Em busca de melhoras

1099 Words
Anna me explicou mais alguns detalhes, antes de liberar o meu acesso para ver Mel. Heitor foi fazer algumas ligações e tentar contato com os especialistas que a médica havia indicado. Eu aproveitei para visitar a Mel. Ela estava dormindo, como se nada tivesse acontecido. Mais uma vez, a minha menina usava oxigênio, com várias máquinas ao seu redor. Me aproximei, segurando a sua mãozinha gelada e totalmente pálida. Queria me sentir melhor depois de ver ela bem, mas tenho que admitir que me senti ainda pior ao ver a minha pequena naquela situação e não conseguir fazer absolutamente nada por ela. Eu preferia está no lugar dela. Não queria que experimentasse a dor. — Minha bebê, eu sei que você odeia hospital, queria conseguir evitar de verdade, mas a gente não controla a vida, não é? Eu e você somos uma força da natureza, vamos passar por tudo isso, atropelar o que surgir no nosso caminho. Como sempre fizemos desde que nos conhecemos, não é? Tenho fé que estamos chegando ao fim de tudo isso. Então, vamos nos manter fortes. Vencer mais essa batalha que está à nossa frente. Vamos dar fim a essa guerra com uma linda vitória. Não há nada nessa vida que pare a nossa caminhada. Quer dizer, Não estamos sozinhas mais, temos seu pai. Então, vamos lutar nós três juntos. — Expliquei para Mel, mesmo dormindo. Talvez nem mesmo acordada ela entendesse o que eu queria dizer com aquilo, mas me senti mais forte e confiante depois de dizer tudo aquilo. Acredito que eu precisava ouvir tudo isso para me manter de cabeça erguida e minha mente focada. Fiquei um tempo ali em silêncio, apenas segurando a mão da minha pequena. Queria que ela soubesse que eu estava aqui o tempo inteiro. Só podia oferecer isso para ajudar na recuperação da minha filha naquele momento. Minha mente perdeu totalmente o foco, quando ouvi uma batida de leve na porta. Olhei surpresa para trás, era Heitor. Conhecia ele o suficiente para saber que não parecia ser boas notícias, só olhando para seu semblante desanimado. — Podemos conversar lá fora? — Heitor me chamou, com os olhos voltados para Mel na cama. Seu olhar era triste e preocupado, mesmo que tentasse omitir como se sentia, ela nítido. — Sim. — Concordei. Beijei a testa de Mel, me despedindo. — Mamãe está aqui perto. Tá? Não se preocupe. Não te deixaria sozinha. Voltarei logo. Vou apenas conversar um pouco com seu pai. — Eu também estou, tá? Seu pai também está ao seu lado. Estamos cuidando de tudo para que você fique melhor o mais rápido possível. — Heitor gritou. Não tive como não rir da cara dele. Até nessas situações, Heitor me fazia rir, mesmo sem querer. Passei para o lado de fora do quarto, Heitor entrou, beijou de leve a testa de Mel, depois voltou para onde eu esperava por ele. — O que tem para dizer? Conseguiu fazer contato com o especialista que Anna passou? — Perguntei ansiosa. Não havia conseguido ninguém, o médico que tomava conta da Mel, também não ajudou em nada. Muito pelo contrário, está claro que atrapalhou, mas não vou deixar assim. Quando resolver tudo da cirurgia da Mel, aquele paspalho me paga. Irei fazer ele se arrepender de ter fingido saber o que estava fazendo e colocamos minha filha em risco. — Fiz contato com ambos. Um deles apenas está atendendo fora do país. Pode marcar uma consulta, mas teria que viajar com a Mel até lá. O que é impossível. Perguntei para Anna, mas ela deixou bem claro que seria arriscado fazer essa viagem com a Mel. Ou seja, não é mais uma opção. — Heitor explicou com tristeza no olhar. — E a segunda opção? — Perguntei olhando com atenção para as reações de Heitor, já me sentia desanimada com tudo isso. — Você tem uma reunião com a atendente do segundo amanhã. Ele só pega casos que se interesse. Você precisa levar os exames e também os relatórios médicos. Será uma espécie de avaliação do caso. Nunca tinha visto um negócio desse. Médico realmente não gosta de dinheiro. Eu aceito bater foto de qualquer coisa, desde que paguem bem. — Heitor suspirou parecendo cansado. Penso que assim como eu, ele também sente a preocupação em pensar que temos uma pequena chance de conseguir esse médico. E não há nada que possa realmente fazer. — Bom, melhore esse rosto. Antes não tínhamos nem indicações. Agora temos esperança. Mesmo que nós rejeitem, precisamos ser apenas irritantes o suficiente para eles desistirem e concordarem em nos ajudar. Funcionava sempre com o meu pai. Eu insistia até ele ficar desesperado e concordar. Esse médico deve ser vendido como o meu pai. Só precisamos cansar ele. Vamos conseguir que ele nos atenda. Eu confio no meu poder para irritar alguém — Brinquei. Preferia me apegar a pequena esperança, do que chutar o balde e me desesperar. — Confio no seu potencial para ser irritante. — Heitor brincou puxando para meus braços. — Também acho difícil qualquer homem resista a você. Dizer não para a Barbie é difícil. Não pude deixar de rir. Estava mais leve do que antes. Heitor realmente era um apoio que eu precisava para cuidar da Mel. Acredito que agora entendo porque dizem que é tão importante a criança ter os seus dois pais. Com ajuda dele, juntei todos os exames e relatórios que tinha. Adicionamos um de Anna, feito recentemente. E treinamos o meu discurso para conversar com o novo médico. Pedi para que Heitor ficasse no hospital, achei melhor eu ir falar com a atendente, assim poderia explicar ou tirar qualquer dúvida sobre a Mel. No caminho para o endereço que Heitor me passou, liguei para Letícia, expliquei tudo que aconteceu. Quando desci do Uber, respirei fundo. Eu não podia cometer nenhum erro. Estava ali a chance de tirar a minha filha do tormento, eu iria agarrar com toda força. Entrei no prédio, a entrada mais parecia um hotel, mas pelo que entendi, na realidade é um hospital super chique, com direito aos melhores médicos e equipamentos. Tenho certeza que o plano de saúde não seria aceito aqui. Bem, mas isso só será uma preocupação se eu conseguir que me atendam. Agora devemos focar somente naquela reunião. — Deve ser o destino te encontrar, loirinha. Hoje deve ser meu dia de sorte. — Ouvi uma voz desagradável, mas tinha a sensação que já conhecia de alguma forma. Quando me virei para ver quem era, me surpreendi ao reconhecer ele. Pensei que nunca mais iríamos nos encontrar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD