Injustiça

1049 Words
Ficamos um bom tempo ali, até que Heitor pudesse colocar todos os sentimentos para fora. Quando notei que finalmente estava mais calmo, voltamos para ver como Marieta realmente estava. Felizmente, nada grave havia acontecido, ao menos foi o que nos disseram, embora eu não tenha acreditado completamente naquilo, mas havia um recado de Kléber, para a transferência de hospital. O que deixou tudo ainda mais suspeito. Talvez seja realmente arriscado Marieta ficar aqui. Me sentirei mais segura levando ela para um lugar mais confiável. — Eu vou pagar. De alguma forma. Talvez eu tenha que me transformar no seu e*****o por vários anos. Posso fazer um contrato, deixando o meu corpo para você até pagar tudo, o que acha? — Heitor sugeriu. Gargalhei com a ideia. — Sabe que muitas matariam por essa oportunidade, não é? — Pensando bem, eu preciso de uma babá. Não será r**m a ideia. — Brinquei. Heitor me olhou decepcionado. — Mesmo assim, eu não podia tirar o grande fotógrafo do mundo. Continue trabalhando, mas também eu realmente aceite te usar como babá alguns dias, posso usar o seu talento na fotografia para melhorar meu conteúdo. Tenho que apostar em vídeos, ser um pouco mais ousada, não sei. Sinto que o número de assinantes está diminuindo e a compra de material também. — Um dia você ainda vai se apaixonar por mim, sabia? — Heitor sussurrou no meu ouvido. — Sim, sim. No mesmo dia que você se apaixonar por mim. Agora deixei de falar abobrinha e entregue esses papéis na recepção, para que eles comecem a transferência de Marieta. Vou falar com Letícia, levarei ela para casa. Vou deixar o carro com você. Já que vai pegar Mel na escola. Não alimente ela com besteiras e traga ela antes das oito para casa, não quero bagunçar a rotina dela. É fácil tirar da rotina e difícil colocar novamente. — Entreguei as chaves para Heitor. — E como vocês vão para casa? — Heitor me olhou confuso para chave do carro. — De Uber. Eu comprei esse carro para Mel. Para locomover ela com segurança. Lá ele tudo que possa precisar. E se algo acontecer, poderia se mover com facilidade. Então, pode ficar com o carro. Ficarei mais tranquila assim. Me ligue se precisar de algo. Prometo que levarei a sua irmã em segurança para casa. Tentarei conversar com ela. — Expliquei me despedindo com um abraço. — Posso deixar vocês em casa. Como posso ficar com o seu carro e te deixar de Uber por aí. Levo vocês. — Heitor insistiu, parecia desconfortável com a ideia. — Você precisa ficar cuidado da sua avó. E já disse que o carro é de Mel, não o meu. Ela precisa dele. Já fui alguém que só andava em carros de luxo, mas também fui alguém que teve que andar vários quilômetros a pé para economizar dinheiro, porém posso pagar um Uber e eu estou satisfeita demais com isso. Não se preocupe comigo. Eu sou grandinha e não sou mais a menina de antes, cheia de besteira. A vida me mostrou que tem coisas bem mais importantes. Estou bem de Uber. Fique com Marieta, cuide dela. Organize tudo e não esqueça a minha filha. Se chegar atrasado para buscar ela, você me paga. — Falei me acenando para ele. Tinha outra preocupação que eu precisava lidar. Andando em direção ao leito que Letícia estava, para ser sincera, não sabia exatamente o que deveria falar, mas agora eu entendi um pouco sobre o que se tratava todo aquele rancor que assisti por tantos anos. Encontrei com Letícia em uma cadeira de rodas, paquerando um dos enfermeiros. Parecendo super despreocupada. Definitivamente, é difícil acompanhar o humor dessa família. — Hey, vamos? Me disseram que você está bem e livre. Vou te levar para casa. — Falei atrapalhando a conversa deles dois. — Eu te mando mensagem quando chegar em casa. Obrigada pelos cuidados. — Letícia tinha um sorriso no rosto. Como alguém consegue paquerar nessa situação? Pensando bem, Heitor não foi diferente. Será que é algo de família? — Combinado. Te vejo por aí. — O enfermeiro disse antes de sair. — Como está minha avó? — Letícia perguntou enquanto eu empurrava ela na cadeira de rodas para fora do hospital. — Pensei que tinha esquecido, tava tão empolgada com o enfermeiro gato. Ela está estável, vamos transferir hoje ela para um hospital melhor, Heitor ficou para organizar tudo. — Expliquei pedindo o Uber, estávamos na entrada do hospital. — Heitor está chateado comigo, não é? — Letícia olhava para o chão. Parecia realmente arrependida de tudo que havia dito. — Arrependida de ter atacado o seu irmão que veio para cá voando na mesma hora que soube que vocês tinham sofrido um acidente? Me pergunto quanto tempo mais você vai culpar ele. Não é a primeira vez que se sente pressionada e explode com Heitor. Como se usasse ele para ser o alvo de toda a sua culpa. — Respondi olhando o Uber se aproximar na tela do telefone. — Eu não consigo deixar de me sentir assim. Sempre que penso como Heitor vive uma liberdade gigante. Sem se preocupar com absolutamente nada. Sempre faz o que quer. Como posso não me revoltar, isso é justo por acaso? Ele é super egoísta, só pensa nele. Mesmo assim, todo mundo trata ele com todo carinho do mundo. Mel chama ele de pai. Vocês dois são melhores amigos e a vovó fala dele com todo orgulho. Como isso pode ser justo? — Letícia me olhou irritada. — Sim, super justo. Da mesma forma que ele tomou essa decisão, você também poderia. Teria o mesmo apoio. Será que o que você sente no fundo não é inveja da coragem dele? Não o culpe por ser medrosa. Pode ser certeza que não foi fácil para ele. Viver sozinho, longe da família não é fácil. Eu te garanto. Deveria se por no lugar dele. — Eu sei como foi difícil para mim viver sem família e sozinha. Pode ter certeza que não foi fácil para Heitor. — Talvez a única injustiça esteja vindo de você mesma. E nem deveríamos está falando sobre isso ou brigando. Marieta precisa da ajuda de todos nós agora. E não que apontemos os erros um do outro.
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