Ramon
Tudo me dizia que ela estava com vergonha de mim. Seu jeito tímido, sempre tirando o cabelo do rosto e pondo atrás da orelha eram sinais de que ela estava prestando atenção nas coisas que eu estava dizendo. Conversamos sobre Lúcio, sobre como foi seu primeiro dia de trabalho e como ela estava se sentindo.
— Eu estou me esforçando para dar o melhor para o meu pai, mas às vezes sinto que vou fraquejar. Sei lá, tenho medo de conseguir dar conta de muitas coisas. — Ela sorria sem graça e levou a taça de vinho até seus lábios, dando uma leve saboreada.
Eu herdei as empresas do meu pai, portanto já nasci digamos que rico. Lúcio teve uma vida instável, mas não tão boa assim. Quando ele tinha 12 anos eu o conheci, o tempo passou e com 20 anos ele era um homem bem sucedido, por seu mérito. Não quis trabalhar comigo, mas aceitou a minha ajuda para conseguir um bom emprego. Tirou a mãe de Judy das drogas, mas após seu nascimento ela teve uma parada cardíaca e veio a óbito. Mas, nunca lhe faltou amor. Judy é sua vida.
— Eu já te disse que estou com você, preciso repetir as minhas palavras? — Disse tocando seu mão, vendo sua expressão de surpresa, mas não as retirou.
— Mas eu não quero que seja para sempre assim. Não quero depender de você, não é ingratidão, mas eu quero poder conquistar minhas próprias coisas e espero conseguir.
— Compreendo. Mas, quando precisar estarei aqui. — Senti uma vontade absurda de beijá-la, mas me limitei tocando seus lábios e seus olhos se fecharam de forma instantânea.
— Ramon… — Judy se manteve com os olhos fechados, passando seus rosto em minha mão, não tive como resistir a tamanha vontade, aproximei meu rosto ao seu e quando ela estava entregue, a droga do telefone tocou.
— É melhor você atender. Vou pegar pizza pra gente comer e outro vinho, não comi nada ainda desde que cheguei. — Quando ela saiu eu atendi a maldita ligação.
Ligação Ativa
— O senhor não disse que queria falar comigo? Estou aqui e Leidy me disse que o senhor saiu, posso saber aonde foi?
— Andrew, eu deixei claro que nossa conversa seria amanhã à tarde em meu escritório, o que você aprontou dessa vez? — Levantei e segui até a varanda, não queria que ela presenciasse isso.
— Acabaram de levar meu carro, e só posso retirar pagando a multa. — Essa era a terceira vez que estava acontecendo isso, Andrew nunca me deu trabalho, mas agora, estava tentando ser um cara "maneiro" que vai na onda dos amigos.
— Pega um táxi que vai pra casa, amanhã eu vou retirá-lo e espero que isso não aconteça mais. Se quer ter sua independência, sabe que é livre, Andrew. — Eu não o prendo em casa, mas ele estava ficando muito acomodado e nem Vivian que é mais nova e mulher, já tem seu apartamento em Londres.
— Mas… eu precisava dele ainda hoje.
— Vai dormir garoto, amanhã quero ter uma conversa séria com você. Já não é mais um adolescente e precisa assumir suas responsabilidades. Boa noite, nos vemos amanhã.
Ligação Inativa
— Algum problema? — Judy pergunta se aproximando e me entrega uma taça com vinho. Agradeci e por alguns segundos estava me perguntando porquê meus filhos estavam se transformando em pessoas tão… desleixadas!
Judy me olhava sorrindo sem motivo algum. Voltamos para sala, onde ela começou a contar várias piadas sem graça algum, mas eu ria e ela dava tapinhas em meu braço.
Ulisses
As risadas estavam dando para serem ouvidas do quarto, estava feliz por eles dois estarem se aproximando, não é por nada, mas Judy merece o apoio do melhor amigo do seu pai. Creio que Lúcio ficaria decepcionado se Ramon não oferecesse apoio a sua filha, mas, não imaginava que ele fosse oferecer algo a mais além de amizade!
Estava conversando com Mel quando ouvir o barulho de seus risos, estavam falando coisas que não dava bem para entender, mas sei que estavam felizes.
