Capítulo 19 — A dor do preconceito

2145 Words
Judy Mais três dias se passaram e nenhuma mensagem de Ramon. Estava indo ao hospital sozinha, perguntei algumas vezes as enfermeiras se ele havia aparecido por lá, mas as respostas eram sempre um não. Estava voltando para casa quando parei em uma cafeteria para comprar o jantar, bolo e café! — Boa noite, eu vou querer o de sempre, para duas pessoas desta vez. — A atendente já me conhecia, pois durante anos eu quase todos os dias ia lá beber o mesmo café. — Anotado! Daqui a dez minutinhos estará pronto. As mesas estavam todas ocupadas, então eu não tive escolhas a não ser esperar ali mesmo onde eu já estava. Pela milésima vez eu peguei o celular na esperança que tivesse ao menos um boa noite do Ramon, mas não havia nada, nem mesmo seu visto por último aparecia mais. Acho que eu fui i****a demais em cair naquela boa lábios que ele tem, é isso! Ramon Com toda a correria que eu tive esses dias, não tive tempo para ir ver meu amigo e nem sua filha. Não quis enviar mensagens, queria lhe fazer uma surpresa ao vê-la. Não nos víamos há cinco dias e eu estava louco de saudades dela. Victoria não quer entrar em um acordo, mesmo ciente que não nos casamos com comunhão de bens, ela insiste em querer alguma coisa. Não posso mais adiar esses assuntos, por isso acionei meu advogado e sumi por esses dias henhandk entrar em um acordo com ela, mas todos foram sem sucesso. Portanto, eu tive que sumir para que não deixasse transparecer que não andava com muito tempo pra ela. Estava indo até a sua casa quando a vi de costas em uma cafeteria não muito longe da sua casa, era o momento perfeito para lhe surpreender. — Eu senti sua falta! — Sussurrei em ouvido e no momento seguinte seu corpo estava virado de frente para mim, mas ela não levantou, apenas me olhou confusa e séria. — Sentiu? Tem certeza? — Não faz ideia do quanto. — Ela olhava para os lados ao invés de olhar em meus olhos. — Judy, eu posso explicar, basta você querer me ouvir. — E você quer se explicar aqui? Está pensando o que dá vida? — Um rapaz veio em direção a ela e lhe entregou uma sacola e dois copos. — Boa noite, Judy. Faz tempo que eu não te vejo por aqui, eu sinto sua falta… — O rapaz tocou sua mão e ela sorriu, me deixando ainda nervoso e sem poder fazer nada. Ambos passaram quase um minuto conversando enquanto eu apenas observava com o corpo encostado no carro. … Ulisses estava fazendo bolo quando chegamos, Judy o entregou a sacola com bolo de rolo e um café. — Boa noite, Ulisses. — Ao perceber que eu estava junto a Judy, ele pulou para trás e bateu com as costas no armário, derrubando um copo e a garrafa de café. — E-eu estava distraído… mas, boa noite pra vocês também. Já que você chegou, quando tudo estiver no ponto você embrulha. Hoje foi um dia cansativo, boa noite ao casal. — Boa noite, Uli. Qualquer coisa grita que eu vou correndo, depois vou ao seu quarto. — Ele assentiu, beijou sua mão e subiu para o quarto. Judy se jogou no sofá e me olhou séria. — Senta aí, você conhece bem a casa, não sinta vergonha, eu não sou nenhuma estranha. O silêncio se fez presente por alguns minutos. Ela procurou um filme e não demorou muito para ela colocar um filme de comédia romântica. — Por mais quanto tempo vai ficar fingindo que eu não estou aqui? Eu fiquei sem tempo para muitas coisas e depois, eu queria te ver pessoalmente e… — E isso impediu que você me desse um bom dia ou boa noite? Porque todos esses dias eu escrevi e apaguei, na esperança de que você enviasse. Sabe de uma coisa, Ramon? Eu acho que… — Ela estava com olheiras, o cansaço estava rolando conta dela e seu humor certamente não iria ser dos melhores. Eu tinha que compreender seu humor, ela estava tendo dias ruins, assim como eu! — Eu peço que me desculpe, mas queria te fazer uma surpresa hoje. — Suspirei cansado