Lúcio
— Bom dia querido! — Aquela voz não me era estranha, era a mesma voz que Vanuza tinha e… — Não me reconhece mais meu amor? Vim assim que soube o que houve com você, por que não me avisou antes?
Era ela, em carne e osso, mas como ela me encontrou e como eu irei explicar isso para Judy?
— Vanuza… — Disse em um tom de espanto por vê-la tão sorridente ali em minha frente.
— Sim, sou eu! Eu fiquei preocupada com você, Lúcio. Você sumiu durante meses e não me deu notícias, como eu tinha o número do Ramon, liguei para ele que disse que você estava aqui.
Vanuza era uma mulher elegante, gentil e acima de tudo simpática e muito generosa. Eu a amava, mas ainda não havia falado sobre ela para minha filha, apenas e que, Judy sempre foi uma garota com a mente aberta e sempre me perguntava porque eu não havia casado novamente.
— Eu… eu cheguei em uma hora r**m? — Ela perguntou tristonha.
— Claro que não, eu estou surpreso em te ver e estava com tantas saudades. Eu não te liguei porque estou sem telefone e como pode ver, não consigo mais andar sozinho.
Eu não posso mais esconder que sou um homem que namora Vanuza por quatro anos. Aos seus 20 anos, Judy parou de me perguntar porque eu não arranjava ninguém, foi quando eu comecei a sair com mais frequência com Ramon, mas eu não ficava com ninguém, apenas ele. Essa é a hora de contar tudo para minha filha, mas como irei fazer isso? Já que disse a Vanuza que ela estava louca para conhecê-la?
— Eu posso voltar depois, Lúcio. Vejo que não está bem. Bem, eu irei ficar hospedada em um hotel próximo ao hospital, amanhã eu venho visitar você e espero que esteja melhor. — Ela pegou sua bolsa e fez menção de sair, mas antes que ela abrisse a porta eu chamei sua atenção.
— Espere, eu estou com saudades de você também e pensei que não iria mais me querer depois que soube do que aconteceu comigo. — Isso era vergonhoso, meu p*u não iria mais subir nem tão cedo, se é que algum dia ainda irá funcionar novamente.
— Como você é bobo! Eu vim justamente assim que soube. Eu te amo, Lúcio, sabe que eu jamais faria algo do tipo. Conhece a minha índole. Bem… eu quero que saiba que estou com você, para o que vier. Tudo bem?
— Eu também te amo, Vanuza. — Ela se aproximou sentando ao meu lado e segurou minha mão, beijando minha testa em seguida e me olhou sorrindo.
— Que horas sua filha vem? Assim nós dois nos conhecemos pessoalmente de uma vez por todas! — Ela falava sorridente e isso me deixou nervoso, pois esqueci completamente que minha filha chegará em algumas horas.
Judy
Acordei com Ramon mexendo em meus cabelos e decerto, levei um susto, agarrei os lençóis e caí da cama toda enrolada.
— Bom dia, meu amor. Eu não quis assustar você. — Ele me estendeu a mão e me ajudou a levantar.
— Eu só… que horas são? Preciso ajudar Ulisses hoje e depois preciso resolver algumas coisas sobre a alta do meu pai, você vai comigo?
Ramon é que está custeando todos os gastos do hospital, porque eu nem sei como iria pagar aquela dinheirama toda. Eu não queria me aproveitar dele e é difícil dizer o que eu estou sentindo por ele, eu nunca me interessei em namorar por achar que seria uma coisa i****a demais. Mas, ao acordar com Ramon me olhando eu perdi todos os sentidos e por um breve momento quis agarrar em seu pescoço e lhe beijar muito.
— É melhor eu ir agilizar as coisas, não posso fazer corpo mole o dia inteiro, embora quisesse muito passar o dia todo aqui com você. — Sentei em seu colo e só agora reparei que ele estava sem camisa e sem calça também, deixando seu p*u marcando sua box.
— Por mim eu passaria a vida inteira aqui, sentindo seu cheiro, mas infelizmente tenho que levantar e resolver meus problemas também.
Bom… eu vou indo então, quando for ao hospital me avisa que eu te pego aqui.
— Ok… — Ele me deu um selinho, vestiu suas roupas e foi embora, me deixando totalmente lesa.
…
Ao cruzarmos a porta do quarto, Ramon sorriu enquanto olhava para a mulher que estava sentada ao lado do meu pai, segurando sua mão enquanto ele dormia profundamente.
