Capítulo 3 - Antonella

1195 Words
Acordo assustada e com muita dor de cabeça. Abro os olhos lentamente e vejo uma moça loira na minha frente. — Oi — Digo baixinho. — Até que enfim você acordou, achei que estivesse morta — Ela me responde. — Onde estou? — Me levanto bem devagar e olho em volta, percebo que é um quarto bem pequeno. — Quem é você? — Meu nome é Manuella, mas me chamam de Manu. O seu é Antonella, né? — Sim, como sabe? — Pergunto confusa. — Mark me disse — Me lembro desse nome. — Cadê ele? — Vai chegar mais tarde. — Que lugar é esse e o que estou fazendo aqui? — Você está em Nápoles. — Nápoles? Onde fica isso? — Não consigo me lembrar. — Itália. — O que? Na Itália? — Praticamente grito — Como eu vim parar na Itália? — Sim na Itália, foi o que eu disse. — Como eu vim parar aqui? — Como todas nós? — Nós quem? — Estou tão confusa. — Vamos lá, sente-se e se prepare, já passei por isso e sei bem o que você vai sentir quando eu contar.  — Conta logo — Peço ansiosa. — Você está em um bordel, prostíbulo, não sei por qual nome você conhece, mas basicamente é uma casa de sexo  — Quase desmaio nessa hora. — Em um bordel? Como assim? Cadê o Mark? Preciso falar com ele — Estou desesperada. — Calma Antonella, sei que é difícil, mas você precisa se acalmar. Falar com o Mark não vai adiantar nada, acredite em mim, ele até foi bonzinho em te colocar aqui e não com as outras meninas, elas são umas bruxas. — O que vamos fazer aqui? — No fundo eu já sei a resposta. Ela sorri antes de me responder. — O que fazemos em um bordel, minha querida? — Não, eu não posso ficar aqui, não quero — Choro desesperada. — Ninguém quer, quer dizer, algumas estão aqui porque querem, outras porque não cumpriram as regras da máfia, enfim, mas a maioria é trazida aqui porque somos enganadas, assim como você foi. — Como ele te enganou? — Eu queria ser modelo e ele disse que tinha uma agência de modelos, me mostrou vários trabalhos lindos e eu sonhadora demais acabei caindo. — De onde você é? — Da Rússia, aqui tem meninas de vários lugares, de noite você conhecerá algumas. — De noite? — Estou muito assustada com tudo isso. — Sim, a boate abre e a gente circula por ela até que um cliente nos queira. — Eu não posso, você não está entendendo, não posso fazer isso. — Você é virgem? — Dessa vez é ela quem fica assustada. — Sim — Digo baixinho. — Antonella, o Mark não pode saber disso, ouviu? Ele não pode nem sonhar que tem algo tão valioso, ele irá te usar como uma forma de ganhar muito dinheiro. — O que eu vou fazer? — Não consigo conter o choro. — Fica calma, vou conversar com o Mark e inventar qualquer coisa. — Você tem essa liberdade? — Sim — Pela cara dela percebo que eles têm algo e me pergunto se ela é de confiança. — Fica tranquila, pode confiar em mim, se eu tenho alguma coisa com ele é somente para me manter viva e longe desses homens. — Como assim? — Eu fico só com ele, entende? Foi a única maneira que achei de não me prostituir para vários homens, infelizmente, não pense que eu estou feliz, porque não estou. Se tivesse a oportunidade já teria matado ele. — Olá meninas — Mark entra no quarto. — Oi — Vejo que ela fica assustada e com medo de que ele tenha ouvido alguma coisa. — Vejo que já conheceu a pessoa que vai te auxiliar aqui dentro Antonella — Ele se aproxima e beija a boca dela. — Ela já está sabendo como as coisas funcionam? — Sim. Mas olhando para ela eu tive uma ideia. — Qual? — Ele pergunta e eu fico quietinha só escutando tudo. — Ela é nova e muito bonita, entregar ela para qualquer pessoa essa noite não vai render muito lucro, pensei que poderíamos apenas deixar que ela se apresentasse por algumas noites sem oferecê-la a ninguém. — E qual a vantagem nisso? — Ele pergunta com um sorriso debochado. — Você vai estar valorizando o produto. Você me disse que ela sabe dançar, né? Coloque ela para dançar, se agradar ao público suba o valor dela bastante, sendo assim quando você a disponibilizar, receberá um bom dinheiro. — Você é um gênio gostosa, não tinha pensado nisso — Ele beija ela outra vez. — Iremos fazer isso, ouviu Antonella? Mas apenas por alguns dias. Arrume Hilary hoje que o capo estará presente — Ele sai do quarto e fico aliviada.  —Capo, quem é capo? — Pergunto curiosa. — É o chefe de tudo aqui em Nápoles, já viu filmes onde tem mafiosos? Então. — Tá de brincadeira, isso existe? — Agora estou mais assustada ainda. — Existe e é mais comum do que você imagina. Agora vamos nos arrumar. — E você já ficou com esse homem, o tal capo? — Ela me olha e ri. — Não e pode ficar tranquila que ele também não vai querer você. Ele não fica com loiras, o motivo? Não sei, mas pode ficar tranquila e agradeça por nossos cabelos serem dourados — Ela fala rindo e entra no banheiro. Fico sentada na mesma posição pensando em toda merda que está acontecendo em minha vida. Quando você pensa que não pode acontecer nada pior. Meu Deus, porque essas coisas acontecem comigo? Não consigo entender. — Vamos levanta-se dai, você precisa se arrumar — Ela me avisa. — O que vou vestir?  — Isso aqui — Ela joga uma lingerie pequena. — Isso é muito curto — Reclamo envergonhada. — Você está em um bordel e não no culto das irmãs da igreja. Vai Antonella, você tem que reagir, já fiz o que podia para te ajudar, agora você tem que colaborar. Levanta, se arruma e dance lindamente essa noite. — Mas e depois, o que eu vou fazer? Ele disse que é só por alguns dias. — Depois teremos que dar um jeito de você fugir desse lugar. — Porque está me ajudando? — Porque eu já estive no seu lugar e não tinha ninguém para me ajudar — Ela me diz isso com lágrimas nos olhos e entendo o que ela quer dizer. — Você era virgem? Foi ele quem tirou? — Sim. Mark tem um sócio e foi ele quem me trouxe para cá, quando cheguei percebi o olhar de encantamento dele para mim e na mesma noite ele me procurou, tive que ir para cama com ele, mesmo depois de insistir muito para que ele não fizesse nada comigo, mas ele fez e descobriu que eu era virgem, me tornou exclusiva dele. Ajudo ele com as meninas e não faço programa para outros homens. — Sinto muito — E é verdade, eu sinto muito por ela. — Tudo bem, agora vamos nos arrumar.
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