A ida ao hospital

1167 Words
Corri na mesma hora em direção da cama, não era a primeira vez que Mel tinha convulsões, sempre que ela tinha febre muito alta, acabava tendo crises. O médico felizmente me ensinou como agir nessa ocasião. Coloquei a minha Mel de lado, apoiei a cabeça dela em um travesseiro, fiquei observando o tempo em que ela convulsionava. Era a única coisa que eu podia fazer naquela situação. Era doloroso assistir minha filha sofrendo daquela forma, mas eu não podia me deixar levar por aquele sentimento. Tinha que manter a cabeça no lugar e pensar bem cada passo. — Heitor, pode ir preparando o carro, por favor. Leva a minha bolsa, deve está em cima da penteadeira.— Falei quando Mel parou com a crise. Coloquei ela na mesma hora nos meus braços. Precisava levar ela ao hospital urgente enquanto ainda estava estável. — Eu posso levar ela. — Heitor disse com a minha bolsa em uma das suas mãos, parecendo receoso com toda a situação. Era a primeira vez dele passando por algo assim. — Eu levo. Você dirige. Se algo acontecer com a Mel no caminho, eu saberei como lidar, mas não tenho nenhuma condição de dirigir. Pode dirigir?. — Respondi andando em direção à porta. Tinha certeza que minha atenção estaria toda na Mel, não conseguiria prestar atenção na pista e isso seria perigoso. — A ideia era só levar a menina até o carro, já que ela é bem pesada, mas acho que não é uma opção. — Heitor murmurou, mas não insistiu, apenas me seguiu. — O que aconteceu? — Letícia perguntou ao ver Mel mole nos meus braços. — A febre dela não está baixando, vamos levar ela ao médico. — Expliquei enquanto andava até a porta. Heitor correu na minha direção, abrindo a porta para que eu pudesse passar. — Me ligue quando tiver notícias. Ligue mesmo. — Letícia gritou enquanto entravamos no elevador. Heitor fez basicamente o carro voar. Em questão de minutos já estávamos no estacionamento do hospital. Nem sabia que o meu carro podia andar tão rápido. Entrei com Mel nos meus braços direto para o pronto-atendimento. Heitor ficou preenchendo a ficha dela. A enfermeira fez rapidamente a triagem, enviou direto a ala amarela, o que me deixou ainda mais preocupada. A ala amarela era de pacientes que precisam de atenção imediata. Não havia muita gente no local quando entrei. Assim que coloquei Mel em uma das macas, uma médica se aproximou de mim. — Olá, sou Anna, sou a pediatra de plantão. O que aconteceu? Essa paciente tem uma ficha enorme. Vi que a pequena tem ela tem enfisema pulmonar, também conhecido como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Foi internada várias vezes por problemas respiratórios e está fazendo tratamento. É isso? — Anna perguntou olhando assustada para a ficha que estava na sua mão. — Mas o que traz ela aqui hoje? Pelo que entendi está em tratamento e indo bem. — Mel não estava tossindo ou espirrando, não sei nem o que aconteceu mas depois de tomar banho, ela pareceu mais sonolenta, quando foi almoçar estava com febre, não conseguiu comer direito. Dei remédio para tentar baixar a febre, mas não fez efeito, ela até teve uma convulsão, não é a primeira vez, desde pequena sempre que tem febre muito alta convulsiona. A consciência dela logo voltou, mas parece um pouco desatenta e com o olhar perdido. — Explique tentando não esquecer de nada que havia acontecido. Eu sempre acabava lembrando de algo quando o médico já tinha ido embora. — Vou colocar ela no soro e vou prescrever uma medicação para diminuir a febre. Pedirei alguns exames de sangue. A oxigenação dela também está abaixo do que é indicado. Vamos ver o que os exames de sangue dizem. — Anna disse assinando algo e passando para a enfermeira. — Façam isso agora mesmo. Peça os resultados com urgência. Agora deixe eu ver como está o pulmão dessa criança. Com muita gentileza, Anna escutou o pulmão de Mel, pedindo para a pequena respirar, mas minha filha parecia ter dificuldade de fazer o que a médica pedia. Eu já estava a ponto de intervir, mas felizmente Anna notou, logo se afastou. — Tem algo obstruindo, vou pedir um exame de imagem. Acho melhor colocar ela no oxigênio também. Ao menos, até estabilizar. — Anna sinalizou para a enfermeira, com um sinal de urgência. — Foquem nessa criança. Quero que fiquem atentos e me digam qualquer alteração que ela tiver. Assim que os exames saírem, eu venho aqui. Vou adicionar algo para facilitar a respiração. E coloquem agora mesmo essa menina no oxigênio. Sem demora. Ela é prioridade nessa ala. Estarei no consultório, me avisem quando os resultados saírem ou se precisarem de mim. — Obrigada, doutora. — Agradeci me aproximando novamente da Mel, que se aninhou em mim ainda bastante sonolenta. Quando a médica saiu, Heitor entrou na sala que estávamos. Todas as enfermeiras estavam de olho nele enquando ele passava, mas para tristeza delas, o homem veio que nem um foguete em nossa direção, sem olhar para o lado. A decepção no olhar delas era nítida. — Ela foi atendida? — Heitor perguntou preocupado olhando para Mel, acariciando gentilmente seu rosto. Podia ver o semblante dele suado e a respiração ofegante. Tenho certeza que terminou a ficha e veio correndo ver como a menina estava. — Licença! — A Enfermeira disse com a boca cheia de dentes olhando para Heitor. — Vim colocar as medicações e o oxigênio na pequena. Ela é sua irmã? Sobrinha? — Não, ela é minha filha. Adiante. Não está vendo que a menina está precisando de atendimento. — Heitor olhou bravo para a enfermeira que flertava com ele em vez de continuar o trabalho dela. A enfermeira sem jeito, se aproximou de Mel, que me olhou desesperada vendo a bandeja que a mulher segurava com duas injeções. Ela havia adquirido um medo muito grande de agulhas depois de tantas idas e vindas em hospitais. — Meu amor, não vai doer. Mamãe está aqui. Aperte a mão da mamãe. — Ofereci a minha mão para Mel, ela apertou os meus dedos sem piedade. Assim que a enfermeira chegou perto. Mel abriu o berreiro. Mesmo depois de tantas vezes vindo ao médico, se algo não mudou foi o medo dela de seringas. O choro da menina fez apenas a sua respiração piorar. Agora era notável a respiração pesada. Os seus lábios estavam novamente azulados. Heitor se desesperou ao notar a piora. Eu tentei ao máximo acalmar a Mel acariciando a cabeça dela. — Vai ficar aí parada? Faça alguma coisa. Chamem a médica, sei lá. Vai deixar a minha filha ficar nesse estado? Enlouqueceram? — Heitor gritou com a enfermeira que olhava para Mel paralisada. — Vou chamar a médica. Um minuto. — A Enfermeira saiu correndo, mas antes que ela pudesse chamar a médica, Mel perdeu a consciência. — Mel! Mel! — Chamei várias vezes por minha filha, mas não obtive resposta.
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