A Confeiteira e o Dono do Morro

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Fabiene narrando

onsegui falar com Imperador cedo pela manhã, e ele me garantiu que logo estaria de volta ao morro. Isso me deu um alívio momentâneo, mas a ansiedade persistia. Eu sentia um medo profundo de perder ele ou Rafael, pois ambos são fundamentais na minha vida. Imperador foi essencial no recomeço da minha vida ao lado do meu irmão, depois da morte de nossa mãe e da superação de todo o sofrimento que vivenciamos.

Lembrar de tudo o que aquela mulher nos fez durante nossa infância e juventude enche meu coração de raiva. Eu queria entender por que ela fez aquilo conosco, sendo que éramos seus filhos. Ela deveria ter nos amado e protegido, mas não fez nada disso.

Enquanto contava o dinheiro na boca, fogos de artifício começaram a estourar. Na mesma hora, meu celular tocou; era Imperador, ligando no momento exato!

— Onde você está? — pergunto, nervosa. — Estão invadindo o morro.

— Estou chegando, morena — ele responde. — Relaxa, já estou a caminho!

— Você sumiu, desapareceu e deixou o morro sob minha responsabilidade, e agora volta no meio de uma invasão?

— Calma, Fabiene — ele diz. — Assim que isso passar, eu te conto tudo. Confia em mim, nunca te dei motivos para desconfiar. Eu te amo, e já já estarei aí.

Eu ainda não tinha contado a ele sobre a gravidez e estava ansiosa para compartilhar. Precisava dividir essa novidade com ele e aliviar o medo que sentia.

Como seria ser mãe? Eu conseguiria cuidar de uma criança? E como ele reagiria? Será que ele estaria disposto a ser pai neste momento da vida dele?

Vou até casa, pego minha arma e me preparo. Os vapores estão em alerta. Logo escuto pelo rádio que Imperador já está no morro, o que me traz um pouco de alívio, mas a raiva pelo seu desaparecimento repentino persiste. Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações.

— O que está acontecendo? — Maria pergunta, nervosa ao me ver.

— Se esconda — ordeno. — É uma invasão.

— Quem? — Ela pergunta, apreensiva.

— Provavelmente alguém que Imperador deixou irritado nessa viagem — respondo. — Espero que não seja nada grave!

Antes de sair, olho para a gaveta onde está o resultado do meu exame. Coloco o envelope no bolso e saio. Tento encontrar Imperador pelo morro, mas ele não responde ao rádio. Subo para o alto do morro e dou a ordem para liberar o armamento, pois Imperador ainda não tinha dado essa instrução.

— Onde você está, Fabiene? — ele pergunta pelo rádio.

— Estou no alto do morro — respondo.

— Me espere aí. Preciso te contar uma coisa — ele diz. — Não saia daí.

O tom de voz dele me soa estranho, como se ele estivesse escondendo algo. Abro o exame e, para minha tristeza, o resultado confirma que estou grávida. Não sei como ele reagirá. Nesse momento, recebo um vídeo de um número desconhecido. Ao assistir, minhas lágrimas começam a cair.

Como ele pôde me trair e enganar dessa forma? Durante a viagem que ele disse ser tão importante, ele se envolveu com outra pessoa. Eu reconheço a tatuagem que ele fez recentemente no vídeo, e o escapulário que dei a ele de presente de aniversário está visível. Ele nem sequer tirou a aliança.

Passo a mão sobre minha barriga, e todos os traumas vêm à tona. Revivo o abuso psicológico e físico que sofri da minha mãe e de outros homens. Sempre vi Imperador como meu alicerce e minha segurança, mas agora, ele traiu minha confiança e nosso amor.

Vejo do alto do morro quando ele chega e os invasores recuam. Sem hesitar, decido que o caminho da minha vida seguirá por outra direção. Pode parecer um erro para outros, mas não consigo enfrentar a traição do homem que eu acreditava que me amava. No fundo, ele é apenas mais um traficante, um verdadeiro filho da p**a!