Acordei com o barulho do meu celular vibrando freneticamente em cima do meu criado mudo. Bufei e o peguei, vendo que era uma ligação. Era a Emily.
- Alô?
- Espero que você seja do tipo que desperta logo, porque acabo de receber a noticia que o Justin vai estar no Venice Skate Park, quero você lá.
Suspirei e passei a mão pelo o meu rosto, algo que estava se tornando bem frequente depois que tive o desprazer de conhecer a Emily.
- Ok, Emily. Estarei lá!
Finalizei a ligação sem sequer me despedir, algo que aprendi com ela.
Me sentei na cama olhando em volta. Precisava ser rápida.
Tomei um banho rápido, me arrumei, peguei a câmera e sai do apartamento sem nem ver a Jen, já que aparentemente ela estava dormindo.
(...)
Venice Skate Park – 10:00AM.
Estacionei meu carro em frente ao tal park e olhei em volta. Em todos esses anos morando em Los Angeles é a primeira vez que venho a esse lugar e o motivo é bem simples, é basicamente uma pista de skate gigante, e bom, eu não ando de skate. Sequer levo jeito para isso; se tentasse sem dúvida alguma quebraria uma perna.
Observando bem o local que era muito bonito por sinal, ficava bem próximo a praia, me fiz uma pequena e simples pergunta: O que o Justin vai vir fazer num lugar aberto desse em plena luz do dia? Quer dizer, ele é famoso. E num lugar desse não tem como ele passar despercebido, nem se ele quisesse. O que não é o caso aqui, já que ele é um desastre nisso, em passar despercebido. Sai do carro com a câmera em meu ombro, e fui em direção a uma cafeteria que havia por ali, não tive tempo de comer em casa e estava faminta. Pedi um café simples, paguei e andei um pouco por ali. Assim que terminei o café joguei o copo num lixo próximo dali. A pista de skate era ainda maior vista de perto, será que as pessoas não tem medo de cair ali? Eu teria. Havia alguns skatistas, mas eram poucos. Pude ver de longe quando a Lamborghini do Justin parou quase ao lado do meu carro. Ótimo. Preciso disfarçar. Tirei a minha câmera da capa e comecei a fotografar a paisagem ao meu redor. Mirei a câmera em direção a praia e tirei algumas fotos, que estavam saindo lindas por sinal. O lugar era realmente bom para fazer uma sessão de fotos, olhei no visor e o resultado realmente tinha sido bom.
- Sabia que era uma boa fotógrafa. – ouvi o comentário vindo de trás de mim.
- Deveria saber que é feio olhar as coisas dos outros. – comentei sem me virar para ele.
- A intenção não era essa, mas realmente fiquei curioso, estava bem entretida. – ele parou ao meu lado e olhou para a praia. – É lindo, né?
- Sim. Bastante. – tirei os olhos da câmera e olhei para onde ele olhava.
- Nunca te vi por aqui. – seus olhos me encaravam curiosos.
Ah, se você soubesse o motivo que me trouxe até aqui. Não era apenas uma coincidência, e isso era tão triste.
- É porquê eu nunca tinha vindo antes. – falei o óbvio. - Mas me falaram que era bem bonito e que daria umas ótimas fotos, resolvi vir para conhecer. – dei de ombros.
- Quem te falou isso sabe bem das coisas. É o meu lugar favorito de Los Angeles.
- Então, você está sempre por aqui? – pela primeira vez no dia pude observá-lo melhor.
Ele usava uma toca, que tampava todo o seu enorme cabelo. Uma calça de moletom, vans e uma blusa de moletom. Estava apresentável, e seu look condizia com o tempo. Los Angeles não estava quente naquele momento, apesar do sol estava um vento bem gelado por ali. E eu estava começando a me arrepender um pouco por ter vindo apenas com uma blusa fina de manga cumprida.
- É o melhor lugar pra quem gosta de andar de skate. – franzi a testa para ele, deixando nítida a minha confusão, que ele não demorou muito para perceber já que rapidamente balançou o skate que segurava.
Como é que eu não havia notado aquele objeto antes?
- Quer dizer que você faz aquilo? – apontei para alguns dos skatistas que estavam andando na pista.
- Faço bem melhor que aquilo, na verdade. – ele disse e fez um movimento com os braços, deixando claro que estava se gabando.
- Muito fácil dizer isso pra alguém que não entende nada disso. – pisquei para ele.
