Uma mãe não tem um minuto de paz

1308 Words
— Heitor! Heitor! Cadê você! — Corri pela casa desesperada chamando por ele. Encontrei ele deitado em um lençol no chão. Espalhando por travesseiros, junto dele estava Mel, dormindo calmamente no meio da sala, como se fosse super normal para ela Vendo aquela cena, eu não sabia se ria ou chorava. Me ajoelhei olhando de perto não conseguia acreditar que minha filha estava dormindo tão tranquilamente ao lado dele, havia acabado de conhecer Heitor. A sensação de calmaria que dava olhando aqueles dois dormindo feito anjos no chão era de outro mundo. Ainda me questionava porque Heitor estava tão apegado a Mel, mas ao mesmo tempo de alguma forma me senti grata e segura por minha filha ter aquela pessoa com ela. Tive a sensação que não éramos mais só nós duas. E era maravilhoso de se pensar. — Eles são lindos juntos, não é? Parece até pai e filha. — Letícia se ajoelhou ao meu lado, me mostrando uma foto no seu seu celular que ela havia batido dos dois dormindo. — Tem certeza que essa menina não é minha sobrinha? Meu irmão gosta de criança, mas não a ponto de tratar com tanta ternura. Vendo ele assim, até acredito que ele tem coração. — Não, não são. O seu irmão parece se preocupar genuinamente com a Mel. O pai da minha filha é um lixo terrível. Seu irmão pode até ser um grande galinha, mas parece ser do tipo que é sincero sobre suas intenções. Não é justo com seu irmão confundir ele com aquele outro. — Respondi um pouco chateada com a insistência naquele assunto. A verdade é que ele não sabia exatamente que eu estava grávida na época, nem eu para ser sincera, mas o que Júnior fez comigo, machucou bastante o meu coração, uma cicatriz que eu jamais vou esquecer. — Tem certeza que ele não é o pai? O meu irmão é um lixo terrível. Ele quebrou o coração de todas as minhas amigas quando morávamos juntos. As meninas costumavam olhar uma vez e se apaixonar. Não sei o que vem nesse homem. De verdade! Ele não fala nada de interessante. É irritante e chato. Sério, nunca entendi realmente o que viam nesse i****a. Será que apenas a beleza é suficiente para ignorar todo o resto? — Letícia falava do irmão como se estivesse com raiva. Será que é normal entre irmãos ou eles têm uma relação r**m? Não sei. Nunca tive irmãos ou amigos, mas não quero me meter no problema dos outros. — Poderia falar m*l de mim nas minhas costas pelo menos? Na minha frente é desconfortável. Sem contar que a Mel está dormindo, você deveria ter o mínimo de noção de não falar tão alto perto de um bebê que passou a noite sem dormir. E nós dois sabemos que eu sou muito gato, impossível qualquer mulher não me querer. Está com inveja? Queria ser bonita assim como eu, né? Eu sei. Deus não te deu tamanha beleza. — Heitor levantou bocejando com cara de sono, olhando para Mel com carinho. Parecia satisfeito de ter feito ela dormir. — Sério? Está dizendo que o senhor irresistível tem todas as mulheres na palma da sua mão? — Letícia gargalhou com a ideia. Eu só conseguia pensar na Mel, toda essa conversa acabaria acordando ela, mas pensando bem, eu fui a primeira que estava gritando ignorando totalmente que a minha filha poderia está dormindo. Vou fingir que não estou vendo. — Óbvio, conhece alguma mulher que não se apaixonou por mim depois de me ver? Claro que não. Sabe a razão das minha fotos serem as melhores? Se destacarem tanto dos outros fotógrafos? Porque as modelos quando me olham por trás da câmera, o semblante delas muda totalmente, fazendo elas brilharem. Esse rostinho aqui faz o meu trabalho ser ainda mais qualificado. — Heitor insistiu rindo. Não pude segurar a risada depois de ouvir aquilo, acabei acordando a Mel com a