Hum, que homem possessivo!

1492 Words
Eu ofego. Carol está para chegar. Com certeza ela vai me envergonhar. Quando está bêbada, ela se torna completamente s*******o, e eu quero passar para ele um ar de maturidade. E mais! Tenho quase vinte anos e um bom emprego como bancária. Sempre fui tão certinha, e o que adiantou? Afastei aquele i****a da minha cama e o perdi para minha amiga, que o acolheu na dela. Por que não sair com ele? Sempre vivi debaixo das asas de meus pais e não conheço nada da vida. Vou ficar calmamente sentada, deixando os dias passarem, à espera do cara certo? — Aonde pretende me levar? — Pergunto, minha voz saindo mais firme do que eu esperava. Ele segura minha cintura com naturalidade, mas o gesto acende algo em mim. — Não sei. Depende de você. — A resposta vem acompanhada de um sorriso que parece saber exatamente o efeito que tem em mim. — Tudo bem. — Digo com um sorriso. — Só um minutinho. Olho para minha amiga Letícia, que observa tudo calada, os olhos cheios de dúvidas. — Estou saindo. — Digo e sinto o mundo girar levemente quando desço do banquinho. Ela segura meu braço, com força. — Não faça isso. Irá se arrepender depois. Você não está sóbria. Seu coração está partido, e esse é um péssimo momento para tomar uma decisão. — A voz dela soa como um sermão, mas cheia de preocupação. — Estou sóbria o suficiente para sair com esse homem fino. — Retruco, falando baixo, irritada, no seu ouvido. Ela me puxa pelo braço novamente e sussurra: — Você é louca? Você nem o conhece! E você não está sóbria, não. Você não me engana. Eu puxo meu braço, decidida. — Não seja por isso, vou conhecê-lo. Vejo Carol vindo em nossa direção, os olhos semicerrados, mas ainda carregando aquele jeito irreverente. Não quero dar chance para ela estragar tudo. — Podemos ir? — Digo, olhando para o homem que me observa com paciência intrigante. Ele bebe o resto do uísque de um só gole e sorri. Um sorriso lento, calculado. — Claro. Com possessividade, ele pega minha cintura, conduzindo-me para fora. Tento andar o mais reta possível, não quero que ele perceba o quanto estou bêbada. Tropeço nos saltos quando já estamos na calçada. Droga! — Você não bebeu demais, não? — Ele pergunta, o tom ligeiramente preocupado. Eu sorrio para ele, absorvendo o aroma amadeirado do perfume que parece ter sido feito para ele. — Isso importa? — Você costuma beber sempre assim? — Não, é a primeira vez. Acontece que estou meio de saco cheio da vida. — Acho melhor eu te levar para casa. — Ele diz, enquanto abre a porta de uma Mercedes preta que parece saída de um comercial. Uau! Que carro! — Para casa? — Pergunto, sentindo um aperto no peito. — Não, por favor. A não ser que você também não me ache atraente? Ele me olha de um jeito que faz meu coração acelerar, um brilho predador nos olhos. — Também? Alguém disse que você não é atraente? Você é linda. Sinto-me quente e poderosa ao ouvir aquilo. — Ótimo. — Respondo com firmeza. Mesmo assim, ele hesita, ainda parecendo em conflito interno. — Como é seu nome? — Ele pergunta. — Suzy. — Minto novamente, mais por impulso do que por estratégia. — Não acho que seja esse seu nome. — Ele comenta, os lábios curvando-se em um meio sorriso. — Importa? — Retruco, mantendo seu olhar. Ele me encara como se fosse um prato irresistível, mas proibido. Seus olhos magníficos me estudam antes de suspirar como se tomasse uma decisão. — Entre! — Ele diz, e sua voz tem um peso que não admite contestação. Entro no carro, sentindo o couro macio do assento. Ele dá a volta e entra em seguida. — Aonde vamos? — Pergunto. — Para o hotel onde estou hospedado. Tudo bem para você? — Ele diz, a voz carregada de desafio. Seguro seu olhar e respondo sem hesitar: — Tudo. Só então me lembro de verificar se ele usa aliança. Passo os olhos por suas mãos que seguram o volante com firmeza. Nenhuma. — Não sou casado. — Ele diz, como se pudesse ler minha mente. Fico vermelha. — Ótimo, pois se fosse, eu não sairia com você. — Hum, gostei disso. — Ele comenta, o tom divertido. — Detesto traição. — Falo com o queixo erguido, as lembranças de Henrique invadindo minha mente. — Seus pais não ficam preocupados com você a essa