- E que tal se eu te mostrasse?
- Pera. Justin Bieber está me convidando para assisti-lo andar de skate? – pousei uma de minhas mãos sobre o meu peito. – Devo me sentir honrada?
- Sim, você deve. Nem todo mundo tem essa sorte, isso é para poucos.
- Só para todas as pessoas que estiverem no Park. – disse simples.
Justin sorriu. E fez um movimento com a cabeça, se virando e indo em direção a pista. O acompanhei, e parei um pouco distante dali. Não queria ser atropelada por nenhum skatista maluco. Ele se posicionou no topo da pista, e colocou o skate no pé, se preparando para descer. Algumas pessoas já estavam mirando seus celulares em direção a ele, e a essa altura todos os skatistas tinham parado qualquer manobra que estavam fazendo apenas para observá-lo fazer aquilo. Ele desceu, e de imediato um sorriso enorme se abriu em seu rosto. Justin fez algumas manobras, e eu só conseguia observar aquilo atentamente. Ele era bom! Nada no nível de um profissional, mas ele realmente mandava bem.
Tive a brilhante ideia de tirar algumas fotos dele, afinal por que não? Fiz alguns cliques, enquanto sorria de sua cara de bobo alegre, estou começando a entender porque ele gosta tanto disso, o faz bem. Perdi a noção do tempo, vendo ele andando de um lado para o outro, já havia até achado um lugar para me sentar. Até que ele parou, pegou o skate em mãos e olhou em volta, procurando alguém. Seu olhar pousou em mim, e um sorriso se abriu em seu rosto, que eu retribui. Ele começou a vir na minha direção e se sentou ao meu lado, colocando o skate entre nós.
- Mandei bem?
- Até que sim. – disse simples.
- Confessa que amou, vai. – ele empurrou o meu ombro com o ombro dele. Me causando risadas.
Como ele pode se sentir tão seguro perto de mim? Um cara alto parou na nossa frente, me fazendo erguer a cabeça para olhá-lo. Ele tinha os cabelos bem escuros e tinha uma barba.
- Cara, estava te procurando. – ele disse sério, olhando para o Justin.
- Me achou. – Justin abriu os braços e se levantou, fazendo um toque estranho com o rapaz.
Os olhos do garoto vieram direto para mim, o fazendo franzir o cenho e voltar os olhos para o Justin. Parecia que eles tinham uma espécie de comunicação apenas por olhares, eu sabia bem como isso funcionava. Era uma linguagem bastante comum entre amigos de longa data, era o que eu e Jen fazíamos quando precisávamos dizer algo uma pra outra sem que as pessoas ao nosso redor soubessem o que era.
- Essa é a Lucy. Uma conhecida da cafeteria. – Justin disse animado enquanto apontava pra mim.
Me levantei num pulo e estiquei a minha mão para o rapaz, dando um sorriso tímido pra ele.
- Chaz. – ele disse assim que pegou na minha mão e a apertou. – Amigo de infância. – completou, e deu um sorriso torto.
Soltei a mão dele.
- Muito prazer. – fiz um aceno com a cabeça.
Ele era um cara consideravelmente bonito, algo me diz que ele ficaria melhor sem essa barba. Mas o que de fato estava me surpreendendo era seu tamanho, o cara era bem alto.
- Agora que já se conhecem, está na hora de eu ir andar mais um pouco. – Justin falou e se abaixou para pegar seu skate. – Fica aqui com ela. – ele disse para o Chaz.
- Ok. – Chaz respondeu enquanto digitava algo em seu celular.
Observei Justin se afastando e voltando para a pista. Estava me sentindo um tanto sem graça perto do Chaz, era estranho ficar perto de alguém que eu m*l conhecia. Sequer havia um assunto para puxar. Abracei o meu próprio corpo enquanto sentia um vento forte me atingir. A ventania estava ficando pior, acho que vai chover.
- Desde quando vocês se conhecem? – ouvi Chaz questionar.
Olhei para ele brevemente.
- Desde ontem.
- Justin não costuma pegar i********e tão rápido com as pessoas. – ele me analisou. Parecia desconfiado da minha índole, com motivos.
- Está mais do que certo, ainda mais sendo quem ele é.
- Pois é.
Um silêncio constrangedor se manteve ali.
- Você não anda? – perguntei enquanto apontava com a cabeça para a pista de skate.
