O que é piolho?

1014 Words
A rotina da minha vida mudou mais do que esperado, depois que aceitei o pedido de Heitor, mas o que mudou mesmo foi a vida dele, decidiu que iria se muda mesmo para o Brasil, convidei para ficar no apartamento, porém, ele preferiu ficar no puxadinho da dona Marieta, ao menos, foi lá que deixou todas as suas malas, porque praticamente dormia no meu apartamento todos os dias. Minha rotina mudou um pouco, agora ele queria deixar e buscar Mel na escola todos os dias. Eu aproveitava para visitar Marieta, voltava com eles para casa. Se passaram quinze dias dessas mudanças, não posso negar que Mel estava sorrindo como nunca. O que ajudou a distrair ela da ausência de Marieta que continua em coma no hospital. Letícia estava evitando sair de casa. Precisava de uma cirurgia, estávamos esperando liberação do plano de saúde. Por sorte, diferente do que aconteceu com Marieta, boa parte dos procedimentos seria coberto pelo plano. Heitor havia montado um estúdio de fotografia junto com outros fotógrafos bastante conhecidos, as coisas estavam bem melhores do que esperávamos. Até cheguei a pensar que a tempestade havia passado, esperava ansiosa pelo retorno de Marieta, segura de sua melhora, mas nem sempre o sol dura por muito tempo, logo a chuva se aproxima novamente. Meu celular tocou enquanto eu visitava Marieta no hospital, quando vi no visor que era uma chamada da professora de Mel, meu coração acelerou. * CHAMADA ATIVA* — Alô, é Caroline, mãe de Melissa? — Reconheci imediatamente a voz da professora da minha filha. Não era a primeira vez que recebia uma ligação dela. — Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa com a Mel? — Perguntei preocupada. Todas as vezes que recebi ligação da escola era por minha filha está doente. — Uma das crianças está com piolho. Estamos avisando para todos os pais. Já que é algo que transmite com facilidade. Para diminuir os danos, a escola está enviando todas as crianças para casa com recomendações de limpeza e vamos limpar toda a sala. Assim evitaremos que o contágio se prolongue. — A professora me explicou. Eu tive uma crise de riso tão grande que as enfermeiras ficaram me olhando — Tudo bem, Caroline? Você poderá vir buscar Melissa? — Tudo bem. Eu apenas fiquei preocupada que ela estivesse doente ou machucada, nunca pensei que ficaria aliviada da minha filha ter piolho. — Era a verdade. Piolho? Me parecia algo tão irrelevante depois de tudo. — Compreendo. Estaremos esperando a senhora então. — A professora parecia preocupada. Será que ela também pegou piolho? * CHAMADA OFF* Liguei para Heitor que sempre ficava com o carro na parte da manhã, assim ele buscava e deixava Mel. Expliquei a situação sem conseguir parar de rir. Óbvio, que ficou sem entender nada, mas veio ao hospital me buscar para resgatarmos Mel. No caminho para casa, passamos em uma farmácia, compramos tudo que indicava nas orientações da escola. — Mamãe, o que é piolho? — Mel perguntou quando ainda estávamos no carro. — É um bicho que vive nos cabelos e come cérebro de crianças muito inteligente. — Heitor respondeu rindo. Mel gritou desesperada. Dei uma t**a de leve no braço dele. O que fez ele rir mais ainda. — Ele está apenas perturbando você. O piolho não come nada. Na verdade, é apenas um insetinho que gosta de viver nos cabelos, não faz m*l para saúde, mas incomoda, porque as suas patinhas coçam. — Sendo sincera, eu não fazia ideia se piolho fazia m*l para saúde, mas mesmo que fizesse, não precisava causar terror na Mel por isso. — Por isso, vamos passar esse shampoo aqui e expulsar todos eles da sua cabeça. — É uma barata de cabelo? — Mel perguntou. Heitor não parava de rir. A maturidade de quinta série dele não deixava ele reagir de outra forma. — Tipo isso. Lembra que uma vez tivemos que expulsar todas as baratas da casa da sua avó? Ela até passou uns dias com a gente. Faremos o mesmo com os piolhos da sua cabeça. — Tentei explicar da forma mais simples que consegui. Sendo sincera, nunca tinha visto um piolho na minha vida inteira. — Papai, não fica rindo de mim. É bom que você pegue piolho também. — Mel gritou de braços cruzados. — Vocês dormiram juntos no sofá ontem. Com toda a certeza, senhor Heitor deve está cheio de amiguinhos no cabelo. — Brinquei. Heitor parou o carro completamente branco. — É sério? Tá brincando, não é? Piolho só pega em criança. Carol, não tira com a minha cara. Aí meu Deus. A minha cabeça tá coçando agora. Eu estou mesmo com piolho. — Heitor desesperado coçando a cabeça e eu não conseguia parar de rir. — Vou até prender o meu cabelo, vai que voa do seu para o meu. E pega em adultos e crianças, a diferença que criança só precisa lavar para sumir. Em adultos precisa passar a máquina e ficar careca. — Ok. Estou sendo um pouco vingativa pelo medo que ele fez a Mel. — Tá me zoando, não é? Eu vou ficar horroroso careca. Meu cabelo faz todo o meu charme com a mulherada. — Heitor olhava no retrovisor com cara de desespero. — Assim vai quebrar minhas pernas. E agora, Mel? Como papai pode namorar de ficar careca. — Papai só devia namorar com a mamãe. Mamãe, você vai arrumar outro namorado porque papai está careca? — Mel perguntou. Parei de rir na mesma hora. Heitor gargalhou com a minha reação. — Não, minha amada filha, mesmo careca, sem dente, pobre. De qualquer jeito, o coração da sua mãe é do papai aqui. Não sabia? — Heitor respondeu. Queria voar na garganta dele. Criando uma ideia errada em Mel. — Então é injusto. O coração do papai também tem que ser só da mamãe. Papai só pode namorar a mamãe — Mel decretou. Heitor me olhou pedindo ajuda. — Me deixe fora disso. Agora você que lute para resolver o problema. — Respondi rindo. No fim, o feitiço virou contra o feiticeiro.
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