste, assim como eu também estava. Precisava tomar coragem para enfrentar meus pais e isso não iria ser uma conversa fácil, mas eu detestava ver minha amiga triste, ainda mais quando o motivo era desconhecido. — Não acha isso estranho demais? Primeiro ele só queria se aproximar de você depois do que aconteceu com seu pai, depois veio te chamando para jantar e agora até mandou mensagem se desculpando… qual será a próxima coisa que ele vai fazer? — Não vou fazer nada, Ulisses. Ramon é um cara rico, eu apenas trabalho na empresa dele. Aceitei sua ajuda porque ele e meu pai sempre foram amigos, mas pretendo pagar cada centavo depois. No máximo ele só quer alguma noite de diversão, o que não vai rolar comigo. Quanto ao Andrew, ele sempre me viu como uma irmã, agora de repente tudo mudou e ele acredita ter sentimentos por mim. Não acha que eles estão tramando alguma coisa juntos? — Seria muito audácia de Ramon. Acho que ele não disputaria ninguém com o filho, isso seria loucura. Ele me parece ser um cara super territorialista no que é dele ou no que ele deseja ter. — Ah, não me interessa também o que ele pensa ou não, nem sei porque estou fazendo isso. A gente m*l se falava, embora ele sempre esteve com meu pai, a gente nunca trocou mais que um bom dia; tarde ou noite. — Judy se apaixonou uma vez por um homem mais velho e sua experiência não foi das melhores, ele era casado e ela não sabia. Mas, ainda bem que ela descobriu toda a verdade no dia em que haviam marcado de se encontrarem em um hotel. Foi um grande livramento para Judy. — Ele poderia ser apaixonado por você e respeitar Lúcio, afinal, quem é o pai que quer ver sua filha namorando seu melhor amigo? Nenhum! Então, creio eu que Ramon viu então essa oportunidade agora e você deveria aproveitar, pois sabe que estará mentindo se dissesse que não sente nada por ele também. — E se eu senti, Uli, o que eu posso fazer? Eu sou pobre, embora ele goste de mim, não vai querer me assumir quando tem muitas mulheres em seu mesmo patamar apenas esperando uma chance dele. Porque, você sabe tanto quanto eu que, Ramon é um homem bonito, educado, solteiro e que as mulheres querem por ele ser rico, principalmente, o que não é o meu caso. — E o que vai fazer agora? Dizer a ele que não quer nada com ele agora? Judy, independente de qualquer coisa você sabe que sempre estarei ao seu lado, mas nem por isso deixe se permitir viver. — Eu sei disso. — Ela era linda quando sorria, isso hoje aconteceu poucas vezes e eu estava sentindo ela cansada e querendo chorar. — Mas não quero me iludir com ele, afinal, jantamos juntos duas vezes apenas. — Tudo bem se não quiser falar sobre isso agora. — Ela sorriu e me abraçou e continuamos assistindo até que ela caísse no sono ali mesmo em meu colo. Levei Judy até a cama e ao ligar a tela do celular vi algumas mensagens de Maikon, o ignorei mas ele foi persistente e então começou a ligar até que eu atendi: Ligação Ativa — Onde você está? Estou aqui parado na frente do seu prédio e o porteiro simplesmente me disse que não mora mais aqui. O que acha que está fazendo com a sua vida, Ulisses? Por que está me ignorando desse jeito? — Como assim te ignorando? Entre a gente não existe mais nada, não deveria nem ter existido. E o que você queria na porta da minha casa? — Conversa, Ulisses. Eu quero te pedir desculpas por ter me precipitado e ter dito sobre sua sexualidade para seus pais. — Ali então me deu um nó na garganta. Esse era um assunto no qual eu tinha total liberdade com Judy e Lúcio, que eram as pessoas que nunca me zombaram e sempre estiveram ao meu lado. — Enfia suas desculpas no seu bumbum e me deixe em paz. Por favor, eu não quero ser grosseiro com você nem nada do tipo, mas você acabou com a minha vida, levou embora minha autoestima e ainda resolveu tirar minha paz. Deseja algo mais? — Do seu perdão, Ulisses. Eu juro que isso não vai se repetir, eu juro por tudo que você quiser. — Então me esquece e não me procura mais. Estou cansado, preciso dormir agora. Ligação Inativa Eu só queria chorar e dizer o quando eu estava triste por tudo ter terminado do jeito que foi. Embora a pessoa não preste, nunca estamos preparados para o que pode estar por vir e esse foi meu caso com Maikon. O amei