Estava encarando o guarda roupa aberto em minha frente já fazia alguns minutos, e eu ainda estava em um dilema interno. O que vestir? Nunca pensei que um dia eu fosse ter essa duvida em minha vida, mas parece que pra tudo tem uma primeira vez. Eu nunca tinha ido em um bar, o que as pessoas usam pra ir em um? De imediato pensei em um look básico, mas parecia básico demais para a ocasião. Depois pensei em um vestido, mas os que eu tinha pareciam formais demais. E agora?
Ouvi uma leve batida na porta.
- Entra! – disse alto.
Ouvi a porta se abrindo.
- É sério que você ainda não se vestiu? – seu tom de voz deixou explícita a sua irritação.
- O que se usa em um bar? – a olhei com um certo desespero.
Podendo assim ver o seu look. Ela usava um vestido bem colado ao corpo, que não era nem muito longo, nem muito curto; saltos medianos e uma espécie de jaqueta por cima.
- Deixe-me ver. – ela caminhou até o meu guarda-roupa e começou a analisar peça por peça.
Ela tirou dele uma calça cintura alta, de couro. Um cropped de renda, que poderia ser comparado com um sutiã e uma jaqueta. Me entregou tudo.
- Se vista! – pausa. – Rápido. – disse e se retirou do quarto.
Tirei a minha toalha e me vesti. Dei uma olhada no espelho, e tinha ficado bem legal. Optei por calçar uma bota de cano curto, de salto mediano. Nada que fosse ser desconfortável. Achei melhor deixar o cabelo solto mesmo, só dei uma penteada nele. E fiz uma make leve e rápida. Não tinha necessidade de passar algo mais pesado, eu nem gostava disso.
Sai do meu quarto encontrando uma Jen impaciente na sala. Sim, ela era incrivelmente rápida em se arrumar, o que era bem estranho já que geralmente ela fazia uma mega produção. Não era o caso dessa noite, Jen estava básica até.
- Podemos ir? – questionei chamando a sua atenção.
Ela se levantou do sofá em um pulo, guardando seu celular em sua pequena bolsa.
- Finalmente. – suspirou. – Eu dirijo.
Nem tive chance de rebater já que ela foi rápida em pegar minhas chaves e sair do apartamento, apenas acompanhei seus passos. Vendo ela trancar a porta assim que sai. Pegamos o elevador, e obviamente demos uma checada no visual pelo o enorme espelho que havia ali.
Saímos assim que as portas se abriram, Jen avistou meu carro de longe e já o destravou. Entrei no passageiro enquanto via minha melhor amiga se ajeitar, e ajustar o banco, ela era bem mais alta que eu. Coloquei o cinto, vendo ela fazer o mesmo.
Logo saímos dali.
- Você sabe o endereço? – meus olhos estavam fixos na janela. Adorava a forma como Los Angeles ficava á noite.
- Sei sim.
Não dissemos mais nada depois disso.
Jen parou o carro em frente ao bar, e pude observá-lo bem.
- Good Times Wayne’s. – li o nome do bar em voz alta. Apesar de não fazer muito sentido era um bom nome.
Abri a porta do carro e sai dele, sendo acompanhada por Jen. A frente do bar não me surpreendia muito, era típico de um bar comum, nada de mais. Ouvi quando Jen travou o carro e começou a caminhar em direção a entrada, sendo acompanhada por mim.
- Você vai adorar esse lugar. – seu entusiasmo era de se invejar. Eu jamais me animaria tanto vindo em um lugar desse. Assim que passamos pela porta pude ver o local, e me surpreendi com sua temática. Sua decoração era bem rústica, típico daqueles bares de cidade pequena.
Era incrivelmente aconchegante, havia uma banda que estava se apresentando ao vivo, mas não era nada barulhento. E tinha algumas mesas com alguns sofás. Eu adorei! Senti Jen me puxando pelo meu pulso esquerdo, e só ai me dei conta de que estava parada no mesmo lugar á alguns minutos, estava encantada com a decoração do lugar! Ela me puxou até o balcão, e assim pude ver melhor aquela parte que até então tinha passado despercebida por mim. Atrás do barmen, ou seja lá como eles o chamam, tinha uma prateleira enorme que pegava toda a parede, e ali estava lotado de bebidas. De todos os tipos que se pode imaginar, um paraíso pra quem bebe, diga-se de passagem. Jen se sentou em uma das cadeiras, o que me fez fazer uma careta de desaprovação, queria me sentar em uma das mesas. Mas ela sequer notou já que olhava admirada para as bebidas que haviam ali, que não me chamavam a atenção em nada. Continuei olhando em volta podendo notar pela primeira vez que o lugar estava consideravelmente cheio, nada exagerado. Apenas o suficiente para render uma boa grana ao dono daqui. Sem contar que, o lugar é tão espaçoso que nem parece que tem tanta gente, você só notaria se observasse bem, como eu. Algumas pessoas estavam próximas ao pequeno palco, onde rolava a apresentação ao vivo, elas pareciam bem entretidas com a voz do vocalista, que modéstia parte era bem suave e gostosa de se ouvir. Era um ambiente agradável de se estar, o que ao meu ponto de vista é meio estranho, principalmente quando se trata de um bar. Haviam algumas mesas em frente ao palco também.