— Quem é ela? — Pergunto em um sussurro enquanto me colocava na ponta dos pés, tentando chegar ao máximo perto do ouvido de Ramon.
— Prazer, querida, eu sou a Vanuza! Seu pai me disse que você estava ansiosa para me conhecer, então, aqui estou eu. — A jovem senhora me estendeu a mão, enquanto sorria de forma leve.
— Prazer, Judy. Mas, a senhora estava ansiosa para me conhecer por qual motivo? — Tentei soar de forma que não soasse grosseira e a vi ficar sem graça. — Ôh, me desculpe, eu não quis parecer ignorante, eu só não sei do que a senhora está falando!
— Ah, claro! — Ela olhou para o meu pai, pegou sua bolsa e saiu sem nos dizer mais nada.
— Ramon, se meu pai acordar avise a ele que eu voltarei em alguns minutos. — Ramon assentiu e eu fui para trás das cortinas, então assim que a porta foi fechada, meu pai abriu os olhos e Ramon sentou-se ao seu lado.
— Então, elas já foram? Eu fiquei sem saber o que dizer, c*****o, jamais pensei que isso um dia iria acontecer. — Meu pai levou as mãos até o rosto e fez um gesto para olhar para a porta, voltando a falar: — Eu não sei como eu fui manter isso em segredo por tantos anos, mas agora Vanuza acha que eu havia falado sobre ela para Judy e eu não disse absolutamente nada a minha filha.
Então ele tinha um relacionamento secreto e nunca me disse nada? Será que Ramon tem algum caso assim também? Aí, nem quero pensar nisso agora…
— E o que você vai fazer agora? Vai dizer para a sua filha toda a verdade ou o quê?
— Na verdade, eu acho que nem vai precisar o senhor me dizer mais nada, a não ser desde quando mantém esse relacionamento secreto. — Eu não estava com raiva, mas minhas expressões não dava a entender outra coisa. — Há quanto tempo, Lucin? Há quanto tempo o senhor namora às escondidas? — Gargalhei quando vi seu rosto pálido e ele tentando explicar, mas apenas gaguejava. — Relaxa, eu sempre quis ter uma madrasta, mas ao menos o senhor deveria ter me avisado, assim eu iria tratar ela de forma melhor.
— Eu não queria esconder isso de você, meu bem, mas eu achei que você fosse ficar triste por saber que eu estava com alguém. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu pude entender o porquê. — Me desculpa, filha, não queria ter mentido para você. Estamos juntos há 4 anos e eu iria te contar isso em breve.
— Em breve quando? Quando vocês dois já estivessem prestes a casar? Sabe que entre nós dois nunca houve segredos, isso também não quer dizer que eu esteja chateada, só vou levar um tempo para me acostumar com isso. Mas se você está feliz, eu também estou.
Sentei ao seu lado e trocamos algumas palavras, enquanto Ramon se mantinha sério olhando fixo para a conversa que estava tendo com alguém. Um médico cruzou a porta com alguns aparelhos em mãos, me olhou e sem dúvidas me senti envergonhada, pois ele era jovem, não usava aliança e quando me olhou sorriu.
— Boa tarde Srta. preparada para levar seu pai para casa? — Dr. Maurílio perguntou-me olhando com um largo sorriso no rosto.
— Mais que preparada, Dr. aposto que meu pai também está contente. Então, que horas ele vai poder sair? — Perguntei eufórica e o mesmo estava ignorando Ramon ali no quarto.
— Agora mesmo, Sr. Mancini avisou que já estão ao aguardo do seu pai no andar debaixo, preciso que assine alguns papéis, tudo bem?
— Tudo bem! — Os papéis tratavam-se da entrada e da saída de meu pai no hospital.
Enquanto o maqueiro descia meu pai para colocá-lo no carro, Ramon que estava calado começou a falar:
— Não gostei do jeito que esse homem olhou para você, a impressão era de que ele iria arrancar um pedaço seu a qualquer momento.
— Para de bobagens, ele só foi gentil, assim como você é com as outras mulheres.
— Eu não conhecia você ainda e…
— Caramba, eu falei isso na brincadeira e você assentiu, que legal. — Revirei os olhos e continuei andando até o meu carro.
Ramon pediu para que colocassem meu pai em seu carro, já que o mesmo era mais espaçoso que o meu e, o acomodaria melhor.