- Oh, não. – ele respondeu rapidamente. – Sou péssimo nisso! E você?
- Eu facilmente me machucaria se tentasse. – dei de ombros.
- Acho que estamos no mesmo time. – sorri ao ouvir ele dizer isso.
- Você é daqui? – o olhei.
- Não. Sou de Stratford, Canadá.
- Bem que percebi um sotaque diferente.
- Você é daqui mesmo, né?
- Sim. – pausa. – Justin é do Canadá também?
Ele me olhou levemente surpreso.
- Sério que não sabe? – neguei. Eu realmente não sabia. – Ele é de lá sim.
- Não acompanho muito essas coisas. Pra ser sincera, nem sei quais são as musicas que o Justin canta. – e não era uma mentira.
- Isso é tão raro. Quer dizer, eu o conheço, sei quem ele é por trás desse astro que criaram. Mas hoje em dia alguém não o conhecer é realmente estranho, acho que estou começando a entender o porquê dele ter ido com a sua cara.
Soltei uma risada.
- Ele pode até ter ido com a minha. Só não sei se eu fui com a dele, estou meio que decidindo isso ainda.
- Você não terá muitas escolhas. Não é por ser meu amigo, mas o cara é gente boa demais.
- Deve ser r**m ser amigo de alguém tão famoso como ele.
- Acredite, não é tão r**m pra mim como é pra ele. É lógico, as pessoas sabem quem eu sou, as vezes ficam tirando fotos de mim e me fazem perguntas sobre o Justin. Mas não é nada. Nada comparado ao inferno que ele vive. – ele me olhou brevemente.
- Isso é legal, sabe? Ele poderia sei lá, ter se afastado de você depois que ficasse famoso, mas não.
- Tive medo disso no inicio. As vezes pensava comigo mesmo que ele iria ter tantas amizades incríveis por aqui que logo se esqueceria de mim. Que nada! A amizade é a mesma de anos atrás, pra mim ele nem é esse almofadinha que anda de carro importado. É só o Drew. – Chaz dizia tudo com um sorriso enorme no rosto.
- Ele tem sorte por ter a sua amizade. Seria burro se a trocasse. – estava sendo sincera. Essa amizade era realmente verdadeira, não pode ser trocada por nada.
Ele me olhou e piscou.
- Acho que estou começando a gostar de você.
- Se eu soubesse que era fácil assim tinha dito isso antes. – olhei para ele de soslaio e sorri.
Ele gargalhou.
- Eu funciono a base de bajulação. Guarde isso!
- Está muito bem guardado. – pisquei.
Justin surgiu ali.
- Vejo que se deram bem. – comentou.
- Até que essa anã é gente boa. – Chaz disse enquanto dava um soco de leve no meu ombro.
Engraçado como esses caras pegam i********e fácil com as pessoas. Será que é algo dos canadenses?
- Ei! Não sou anã. – olhei feio pro Chaz.
- Sim, você é. – Justin disse enquanto me abraçava de lado, passando o braço por cima do meu ombro. – Vamos almoçar?
- Vamos. Estou faminto. – Chaz disse enquanto passava a mão pela barriga.
- Vou passar. – eu disse e me desvencilhei do Justin.
- Qual é! Por quê?
O olhar dos dois estavam focados em mim, o que me constrangeu bastante.
- Tenho que tirar mais fotos. – segurei a câmera nas mãos e mostrei pra eles.
Que motivo ótimo para negar um almoço. Teria sido melhor dizer que eu não queria ir, que é o real motivo. Qual é! Não está na hora de bancar a amiguinha nova do Justin Bieber, minha missão aqui é outra e posso garantir que ela não inclui uma nova amizade com um astro, principalmente quando se trata de um astro que eu preciso prejudicar.
- Sem essa. Você já tem fotos ótimas ai. – Justin disse apontando para a minha câmera. – Não se n**a um convite para comer assim.
- Não mesmo. Principalmente quando é ele quem paga. – Chaz apontou para o Justin. – Você tem noção de que vai poder comer o que quiser, o quanto quiser e ainda assim não vai sair caro pra ele? É quase um paraíso.
Chaz falava tão animadamente que chegava a contagiar. Justin soltou uma gargalhada, enquanto eu olhava pro Chaz negando com a cabeça. Ele definitivamente não existia.
- De certa forma, ainda vou passar. – dei de ombros. – Mas agradeço pelo convite!