até o momento em que ele se pôs no caminho dos meus planos, então, ele fez questão de destruir cada um deles. Cuidar da Quitanda estava me ajudando a pensar melhor. Me sinto acolhido pelas clientes de Judy, não sei se é carência de minha parte, ou elas são assim mesmo. Só espero que isso não acabe tão rápido. Coloquei Judy na cama e deitei ao seu lado, dormimos juntos quando estava muito frio, assim ninguém passava frio e o melhor: sem segundas intenções. Judy Despertei com o despertador berrando ao pé do meu ouvido, ao me virar vi Ulisses babando quase na minha cara. Após fazer o café da manhã fui enfim trabalhar. Não podia dizer que estava desmotivada de literalmente tudo, sabe quando bate o desânimo? Pois bem, eu estava desse jeito. … — Bom dia, Mary. Trouxe um café pra gente. — Entreguei o copo a ela e fui até a bancada que ficava atrás dela. — Bom dia, Judy. Obrigada! — Ela estava diferente, embora não a conheça há mais de dois dias, sei que ela não era assim. — Tendo um dia r**m também? — Seus olhos se encheram de lágrimas e por um instante ela se virou sem responder, voltando a me olhar alguns segundos depois. — Minha filha foi internada ontem e eu não estou sabendo lidar com isso ainda. Por que tem que ser tão difícil? Ela é só um bebê. — Sem pensar duas vezes levantei e fui até ela, lhe dando um abraço cujo o mesmo foi correspondido no mesmo instante. — Obrigada, Judy, não sabe o quanto eu precisava disso. Mary permitiu que suas lágrimas rolassem, deixando seu rosto molhado e ela ainda sim triste. — Um abraço as vezes resolvem tantas coisas. Eu não sei o tamanho da sua dor, mas sinta-se à vontade para compartilhar ela comigo se quiser. Meu pai também está internado, então, eu acho que podemos dividir sentimentos. — Obrigada por isso. — Ela segurava minhas mãos e me olhava nos olhos, esse também era um ato que eu não costumava fazer muito, embora gostasse de encarar os olhos, me sentia intimidada quando alguém me olhava nos olhos. — Você foi a única que se importou comigo aqui, há quase cinco anos que eu trabalho aqui. — E se depender de mim nós duas seremos boas amigas. Eu sinto muito pela sua filha, mas se precisar de alguma coisa pode contar comigo. — Lhe afaguei os cabelos e voltei ao trabalho. As horas pareciam que não passavam nunca. Na hora do meu intervalo fui até o hospital sem avisar a ninguém, eu precisava ver meu pai, precisava do seu abraço e a angústia era indescritível. Por que com Lucin? Ele é a minha fortaleza e se eu o perder não vou saber para onde ir. Não consigo pensar em sua partida, isso dói. Pensamentos também dói! — Pai… eu sinto tanto a sua falta… — Sua mão estava fria e ele ainda dormia, mas despertou quando sentiu uma lágrima minha molar sua mão. — Minha Di Lua. Meu único e eterno amor. — Ele abriu os olhos sorrindo, parecia que estava me esperando. Antes que eu beijasse sua mão, Ramon entrou e sorriu quando o viu acordado. — Finalmente eu te peguei acordado. — Ele sorriu e sentou ao meu lado, passando a mão em meus cabelos. — Por que não me avisou que vinha? — Seu tom de voz saiu em um sussurro e eu apenas sorri. Meu pai era minha fortaleza, minha fonte de energia e sem ele presente em casa eu estava me sentindo vazia, embora tenha Ulisses que nunca me deixa sozinha, não é a mesma coisa. — Como o senhor está se sentindo hoje? — Muito bem, obrigada, já posso até ir para casa, sabiam? — Em seus olhos ainda havia o mesmo brilho de sempre e isso me dava vontade de viver. — Lúcio e sua teimosia de sempre. Espero mesmo que saia logo daqui pra gente voltar a ter as nossas conversas. Não faz ideia de quantas coisas eu quero lhe contar. — Meu pai olhava para Ramon sorridente e o mesmo também retribuía o olhar terno que meu pai lhe dava. — Pois saiba que quando eu estiver bom não vai ter quem me segure, nem mesmo dona Judy. Enfim… como está indo a sua vida sem mim por perto meu amor. — Bom… eu estou trabalhando e Ulisses é quem está cuidando da Quitanda agora. Inclusive, quando ele vem o senhor sempre está dormindo. — Judy trabalha comigo, meu amigo. — O espanto no rosto do meu pai foi hilário, ele sabe que eu e Ramon nunca tivemos i********e alguma e eu nem sei o porquê.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD