O bebê está crescendo

1024 Words
— Carol! Se acalme, mulher. Ser mãe é endurecer um pouco o coração. Sei que é difícil saber que a filha está doente, pode acreditar, eu entendo totalmente. A minha filha, mãe de Heitor, teve uma infância bem difícil, ela tinha asma e nada que eu fazia ajudava. Pensei diversas vezes que poderia perder a minha menina, mas Deus é mais. Não pode se deixar abalar tão fácil, mulher. Ser mãe é ser rocha, quando a vida quiser te abalar. — Marieta tentava me acalmar, mas como eu poderia ser rocha, quando na verdade, mais parecia um rio de tanto que eu estava chorando. — E como eu posso ser forte? Me sinto fraca. Incapaz. Inútil. — Não era mentira. Conseguia sentir a dor de Mel em mim de alguma forma. Talvez no fundo, eu queria sentir tudo aquilo no lugar dela. — Sei que você é nova, mas já tem ciência que a vida de Mel depende de você, mas isso também quer dizer que precisa manter a sua mente focada e seus sentimentos em ordem. Se você desestabilizar, sua filha vai sofrer por conta disso. Você é o pilar dela. Então, cabeça fria, você é uma menina muito inteligente e sempre faz as escolhas certas, não se deixe levar pela emoção, mesmo que se trate da sua filha. Tudo que fizer na vida vai respingar na sua filha. Entendeu? Vou fazer um intensivão sobre ser mãe. Te darei aulas. E você vai aprender direitinho. Pense em mim como a sua mãe a partir de agora. Alguns ensinamentos são passados de mãe para filha. Eu serei a pessoa que irei apoiar e repassar tudo que precisa para ser uma mãe. — Marieta me alertou me entregando o copo de água. Tinha uma sensação quente no meu coração que eu não sentia a bastante tempo. A ternura de Marieta realmente me tocava profundamente. O que eu mais queria naquele era minha mãe. Peguei o copo com cuidado, as minhas mãos ainda tremiam bastante, eu sei que fazia sentido tudo que Marieta me disse, mas quem disse que o meu cérebro compreendia ou obedecia as ordens? Na minha mente surgia cenas da minha bebê tão pequena nas mãos dos médicos sendo ressuscitado, os dias ligados às máquinas e aos fios. Como poderia esquecer tudo que passei? E tudo começou com uma simples febre todas às vezes. Será que estou sendo tão irracional assim? Não consigo apenas ignorar tudo isso. Eu queria, mas meu corpo inteiro se lembra do que passei naqueles dias e me alertava o tempo todo. — Aqui está minha pequena afilhada. Tomou banho delicioso, mas o tempo inteiro ela estava colocando a mão na boca. É normal? Nunca cuidei de um bebê, mas achei estranho. Tome. Acredito que ela está com saudade da mãe dela. — Heitor me entregou Mel com cuidado. Ela estava com a mão na boca como ele disse, estava com a mão encharcada de baba. Realmente era algo novo para mim sua atitude. — Ah! Espera. Eu acredito que sei o que foi todo o choro de ontem e a febre de hoje. Deixa eu dar uma olhada nela. Vem com a vovó, meu amor. Tá tão cheirosa. Não é que meu neto leva mesmo jeito com crianças. Caroline, você realmente conseguiu uma façanha inacreditável. Fez esse inútil fazer algo. — Marieta pegou Mel dos meus braços, para minha surpresa, enquanto ela falava sobre Heitor, ela também estava com os seus dedos abrindo a boca da minha filha. — O que você está fazendo? Vai machucar ela. A imunidade dela é baixa. Isso é perigoso. Não faça. Vamos levar ela ao médico. É melhor assim, não? Será mais seguro. — Não queria gritar ou me exaltar, mas não faz muito sentido na minha cabeça colocar o dedo na boca de um bebê recém-nascido ainda mais com a saúde deficiente. — Não seja boba. Olha isso aqui. Suspeitei quando o Heitor falou sobre o excesso de baba e a mão na boca. Veja, o inchaço na região e vermelhidão na boquinha dela. Seu dentinho está nascendo. Isso faz o bebê ficar com o sono agitado, além da irritação. Também é bem comum uma febre bem baixinha e a falta de apetite. Além da dor, né? — Marieta mostrou rindo a boquinha da minha filha que estava exatamente como ela havia descrito. — Os dentes estão nascendo? Já? Como assim? Ela m*l saiu da minha barriga. Não é cedo demais? — Nem estava acreditando. Os dentes? Já? E dói a tal ponto dela chorar a noite inteira por isso? Não há nada que eu possa fazer? — Vai doer tanto assim? Só um dentinho fez tudo isso? O que devo fazer? Não tem como impedir os dentes dela de crescer. Ela precisa deles. — Sua bebê está crescendo. Eles crescem bem rápido. Daqui alguns meses ela estará engatinhando. Quando piscar vai andar. E quando se der conta vai está gritando "mãe" tantas vezes que você vai enlouquecer. Agora só precisamos colocar um remédio para seus dentinhos. O amoroso e dedicado padrinho dela vai comprar. Enquanto isso, vamos congelar um pouco do leite dela para aliviar as dores. Não se preocupe tanto. Segure um pouco ela, o cheiro da mãe vai acalmar um pouco, parece que está meio molinha por conta disso. — Marieta me entregou Mel, que colocou as mãozinhas no meu rosto como se estivesse procurando por alguma coisa. — Minha princesa está crescendo? Tão rápido? Eu nem acredito. Mamãe não percebeu, mas ela está tendo aula com umas pessoas experientes e parece que teremos uma grande ajuda a partir de agora. Tenho certeza que vamos ficar bem. — Foi o que falei naquele momento. Me senti totalmente apoiada por eles. O medo totalmente desapareceu. Naquele dia, pensei que as minhas dificuldades desapareceriam, eu teria ajuda finalmente, não estava sozinha naquela situação, mas eu estava errada. A vida costuma dar boas rasteiras quando menos esperamos. Entretanto, mesmo com os altos e baixos da vida, segui lutando pela saúde e bem-estar da Mel. Em um piscar de olhos, quatro anos se passaram, junto com eles, muitas mudanças em minha vida.
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