Okan Bulham Krishnan

1353 Words
O elevador estava com as portas abertas, como um convite silencioso. Entramos. Ele apertou o botão do último andar. Vigésimo? Meu estômago revirou. Uma suíte máster? Claro que seria algo assim. Tentei focar em algo banal, como meus sapatos. Uma camada de suor se acumulou na minha testa. As luzes do elevador pareciam mais fortes, girando devagar. Deus! Que enjoo! Respirei fundo e me apoiei na parede até que a porta se abriu, revelando um pequeno hall com apenas uma porta. Grande. Imponente. Majestosa. Quando ele abriu a porta da suíte, senti um nó no estômago. O luxo era esmagador, mas não tanto quanto a vozinha insistente na minha mente: "O que você está fazendo com um desconhecido?" Hesitei no limiar da porta. Ele me olhou com expectativa, e num impulso silenciei a dúvida. Já estou aqui. Afinal, seguir conselhos para ser “certinha” não havia me protegido antes. Enquanto Zoe, sempre ousada, colhia a atenção que eu nunca tive coragem de buscar, eu me guardei para alguém que sequer valorizou. Agora, por que não me permitir algo diferente? Caminhei até o centro do quarto. Ele tirou minha bolsa com suavidade e a colocou sobre o sofá. Meus olhos vagaram pela decoração luxuosa enquanto minha mente oscilava entre o medo e a atração. Sempre sonhei que minha união com um homem seria como a dos meus pais: amorosa, cúmplice, cheia de significado. Mas aqui estava eu, com um estranho, em um quarto onde cada detalhe parecia sussurrar promessas indecentes. Ele se aproximou. O cheiro dele... intenso, hipnotizante. Quando seus dedos afastaram meu cabelo e seus lábios tocaram meu pescoço, um arrepio percorreu minha espinha. — Relaxe — ele murmurou, a voz rouca. Relaxe? Como, se cada célula do meu corpo estava em alerta? Seus dedos traçaram minha coluna até pousarem em minha cintura. O calor de suas mãos era inebriante, mas o choque veio com a p*****a súbita em meu quadril. O gesto, ao mesmo tempo dominante e inesperado, me fez recuar, os olhos arregalados. — O que foi? Vai desistir agora? — Ele perguntou, a voz carregada de um sotaque rouco que me fazia tremer. Desistir? Talvez devesse. Ou talvez não. Encarando aqueles olhos negros, era difícil decidir. — Você... não é sádico, é? — Minha voz saiu trêmula. Ele sorriu de canto, um sorriso que fazia meu coração martelar. — Não. Mas gosto de estar no controle. O peso dessas palavras ecoou dentro de mim. —Por isso me... bateu? Por que me bateu? —Porque me deu vontade. Você não deveria estar aqui. Deus! Talvez eu devesse mesmo ter ido. Um calor invadiu o meu rosto. De alguma forma, meu corpo discordava da minha mente. Quando ele me beijou, tudo em mim se calou. Que beijo! Era faminto, possessivo, diferente de qualquer coisa que já senti. Sua língua explorava a minha boca, cada movimento me fazendo esquecer a razão. Meus dedos escorregaram por reflexo, tocando o peito firme dele. Não era delicado, mas também não era brutal. Ele parecia lutar contra um desejo feroz que o consumia. E o pior? Isso fazia-me sentir... bem. Quando meu vestido deslizou pelo meu corpo, deixando-me vulnerável em lingerie, o ar do quarto parecia mais denso. Ele me observava como se eu fosse algo raro. O olhar dele era tão intenso que tive de desviar. De repente, ele me ergueu nos braços, o movimento tão inesperado quanto natural. Me deitou com cuidado na cama enorme. O tecido da seda acariciava a minha pele, suave, contrastando com a tempestade de emoções que me consumia. Hum... esse cheiro é dele? Afundei o meu rosto no travesseiro, respirando fundo, tentando me acalmar. Ouvi o som do chuveiro. Ele se afastou. Fechei os olhos. Tudo estava confuso. Okan Deus, o que estou fazendo? A pergunta ecoa em minha mente enquanto observo a jovem deitada na minha cama. Ela parece tão vulnerável, tão fora de si. É evidente que o álcool ainda domina seus sentidos. Mesmo sabendo que não estaria forçando nada, o peso do momento me faz sentir como um desalmado, um crápula. Eu