hora da noite? — Ele pergunta novamente, tentando me mandar para casa. Respondo com calma, sem olhar para ele: — Eu ia dormir na casa da minha amiga. Então, só me esperam amanhã. Viro minha cabeça para a janela, observando a cidade passar enquanto ele coloca o carro em movimento. — Você não parece no seu normal. Aconteceu alguma coisa? — Ele pergunta, a voz curiosa, mas não invasiva. Eu o encaro, o peito apertado com a lembrança do passado. — Olha, eu não gostaria de falar sobre isso, se não se importar. Não quero saber nada da sua vida, e não quero que saiba nada da minha. Quero apenas curtir o momento. Entendeu? Ele sorri, aquele sorriso que parece saber demais. — Como sabe que não sou um psicopata? Ofego, o coração disparando com a ideia. — Se você fosse, teria demonstrado frieza ao sairmos. Não estaria preocupado em saber da minha vida ou o meu nome. E não estaria insistindo para me levar para casa. Ele sorri e balança a cabeça em aprovação. — Boa resposta. Fecho os olhos quando tudo começa a girar. Minha cabeça está uma bagunça. Entre flashes de dor e raiva, a lembrança de Henrique grita dentro de mim. Ele estaciona na entrada do hotel Savoy, um lugar que exala elegância e luxo. Meu coração dispara novamente ao ver o tamanho da sofisticação. O manobrista abre a porta para mim. O frio me atinge, mas tento ajeitar meu vestido curto que sobe perigosamente. Percebo os olhos do manobrista fixos em mim, como um lobo faminto. O homem ao meu lado logo coloca a mão firme nas minhas costas, como se reclamasse seu território. Tropeço, mas ele me segura antes que eu caia, trazendo-me para junto dele. Quando entramos no saguão do hotel, todos os olhares parecem se voltar para nós. Sinto a culpa corroer meu peito, como se eles soubessem exatamente o que estou prestes a fazer. O homem ao meu lado envolve meu corpo com seu braço, lançando olhares intimidadores para quem ousa nos encarar. Sua p******o surte efeito imediato, e os curiosos desviam o olhar. Hum, que homem possessivo! Suspiro, sentindo a força da noite. Meu vestido curto, minha maquiagem impecável, e meus cabelos castanhos dourados caindo pelas costas me fazem sentir poderosa e exposta ao mesmo tempo. Mas então, as palavras de Henrique invadem minha mente como um veneno: — Sim, saí com Zoe e transamos. Cansei desses seus "não me toques". Quero uma mulher quente na minha cama e não um iceberg. O homem não admite, mas no fundo, ele quer uma p**a na cama e uma dama na sociedade. Idiota! Quase falo em voz alta. Os momentos depois ficamos no mais completo silêncio. Algumas vezes, sem ele perceber, limpei lágrimas furtivas dos meus olhos quando, em uma retrospectiva louca e embaralhada vejo Henrique na minha frente. Quando ele estaciona na porta do hotel Savoy, fico impressionada com o requinte do lugar. Imperioso, majestoso. Nunca pisei num lugar assim. O manobrista abre a porta do carro para mim. Embora esteja frio eu saio ajeitando meu vestido preto curto que sobe. E isso não escapa dos olhos do manobrista que olha minhas pernas como um lobo babão. O lindo desconhecido logo se coloca ao meu lado e coloca a mão nas minhas costas. Tropeço nos meus próprios pés novamente e quase vou ao chão, mas sua grande mão me segura e me traz para junto dele. Quando entramos no hotel, a impressão é que todos os olhares se voltam para mim. A culpa me toma. Parece que eles sabem o que estou prestes a fazer. O lindão coloca o braço envolta de mim e eu reparo que ele olha os caras de um jeito duro. Como se fosse voar no pescoço deles. Isso surti efeito imediato e todos desviam o olhar de nós dois. Hum, que homem possessivo! Devo estar chamando atenção com esse vestido lindíssimo e curto que eu comprei num momento de raiva e que minha mãe ficou na minha cabeça para eu não sair desse jeito. Caprichei também na maquiagem. Meus cabelos castanhos dourados estão soltos. Eles vão até as minhas costas. Suspiro. Mesmo assim ainda me lembro de tudo que ouvi daquele i****a que apostei minha vida. Eu sonhava em me casar com ele. Quantas vezes me neguei a compra de uma roupa para mim pensando em juntar dinheiro? Canalha!
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