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3030 Words
A casa de Olivia ficava em um bairro excelente, não havia movimento, muito menos barulho de congestionamento, crianças brincavam no meio da rua com segurança alias, pois os carros que lhe davam o devido respeito, o trajeto para sorte da Bennett não era muito longe, ela tentava fortemente decorar o caminho, para depois poder pegar um ônibus, no fim do dia tinha que comparecer a lanchonete, pois trabalhava todas as noites de domingo as quintas, sexta tinha sorte de ser o seu dia de folga, e no sábado não abria, questões budistas religiosas dos donos do estabelecimento, Tóquio é uma cidade imensa, levaria horas provavelmente para chegar em casa, que saudades de Nagoia, que apesar de grande é bem aturável. A residência dos Palmers era como uma típica casa americana, toda branca, grande, arejada, com um belo jardim, mostrava-se bem aconchegante, o pai m*l parou o carro e Olivia pulo porta fora puxando Luiza junto com ela, naquela hora a mãe da rosada deveria estar trabalhando e o pai apenas ia buscá-la a escola e depois voltaria logo para o escritório, essa era a vida dos apressados e famosos advogados, a rosada era filha única uma enorme preciosidade, assim como seus olhos tão verdes quanto as mais belas esmeraldas e por isso apesar do lotado trabalho ambos nunca deixavam de lhe dar atenção, e morena de cabelos azulados percebeu isso logo de cara ao entrar na casa de decoração moderna nas estantes e pequenas mesas espalhadas com vidros espelhados podia se ver bem mais que livros havia retratos de família, viagens, aniversários e finais de semana, ao subir as escadas os quadros de moldura dourada lhe chamaram a atenção, o primeiro a formatura no jardim de infância, e depois na escola primária, o terceiro deveria ser do ano fundamental, e provavelmente os dois espaços restantes na parede seriam para a foto que seria tirada no final deste ano e o outro para a formatura na faculdade, vendo tudo aquilo não pode controlar a inveja que pulsava involuntariamente dentro de si, para Luiza os momentos em família que tinha geralmente eram em jantares de negócios, nem se lembrava de quando havia tirado uma foto sorrindo ao lado de seu pai, que além de ser um severo era muito sério, em suas festas da escola e apenas aparecia rapidamente e ia embora. – Senhora Kimiko – ela chamou ao ver a mulher surgir no corredor do segundo andar, a empregada – por favor prepare uns lanches para nós mais tarde. – Claro Olivia, os levo em seu quarto. – Obrigada – continuou, mas agora puxando a mão da amiga, ao atravessarem as portas duplas e brancas do quarto a Palmer logo as trancou, Luiza ficou observando as paredes verdes claro com a pintura de árvores de cerejeira, que combinavam com o lustre branco e redondo, também notou o mural cheio de fotos em cima da escrivaninha marrom clássica, nas imagens podia ver fotos dos do colégio, Talita estava na maioria delas, Gate, Jared, Jacob, até Thalia junto com Vinícius ao lado dela, eram do ano passado na época que todos eram da mesma sala, também podia ver muitas pessoas desconhecidas, que a rosada deveria conhecer fora do colégio e muitas fotos em família e que família enorme tantos momentos juntos que aparentava nunca terem brigas, era perfeito, os Bennetts também eram muitos, porém sempre tão tradicionais tão fechados e distantes eles não ligavam muito para eventos que se reuniam, suspirou desapontada e a amiga percebeu logo de cara que ela não era do tipo que escondia os sentimentos com facilidade ou pelo menos nem tentava, não sabia caracterizar isso como confiança ou desastre, a rosada sentou-se na cadeira e foi mexer no seu computador. – Temos que tirar fotos também, Luiza – disse sorrindo querendo animá-la um pouco – para que eu possa colocar no mural. – Eu nunca fiz um mural – disse baixo, Luiza até podia ter dinheiro mas olhando aquelas fotos só percebeu que Olivia tinha uma riqueza muito melhor do que a dela – ou um álbum, na verdade acho que não tenho fotos tão bonitas e tão sinceras com ninguém que não seja da minha família, aliás nem na minha família, apenas minha irmã