e com um fio de esperança. — Eu andei pensando em nós dois e não sei mensurar a falta que eu senti de você nesses dias em sua ausência, Judy. Andei pensando que seria para Lúcio vir para casa, o médico disse que ele terá alta amanhã e podemos contratar as pessoas para cuidarem dele aqui, perto de você e sem que se canse tanto. Não me diga que não, já conversamos sobre isso e você sabe a consideração que eu tenho por ele. — Tanta consideração que pegou até sua filha. — Discorreu suas palavras de forma irônica, após levantar e seguir em direção a cozinha. — Eu vou tomar um banho, olha esse bolo aí e vê se não deixa queimar. Sem nada dizer eu fiz o que ele me pediu. O filme era legal, a mulher sempre encontrava uma forma diferente pra ferrar com seu parceiro e ele parecia gostar disso. Ela estava demorando a voltar e após desligar o forno e desenformar o bolo, esperaria que o mesmo esfriasse um pouco para embalar. Ouvi a Judy cantarolando e aquilo me fez sorrir para o nada. Retirei os sapatos, o terno e fui até o banheiro, abri a porta e quando ela percebeu que eu havia entrado, abriu o box e me puxou pela gravata para debaixo do chuveiro, tomando minha boca enquanto eu apalpava suas nádegas. — Pensei que estivesse me esquecendo depois do que aconteceu naquele dia. E eu estava morrendo de saudades de você. — Seus olhos brilhavam enquanto ela me olhava. — Com essas roupas eu não vou conseguir fazer nada. E quero te fazer uma massagem depois do banho, você parece tensa. — E eu estou muito tensa mesmo e, sabia que só você pode me deixar relaxada? — Suas mãos habilidosas rapidamente desataram minha gravata, abriu os botões da camisa, por um momento eu não vi quando ela abaixou minha box e meu pai pulou para fora, batendo em seu rosto e ela sorriu com o gesto involuntário. — Pelo visto não era só eu que estava querendo isso… Ela passou seus braços em volta do meu pescoço e me beijou. Sua boca estava com um gosto adocicado, como se fosse chiclete, só que melhor. Aproveitei o momento e segurei seu quadril, levantando seu corpo para se suspender em minha cintura. Nos beijávamos com desejo e saudades. Eu não conseguiria mensurar o quando essa mulher está mexendo com os meus pensamentos. — Vamos tomar um banho, eu estou faminta. — Por fim ela mordiscou meus lábios e desceu. Ajustou a temperatura do chuveiro, me deu o sabonete líquido e pediu para que eu passasse sem suas costas. — É tão bom ter alguém nessas horas, eu sofria para conseguir ensaboar minhas costas e agora eu tenho você. Ela poderia falar o que fosse, mas naquele momento eu estava muito e******o olhando para o seu corpo nu. Quando finalmente minhas mãos alçaram suas coxas, eu massageei ambas, passando minhas mãos dentre elas, tocando em seu ponto sensível e como se aquilo fosse instantâneo, ela gemeu, uma, duas, na terceira vez ela estava com as mãos na parede e uma voz rouca, enquanto sussurrava meu nome. — Vamos parar com esse joguinho, já somos dois adultos e eu sei bem o que eu quero. — Então peça! Me diga o que quer e eu te darei. — Quero que me tome de todas as formas. Que me faça gozar como só você sabe fazer. Me faça sua, Ramon. Eu sou toda sua. — Suas palavras foram o suficiente para me deixar completamente louco por ele. Fiquei de joelhos e abri suas pernas, vendo a perfeição ali no meio… Enfiei minha língua em seu meio e arranquei gemidos altos dela. f**a-se se Ulisses iria ouvir alguma coisa, em breve iríamos ser um casal, era assim que eu pensava ao menos. — Se você continuar eu vou goz… — O líquido quente e viçoso lambuzou minha boca, meus dedos e eu estava realizado ao ver a cena. Judy estava com as pernas trêmulas quando eu a encostei contra a parede, e a virei de frente, tomando sua boca em beijos quentes e sem pausa. — Você é tão gostosa! Não tem noção do quanto está me deixando louco… — Soltei seus