Estou sentado fumando e bebendo meu macallan 1926 e pensando em como minha vida mudou nesses dois anos.
Depois que Carolina se foi, tudo ficou mais difícil, a casa ficou vazia, minha vida ficou vazia, exceto por meu filho que preenche esse vazio na ausência da mãe. A falta que sinto dela é enorme.
O conselho insiste para que eu arrume uma outra esposa, mas não estou com saco e muito menos disposição para isso, então, estou adiando o máximo que posso.
Depois do falecimento dela, tenho vivido mais na máfia do que como CEO das empresas, meu primo/braço direito nos negócios e na vida está assumindo essa responsabilidade para mim, ele sabe que não estou em condições para socializar.
Preciso aplacar o ódio e a falta que ela faz na minha vida, por isso tenho me dedicado à máfia. Torturar e matar pessoas tem sido minha terapia nesses últimos anos.
Estou atrás de Alban, mas o estranho disso tudo é que depois do ocorrido ele abandonou a máfia e sumiu do mapa, não consigo achar esse desgraçad* em lugar algum.
— Mais uma noite solitário? Cadê o Henry? — Matteo pergunta ao entrar em meu escritório.
— Foi para minha mãe — Respondo.
— O que houve com a última babá?
— Henry não está conseguindo se adaptar com nenhuma delas, sem contar aquelas que se jogam para cima de mim.
Está sendo muito difícil arrumar alguém para ficar com meu filho, ele é um menino com temperamento forte, igual a mim e a falta da mãe em sua vida tem sido um grande problema, ele tem apenas dois anos e alguns meses, quase três já, mas aparenta ter até mais, é um garotinho esperto e decidido. E também as babás sempre ficam se jogando para cima de mim, elas querem mais me conquistar do que cuidar do meu filho.
— Henry não é fácil — Meu primo comenta rindo — Não se interessou por nenhuma das babás? — Pergunta.
— Não — Respondo rude.
— Você tem que superar esse luto, tem que seguir sua vida — Ele sempre fala a mesma coisa, já estou cansado de ouvir essa ladainha.
— Para quem está de fora é fácil falar. Essa merda aconteceu porque fui fraco.
Não tem jeito, eu sempre vou me culpar.
— Para de se culpar, isso não foi culpa sua.
— Eu cedi aos desejos dela de ir sem soldados mesmo sabendo que era errado, tenho uma grande parcela de culpa nisso, você não acha?
— Para de beber e vamos no bordel do Mark hoje — Ele decide mudar de assunto.
— Vou nada, já comi uma put* lá ontem, estou satisfeito.
A verdade é que ninguém me satisfaz, depois de Carol eu me fechei para o mundo e para as mulheres. Transo apenas para satisfazer os desejos da carne, as vezes passo horas e não consigo sentir sequer prazer e tem transa que termino sem gozar.
— Ontem. Hoje já é um novo dia, você precisa t*****r mais cara, ainda é novo.
— E você precisa arrumar uma mulher para aquietar seu r**o, o conselho tá em cima de você com isso, fica esperto.
— Quero isso para mim não — Ele faz o sinal da cruz.
— Somos dois então.
— Mark me disse que tem uma mercadoria nova hoje, uma dançarina, vamos lá cara, você precisa sair de dentro dessa casa.
— Não me interessa.
Ninguém me interessa.
— Como você sabe? Você nem viu o produto ainda.
— "Vou perder meu tempo lá, isso sim.
— Hilary vai tá lá.
— Estou cansado dela — Nos últimos meses tenho ficado com Hilary, ela é uma morena muito gostosa, mas mesmo assim não sinto nada de especial em t*****r com ela.
— Eu sou doido para ficar com a Manu, mas Mark não libera ela para ninguém — Eu sei o quanto Matteo deseja essa menina e isso faz muito tempo, mas ela nunca foi liberada para ninguém do bordel.
Até pensei em disponibilizá-la para ele, mas como ele nunca deixou claro que fazia tanta questão, não quis arrumar problema com Mark, que é um funcionário exemplar.
— Ela é loira, não faz meu tipo.
— Qual é mano, você tomou aversão de loiras só por causa da Carol, não é porque é loira que lembra ela, você tem que superar isso.
— Não gosto de loiras e ponto final.
— Ok, senhor não gosta de loiras, levanta esse r**o e vamos.
— Enquanto eu não for, você não vai parar de encher o saco, né?
— Exatamente — Responde sorrindo.