e meu primo. – Poucos amigos? – Na verdade muitos, mas todos queriam ser amigos da Bennett não dá Luiza, se é que me entende, eu não gosto disso. – Eu sempre tive eles – afirmou apontando para as fotos – mas acredito que eles sabem como se sentem, Gate às vezes se fala que não tivessem um ao outro não teriam ninguém. – Pois é, eles tiveram sorte - sibilou novamente com inveja. E pensou mesmos se Jacob, Gate e Jared a entendiam, provavelmente, mas assim como ela havia acabado de dizer, ele tinham um ao outro, Luiza não tinha ninguém, tinha Victor e Liziane que não podia ver, e um ou dois amigos que agora viviam longe, ela até preferia já passou por coisa demais e eles passaram por ela. – Mas não viemos aqui para falar disso – começou e Luiza suspirou sentando-se no tapete felpudo enquanto via suas poucas fotos na tela do computador da rosada – me explique. – É complicado. – Vou tentar ao máximo entender – sussurrou em tom calmo enquanto sentava-se ao lado da amiga pronta para ouvir tudo que ela tinha para falar. – Minha mãe era uma artista, fazia esculturas lindíssimas que surpreendiam compradores de todo o mundo, foi até assim que meu pai a conheceu – com um sorriso enquanto se lembrava da mulher já falecida que tanto amava – lembro-me de em uma de suas exposições quando eu era bem pequena sabe, eu disse que queria ser como ela - ela encerrou aí perdendo-se em lembranças distantes. – E então? – perguntou vendo aquele lindo sorriso morrer. – Meu pai me disse que jamais poderia ser como ela – a Bennett respirou fundo lembrando se como Laerte era severo – minha família Olivia, é extremamente tradicional, que faz de tudo para manter as aparências, eu fui criada ouvindo sempre que deveria ser educada, refinada e nunca, jamais, deveria existir um escândalo envolvendo o meu nome, pois somos respeitados por nossa imagem e nunca ouve um m****o de nossa família que saiu da linha. - Sério? – Claro que não! Meu pai diz isso, mas um dia houve um escândalo ali dentro pode ter certeza que eles colocaram por debaixo dos panos, os Bennett cobrem tudo, eles se julgam uma família tradicionalmente perfeita, e é assim que querem continuar sendo. – Mas isso mostra que são bem severos. – Meu pai comanda as empresas, empresas que chegaram ao alto com muito sacrifício do meu bisavô, e eu sua herdeira, é uma tradição, todos os bens de meu pai serão divididos entre eu minha irmã e meu primo. – Seu primo? – Meu tio morreu quando ele era muito pequeno e meu pai o criou como se fosse um filho, continuando, mas, a liderança das empresas da família deve ser do filho mais velho assim como a liderança da própria família, no caso eu, crescemos sabendo disso, somos preparados a vida toda para essa sucessão, e durante anos eu aceitei e aguentei tudo, todos os eventos sociais, todas as reuniões, visitas nos setores da empresa, as viagens, tudo – ela se interrompeu acumulando lágrimas nos olhos que lutavam para não escorrer – meu avô consegue ser pior que o meu pai, todos eles sempre foram grandes líderes desde que iniciaram o aprendizado do oficio, mas sabe eu queria dividir, eu não odeio a empresa mas quero outras coisas também. – Parece ser difícil. – É horrível, nós nunca jantamos sem falar de negócios Olivia, nunca temos um fim de semana só nosso, meu pai nunca me convidou para almoçar só porque estava com saudades, ele também quase nunca foi em eventos da escola e quando ia acabava indo embora cedo, quase nunca nos abraçamos também, nem me lembro qual foi a última vez que rimos juntos de uma piada. – Luiza... – Eu sou a decepção dele, dele e do meu avô, acho que por que eu nunca quis comandar as empresas, eu matava aula às vezes para sair apenas eu e minha irmã, ou sempre fugia pela janela por que eu tinha seguranças eu ia sair com meus “amigos” sempre os desafiando e contrariando, mas nunca deixando de fazer o que eles mandam, eu dei trabalho – riu um pouco fazendo as lágrimas escorrerem e ficando triste de novo – ocorreu algumas coisas que apenas fizeram com que eu ficasse ainda mais decepcionada, então eu decidi que tinha que ir embora, que eu queria ir embora, que eu não queria mais