- Só vou deixar isso quieto se me prometer que irá da próxima vez! – Justin me olhava seriamente.
- E quem disse que vai ter uma próxima? – olhei desafiadora pra ele.
- Eu sei que vai. – ele piscou.
- Pode se iludir ai. – acenei com a mão me afastando deles. – Bom almoço pra vocês! – virei as costas e continuei meu caminho.
- Boas fotos! – ouvi Chaz gritar.
- A gente se vê por ai. – já podem supor quem foi que falou isso.
Sorri. Sim, a gente ainda iria se ver por ai, simplesmente porque preciso ficar atrás dele. O que é uma droga agora! É uma droga porque ele realmente acha que tudo isso é uma simples coincidência, mas não é. Seria realmente bom se eu conseguisse me manter longe da próxima vez, Justin vai acabar percebendo que estou em todos os lugares que ele vai, e isso vai ser bem estranho.
Continuei andando pela praia, vendo algo um tanto interessante. Era a Taylor Swift, fiquei um pouco distante vendo ela discutindo com um cara. Isso daria uma boa foto, e ainda me daria um tempo a mais com a Emily já que eu ainda não tinha conseguido nada útil com o Bieber. Me escondi e peguei a câmera, tirando várias fotos da discussão deles. Olhei as fotos me orgulhando do resultado, mas ao mesmo tempo me sentindo uma babaca por estar fazendo isso. Eu realmente sou um monstro!
Cansada de andar pela praia me dei por vencida e voltei para o carro. Não encontrando mais a Lamborghini do Justin por ali, entrei em meu carro. Conectei meu celular no Bluetooth do carro, e joguei o nome do Justin no Spotify, encontrando uma playlist com todos os seus álbuns, e músicas em que ele fazia apenas uma participação. Uma música em especial chamou a minha atenção, era Friends. Dei play, enquanto aumentava o volume do som do carro, ouvindo a batida da música preenchendo o local. A música era boa.
Fiz uma manobra com o carro, enquanto escutava atentamente. Cara, ela é muito boa! Não acredito que nunca a tinha ouvido antes. Estou mesmo desatualizada.
Comecei a cantarolar ela, enquanto parava em um semáforo. Por ser ainda consideravelmente cedo, Los Angeles estava bem parada. As poucas pessoas que haviam nas ruas eram turistas, como eu sei? Eles estavam tirando fotos de todo o canto em que passavam. Ninguém que mora aqui faz isso. Haviam poucos carros nas ruas, provavelmente a maioria das pessoas estavam trabalhando.
A musica trocou e dessa vez tocava Company. Gostei. Mas ainda preferia a primeira.
Não demorei muito para chegar em meu prédio, parei o carro na minha vaga e desliguei o rádio. Peguei as minhas coisas e sai do carro, trancando-o.
Peguei o elevador e não demorou muito para que chegasse em meu apartamento. Peguei as chaves, e abri a porta. Entrei já jogando as minhas coisas em cima do sofá.
- Olha quem apareceu. – ouvi Jen dizer.
Me virei para ver da onde ela havia falado, e como esperado tinha sido da cozinha. Ela estava com a cara inchada.
- Acabou de acordar, né? – questionei enquanto me sentava na bancada. Vendo ela fritar ovos com bacon.
- Sim. Dormi tão bem essa noite. Nem vi você saindo. – ela comentou me olhando por cima do ombro.
- É. Emily me ligou cedo. Justin foi para uma pista de skate. – dei de ombros.
Peguei uma xícara e me servi com um pouco de café.
- Conseguiu algo?
- Dele não. – dei um gole no café. – Consegui uma foto da Taylor.
- Taylor Swift?
- Ela mesma.
Jen pegou um prato e despejou os ovos com o bacon nele, desligando o fogo. Ela se serviu com um pouco de café, e se sentou ao meu lado.
- Vai querer? – perguntou apontando para o seu prato.
- Dispenso. – pisquei, e beberiquei um pouco do meu café.
- Mas e o Justin? Ele foi mesmo na pista de skate? Se falaram? – ela perguntou tudo de uma vez.
- Sim. – dei de ombros. – Nos falamos, e até conheci um de seus melhores amigos. – dizia tranquilamente.
- Ele só tem amigo gato.
Pra quem não é fã dele ela está sabendo demais.
- É, o cara é bonitinho. – disse simples. Ele não era nada demais.
