Milena
Depois de quase duas horas dentro do ônibus cheguei ao Vidigal, uma das favelas mais conhecidas do Rio de Janeiro, com minha pequena mala e um sorriso no rosto. Estava animada para encontrar a menina que ia me acolher na sua casa. Sou do Maranhão e cheguei ao Rio de Janeiro hoje, sem conhecer ninguém na cidade. Mas, o pessoal que iria me ajudar parecia ser pessoas de bem e assim eu espero.
Assim que cheguei no Vidigal, peguei um mototáxi para subir a favela e chegar ao bar do Seu Elias, onde a menina ia me encontrar. Durante a subida, pude ver a vista espetacular do Rio de Janeiro e a agitação das ruas.
Quando cheguei no bar do Seu Elias, vi a menina acenando para mim de longe. Fui em sua direção e, ao nos cumprimentarmos, senti um sorriso enorme brotar em meu rosto. Ela era simpática e tinha uma energia contagiante.
- Olá, sou a Milena. Muito prazer em conhecê-la! – disse eu.
- Oi, Milena! Sou a Fernanda. Fico feliz que tenha chegado bem. Vamos para minha casa agora? suponho que você deva está cansada pra c*****o. – perguntou ela.
Claro, Fernanda. Obrigada por me hospedar! – respondi eu.
Enquanto caminhávamos pelas ruas estreitas e movimentadas do Vidigal, a Fernanda me apresentou a alguns dos moradores locais e me contou um pouco sobre a comunidade. Eu me sentia grata e animada por estar ali, descobrindo um novo mundo e conhecendo pessoas novas.
- E então, Milena, como está se sentindo? – perguntou a Fernanda, enquanto abria a porta da sua casa.
- Estou bem, um pouco cansada da viagem, mas feliz por estar aqui. Obrigada por me receber, Fernanda, não sabia nem o que ia fazer da minha vida, tava sem direção, não tinha ideia de pra onde ir. – respondi eu.
- Não precisa agradecer, Milena. Fico feliz em poder ajudar. Sinta-se em casa! – disse a Fernanda, sorrindo.
E foi assim que comecei a minha jornada no Rio de Janeiro, com novas amizades e a sensação de que tinha encontrado um lar temporário no Vidigal.
- Olha deixa eu te apresentar a casa pra você já ficar familiarizada, esse é meu quarto, esse aqui é o quarto do Rodrigo, Rodrigo é um amigo meu que mora aqui comigo, bom você se incomoda de dormir na sala?
- Não merma, qualquer lugar que tiver pra dormir pra mim tá ótimo.
- Perfeito então, meu padrasto conseguiu esse coxão pra tu, agora vai tomar um banho pra descansar.
- Vou fazer isso._ Ela entra no quarto dela e eu pego as minhas coisas e vou para o banheiro, a casa tava bem bagunçada sabe mas o importante é que tenho onde ficar pelo menos até me ajeitar.
No dia seguinte, acordei com uma barulheira na casa, eu não vou mentir que estava um pouco incomodada de levantar, não tinha muito i********e com o povo, mas eu preciso me adaptar. Me assustei com alguém batendo no meu rosto, abre os olhos e vi um menino pequeno, olhei para ele.
- Oi coisa linda, tudo bom?_ Ele só fez abrir um sorriso gostoso. - Como é seu nome hein?_ Ele saiu correndo._ Em sentei na colchão que eu estava dormindo, e fiquei ali esperando não sei o quê mas fiquei.
- Bom dia, acordou já.
- Acordei._ Dei um meio sorriso.
- Aposto que foi o Vinícius que te acordou né?
- Vinícius?
- O meu filho.
- Ah sim, não, não foi ele que me acordou, eu já estava acordada mesmo._ Na verdade foi essa barulheira desgraçada né, mas fazer o quê não estou na minha casa.
- Bom deixa eu ir no banheiro, escovar os dentes e tomar um banho pra despertar.
- Vai lá._ Me levantei e fui para o banheiro que dava até nojo de usar, mas tenho que ficar quietinha na minha pois não tem outro lugar. Tomei meu banho, a barriga roncou se fome, me adiantei, vesti uma roupa e saí do banheiro.
- Terminou?
- Sim.
- O colchão toda vez que tu acordar e levantar pode colocar ele lá no quarto do Rodrigo.
- Mas e se eu levantar e ele ainda ativer dormindo.
- Tem isso não, pode colocar lá que ele não liga pra essas coisas não.
- Tudo bem._ Faço o que ela diz, coloco lá no quarto do tal Rodrigo o que ainda não vi, me sentei no sofá enquanto ela estava no outro mexendo no celular, o Vinícius o filho dela subiu no meu colo, peguei e fiquei brincando com ele, o menino tava nem gripado sabe, o nariz escorrendo e ela no celular nem aí pra nada, ele começou a chorar sem parar.