ser parte daquela família, apesar de amá-los não posso simplesmente aceitar. – Então veio a Tóquio assim do nada? – A diretora Verônica era uma grande amiga da minha mãe, ela me ajudou lógico, Tóquio High School de Elite é o melhor colégio de Tóquio e do Japão, com um histórico escolar daqui será muito fácil uma vaga nos Estados Unidos, eu peguei todo o dinheiro que tinha no banco ainda bem que tenho uma boa mesada e puff sumiu. – E que coisas são essas que aconteceram? – Não estou pronta para falar sobre isso, por favor. – Entendo, por isso que você não saiu para o estacionamento hoje? Jacob disse que você não gostou de saber que tinha câmeras lá fora. – Ainda tem mais essa, o pai daquele i****a é um grande amigo do meu pai. – O senhor Jahan, sério? – Sim, eu corro um enorme risco se ele aparecer na escola, eu tenho uma grande sorte por Jacob nunca aparecer em eventos junto com ele se não ele já teria me reconhecido, meu pai apenas me apresentava os amigos empresários que ele tinha em Nagoia, como o senhor Jahan é de lá, sempre que ia a cidade eles e encontravam. – Entendo. – Se não metade da escola já me reconheceria, meu pai gosta de ter raízes em Nagoia, e evita muito vir a Tóquio quando vem eu nunca venho com ele, são outros tipos de negócios que ele dizia que eu aprenderia a lidar mais para frente – rolou os olhos. – É ele nunca vai mesmo a nenhum evento, Jacob na verdade, se interessa muito pela empresa, muito mesmo, mas ele nunca faz nada que o senhor Jahan manda, eu acho que é uma forma de desafiá-lo também, porém quando estão falando de negócios parecem que se dão muito bem, mas às vezes eles aparecem se odiar, Jacob meio que muda quando está perto dele. – Ele odeia todo mundo cá entre nós, né Olivia. – Sei que ele parece esnobe e arrogante, mas ele tem um excelente coração, acredite Luiza. – Tsc, você só pode estar brincando. – Estou falando sério, tem que ver ele quando está perto da senhora Kate. – Kate? – A pessoa que Jacob mais ama nesse mundo – ela riu – e provavelmente a única, é a mãe dele, e é outra pessoa completamente quando está perto dela. – Isso é inédito – por um momento Luiza teve que imaginar que tipo de pessoa ele seria perto da mãe que Olivia dizia que ele tanto amava – bom, mas Olivia promete para mim que não vai contar isso para ninguém. – Posso não entender seus reais motivos, mas eu jamais contaria a ninguém, você é minha amiga, e também jamais conseguiria isso sozinha. – Talvez você esteja certa – três toques foram ouvidos na porta, fazendo a rosada saltar dando algumas palmas animada enquanto se dirigia a porta, abriu e ela mesma apanhou a bandeja das mãos empregada, atravessou o quarto levando a bandeja até a mesa, mas não havia espaço estava cheia de livros. – Luiza, por favor, junte esses livros e coloque ali na estante para mim, embaixo do livro rosa – e foi o que a amiga fez, com toda inocência do mundo e além de um pouco de timidez tentou ao máximo se sentir em casa, ela junto os cinco livros e foi até a estante branca que ficava de canto – cuidado que é o meu diário – a rosada alertou, um diário que coisa mais cômica, foi o que Luiza pensou, ela apoiou os livros e apanhou o diário rosa, como sempre a Bennett era uma desastrada fazendo a capa deslizar pelos seus dedos, ainda bem que não caiu no chão, mesmo assim algo havia escorregado daquelas paginas, a morena logo colocou os livros de Olivia em ordem e desceu o corpo para apanhar a foto, ela não tinha a mínima intenção de espionar, nem ao menos tinha curiosidade, mas foi inevitável. – Olivia... – disse Luiza curiosa mostrando a foto, nela Olivia e Jared sorriam em uma festa, o Bennings encontrava-se espontâneo com o braço apoiado no ombro da rosada, que parecia rir tanto que saiu de olhos fechados, era uma imagem muito bonita, ele estava bermuda preta e camiseta polo branca, elegante, já ela um simples vestido amarelo e os cabelos presos um curto r**o de cavalo. – Luiza! – afirmou absurdamente corada e correndo em direção a Bennett que se afastou impedindo que a amiga alcançasse a foto. – Eu não tinha a intenção de olhar, caiu do seu diário – defendeu-se imediatamente – eu contei meu segredo agora me diga o seu, amiga. – O-o-o-que? – gaguejou sem querer piscando os olhos várias vezes – eu não tenho segredo. – Olivia, vi como você olhou para ele no refeitório no primeiro dia de aula, quando ele entrou com aquela garota. – Luiza, nós somos amigos, me devolve essa foto. – Você quer que eu acredite nisso? – gargalhou – por que você tem uma foto, aliás uma foto tão linda dele no seu diário? – Já disse que somos amigos há muitos anos. – Olivia! – repreendeu-a com um olhar sério e um sorriso malicioso no rosto. – Se contar para alguém eu juro que não respondo por mim – derrotada, sim ela o amava, nem se lembrava desde quanto, mas já sentia a bastante tempo. – Eu nunca contaria – ela devolveu a foto, e juntas foram comer – desde quando? – Eu nem me lembro – respondia dando grandes mordidas no seu sanduíche – quando eu percebi já era tarde demais, estudamos juntos a bastante tempo. – Nunca pensou em contar para ele? – Não! Luiza ele é meu amigo, eu nem consigo contar com quantas ele fica em um mês, e trai todas elas, ele não se apega a ninguém, nós sempre conversamos e nunca o ouvi dizer que já gostou de uma garota, a não ser da Talita, e nós nos conhecemos a anos. – Talita? – Jared não gosta nem que citemos o nome dela - ela explicou com os olhos baixos - mas Talita foi a única garota que ele gostou e levou realmente a sério, ele a amava, e ela foi embora, aceitou um curso de moda nos Estados Unidos, e simplesmente o deixou... Jared voltou a ser quem sempre foi e nunca gostou de mais ninguém. – Ele e o Jacob são parecidos. – Exatamente, não é atoa que são melhores amigos, eu não vou dizer a ele, jamais, estragaria a nossa amizade. – Mas você não sofre com isso? – Não mais, eu não vou te dizer que não dói, pelo contrário dói e muito, porém eu tento lembrar que ele não gosta delas. – Mas Olivia, mesmo assim, eu acho que você deveria contar. – Eu gosto de ter ele perto de mim, nós conversamos, tiramos sarro um da cara do outro, quando ele quer falar m*l de alguém ele falar para mim, quando tem um segredo ele sabe que pode contar comigo, quando briga com os pais e fica irritado e comigo que ele vem desabafar, eu não quero estragar isso, é especial para mim. – A merda de se apaixonar pelo melhor amigo. – Sim. – E como se conheceram? – Jacob Gate e Jared se conhecem desde criança, os pais deles são amigos, mas além de serem amigos deles são amigos do Vinicius e eu fui parceira num trabalho, nossa a muito tempo, enfim ele tinha que passar na casa do Jared para pegar alguma coisa e eu fui junto depois sempre que o Vinicius estava sentado com eles eu sentava junto e então nos tornamos amigos, Gate sempre foi muito fechado, na verdade ele quase nunca fala da própria vida, m*l o meninos sabem algo, mesmo assim não deixou de se aproximar de mim, mas Jacob e Jared se tornaram irmãos para mim, Talita entrou na escola logo em seguida, e o eles ficaram, então ninguém mais se separou. – Talita e Jared? – Sim, mas faz tempo. – O que mais eu posso esperar de vocês? – Não sei, acho que a pergunta é o que você está achando de nós? – Serio? – Sério. – Acho que – ela hesitou por um momento tentando imaginar – eu tenho um ruivo que nunca quer conversar comigo, uma loira energética e animada, um moreno que nunca lembra o meu nome, uma rosada que já se mostrou irmã, e um loiro irritante e i****a ahrggg! Me tira do serio – Olivia soltou um pequena risada – é um grande perigo, mas pela primeira vez eu me sinto entre amigos. – Fico feliz. – Eles nem me conhecem, m*l imaginam quem eu sou, e mesmo assim conversam comigo. – Eu disse que não são pessoas ruins. – E isso inclui o Jacob? – Sim. – Ahhhhh não, ele é péssimo, eu não aguento ele, tenho vontade de agarrar ele pelo pescoço – Luiza fazia gestos com o sanduíche nas mãos e o mordendo com raiva – balançar e jogar no chão assim, e socar a cara dele até ficar toda vermelha, como ele pode ser tão chato? – Ele esta te perturbando, um dia ele para, era assim comigo também. – Serio eu ainda vou mata-lo, aquele arrogante. – Muito arrogante – concordou rindo.
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