gargalhada que dei. Nunca pensei em conhecer alguém tão humilde como aquele homem. Pior que ele nem tava mentindo. Era mesmo uma beleza sem igual. — Ela está rindo da minha cara? — Heitor perguntou colocando Mel nos braços, acalmando ela rapidamente. — Sua mãe está rindo de mim, Mel. Que mulher sem coração. — Carol, acredito que seremos boas amigas. Alguém nesse mundo consegue ver os absurdos que o meu irmão fala. Não me apresentei, né? Sou Letícia, podemos ser amigas? Diz que sim. Diz que sim. Preciso de uma aliada contra esse ser narcisista. — Letícia segurou as minhas mão me fazendo olhar bem nos seus olhos. — Não! Claro que não. Você será um péssimo exemplo para Mel. Carol, você tem que selecionar melhor as suas amigas. Li que as crianças aprendem com as influências ao seu redor. Tome cuidado com quem estará por perto. Não deixe que Mel aprenda hábitos ruins. — Heitor falou com um olhar sério. Será que esses irmãos batem bem da cabeça mesmo? Melhor continuar calada. Assim não entro em confusão com nenhum dos dois. — Olha quem fala. Onde você estava mesmo ontem a noite, seu devasso. O padrinho da menina falhou na primeira noite que deveria cuidar dela. Quem é você para falar de mim? — Letícia disse cruzando os braços com raiva ou indignada. — Deixem de barulho vocês dois. — Marieta chegou dando uma t**a na cabeça dos dois. — Parecem duas crianças. Quer dizer, vocês realmente são duas crianças. Carol, ignore os dois. Aconteceu alguma coisa, você estava gritando por Heitor. O que ele aprontou dessa vez? — Ah! Sobre isso. Eu tenho uma notícia incrível. Ontem a noite Heitor me ajudou com algumas fotos. Pensei que iria demorar um pouco para ter o retorno, mas já foi surpreendentemente rápido. Olha isso! O dinheiro tá na conta já. Hoje vou pagar o jantar. Vou pedir pizza para todo mundo. — Eu sei, era algo pequeno para agradecer toda ajuda, mas eu não havia recebido o suficiente para oferecer mais do que aquilo. Eu não podia gastar muito, nunca se sabe o que pode acontecer. Tenho que pensar no futuro. No futuro da Melissa. — Acho justo. Dei o meu melhor ontem. Mereço pizza. Quero de calabresa. Tem o número da pizzaria do bairro? Outras não devem subir aqui. Só uma pizzaria é permitida por ser de alguém daqui de confiança. — Heitor concordou me explicando os detalhes para conseguir a pizza. — Não faça isso, minha menina. Você tem uma filha para criar. Não deve gastar com esse tipo de coisa. — Marieta olhou f**o para Heitor colocando a mão de leve no rosto da menina. — Espera. É impressão minha ou Mel está um pouco mais quente do que deveria? — Ela está com febre? — o meu coração acelerou. Os dias estavam tão mais calmos. Parecia que iria finalmente tudo voltar ao seu devido lugar. Não esperava ela adoecer novamente. — Tenha calma. Crianças adoecem. É normal. Vamos dar um banho nela. Talvez a noite com cólica tenha feito isso. Carol, vem comigo. Vamos cuidar dela. Não se preocupe tanto. Você não está mais sozinha, querida. Todos nós estamos aqui para te ajudar. Tá certo? Agora vamos cuidar dessa pequena. — Marieta tentou me acalmar, mas saber que Mel estava com febre, trazia à tona várias lembranças assustadoras que vivi nos últimos meses. Minha respiração ficou acelerada. O ar parecia faltar notavelmente. Será que fiz algo errado novamente? Eu fiz a minha filha adoecer? Não seguido as orientações do médico? — Hey! Me passa a bebê. Eu darei banho nela. Cuida de Carol. Ela não parece bem. Parece que está tendo um ataque de ansiedade. Não sei o que está rolando, mas deixar ela com a menina agora pode assustar — Heitor disse tirando Mel do colo de Marieta, a levando para o banheiro.
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