Capitulo 3

1988 Words
Mia - p**a merda - eu grito ao ver o vídeo do verme. Era isso que ele era. Pego o celular, o atiro na parede e começo a chorar de raiva, porque amor mesmo eu nem sentia. Era aquela velha história, nossas famílias se conheciam mesmo antes de a gente nascer, conforme fomos crescendo sempre ouvíamos que a gente ia namorar e casar. O engraçado era que acabamos mesmo namorando e noivando. Meus pais iluminados nas nuvens, afinal, eu como única filha deles e herdeira, tinha que assumir os negócios da família um dia; não deu outra. Acabei trabalhando como executiva. Apesar de gostar do meu trabalho, eu acalentava um sonho: ser chef de cozinha. Se meus pais soubessem ririam de mim, afinal, como herdeira eu tinha que trabalhar na empresa da família e não ser uma simples chef de cozinha. - Algum problema, Mia? - me pergunta a minha amiga Isabelle, que eu nem tinha visto entrar em meu quarto. - Você não vai acreditar! - eu falo, tentando recuperar a respiração, porque fiquei ofegante do nada. - Acreditar em quê? Do que você está falando? - Isabelle me questiona, confusa. - Aquele filho da p**a do Nico - respondo, ofegante. - Calma, Mia, você está alterado. Não fale palavrão que sua mãe tem um ataque. - Isabelle tenta me acalmar. - Você está certa. Vou te mostrar uma coisa que me mandaram - falo, olhando para ela. - Do que se trata? - Isabelle me pergunta, curiosa. - Disso.— eu respondo indo até o chão e pegando meu celular, que nem sei como, não se espatifou quando o joguei na parede. - Só uma pergunta. O que seu celular está fazendo no chão? - Pois é, vou te falar, ou melhor, você vai assistir - eu respondo, ligo o celular e vou até a pasta do arquivo que me mandaram no w******p. Enquanto a Anabelle assistia, eu estava ali, distraída e pensando em como estava sendo enganada pelo meu próprio namorado. - Filho da p**a. - A ouço falar e dou um sorriso, agora aliviada. - Ele é mesmo - respondo, concordando. - Mia, de quem você confere esse vídeo? - Não sei, Belle. Só sei que aquele filho da p**a está acabado - digo, sentindo-me mais tranquila. Agora eu sabia o que havia de errado com ele esses dias. Começaram a vir, como se feito flashes , lembranças da gente e do jeito que ele andava estranho. Era por isso, por que ele estava com uma vagabunda siliconada? Sempre que eu perguntava algo para aquele i****a, ele nunca me falava nada e sempre desconversava. — O que você vai fazer, Mia? — Vou terminar meu relacionamento com ele! — Essa era a resposta mais certa do que eu iria fazer. Meu relacionamento já tinha acabado. — Viva! Viva! — ela dá um grito e eu realmente não deveria ficar surpresa. Belle nunca foi com a cara dele. — Nossa, isso é que é animação — comento com ironia. — Ah, vai Mia. Não sei porque você continuou com esse relacionamento. — Nem eu mesma sei, só sei de uma coisa: ele que me aguarde. — Seus pais não vão gostar nada de você se separar dele. — Meus pais não têm o que querer — digo, recebendo um olhar de dúvida. — O que foi? Olho para ela sem entender, porque parou de falar de repente. — Mia, você deixa seus pais comandarem a sua vida até hoje, e olha que já se passaram anos desde que você saiu da adolescência. Nisso eu tinha que concordar. Sempre deixei meus pais mandarem em mim e no final estava sendo mandada pelo Nico, que acabou ficando autoritário. — É verdade, mas agora chega — eu falei. Vou dar um basta nisso, penso comigo mesma. — Já passou do tempo, menina, e vê se eu deixo meus pais mandarem em mim? — Belle me faz a pergunta e olho para ela. Essa menina era a diabinha em forma de pessoa; seu pai era um amor, mas a sua mãe até hoje tentava mandar na vida dela. — Sabe, eu sempre senti uma ponta de inveja sua! — comento e percebo que ela ficou surpresa, mas era verdade. Observo Belle se sentar na minha cama, olho ao redor e vejo que tudo no meu quarto era de luxo; penso comigo: será que preciso de tudo isso que está aqui? — Do que você tem inveja, Mia? Olha esse belo quarto, a sua casa é linda! — Mas do que adianta ter luxo e não ter carinho dos meus pais? — Ah Mia, não fica assim não! — Ela vem até mim e me abraça. — Não é para ficar, Belle? Meu pai queria que eu tivesse nascido homem, como ele sempre jogou na minha cara. — Acabo chorando. — Por que você nunca foi embora dessa casa, Mia? — Belle me pergunta. — Eu queria ser amada por meu pai, mas nunca fui; minha mãe é uma mulher frívola que só sabe fazer uma coisa: ir ao shopping gastar. — Ah Mia, não se sinta assim — Belle pede. Ela me entendia. Sua mãe era umas das maiores estilistas de moda da atualidade e a Belle tinha pavor dessa profissão. — Mas é a verdade, meu relacionamento com o Nico era para ser do jeito que meus pais queriam, afinal ele tem posses. É a única coisa que meus pais pensam: dinheiro. — Mia, você é a herdeira de tudo! — Será que eu sou mesmo? Afinal eles queriam meu casamento com ele! — E o que pretende fazer? — ela me pergunta, penso o que devo fazer e tenho uma ideia. — Já sei o que eu vou fazer! — respondo rápido, pego meu celular e faço uma ligação. Quando eu termino, Belle está me olhando como se eu fosse um bicho de sete cabeças. — Você vai me contar ou vou ter que adivinhar? — Agora