- Como foi?
- Ah, normal. Vi ele andar de skate, conversamos um pouco e depois ele me chamou pra almoçar.
- O quê? – ela me olhou e tentou conter a histeria. – Não acredito que você recusou!!
- Está tão óbvio assim que recusei? – olhei para ela.
- Lógico que está! Se tivesse aceito estaria lá. Por que recusou?
- Porque não queria ir. – dei de ombros. – Não quero ser amiga dele.
- E quem disse que precisa ser amiga? Pode apenas dar uns pegas.
Olhei assustada para ela.
- Você sabe que não faço esse estilo. – pausa. – E eu não quero nenhuma aproximação.
- Meio contraditório vindo de alguém que anda conversando bastante com ele todas as vezes em que se encontram. – ela me olhou de soslaio.
- Isso não tem nada a ver.
- Claro que não. – ela comeu um pouco dos ovos com bacon. – Você só não quer admitir que a situação fugiu do seu controle. Não existe essa opção de não ter aproximação, vocês já são próximos! – ela me olhou e piscou.
- Jen, conversamos duas vezes. – fiz dois com os dedos. – Duas vezes. – dei ênfase. – Não somos próximos, somos conhecidos.
- E olha que engraçado. Foram apenas duas vezes e ele já te chamou pra almoçar.
- Normal ué.
- Normal pra gente. – ela apontou pra mim e pra ela. – Ele é um cara mundialmente famoso, Lucy. Quantas pessoas você acha que ele convida pra almoçar com apenas duas conversas? – permaneci quieta. – Eu te respondo, nenhuma! Vocês se deram bem, isso é um fato. Não admitir isso em voz alta não vai fazer com que se torne uma mentira.
- Jen, eu realmente acho que ele só estava sendo gentil. Não significa nada.
- Tudo bem. – ela deu de ombros.
Não acho que essa aproximação signifique algo. Ele só estava sendo legal comigo, e vice versa. O que não é bom. Jen estava certa em algo, eu falhei. Falhei na ideia de me manter longe, e agora talvez seja um pouco tarde para me dar conta disso, ou não. Afinal, ele só foi legal. Se ele não me ver mais, as coisas podem melhorar consideravelmente. Preciso pensar melhor na ideia de me manter escondida quando estiver nos mesmos lugares que ele.
Depois de acabar meu café, peguei meu notebook e descarreguei todas as fotos que havia tirado. Dei uma olhada nas fotos da Taylor, e realmente iria dar uma excelente matéria. Entrei no meu e-mail, anexei as fotos e enviei para a Emily, colocando como assunto: “Foi o máximo que consegui.”
Me ajeitei melhor no sofá, quase me deitando. E apoiei o notebook no colo, abrindo as outras fotos.
As fotos da paisagem haviam ficado ótimas, mas elas não eram meu foco no momento, pulei para as fotos que eu tinha do Bieber e observei uma por uma. O sorriso dele ao andar de skate era tão contagiante, que eu cheguei a sorrir. Seu cabelo voando, quase fazendo a touca cair, e sua habilidade no esporte. Que infelizmente não era possível de ver através da foto. Mas se eu fechasse os olhos conseguia me lembrar exatamente de cada movimento.
Minimizei a página e abri meu navegador, dando de cara com o Google. Peguei meu óculos de leitura e o coloquei, digitando rapidamente na busca – Justin Bieber – apertando o enter logo após. Eu precisava urgentemente saber mais sobre ele. O que apareceu de cara eram as últimas notícias sobre ele, na verdade se tratavam de alguns flagras dele no dia-a-dia, deixei isso passar. Não seria surpreendente ver fotos minhas com ele hoje mais cedo, e espero que não tenha acontecido já que seria uma corda em meu pescoço. Comecei a vasculhar algumas coisas, só queria saber o básico. Quantos anos ele tinha, quais eram os seus maiores sucessos, como e quando ele havia começado. Essas coisas básicas.
- Pesquisando sobre o Bieber. – Jen disse animada enquanto se sentava perto dos meus pés.
- Preciso saber mais sobre ele. Descobri hoje que ele é do Canadá. – meus olhos estavam fixos no notebook.
- Você não sabia disso. Sério?
Por que isso parece ser tão óbvio? Até Jen sabe da onde o cara é, e eu m*l sabia seu sobrenome.
Olhei perplexa para ela.
- E você sabia? – ela assentiu. - Eu sou um ET.