Matteo é meu primo e meu braço direito. Nesses dois anos foi mais que um amigo, um grande irmão. Esteve ao meu lado em todos os momentos de tristeza que sentia pela culpa e falta da minha esposa. Confio minha vida apenas a ele e a Thom.
— Tudo bem, vou ir com você, mas não quero saber de mulher hoje, apenas bebida e um bom charuto — Deixo avisado.
— Azar seu, eu quero saber de bebida e charuto também, mas mulher eu não dispenso, jamais.
Matheo sempre foi um mulherengo nato, mas eu acredito que ele tenha uma queda por aquela mulher do bordel. Ele nunca comentou nada a respeito, mas já ofereceu bastante dinheiro para tê-la, mas Mark não cedeu por nada.
Me levanto e pego minha muleta, usa-as porque não fiz as fisioterapias e acabei ficando com sequelas no joelho. Não quis fazê-las, não tinha ânimo para isso. Agora o resultado é esse, tenho que usar essa maldita muleta para me apoiar melhor.
Me sinto um fraco ao usar essa merd*.
— Você tem que fazer fisioterapia cara, cada vez você sente mais dor no joelho — Ignoro o que ele diz.
— Vamos logo.
Chegamos e o lugar está bem movimentado, de cara encontramos Manuella recepcionando as pessoas. Matheo fica todo feliz ao vê-la. O idiot* nem consegue disfarçar o desejo na garota.
Depois irei conversar com ele e se caso ele me falar que quer a garota, irei ordenar que Mark a libere.
— Boa noite senhores — Ela nos cumprimenta de cabeça baixa em sinal de submissão e respeito — Seja bem-vindo Capo, seja bem-vindo subchefe.
— Obrigado — Respondemos juntos e ela nos encaminha para uma mesa.
— Hoje teremos uma apresentação especial, espero que gostem. As mulheres e bebidas estão liberadas para os senhores. — Ela se retira.
Claro que estão liberadas, o lugar é meu!
— Para de babar na garota.
— Vai se ferrar — Matheo responde nervoso.
Como tudo aqui em Nápoles é meu, esse bordel também, apenas deixo sobre a administração de Mark e seu sócio, não me meto nos negócios que ele faz e nem preciso, esse bordel me rende bastante lucro.
As luzes se apagam, apenas uma luz no centro do palco onde tem montado um pole dance. Uma música começa a tocar e uma menina entra, ela parece amedrontada e perdida. Olho para ela com mais calma e ela me lembra alguém.
— Que gostosa, porr* — Matteo fica hipnotizado quando ela começa a dançar. Não só ele, eu e todos os outros que estão aqui dentro também.
— Quem é essa? — Pergunto curioso.
— É a nova mercadoria de Mark, você não vai gostar Hugo, ela é loira.
— Percebi — Não consigo desviar meus olhos da garota que está dançando.
Não consigo ver os seus olhos pois ela não olha para frente, o tempo todo está de cabeça baixa e isso me deixa mais intrigado ainda.
— Eu gostei, porr*, gostei muito — Vejo ele acenar para Mark que se aproxima da nossa mesa.
— Boa noite Senhores, é sempre um prazer ter o Capo e o Subchefe aqui.
— Quem é a garota? — Sou eu quem pergunto.
— É nova aqui, chegou tem dois dias. É uma pena que é loira Capo, da próxima eu trarei uma especialmente para o senhor.
— Mas eu estou interessado, quero ela hoje — Matteo pede.
— No momento não estamos disponibilizando ela porque está em fase de treinamento.
— Que porr* de não estar disponibilizando o que — Matteo fica nervoso. — Você esqueceu quem manda nessa merda Mark?
— Não senhor Matheo, peço até desculpas por isso, mas como o capo nunca interferiu em nossos serviços pois sempre o fizemos muito bem, acredito que ele entenda que tudo que fazemos é para melhoria do estabelecimento. Mas ela estará disponível em alguns dias.
— Quero conhecê-la hoje. — Dessa vez sou eu quem diz. Estou hipnotizado por essa mulher.
— Senhor... — Mark tenta argumentar.
— Quero conhecê-la hoje Mark, sem discussão, isso é uma ordem — Ele concorda e se retira.
— Que merd* é essa Hugo? Ela é loira porr*!
— Estou vendo que ela é loira, não sou cego, mas quero conhecê-la.
— Desgraçad*!
Começo a rir da cara de decepção dele.
Não sei o que aconteceu, mas essa menina me chamou a atenção de um jeito diferente e eu quero muito conhecê-la, mais do que isso, eu quero muito olhar nos seus olhos.
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