Mensagem de texto ativa
— E você, quando vem por aqui? — Pergunto a Mel que atualmente mora em outro país, prometeu que iria vir para inauguração da loja da sua tia, que mora aqui justamente perto de Judy. Mel, Judy e eu crescemos juntos, assim como com Vivian e Ulisses, mas se tornaram uns filhos ingratos e de gente insuportável eu estou correndo.
— Amanhã irei sair, creio que dentro dos dias estarei aí. E as coisas por aí como estão? Soube do acidente com o Lúcio. Como Judy está?
— Está levando como pode. Estou morando com ela também, tranquei a faculdade depois que meus pais me colocaram para fora de casa. Foi até melhor, assim ajudo mais a Judy. Estou cuidando da Quitanda e ela arrumou.
— Poxa, espero que tudo isso passe. Não vejo a hora de estar aí com você novamente, me sinto vazia longe de vocês dois, é como se tivesse arrancado duas costelas minha.
— Espero que tudo passe rápido também. Seu noivo vem com você? — O noivo da Mel era tudo um carrapato, grudava nela e não saia de perto por nada, homem tóxico que sempre me deu um embrulho no estômago.
— Nós rompemos essa semana. Ele estava me traindo e vi isso em algumas conversas, já havia visto outras vezes, mas essa foi a última, então decidi colocar um ponto final. Me sinto feliz sozinha, quero aproveitar muito quando cehgar aí.
— Nós vamos sim, pode ter certeza disso. Só não garanto que seja o dia inteiro, porque temos mais compromissos agora.
Mel era a novinha que vivia se jogando em cima de Ramon, mas ele sempre a rejeitou por ser muito nova, havia acabado de Completar seus 19 a agora ela está com 26, então, acho que Judy vai ter que decidir o que quer para si. Se bem que homem não é troféu, mas cada um pensa diferente.
— Eu vou sair agora, mas quando estiver chegando te logo, pode ser?
— Claro. Tenha uma boa noite, Mel.
Mensagem de texto inativa
Judy
Ramon era um homem maravilhoso, não era egocêntrico, não era ridículo e contava umas piadas boas, as minhas não chegavam nem perto das dele. Quando ele tocou minha mão, meu corpo inteiro arrepiou, não foi t***o, foi somente a bebida causando a bendita dormência de sempre em meu corpo. Ali eu já estava sentindo mais nada, ria feito uma hiena e estava quase dormindo, mas ainda precisava de um banho.
— As horas se passaram tão rápido que eu não percebi que se passava das meia-noite.
— Sem problemas, Ramon. Eu gosto de beber com você, sempre conversamos bastante. Vou somente beber esse e dormir, amanhã tenho que trabalhar. — Eu iria amanhecer com uma ressaca do cão, mas pelo menos aproveitei enquanto bebia.
— Sai comigo mais vezes então. Você tem se esforçado demais, merece um dia de descanso. Amanhã irei ver meu amigo, ele vai gostar de saber que estamos nos dando bem. — Então ele só quer ser meu amigo mesmo? Para de ser i****a, Judy.
— Podemos ir juntos ao hospital, vou acertar algumas contas também. Mas, só irei à noite.
— Tudo bem, eu pego você no trabalho e nós vamos ao hospital, tudo bem?
— Tudo bem. — Ele tinha um olhar perverso, isso era no mínimo estranho. — "CÊ" TÁ BEM? — Gritei quando percebi que ele estava em transe, olhando para o nada.
— Acho que eu preciso ir. Você quer dormir e eu estou te fazendo perder tempo aqui. Depois me manda o horário em que vai sair do trabalho, também preciso dormir e preciso de um banho também.
— Perfeito! — O acompanhei até a porta e antes que fosse embora me deu um abraço, mas sua mãos desceu demais e passou em minha b***a, não foi uma sensação r**m, foi nova. — Eu vou ver como Ulisses está.
Nós despedimos, entrei e tranquei a porta e fui até o quarto de Ulisses, que estava dormindo feito uma pedra.
Tomei um banho rápido e vesti uma camisola, com uma calcinha de vovó, porque é super confortável. Já se passavam das duas da manhã quando eu deitei, mas antes de pegar no sono mandei uma mensagem para Ramon com o meu horário de saída, após isso peguei no sono.