02. Sophia
Eu sou loira, igual ao meu pai e ainda dizem que eu tenho o estilo dele, acho que deve ser pelas tatuagens que eu tenho pelo copo, e não são poucas. E cada piscada que meu pai da, eu faço mais. Mas isso é de familia, meu pai tem muita, meu avô então, se tem alguma parte do corpo dele sem tatuagem, com certeza é uma parte que eu nunca nem vi. A minha vó é cheia e por que eu não iria? Meu pai bem tentou no inicio, mas depois viu que nao tinha jeito, começei com uma pequena, depois ja era .. Minha mãe encheu o saco pra eu fazer faculdade, eu ate disse que não queria mas ai veio meu avô, minha vô e quando foi meu pai, pronto, eu tive que fazer. Acabou que no final eu ate gostei, mas graças a Deus acabou.
Meu pai e meu avô são os amores da minha vida, eu não tenho nem palavras pra explicar o que esses homens significam pra mim. Minha mãe e minha vó também, mas eu sou mais puxa saco deles. Eu sei que a Mariana não é minha mãe de verdade, quer dizer, ela é minha mãe sim por que ela que me criou desde que eu nasci, mas minha mãe se chamava Beatriz e morreu de uma complicação no meu parto, meus pais sempre me contaram toda verdade e eu achei isso bom, por que eu não cresci enganada e meus pais sempre foram 100% transparentes comigo e com a minha irmã, sobre tudo e qualquer coisa.
Eu e a Liz somos melhores amigas, mas as vezes ela me tira a p***a da paciência e depois diz que eu sou grossa. Ela é fofa demais, sempre tem o lado dela de olhar o lado bom das pessoas, e eu nao vejo lado bom em ninguém e ela fica lá procurando. Mas somos muito agarradas e se alguém fizer algo pra ela, é a mesma coisa de fazer pra mim, por que ela senta e chora pra depois agir, e comigo o buraco é mais em baixo, eu faço primeiro pra depois pensar se tem consequências ou não.
A Liz foi pro cinema e eu queria ir pra um bar beber tequila e cerveja e conversar, então ela iria encontrar comigo depois lá no bar da Orla. Eu fui pra casa da minha vó se arrumar, e ja cheguei entrando e eu vi meu Avô baixar a mão rapido e esconder o cigarro, eu gargalhei e bati palmas
— pegueeeeeeeeeeeeeeeei! — eu andei rindo pra perto da varanda
— xiiiiiiiiii, sophia, qual é — ele falou com a voz grossa dele
— Vóooooooooo, meu avô ta fumando aqui foraaaaaaaa escondidooooooooo — eu gritei ela gargalhando e ele pisou no cigarro e chutou pra grama
— Meu Deus, essa menina é uma x9, c*****o. — ele cruzou os braços e encostou pra traz no sofá da varanda
— Você não tem palavra não, né? — minha vó saiu na porta olhando brava pra ele e ele ficou mexendo as pernas
— c*****o, é o primeiro cigarro do dia. Qual o combinado? 1 por dia — ele fala olhando pra ela
— Não é nada, se fosse você não tinha se assustado comigo entrando, assume seus erros MT — eu falei gastando com a cara dele
— Cala boca! Era um balão cara, tu vai acreditar nessa menina que adora zoar com a cara dos outros? — ele falou todo sinico
— Olhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, ah não, vou ate entrar depois dessa querendo me passar de mentirosa — eu entrei
— Ele esquece que eu conheço ele — ela fala e da um tapinha no braço dele.
Meu avô continua a mesma coisa, não mudou absolutamente nada. Ele é um gato! A unica coisa que mudou foi a tatuagem que ele fez do rosto da minha vó no braço, é linda demais. To esperando ate hoje ele fazer a minha. Eu entrei e fui na cozinha atrás da minha vó — Eu vou me arrumar aqui, me arrumar em casa sem ninguém pra dizer que to linda ou não, não tem graça. — eu falei e passei correndo pro quarto de baixo, que é meu e da sophia, a gente tem um quarto aqui, e tem muita coisa nossa.
Eu tomei um banho e coloquei uma roupa bem levinha, uma saia e um croped tomara que caia por que ta um calor, fiz uma maquiagem leve, ajeitei meu cabelo e deixei ele todo liso. Passei meu perfume e tirei uma foto no espelho, mas so vou postar quando eu tiver bem longe daqui. Coloquei uma rasteirinha e sai do quarto andando mexendo no telefone e falando com o pessoal que combinei de encontrar, meus avôs ja estavam na sala conversando e pararam de falar quando me viram
— Boa noiteeeeee, até amanhãaa — Eu falei sorrindo e sai andando
— OW, OW, OW, volta aqui — meu avô falou lá de dentro
eu parei na mesma hora, respirei fundo e voltei na porta — que foi?
— Vai aonde ? — ele perguntou me olhando serio
— no Bar da Orla, encontrar uns amigos e a Liz depois que ela sair do cinema — eu falei olhando — por que?
— Por que o que ? Você acha que é assim? Tu vem pra cá, se arrumar aqui e sai saindo sem falar mais nada? Aposto que teu pai não sabe que tu vai sair — ele falava serio e firme me olhando
— Vô.. ôh vó
— Ta vendo? Se ele soubesse você não vinha so pra se arrumar aqui. Espertona né? Pera ai que vou ligar pra ele — ele falou pegando o celular
— Pô, vô, por favor. Ele vai reclamar e voce sabe muito bem, eu prometo que eu nao vou demorar, é so uma cervejinha de leve — eu falei me aproximando
— Ta vendo se eu quisesse te Xnovar igual tu fez comigo de s*******m? Sorte tua. — ele falou e jogou o celular pro lado
— Aiiiii, ele ficou sentidooooo — eu ri e me aproximei dele beijando o rosto dele e alisando o cabelo dele pra trás
— Sai, traidora — ele falou puxando minha saia pra baixo — comeu o resto do pano?
— Ai, eu to simples — eu joguei o cabelo e dei um beijo na minha vó e virei — To simples por que meu acessório e ser filha e neta dos donos do salgueiro.
— Manda um beijo nas amigas — ele falou e minha vó deu um socão no meio do estomago dele fazendo ele se encolher na hora e eu ri
— Bem feitoooooo! Se manca velho. — Eu falei andando pro carro, e entrei ligando ele.
Eu sai dirigindo, mas fui cortando por outras ruas so pra não passar na frente da boca e correr o risco do meu pai me ver, respirei ate aliviada quando passei na barricada. Liguei o som bem alto e fui dirigindo ate o barzinho na beira da praia.
Cheguei no barzinho da praia com o som estourando no carro, do jeito que eu gosto. Estacionei e já avistei a galera. Desci do carro e a galera já começou a gritar meu nome.
— Sophia, sua doida! — gritou o Rafa, me chamando pra mesa.
Andei até lá, rindo e cumprimentando todo mundo com abraços e beijos. A vibe tava boa demais. Pedi uma tequila logo de cara e a galera começou a zoar.
— Hoje tu tá querendo hein, loira? — disse a Maya, me dando uma piscadinha.
— Sabe como é né, tenho que compensar o estresse da faculdade — respondi, rindo.
A noite começou a fluir, a gente conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Dei umas olhadas no celular, e claro, várias mensagens da minha mãe.
"Tá bem, filha?" "Não bebe muito, mas se beber larga o carro e volta de uber" "Volta pra casa direitinho, hein?" "Juizo todas duas."
Respondi rapidinho pra não dar treta: "Tô bem, mãe. Relaxa!"
Depois de um tempo, vi a Liz chegando, toda animada. Ela veio correndo me abraçar.
— E aí, maninha! Pronta pra virar a noite? — ela perguntou, rindo.
— Prontíssima! — respondi, pegando um copo e enchendo de cerveja pra ela.
