O dia não terminou como esperado

1200 Words
Sendo sincera, ei não sabia se ria, ficava com pena ou filmava para rir mais tarde daquele momento. Heitor completamente desorientado sem saber como lidar com as questões que Mel estava colocando na mesa. Ele esqueceu como Mel adora fazer perguntas. — Mel, mas sabe o que é, o papai tem o coração muito grande. Cabem muitas mulheres. Imagina que egoísmo seu pai ser apenas de uma, sendo capaz de ter várias. Teria muito espaço vazio e seu pai se sentiria solitário. Entende o que quero dizer! — Heitor tentou explicar, mas já previ que ele ia se arrepender. Claramente, não tinha experiência com papo de criança, mas preferi não me meter. Se ele decidiu ser pai, deve aprender a lidar com as perguntas e respostas da Mel. Se eu me metesse, não faria sentido. Iria passar a vida mediando esses dois. Decidi que Heitor que deveria se revirar para resolver esse problema. — Então a Mel também vai ter o coração grandão como o do papai. Eu quero ser igualzinha ao papai. Amando muito e tendo lugar para várias pessoas em meu coração. — Mel respondeu na lata assim que Heitor terminou de falar, toda orgulhosa da sua nova descoberta, para o desespero de Heitor que ficou pálido assim que ouviu o plano da filha. — Não! Definitivamente não. Nada de coração grande e amando vários. Você entendeu tudo errado.— Heitor gritou na mesma hora nervoso. Sabia que ia terminar assim. Me segurei para não rir da sua preocupação. Tenho certeza que ele já estava imaginando a Mel apresentando todo dia um namorado novo no futuro. — O coração do papai só tem Carol e Mel, ninguém mais. O da Mel também, só pode ter o papai e a mamãe. Ah! Pode deixar um espaço pequenininho para Vovó Marieta e Titia Letícia, mas não precisa ser muito grande. — Mas papai disse que é egoísmo fazer isso. E mamãe me disse que era muito f**o ser egoísta com suas coisas. Que devemos repartir e compartilhar o que temos. — Mel perguntou confusa tentando entender onde ela havia errado. — Papai se confundiu todo nessa história. Esqueça tudo que eu tinha dito. Não tem ninguém aqui além de vocês, nesse meu coração. Papai é só da Mel e da Carol. Somente. Ninguém mais entra ou sai. Mel tem que fazer o mesmo e seguir o exemplo do seu pai. Tá — Heitor deu partida no carro, colocou uma das músicas preferidas da Mel para tocar. — Vamos para casa que tô com fome e com medo de piolho. E você, não fique rindo da minha cara, Senhorita Caroline. Já aprendi muito bem com meu erro. Colabore. Nesse ritmo meus cabelos vão cair antes dela encontrar um namorado. — Ser pai é difícil, senhor de coração grande. Pensa que não encontrei namorado por falta de opção? Claro que não, né? Foi opção minha, pensando nesse tipo de situação. Por maior que seja seu coração, o filho preenche tudo. Não sobra nadinha do seu coração enorme. Não há espaço na minha vida para mais ninguém e eu não quero dividir meu tempo com alguém, quero que seja todo da minha filha. E acima de tudo, não quero ter responder e explicar esse tipo de coisa para uma criança mega curiosa. — Respondi olhando Mel cantando e dançando no bando de trás. Já tinha perdido totalmente a atenção na conversa. Embora eu soubesse que esquecer mesmo, ela não esqueceria. — Vale a pena, não é? Escolher priorizar a Mel. Afinal, nunca te vi reclamando ou se sentindo sozinha. Muito pelo contrário, por mais cansada que tivesse, nunca reclamou nenhuma vez. Pelo contrário, sempre sorriu por tudo que a nossa filha fez. Como agora, sorrindo feito boba assistindo ela dançar. — Heitor me olhava pelo canto do olho. Apenas sorri. Ele estava certo. Nunca senti falta de ter mais alguém na minha vida. Desde que Mel nasceu, nunca mais me senti sozinha. Ela me completou. Chegamos no apartamento, fui preparar o banho para Mel. Heitor surtou com medo de está contaminado também e acabou pedindo um pouco do shampoo. As instruções da escola eram simples. Tínhamos que reservar a roupa que a criança estava usando. Lavei o cabelo dela com muito cuidado, obedecendo ao modo de uso que tinha na embalagem. Quando terminei. Passei o pente fino. Não encontrei nada. — Mel, suponho que você não foi premiada com piolhos. Isso é um alívio. Seu pai vai pular de alegria ao saber dessa notícia. — Brinquei ao notar que não havia qualquer vestígio do suposto visitante indesejado depois da fazer todo tratamento indicado pela escola. Terminei de dar banho nela. Mel já estava com o lábio roxo pelo tempo que estava no banho com cabelo molhado. Para piorar, o tempo ainda estava frio. Quando notei, enrolei ela na toalha, levei para o quarto. Sequei seu cabelo com o secador, ela já estava sonolenta. — Vamos almoçar. O banho demorou mais do que eu pensei. — Por sorte, na noite anterior eu tinha feito o almoço e tinha congelado. Só precisava colocar para descongelar tudo. Deixe Mel assistindo televisão com Letícia, enquanto esquentava a comida. Já estava colocando tudo na mesa, quando Heitor chegou na cozinha olhando para o celular, parecia fora no ar. — Aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto colocava a comida de Mel no pratinho dela. — Não é nada. Vamos almoçar? Vou pegar a Mel. — Heitor mudou de assunto. Conhecia aquela cara. Sempre que a sua mãe ligava, ela ficava daquele jeito. De alguma forma, a relação com os seus pais apenas deteriorava com o tempo. Heitor foi buscar a Mel, me sentei para comer. Estava me servindo quando os três vieram para mesa. A minha filha já estava com os olhos baixos. Ela tinha o hábito de dormir um pouco depois do almoço. Sempre gastava muita energia na escola. — Vamos comer, minha pequena? — Coloquei o prato em frente a Mel. — Ela está um pouco quentinha. — Heitor me disse com o semblante preocupado. — Sério? — Coloquei a minha mão na testa e no braço da Mel. Ela não está quente, estava fervendo. — Vamos almoçar, depois darei um remédio para ela. Mel não quis comer muito. Tive que insistir muito para ela aceitar umas colheradas, mas logo percebi que era melhor não insistir. Dei um remédio para febre, levei ela para cama comigo. Heitor ficou entrando e saindo do quarto nervoso, não sabia exatamente o que fazer. — Ela melhorou? — Heitor perguntou me vendo olhar o termômetro. Mel já estava dormindo. — Não. Na verdade, acho melhor levar ela para o hospital. Já faz uma hora que dei a medicação, mas a febre continua alta, 39°, muito mais alta do que o normal. Fica com ela enquanto eu troco de roupa? — Pedi ao Heitor, me levantando da cama. Estava tão preocupada, que nem quis tomar banho. Apenas coloquei uma calça jeans, uma blusa básica e um casaco, estava procurando um para Mel, quando ouvi Heitor. — Carol! Vem cá! A Mel está convulsionando! O que eu faço? — Heitor gritou desesperado. Quando me virei. Minha filha estava se tremendo toda.
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