lábios e ela nada disse, mas de um jeito sexy, Judy ficou na ponta dos pés e em seguida introduziu meu p*u dentro da sua b****a, soltando um gemido alto, se apoiando em meus ombros enquanto jogava seu corpo para trás. Não demorei para me derramar dentro dela, eu sentia por ela o mesmo que ela sentia por mim. Estava sendo quase impossível me controlar quando estávamos perto. Prendi seus cabelos para esfregar o seu corpo e ela sorria, mas desviando seu olhar do meu quase sempre. — Então, você me perdoa por não ter lhe mandando mensagens? — Perguntei em voz baixa, roçando a barba em seu pescoço. — Não, só depois da massagem que você me prometeu! Judy Após o banho seguimos até a cozinha, onde Ulisses estava jantando, com um olhar cabisbaixo. Minha barriga roncou e Ramon se ofereceu para fazer algo e sem pensar duas vezes a cozinha seria toda dele. Chamei Ulisses para ir para a sala, assim ficaríamos mais à vontade para conversar a sós. — Não é de hoje que eu te vejo m*l com alguma coisa e dessa vez eu não vou aceitar desculpas fajutas, Ulisses. Eu tenho você como um irmão, quero que confie em mim também. E você sabe, magoar você é me magoar também, então me diga: o que está acontecendo? — No momento seguinte ele enxugava as lágrimas com as costas da mão e veio deitando sua cabeça em minhas pernas. — Eu não queria te deixar preocupada, Judy, você já está muito ocupada ultimamente. — Sem essa, Ulisses. E se não fosse você me ajudando, eu nem mesmo sei o que estaria sendo de mim, assim como eu não sei o que teria sido de mim também quando você apareceu naquele dia me abraçando e dizendo o quando eu era importante para você. É assim que eu me refiro a você também, então, se um idoita qualquer pensa que vai destruir meu amigo de pelúcia aqui, a pessoa está muito enganada, agora diz logo o que está acontecendo?! — Eu fui chamado de boneco de voodoo hoje pela manhã, fui fazer uma entrevista para trabalhar em uma farmácia e o gerente me humilhou de todas as formas possíveis que existem de agredir pessoas pretas com palavras. Eu não sei qual é o meu problema, Judy. Ulisses era um homem preto, dos cabelos black e gay. Embora ele não fosse feminino, isso não inibia sofrer racismo por sua cor e a cada vez que isso acontecia com ele eu me sentia ainda mais afetada. A última vez que isso aconteceu eu dormir na delegacia por perfurar a mão de uma das atendentes do Shopping que não quis atender ele simplesmente por ele ser n***o. Se eu me arrependo? Sim, claro, deveria ter lhe enfiado aquele bisturi em seu rosto, assim ela jamais esqueceria do porquê da cicatriz. — Você fez algum B.O em relação a isso? Sabe que isso é crime, não é? — Ramon surgiu com um avental e falou enquanto escolhia entre dois tomates. — Acontece que eu sou preto, pobre e gay, Ramon. Se eu me meter em uma dessas, bem capaz de eu ser expulso da delegacia e ainda ter que pagar indenização a quem me dirigiu as palavras. — Então essa é a minha boa ação, amanhã meu advogado entrará em contato com você e vamos fazer o cara ou quem seja lá quem foi, se ferrar. Somos amigos além de tudo, Ulisses. Eu não sei como é sentir na pele o racismo, mas eu odeio quem o pratica e de hoje em diante pode contar comigo para o que for preciso. O mundo já anda muito merda para as pessoas se sentirem superiores às outras apenas por causa de sua etnia. E nós vamos ver esse ser se f***r, você vai ver. — Um sorriso de canto brotou em seus lábios e nós três nos abraçamos. Embora eu nunca tenha tido muita i********e com Ramon antes de tudo isso acontecer, ele e Ulisses já eram amigos por conta de Vivian e Andrew. — Vocês gostam de me ver chorar, não é? — Nos abraçamos e Ramon foi continuar com o que estava fazendo, enquanto eu e Ulisses ficamos assistindo e falando sobre as pessoas do filme.
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