A gente começou a beber e conversar, falando das novidades, dos homens e do que rolava no morro. A Liz, toda fofa, contando das coisas boas que tinha visto no filme, enquanto eu zoava dizendo que ela era muito sonhadora.
— Ah, Sophia, para de ser amarga! — ela riu, me dando um empurrãozinho.
— Não sou amarga, só realista — rebati, piscando pra ela.
A gente tirou várias fotos, fazendo poses engraçadas e mandando nos grupos. A música tava bombando e a galera tava se divertindo. Alguns caras vieram falar com a gente, mas a gente tava mais na nossa, curtindo a noite entre amigos.
— E aí, Sophia, tá curtindo? — perguntou o Diego, um dos nossos amigos de muito tempo.
— Claro, tudo tranquilo — respondi, levantando meu copo em brinde.
A Liz também tava no clima, rindo, dançando, e até arriscando uns passinhos de funk que a galera tava mandando. Ela sempre conseguia trazer uma energia boa pra qualquer lugar.
— Ei, galera, vamos tirar mais uma foto? — sugeriu a Lara, levantando o celular.
A gente se juntou, fazendo caretas e poses engraçadas, enquanto a Isis tirava a selfie.
— Essa vai pro grupo das primas! — ela disse, rindo.
A noite foi passando, a gente bebendo vários drinks, se divertindo demais. A Liz e eu estávamos no nosso melhor momento, conversando, zoando, e fortalecendo ainda mais nossa conexão de irmãs.
— Quer saber, maninha? A gente é o melhor time que o morro já viu — falei, abraçando ela de lado.
— Sempre juntas, Sophia. Sempre! — ela respondeu, sorrindo.
E assim a noite foi seguindo, cheia de risadas, bebidas e boas memórias, fortalecendo ainda mais a nossa ligação e a nossa história.
Ja tava de madrugada quando a gente entrou no carro e fomos embora pro morro. Eu deixei cada uma nas suas casas, tava todo mundo caindo de bebada, eu tava bebada também, mas eu bebada dirijo melhor que sobria, sabia? Eu parei o carro na frente da casa do meu avô e saimos uma ajudando a outra a andar. A Liz tava trocando as pernas e eu morrendo de ri, meu avô tava em pé na porta de braços cruzados, ai que inferno. Esqueci desse bando de olheiro fofoqueiro
— Bonito né? — ele falou dando espaço pra gente passar na porta — Toda vez que vocês sai, os vapor me acorda pra avisar que voces chegaram
— Ai vôooooo, você tinha que ta lá bebendo com a gente, foi muito booooom. A gente zuou tudo — a Liz falou rindo e se jogou no sofá deitando pra traz e eu sentei do lado dela e respirei fundo aliviada e tirei o chinelo chutando
— E o banho? ninguém vai tomar? — ele falou trancando a porta
— Amanhã, amanhã — eu respondi me aconchegando no sofá e fechando os olhos
— O pai de vocês veio aqui, voces estão ferradas amanhã em — ele falou olhando a gente e ajudando a Liz
— Mentira — eu abri os olhos e olhei ele rindo — aiiiii, tchau. Voce hoje tirou o dia pra zoar, espera amanhã só
— Sophia, levanta, vai pra cama — ele falou pegando a liz no colo que ja tava desmaiada da cachaça e levou pro quarto.
— Eu não, vou esperar você me levar pro quarto no colo tambem — falei olhando ele voltando e senti ele me puxar pegando no colo
— Era mais facil quando voces eram crianças, p**a merda — ele entrou no quarto e me jogou na cama e eu ri
— Vai dormir em, amanhã a gente conversa. Boa noite! — ele saiu do quarto e fechou a porta, eu tirei minha roupa ficando de calcinha e deitei denovo, joguei a coberta em cima e abracei a almofada.
Eu tava quietinha, mas quando eu fechava os olhos parecia que tava tudo rodando. Que merda! Eu fiquei ali de boa ate acordar amanhã, por que eu sei que o meu pai vai vir atrás da gente bem cedinho.