Victoria
Minha querida sobrinha estava na cidade, uma péssima companhia que se espelhava em absolutamente tudo que eu fazia, desejando até mesmo Ramon quando ainda morávamos juntos. Mel é descarada ao ponto de trair qualquer pessoa, mas dessa vez ela vai ter meu homem, também não lhe darei o divórcio e eu sei como tê-lo para mim novamente, Ramon é um homem de mente fraca e no fundo, bem lá no fundo do seu coração, ele me ama.
— Ouvir boates que vai haver a inauguração de uma joalheria tua, é verdade? — Nos lábios dela logo se formou um sorriso largo, mostrando seus dentes brancos enquanto sentava ao meu lado.
— Tia Vic, creio que isso não lhe convém, afinal, sempre fez questão de jogar em minha cara que eu não servia para absolutamente nada.
— Eu fiz uma simples pergunta, custa responder?
— Se essa é a sua curiosidade, então tudo bem! Minha joalheria irá inaugurar daqui há dois ou três dias, ainda estou terminando uns últimos ajustes. Mas, porquê do interesse? — Mel sempre pensava bem antes de agir, sendo assim, seus planos quase sempre davam certo e esse seria mais um deles. Mas, ela não trabalhava, o que era suspeito!
— Minha curiosidade é saber como você teve dinheiro para isso, Melissa? Sua mãe é uma vagabunda que sempre quis as coisas fáceis, me diz: como você conseguiu isso? — Sua mãe era algo que lhe incomodava pelo trabalho que fazia, mas desta vez ela não demonstrou raiva ou algo do tipo, mas sim, um sorriso esbanjador e cínico.
— Como eu já disse: não é da sua conta. Foi bom te ver, tia Vic, espero que a senhora ainda se f**a muito nessa sua vida de merda.
Após Melissa sair, liguei para o meu advogado que me alertou sobre Ramon, o mesmo havia entrado com um processo já que eu não queria lhe dar o divórcio, pois bem, se ele quer fazer isso da maneira mais perigosa, assim será.
Ramon
Lúcio já estava acomodado em sua casa, mas Judy preferiu passar em sua Quitanda antes de vir para casa, nos deixando a sós. As enfermeiras o acomodaram em sua cama e ele já estava visivelmente bem, talvez o médico se enganou ao dizer que ele não iria mais andar, pois os músculos de suas pernas tem movimentos e ele diz não estar doendo tanto mais, hoje mesmo consegui ficar de pé e quase andou. Mas, com a ajuda da fisioterapia ele logo mais estará de pé e saudável novamente…
— Então, o que vai fazer agora? — Perguntei sentando ao seu lado e lhe entregando uma dosagem de remédio.
— Agora que Judy já não é mais uma criança, acho que devo seguir em frente com o que eu já havia construído em suas costas. O que me diz?
— Se está se referindo a Vanuza, creio que ela esteja chateada por ter mentido para ela. Quem sabe essa não seria uma boa hora para lhe pedir desculpas, o que acha? — Vanuza o amava, assim como ele também a amava, mas uma mentira pode estragar tudo, além do mais quando a pessoa confia em você como se a vida dela dependesse daquilo. Afinal de contas, eu também tenho que encontrar uma maneira de conversar com Judy sobre o que está acontecendo, Victoria é louca e eu não quero que meus problemas afetem Judy, jamais.
— E o que eu direi a ela? E quanto a Judy? E se ela chegar e…
— Pode deixar que eu cuido dela. — Lúcio me olhou e no mesmo instante seu olhar se tornou duvidoso, nem mesmo eu percebi a forma como falei, soou tão íntimo. — Digo, eu aviso a ela que você está com companhia, tenho certeza que ela vai entender.
— E desde quando tem i********e com a minha filha? Não que isso seja isso algo r**m, mas Judy é uma bela mulher e não estou dizendo isso porque ela é minha filha. Sei que vocês dois se aproximaram um pouco depois do que aconteceu, mas não pensei que fosse para tanto.
— Como você mesmo acabou de falar. Estamos nos dando bem. Sua filha é uma mulher que sabe o que quer, Lúcio. Não fique pensando bobagens, estamos apenas nos tornando amigos, depois de tantos anos de convivência. — Sabíamos que isso era mentira, Lúcio me conhecia tão bem ao ponto de detectar uma mentira, mas nem se eu quisesse lhe confessaria o tamanho e real interesse que eu tenho em sua filha.
Após alguns minutos, Vanuza chegou e foi de encontro a Lúcio, a mesma aproveitou para conhecer a sua casa, já que ela nunca veio aqui e estava admirada com o quanto Lúcio era um homem diferente do que lhe dizia. Sua casa é organizada, porque Judy e ele sempre estão organizados com tudo, já levei até certos beliscões por mexer em coisas que não deveria.
— Eu vou nessa, qualquer coisa você me liga que eu venho correndo te salvar. — Vanuza e Lúcio riram e eu saí, fui em direção ao carro com o pensamento na Judy e determinado a ir até a sua Quitanda.
Judy
Ulisses ouvia cada palavra do que eu falava com muita atenção, o que me deixa contente, porque ela sabia de tudo que eu já passei e sempre esteve ali. Mas o assunto era o mesmo de alguns dias, Ramon!
— Acha que a Mel teria alguma chance com ele? Você sabe que ela sempre gostou de homens mais velhos que ela e, que tenha grana, óbvio. — Estávamos arrumando os potes de geleias dentro das caixas para fechar a Quitanda quando Ramon surgiu, apoiando os braços no balcão e nos mostrando um belo sorriso.
— Será que eu posso fazer um pedido? Ou já estava fechando? — Ulisses continuou arrumando as coisas enquanto eu me pus à sua frente, apoiando meus cotovelos e colocando meu rosto entre as palmas das minhas mãos.
— Pra você está fechado! A não ser que seja um pedido especial. — Porque eu sou assim? Não sei, mas eu sinto uma necessidade enorme de tê-lo perto de mim sempre que estamos juntos e isso é desde que eu comecei a reparar em como ela era atraente, depois do que aconteceu eu o admirava ainda mais por ser tão generoso com o meu pai, com meu amigo e comigo também.