- Sim. Você é! Na verdade acho que precisa sair mais. Depois que entrou na faculdade você só ficou focada em estudar, e estudar. Já se formou a meses e ainda vive a mesma rotina. – ela bufou.
- Eu gosto de ficar em casa. – rebati.
- Você não está ficando em casa. Está fazendo parte da mobília. São coisas bem diferentes!
Soltei uma gargalhada enquanto acertava uma almofada em seu rosto. Causando risadas na mesma.
- Eu não disse nenhuma mentira. – ela apontou o dedo indicador para mim.
Não, ela não disse. Eu estava passando tempo demais dentro de casa.
- Talvez você esteja certa. – me dei por vencida. – Pra onde sugere que eu saía?
- E quem disse que vai ser só você?
Franzi o cenho para a mesma. Jen sabia muito bem que nós nunca conseguíamos entrar em um consenso quando o assunto era sair juntas, o motivo é bem óbvio, somos completamente diferentes uma da outra. Enquanto ela prefere balada, eu sou mais do tipo cinema. Só conseguimos sair para comer, porquê ambas sentem fome. Caso contrário, brigaríamos por conta disso também. E ai novamente me faço a pergunta que tenho me feito a anos. Por que somos amigas mesmo?
- Você sabe que vamos ficar discutindo por horas e que no final não iremos para lugar nenhum, não é? – perguntei só para checar se ela ainda se lembrava.
- Dessa vez estou decidida, nós entraremos em um consenso.
Me ajeitei melhor no sofá, e fechei o notebook. Essa eu p**o para ver.
- Que seria..? – gesticulei com a mão para que ela desse continuidade no assunto.
- Fiquei sabendo de um barzinho que tem no centro, é bem conhecido. – entortei a boca. Não sou nada fã de bares. Já vi onde isso vai dar, não entraremos em um consenso.
Eu não sei ser jovem.
- Barzinho? Esse é o consenso?
- Sim, é. Eu não estou afim de ir em um cinema, e você, não vai querer ir em nenhuma boate. O bar é um lugar tranquilo, e tem bebida. – ela disse animada. – As duas ficam felizes. Fala se não é genial?
- Não sei não. – suspirei.
- Qual é, Lucy! Nada de música alta, nada de gente dançando, encostando em você. Vai ser legal!
Do jeito que ela fala até parece que sou uma antissocial, o que talvez seja verdade. O meu problema é com boates, não gosto de gente se esfregando em mim, e isso é bem frequente lá.
- Você não vai desistir, né?
- Dessa vez, não. Você precisa sair e eu estou louca para conhecer esse bar.
Eu sabia que ela não iria abrir mão dessa maldita ideia.
- Ok. Eu vou!
Jen levantou do sofá e fez uma dancinha estranha, que eu prefiro não tentar descrever. Ela costumava comemorar de formas estranhas, e dessa vez não seria nada diferente. Quando terminou, jogou as duas mãos para o alto e sorriu.
- Isso tudo por causa de um bar? – perguntei em meio a risadas.
- Minha querida, não é um bar. É o bar. – ela deu ênfase em o bar.
Dei de ombros. Isso parecia tão fútil aos meus olhos. O que de mais pode haver em um bar? É só um local com uma variedade enorme de bebidas com pessoas as consumindo. Nada de mais! Pra quem gosta de beber deve ser realmente incrível, que não é o meu caso.
- Você não vai perguntar o por quê? – seus olhos estavam fixos em mim, sua indignação era nítida. De repente parecia um dos pecados capitais não querer saber mais sobre o tal bar.
- Sinceramente, não estou a fim não. – encarei as minhas unhas ouvindo minha melhor amiga bufar.
- Lucy! – ela expressou bem sua irritação ao dizer meu nome.
- Ok. – soltei uma risada. – O que de tão especial tem nesse bar? – fiz questão de revirar bem os olhos quando conclui a pergunta. Deixando claro que não queria ter feito.
- Muitos gatos. – ela disse com um sorriso enorme no rosto.
Meu olhar pra ela era de puro tédio.
- Diz que esse não é o único motivo. Não é possível que seja.
- Não, não é. Eu realmente ando lendo ótimas recomendações sobre aquele bar, e estou bem curiosa.
- Desisto! – voltei a abrir o notebook.
Ainda existiam muitas coisas sobre o Bieber que eu precisava descobrir.