O inicio de uma grande tempestade

1069 Words
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei confusa olhando para Letícia sentada na cama com o olhar desnorteado. Ela estava cheia de ataduras e parecia bastante confusa do que eu. Me senti mais aliviada por ver que ela estava mais bem e que não havia acontecido nada sério. Ao ouvir minha voz, Letícia se virou para minha direção rapidamente, parecia até um suricato. — Eu? O que você faz aqui? Mel está bem? Aconteceu alguma coisa? — Letícia perguntou olhando com um semblante preocupado para Mel que estava nos meus braços dormindo profundamente. Eu tive uma crise de riso, talvez tenha sido de nervoso. Pensei que algo sério havia acontecido, mas Letícia parecia bem o suficiente para se preocupar em Mel, antes dela mesma. Definitivamente, nada de m*l deveria ter acontecido. — Você me pergunta isso? A pessoa que veio para emergência por causa de um acidente, está no leito de um hospital e toda cheia de ataduras, enquanto Mel está muito bem dormindo com um anjo nos meus braços? Fico feliz que não tenha sido grave. Ninguém me disse nada. Só me ligaram do hospital e disseram que o meu número foi encontrado no telefone de alguém que chegou. Pensei que o meu coração iria parar enquanto não chegava aqui. Pensando no que poderia ter acontecido e quem seria. Ainda bem que foi você, vaso r**m não quebra mesmo. Olha aí tu inteirinha. — Brinquei me sentindo mais leve. Não sei o que faria de algo sério tivesse acontecido com ela. — Espera! O que aconteceu? Não estou entendendo. Acidente? Que tipo de acidente? Do que você está falando, Carol? Não estou entendendo— Letícia parecia realmente desnorteada olhando ao redor. Talvez sequer tenha se dado conta que estava ferida até eu falar. Será que foi o choque do acidente? — Não sei direito, me disseram que houve um acidente de carro, três pessoas foram envolvidas. Não sabiam dizer quem eram e nem sei detalhes de como aconteceu o acidente, mas o médico vai vir em alguns minutos explicar a sua situação. Você não lembra de nada? Tente pensar na última coisa que se lembra. Talvez te ajude a lembrar ou processar o que aconteceu — Não havia muito o que explicar, eu realmente não tinha ideia do que se tratava tudo, apenas tinha certeza olhando para Letícia, que não era nada tão sério como eu imaginei. — Você se sente bem? Não tem dor em lugar algum? Qual a última coisa que você se lembra? — Eu tinha saído para buscar vovó, pedi um Uber e não lembro de mais nada. Acredito que a última lembrança que tenho é ligar para ela para dizer que já estava a caminho. A minha cabeça está doendo e me sinto enjoada. Tudo parece tão confuso e fragmentado — Letícia olhou para suas mãos que estavam enfaixadas, assim como a sua cabeça. — Espera! Cadê a... Antes que Letícia pudesse terminar de falar, foi interrompida por um homem alto, de barba e todo tatuado usando jaleco que abriu a cortina com tudo, surpreendendo a nós duas. Não vou mentir que quase gritei de susto, mas me contive por conta da Melissa. — Olá, boa tarde. Sou o médico responsável pelo pronto-socorro essa noite. Atendi a senhorita assim que chegou. Quando chegou a emergência estava desacordada e bastante confusa, fizemos vários exames para descartar qualquer lesão cerebral. Felizmente, os resultados foram todos bons. Não há nada. Talvez tenha desmaiado da dor ou do susto. É uma forma do corpo se proteger do trauma. Mesmo assim, você acabou quebrando três dedos da mão esquerda e dois da direita. Um ortopedista deve orientar melhor sobre o assunto, talvez seja necessário fazer uma cirurgia. O profissional especializado já está avaliando. Tem alguma dúvida? Sente alguma dor? — O médico explicou com um olhar cansado. Será que todo médico tem esse olhar ou eu só conhecia médicos assim? Todos os que eu conhecia tinham enormes olheiras e um olhar cansado nos olhos. — Sinto uma dor de cabeça, não estou sentindo meus dedos e também estou enjoada. Não lembro do que aconteceu, sabe algo sobre o acidente? — Letícia perguntou parecendo preocupada com a situação. Eu me sentia daquela forma alguns momentos atrás, mas vendo Letícia bem, a minha preocupação foi para longe. — Não sabemos ainda. A polícia está investigando. O carro que estava vai passar por uma investigação na polícia. Não há tantas informações sobre o incidente ainda. Creio que apenas a polícia poderá tirar suas dúvidas. — O médico explicou enquanto olhava a ficha analisando a situação. — Vou passar um remédio para dor, um calmante e outro para enjoou. Assim você ficará mais confortável. Os sintomas não devem desaparecer completamente, mas ficará um pouco mais tranquila. — Eu estava sozinha no carro? Eu estava em um Uber. Como está o motorista? Ele também veio para cá? — Letícia parecia tentar montar o quebra-cabeça sobre o incidente. — Não, você não estava sozinha. O motorista que dirigia o carro, acabou falecendo no local. Estão esperando sua família para o reconhecer. Também havia mais uma senhora dentro do carro, não conseguimos encontrar ninguém da sua família. Não havia celular com ela. Apenas os documentos. A senhora teve traumatismo craniano, está em cirurgia agora. Está em uma situação de risco no momento. A senhorita tem ideia de quem é ela? Deixa eu ver, o nome dela é... — O médico buscou um pouco no celular e depois continuou. — Ah! Encontrei. Ela se chama Marieta. Conhece alguém com esse nome? Estava junto com você no Uber. Quando ouvi o nome Marieta, o meu sorriso de alívio se desfez. Me senti tonta na mesma hora. Sem me dar conta, andei desnorteada sentando na primeira cadeira que encontrei. Tinha medo de acabar passando m*l e deixando Mel cair. — Marieta, Marieta? Como assim a minha avó está em estado crítico? — Letícia gritou desesperada, fazendo várias perguntas de uma vez ao médico. Não sei o que aconteceu, mas em questão de segundos administraram uma medicação que acalmou totalmente Letícia. — Filha! Filha! Pode acordar e ficar um pouco com sua tia? A mamãe tem que resolver uma coisa. Não deve sair do lado dela por nada, entendeu? Confio em você para cuidar dela. Tome esse telefone, me ligue se precisar de mim. — Eu precisava saber o que estava acontecendo, não podia levar Mel comigo.
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