- Ho garoto para de ser chato cara, vai brincar vai._ Ele não parava de chorar.
- Será que não é fome?
- Que nada, ele tomou uma mamadeira quando acordou.
- Ah, entendi._ O menino gritava no meu colo, o que essa criança tem? ele desceu e começou dar tapa na perna dela, e ela focada no celular vendo vídeos.
- Tou vendo aqui um lugar pra gente tomar café porque eu não cozinho sempre, como eu trabalho não faço comida em casa, minha comida eu como na rua mesmo.
- Hum, tá certo.
O menino deu um tapão no rosto dela e ela meteu outro nas costas dele.
- Ho sua filho da put@, namoral tu é atentado pra caralh0, vem logo antes que eu te meta a porrada._ Fala arrastando o menino pelo braço até o quarto, o menino vai fazendo um escândalo, senhor, Jesus, que mulher maluca é essa? já retiro o que eu disso, ela não é essa simpatia toda, onde já se viu não faz comida em casa, nunca vi isso.
Ela volta para a sala, vi que ela deu um celular pro menino usar e votou a mexer no dela, enquanto isso eu com fome, e agora que eu não sei andar por aqui, vou ter que esperar a boa vontade dela, peguei meu celular que estava no carregador e comecei a mexer pra passar o tempo, já tinha mensagem do Paulo e da minha mãe, respondi a minha mãe primeiro.
- Oi Milena, e aí minha filha, chegou bem? arrumou algum lugar pra ficar?
- Oi mãe, cheguei bem, um rapaz me ligou ontem pois tinha visto o pôster que o Fernando tinha feito no f*******: aí ele arrumou uma casa pra eu ficar, é com a enteada dele.
- E aí é bom o local?
- É né mãe, tenho um teto pra ficar então é isso que importa.
- Verdade, e essa menina é boazinha?
- Pouco tempo pra saber, só sei que aqui ela não faz comigo a senhora acredita? e bate muito no filho pelo que eu vi.
- Vixe, só toma cuidado aí com quem tu não conhece pra não se meter em confusão.
- Eu mesmo não, só vou resolver as minhas coisas e ficar mais dentro de casa, mas dependendo logo eu arrumou outro lugar pra ficar.
- Melhor mesmo, bom ficar só do quê com quem tu não conhece.
- Pois é, e pai tá bem?.
- Tá sim, já saiu pra trabalhar.
- Tá bom.
Saí da conversa com a minha mãe e fui na conversa do Paulo, o Paulo é um cara que eu fico lá no Maranhão, ele é capitão da polícia militar, um tremendo de um gostoso, ficamos no escondido pois minha mãe não gosta muito dele, quando ela descobriu que eu tava ficando com ele me deu uma surra, porque ele é só problema sabe mas eu não ligo não, gosto dele e é o que importa, aí pra minha mãe não ficar no meu ouvido eu fico com ele no escondido, só aquela maldita que mora com ele que fica me infernizando sempre, odeio aquela mulher.
- Bom dia gostosa? já acordou, tomou café? como que cê tá?
- Oi bem, acordei agora a pouco, já tomei café sim.
- Arrumou algum canto pra ficar?
- Tou na pousada sabe, 120 reais a diária tu acredita?
- Nossa, cara pra p***a também né?!
- Nem fale viu, tenho que arrumar um lugar pra ficar urgente pois daqui a pouco o dinheiro que você me deu acaba.
- Quando precisar e só me pedir mais que tu sabe que eu te dou tudo que tu quiser.
- Tá bom, eu sei, obrigada._ Não vou falar a ele que estou aqui na casa dessa menina, ainda não, pra ele continuar mandando dinheiro pois já vi que vou precisar e muito.
- E aí bora tomar café, é aqui no restaurante do meu padrasto.
- Não, tou sem fome, e sem dinheiro também.
- Para de besteira garota, eu p**o, meu padrasto já me falou a sua situação.
Então deixa eu te falar, como você não tá com dinheiro agora, não vai poder ajudar no aluguel, porque aqui é assim, eu divido o aluguel com esse meu amigo sabe, como você tá sem condições o que eu pensei, eu p**o uma menina pra tomar conta do Vinícius, aí pra tu me ajudar, tu toma conta dele quando eu tiver trabalhando e isso vai ajudando no aluguel tá, porque tenho certeza que esse meu amigo vai querer que tu ajude, aí tu fica com meu filho que eu p**o a tia parte, o aluguel aqui é 1000 reis tá.
- Nossa bem caro né.
- Aqui no vidigal é assim menina, as coisas são caras de mais, eu mesma tou pensando em me mudar pra rocinha mais pra frente, os alugueis lá é mais em conta, lá você acha aluguel de 350, 400 reais.
- Bem mais em conta mesmo.
- E aí o que você acha? você fica com ele até arrumar alguma coisa não sei até quando você pretende ficar.
- Eu fico com ele sim._ Pronto agora vou dar uma de babá, era só o que me faltava, claro que eu não vou arrumar nada aqui dentro de casa tomando conta do filho do outros né.
- Ótimo então, vamos lá tomar café que a minha mãe tá esperando a gente, ela quer te conhecer.
- Vamos sim._ Ela pegou o filho e saímos de casa, chegamos no restaurante do padrasto dela.
- Senta aí que eu vou chamar eles pra te conhecer._ Ela fala e eu me sento, logo veio um velho barrigudo e uma coroa também também.
- Então gente, essa é a Milena._ Ele veio e pegou na minha mão.
- Oi, tudo bem?
- Tudo sim, ah e obrigada mais uma vez pela ajuda tá.
- Que isso, aqui somos assim sempre ajudamos o pessoal que vem de fora._ Concordo com a cabeça, a mãe da Fernanda senta e fica me olhando com. uma cara de cu me analisando toda.
- Tu tem quantos anos garota?
- 23.
- Nossa não parece não, toda miúda parece ter uns 16.
- Nossa não parece mesmo._ A Fernanda fala.
- Pois é, vocês acreditam que o policial me parou na rodoviária acabando que eu era de menor? pois é.
- Mas também não tem quem diga que tu tem essa idade, é bem miudinha cara.
- Eu não dava essa idade a ela, achei que tinha uns 18 por conta dela viajar assim só.
- Pois é, essa é a minha idade.
- E tu veio fazer o quê no Rio de janeiro?
- Vim pra um concurso que eu passei, só que são três etapas, eu passei na primeira agira faltam duas.
- Mas já sabe quando que vai saber o resultado final?
- Não, eu vou lá segunda feira pra ver a data certinha da segunda prova.
- Nossa tomara que você passe, na aeronáutica é um emprego bom pra caramba, o salário deve ser perfeito._ Ela fala e olha pra mãe, ja vi tudo, duas interesseiras.
Começamos a tomar café, elas perguntando da minha vida, só falei o básico, não gosto de falar tudo sobre mim, tenho que ter confiança primeiro pra depois falar mais abertamente, e essas duas não me passaram nenhum tipo de confiança.
Na parte da noite voltamos pra casa, o amigo dela estava em casa.
- Fala tu maluco, lembrou que tem casa?
- Qual foi maluca, trabalho acabou cedo hoje, tava na rua com os caras cheguei agora, tive aqui mais cedo tu não tava pow, e essa aí quem é? fala ne olhando de cima pra baixo, era um moreno alto.
- Temos nova hospede, ela é a Milena, esse aqui que é o Rodrigo que mora comigo.
- Oi, prazer.
- Oi, prazer, fica a vontade aí tá, tá com nós tá com Deus._ Dou risada.
- Falar pra tu Fernanda vem ver aqui a mina que eu tou conversando pow, galega bonita do c*****o, tou doido pra pegar, chegou a pouco tempo aqui no Vidigal, ela tá na casa de uma prima, veio a passeio._ A Fernanda vai lá e olha no celular dele.
- Bonita mermo, falar pra tu hein, tá podendo, tu zera a vida se tu pegar essa garota.
- Chega aí mina, olha aqui pra ver se é bonita mesmo._ Me aproximo e olho, uma branca dos olhos verdes e cabelo preto.
- É bonita.
- É mermo né, cê louco, vou pegar essa mina e ainda vou trazer pra vocês conhecerem ela, papo reto.
- Tu zera a vida pegando uma galega dessa._ A Fernanda fala como se a menina fosse a última bolacha do pacote, não é pra tanto também né, é bonita? é, mas já vi melhores.
Fui na cozinha beber uma água, quando eu achei que o lugar mais sujo da casa era o banheiro me deparo com a cozinha imunda gente, pia cheia de prato, fogão sujo, chão sem varrer, uma bagunça que só, Deus é mais viu, uma porqueira que só por Deus, essa mulher não faz nada nessa casa não é? se é no quarto dela é um brega do c*****o, nem precisei entrar lá dentro pra perceber, de longe já se ver a bagunça, o quarto do Rodrigo é o canto mais organizado dessa casa, que loucura viu, será que além de babá eu ainda vou me tornar empregada dessa folgada, não é possível, tenho que arrumar logo um canto pra ficar, já vi que aqui não vai dá certo, não vai mesmo.