não desejaria isso para minha irmã. Então, por que deveria me aproveitar da condição dela? A dúvida me consome. Será que ela já esteve em uma situação como esta antes? Meu peito se contrai com a ideia. Um misto de raiva e frustração se instala em mim, direcionado a ela, a mim mesmo, ao mundo. Como ela pôde permitir isso? E por que isso me importa tanto? Minha respiração está descompassada. Passo a mão pelos cabelos, buscando clareza. Mas como encontrar clareza com ela ali, tão perto, tão tentadora? Sua beleza é quase dolorosa de encarar, um magnetismo que parece chamar por mim. E, ao mesmo tempo, sua aparente inocência me paralisa. Allah! Ela é simplesmente linda. Deitada ali, com o rosto sereno, os cabelos espalhados como um halo em volta da cabeça, parece um anjo caído. Minha vontade de tê-la cresce a cada segundo, e é uma batalha árdua resistir. Minha mente tenta me convencer a agir com razão, mas meu corpo tem seus próprios planos. Passo uma mão trêmula pelo m****o endurecido, lutando contra a urgência que me domina. Meu corpo clama por ela. A ideia de estar dentro dela, de ouvir sua voz rouca e entrecortada pelo prazer, é insuportavelmente sedutora. Mas isso não pode acontecer. Não assim. Não agora. Quando imaginei este momento, pensei que ao chegarmos aqui ela estaria mais lúcida, mais ciente de seus atos. Que haveria em seus olhos uma entrega genuína, consciente. Em vez disso, vejo uma mulher perdida no torpor do álcool, sem a menor ideia do que está fazendo. Ela me encara letárgica, como se se perguntasse por que estou hesitando. Essa vulnerabilidade me destrói. — Allah! — praguejo em turco, minha voz carregada de frustração. O conflito dentro de mim é excruciante. Finalmente, faço o que minha consciência ordena. Viro as costas para ela e sigo até o banheiro. Preciso me recompor, controlar o desejo que me consome e encontrar algum vestígio de paz. A água fria cai sobre mim, mas a tensão não desaparece. O calor dela ainda parece impregnado em minha pele, uma tortura doce que não consigo afastar. Quando volto ao quarto, ela continua lá, completamente alheia, o rosto suavemente iluminado pela luz do luar. Meus passos são lentos, quase hesitantes, enquanto me aproximo da cama. Ofego ao vê-la tão entregue, os cabelos espalhados pelo travesseiro, uma mecha cobrindo parcialmente seus olhos. A curva de sua cintura, moldada pelo jogo de luz e sombra, é de tirar o fôlego. Minha mão se move por impulso, afastando a mecha de cabelo com cuidado. Seus cílios longos projetam sombras delicadas sobre sua pele, e minha respiração vacila diante de tamanha beleza. Allah, paciência é uma virtude. Tento me convencer disso. Ela merece mais, merece um momento em que esteja consciente, em que escolha me querer como eu a quero. Quando ela acordar, tudo será diferente. Então, quero ver se consegue escapar de mim. Deito-me ao seu lado, mas a distância entre nós parece um abismo. Dou as costas, lutando contra o desejo que ameaça me consumir. Fecho os olhos, tentando encontrar algum alívio. Mas não consigo. O som suave de sua respiração enche o quarto, uma melodia tentadora que me faz virar o rosto em sua direção. Meus olhos correm pelo contorno do seu corpo esbelto, parando na boca entreaberta, rosada e carnuda, que parece pronta para ser beijada. O calor em meu peito aumenta. Ela parece tão jovem, talvez tenha a mesma idade da minha irmã. Esse pensamento deveria me afastar, mas, ao invés disso, traz uma onda de ternura que me faz sorrir. Ela nem tem ideia do quanto é perfeita. A tensão em meu corpo é insuportável, mas não posso agir assim. Quero olhar em seus olhos sóbrios e ver neles a confirmação de que sou desejado. Quero que ela saiba o que está fazendo, que escolha estar comigo. Com um suspiro pesado, volto a me virar para o outro lado. Fecho os olhos novamente, forçando-me a encontrar calma. Esta noite, eu resistirei. Amanhã, porém, tudo será diferente.
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