a Belle faz ironia comigo, mas mostro a língua para ela e digo: — Bem, eu liguei para uma amiga que conheci na escola de gastronomia — respondo, fazendo suspense. — Ok, continua. — Então... eu a conheci lá nessa escola onde fiz esse curso e acabei me tornando amiga dela. — Lembro-me de você comentar sobre uma menina que estava aprendendo a cozinhar. Ela era uma adolescente, não? — Sim, ela é — eu respondo corrigindo, pois Amy é uma adolescente. — Mas por que você quer ligar para essa menina? — Belle me pergunta, confusa. — Ela mora numa cidade chamada San Antonio, no Texas — digo e a Belle fica de queixo caído. Deveria ter me lembrado dessa cidade e que Amy sempre me pediu para visitá-la. — Nossa, é um pouco longe daqui, não é? — Belle questiona, já ficando chateada, dava para ver sua expressão.   — Sim, Belle, mas estou precisando sair daqui o mais rápido possível e você sabe que meus pais vão fazer de tudo para que eu fique com eles e que aceite o Nico de volta. Eu ia gostar muito se você quisesse vir junto comigo! — eu peço, na esperança de ela aceitar. Sei que a cidade é linda pelas fotos que a Amy mandou. Não achava justo colocar a Belle na confusão, pois sabia que ela estava lutando para ser aceita em um escritório de advocacia. — Mia, essa menina que você conheceu também é chefe de cozinha? — Belle me pergunta como se fosse a coisa mais estranha desse mundo. — Na realidade não — respondo e continuo a dizer: — Belle, você sabe que tem muita adolescente aprendendo a cozinhar, e outra coisa, ela deve estar para fazer dezoito anos. Você precisa conhecê-la! — eu falo com entusiasmo. — Você pedindo desse jeito eu vou — ela aceita depois de fazer um pouco de suspense, querendo me matar de susto. Dou um grito e corro para seus braços e acabamos caindo no chão, fazendo nós duas quase chorar de dor, afinal, a gente não era mais criança. — Mia, como você vai se sustentar lá? Aí está a questão, eu penso. Sei que sou herdeira e tudo mais, e também sei que o dinheiro é dos meus pais, afinal, eu só viria a ter algum dinheiro mesmo, como vou dizer, ser rica, quando eles morressem. Como eles são novos e também não desejo a morte deles, então teria que me virar. — Estava pensando nisso agora! — eu confesso e me lembro da herança que meus avós maternos me deixaram. Eles disseram que eu poderia mexer no dinheiro quando fizesse vinte e cinco anos, a questão é que eu também recebia uma mesada e minha herança estava sendo investida. — Eu te ajudo, Mia! Meu dinheiro vai dar para a gente se sustentar. — Belle me fala e saímos do chão, onde acabamos sentadas. — Não Belle, obrigada! Graças a Deus eu me lembrei da minha herança. — Sua herança? — ela me pergunta. — sim, você não se lembra de que eu recebi uma herança dos meus avós maternos? — Ah sim, lembrei, mas você nunca toca no assunto. — Pois então, eu tinha até esquecido! Como eu sou maior de idade, meus pais não podem tirar nada de mim — respondo triunfante. — Concordo. Quando você quer partir? — Belle me pergunta já toda excitada. — Assim que possível! Você acha que seus pais vão brigar com você, Belle? — Eu sei que meu pai vai ficar chateado, mas ele vai entender. Eu preciso é ficar longe da minha mãe, você sabe que ela me considera uma aberração da natureza, pelo fato de ter meus braços tatuados. — Mas você não é, Belle. — eu afirmo e continuo a dizer: — Outra coisa, deixa sua mãe pensar o que quiser, afinal, você nunca fez nada de errado. — Ah, você sabe como eles são quando se trata de corpo. E tem mais, minha mãe quer que eu me case virgem com quem ela escolher. Isso é muito arcaico, quem casa virgem? — Eu e você — respondo simplesmente, fazendo-a corar. Será que Belle não era mais virgem? — Pois é. Nós duas ainda somos. — ela me fala em tom triste. — Que é isso, Belle, a gente escolheu. Eu pensei que você já tivesse perdido a sua. — eu falo curiosa. — Não Mia, eu quero me guardar para quando encontrar o meu príncipe encantado. — ela me fala toda sonhadora. — Belle, você sabe que príncipes encantados não existem, não é? — ironizo. — Claro que sim! Quem sabe a gente conheça em San Antonio uns belos cowboys gostosos que façam a gente implorar para sermos fodidas, hein? — Belle brinca e pisca o olho. — Minha filha, eu quero distância de homens — eu respondo e era verdade mesmo, eu não quero mais chegar perto de nenhum homem. — Sei, quero só ver. — ela me fala e continua: — Bom, Mia, eu vou arrumar as minhas coisas. Você tem certeza do que quer fazer? — Sim, eu tenho. — falo decidida. — É isso aí, garota! Que venha San Antonio e que as coisas sejam melhores do que estão aqui! — Vai ser bem melhor mesmo. Vou já arrumar as minhas coisas e levar para o carro — eu respondo. — Sim, eu também. E quando você vai falar com seus pais e com Nico? — Hoje à noite — eu respondo. — Boa sorte então, amiga. — Belle me deseja e eu a abraço em agradecimento, a acompanho até a porta de casa, a espero entrar no carro e sair e depois volto para o meu quarto. Pego o celular e ligo para a única pessoa do mundo que eu não queria ver: aquele italiano de uma figa. - Alô, amore mio. - ele me saúda todo apaixonado.                  
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