Capítulo 5 - Antonella

1279 Words
Manuella tem me dado muita força, chorei muito quando estava colocando aquela lingerie curta, borrei toda a maquiagem, mas ela teve toda a paciência de refazer. A roupa é extremamente curta e chamativa, sei que a intenção desse lugar é que eu me destaque, mas estou morrendo de vergonha. — Fica calma, você só vai dançar — Manu tenta me acalmar. — Estou com medo, estou com vergonha de usar isso aqui também. — Vergonha do que mulher? Você é linda! Agora pare de chorar, se continuar assim não vai ter maquiagem que aguente.  Ela termina de me ajeitar e uma menina vem avisar que está na hora, ela me olha da cabeça aos pés com uma cara de nojo, me sinto totalmente desconfortável na presença dela. — Essa é a garota nova? — Pergunta em tom debochado, mastigando um chiclete de uma forma super nojenta. — Ela mesma Hilary — Manu não dá muita atenção para ela. — Coitada, parece uma criança — Diz rindo. — Você acha? Eu achei ela linda, os homens aqui vão ficar babando nela, deixa de ser invejosa — Manu revida e as duas ficam se encarando. Fico até com medo de sair uma briga entre as duas. — Ainda bem que o homem mais importante desse lugar só tem olhos para mim — Responde ríspida e sai do quarto. — Iludida — Manu fala comigo. — Quem é o homem mais importante? — Pergunto por curiosidade. — O capo — Olho confusa — Aquele que te falei lembra, que manda em tudo e todos por aqui? — Ah sim — Fico arrepiada só de ouvir ela mencionar esse homem. — Ele tem ficado com ela nos últimos meses e ela já está se achando a primeira dama — Manu diz rindo. — Acho que ela não gostou de mim. — Liga não, ela é super invejosa, é só você se manter afastada. — Estou nervosa, não sei se vou conseguir dançar — Meu corpo está todo tremendo. — Você precisa conseguir, tudo bem? — Vou tentar. — Você tem que conseguir, só tentar não é o suficiente, você é forte, tenho certeza que vai se sair muito bem, você precisa conseguir fazer isso para sobreviver. — Obrigada Manu! — Abraço ela bem apertado e ela fica sem jeito, mas retribui o abraço. — Me agradeça dançando lindamente naquele palco. — Eu posso fazer isso, não posso — Digo mais confiante. — Pode sim, agora vamos. Ela caminha comigo até a subida do palco e vejo as luzes se apagarem. — Hora do show — Me avisa. — Manu, não vou conseguir — Sinto minhas pernas travarem. — Vai sim — Ela segura meu rosto — Você precisa disso para ficar bem, tá me ouvindo? Mark não vai aceitar se você não for dançar, ele vai te entregar para o primeiro escroto que oferecer uma miséria de dinheiro por você. Você precisa fazer isso Ant, é para o seu próprio bem. — Vamos, está na hora — Mark aparece avisando e Manu me olha em súplica. Respiro fundo e subo no palco. Olho para aquele monte de homem que neste momento estão me comendo com os olhos. Que nojo!  A música começa a tocar, respiro fundo, fecho meus olhos e me deixo levar pelo som da música. Imagino que estou em outro lugar, dançando para ensinar meus alunos.  Quando a música termina, escuto aplausos e assobios. Desço rapidamente do palco e Manu está me esperando. — Garota, que show foi esse? Maravilhoso! Você precisa me ensinar. — Foi bom mesmo? — A melhor dança que eu já vi, acredite em mim. — Obrigada — Abro um sorriso tímido em agradecimento. Daria tudo para ter conhecido ela em outra oportunidade. — Mark está vindo, corre e vai para o quarto, seu show já acabou — Ela me entrega um roupão que eu coloco e faço o que ela pediu. Ando apressadamente até o corredor e acabo me perdendo. Para qual lado era nosso quarto mesmo? Esse lugar é enorme.  Escuto um barulho e olho para trás, não vejo nada e ando mais depressa ainda, esqueço de olhar para frente e acabo esbarrando em alguém com um peito muito duro. Quase caí no chão com tudo, mas braços fortes me seguraram. — Deveria olhar para onde anda ragazza — Escuto a voz rouca e sinto um arrepio percorrer minha espinha. — Des-desculpa — Olho para o dono da voz e me surpreendo. É um homem moreno, musculoso e muito, muito bonito, nunca vi nada igual. Observo mais um pouco e vejo que ele usa muleta, me preocupo em tê-lo machucado com o impactado.  — Eu te machuquei?  — Não — Responde apenas isso e eu encaro seus olhos. Não sei o que esses olhos tem que me prendem, mas não consigo desviar. — O senhor poderia me soltar? É que preciso ir para o meu quarto — Peço com gentileza ao me lembrar que se Mark me pegar aqui, estou ferrada. — Na verdade não, eu não posso te soltar — Ele me olha fixamente e eu começo a ficar com medo. Abro a boca repetida vezes, mas não consigo emitir nenhum som, acho que fiquei surpresa demais com essa resposta inesperada. — Ah você está aí, vejo que já conheceu o senhor Parker — Mark aparece com Manu ao seu lado. A cara dela não é muito boa e meu medo fica ainda maior. — Acabou que nos esbarramos — O homem que descobri que se chama senhor Parker fala. — Ótimo, então podem ficar à vontade. Você vai usar algum quarto daqui ou levará ela? — O que? Como assim? Me levar, para onde? — Pergunto e Mark faz uma cara feia para mim. Não estou nem aí, quero saber para onde eu vou e por qual motivo esse homem me levaria, Mark disse que não me entregaria para ninguém, não por agora. — Irei levá-la, depois eu a trago de volta — O homem avisa. Fico sem entender nada e olho desesperada para Manu, ela mexe a boca e consigo ver que ela fala "desculpas, não pude fazer nada". E agora eu entendi o que está acontecendo. Meu Deus, não é possível. Meu coração acelera e eu começo a me desesperar. — Acompanhe o senhor Parker, Antonella — Mark ordena e se aproxima de mim — Se comporte, não faça nada errado e obedeça a tudo que ele falar. Ele é o capo de Nápoles e manda em todos nós, qualquer coisa de errado que fizer, está morta, entendeu? — Diz baixinho em meu ouvido. Meus olhos lacrimejam e olho desesperada para o homem à minha frente. — Vamos — Ordena, mas não consigo sair do lugar. Ao ver que não me movo por vontade própria, ele segura meu braço com força e me arrasta para fora daquele lugar. Quando chegamos em frente ao carro, um homem desce para abrir a porta para mim. Minhas pernas travam, não consigo me mover, não quero me mover. Estou apavorada! — Entra logo — Fala com ignorância. — Moço, por favor — Suplico em meio às lágrimas. — Entra logo — Ele fala mais nervoso ainda e eu fico com medo. Entro no carro e fico cabisbaixa. Ele entra e se senta ao meu lado, o outro rapaz dirige o carro. Fazemos todo o trajeto em silêncio, até porque eu acredito que não tenha nada para ser dito. Dúvido muito que ele queira ao menos saber meu nome ou alguma coisa a respeito da minha vida. Peço para que o universo me ajude, eu não tenho outra saída, mas não quero que isso aconteça comigo.
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