- Lucy? Em que mundo você está? – ouvi um estralar de dedos, e sai do meu transe. Vendo a mão da Jen passando em frente ao meu rosto.
- Oi? – a olhei, vendo ela bufar.
- O que você vai pedir?
O barmen estava próximo a nós e me encarava esperando que eu dissesse logo.
- Vou querer uma cerveja. – disse simples e me sentei ao lado de Jen.
Ele assentiu, e não demorou mais do que alguns segundos para colocar uma pequena garrafa de cerveja em minha frente. Sorri como forma de agradecimento e peguei a garrafa dando um pequeno gole, sentindo o líquido amargo descer pela a minha garganta. Pode parecer um pouco estranho no meio de tantas opções eu optar justamente por uma cerveja, mas é que entre todas as bebidas alcoólicas, a cerveja talvez seja a que eu mais tolere. Apesar de achar amarga demais. Eu sou definitivamente uma chata com essas coisas!
- É incrível, não é? – Jen perguntou enquanto olhava em volta, com um sorriso enorme.
- Sim. Eu gostei.
- Eu te disse que iria gostar. – ela deu um gole em um liquido azul, que não tenho a mínima ideia do que seja. Mas com toda a certeza é uma bebida forte.
Quando cheguei na metade da minha cerveja um cara parou ao lado da Jen, ele era bem bonito e parecia bem interessado nela. Os dois conversaram por alguns minutos até ele chamá-la pra dançar. Sim, havia começado uma música mais animada e algumas pessoas estavam dançando. Jen me olhou como se me perguntasse se podia ir. Eu apenas assenti e sorri, querendo passar segurança a ela. Os dois logo se afastaram dali, me deixando sozinha.
O lugar era realmente agradável, mas não era a minha ideia de diversão. Eu havia realmente gostado daqui, mas ainda me sentia deslocada. É como se eu não pertencesse a isso, por mais que tente. Talvez só seja falta de costume, ou talvez eu seja um caso perdido. Pude notar a presença de alguém ao meu lado, mas não me dei o trabalho de olhar. Deve ser algum cara querendo puxar assunto.
- Ei! – a voz um tanto conhecida por mim, soou animada.
Me virei em câmera lenta, apenas pela curiosidade, precisava ver se isso realmente era real. Encontrei um par de olhos castanhos me encarando com um certo divertimento, ele estava feliz em me ver?
- Oi. – disse simples enquanto o oferecia um sorriso de lado.
- Estou começando a pensar na possibilidade de você estar me seguindo. – ele apoiou o braço esquerdo sobre o balcão e se aproximou de mim. Era uma tentativa de me intimidar, mas ele falhou miseravelmente.
Soltei uma risada nasalada enquanto olhava para as diversas bebidas que haviam em minha frente, parecia mais interessante que o olhar do louro ao meu lado.
- Você sabe que isso é uma ilusão da sua parte. – comentei enquanto bebericava minha cerveja.
- Eu venho aqui desde que inaugurou, e nunca te vi.
É sério que ele realmente estava cogitando a possibilidade de eu estar o seguindo? Não que eu possa julgá-lo, já que não deixa de ser verdade, mas de certa forma me sinto levemente ofendida, porquê hoje não foi proposital. Talvez seja só o destino querendo tirar uma com a minha cara.
- Se te tranquiliza não foi ideia minha vir aqui essa noite. – o olhei, vendo ele dar um sorriso de lado.
- Não? – ele parecia querer me testar.
- Não. – disse o óbvio. – Minha amiga que quis vir. – e antes que ele questionasse apontei com a cabeça a direção em que a Jen estava dançando animadamente com o cara que a chamou.
Vi quando seu olhar seguiu exatamente a direção em que eu havia mostrado, voltando segundos depois a mim.
- Ela está se divertindo. – comentou. – Ao contrário de você.
E mais uma vez me senti ofendida. Por que eu estava me sentindo ofendida com as coisas que ele estava falando?
- Quem disse que não? – perguntei indiferente. - Essa é a minha diversão. – ergui a garrafa de cerveja na mão e dei mais um gole.
- Está na sua cara que você não gosta disso. – ele soltou uma risada.
- Você não podia estar mais enganado.
Justin se sentou ao meu lado.
- Fala a verdade, você não é de beber. – eu sentia seu olhar firme sobre mim. Ele sabia a resposta.
- Não. Eu detesto bebidas alcoólicas! – disse com desgosto enquanto dava mais um gole.
Sua risada saiu alta, e por algum motivo me causou um certo desconforto.
- Eu sabia! – ele disse animado.
O barmen parou na nossa frente.
- Justin, que bom revê-lo! – disse educado.
- Sem formalidades, cara. – os dois fizeram um aperto de mão. – O mesmo de sempre.
A forma de fazer o pedido me parecia tão clichê, típica fala de cena de filme ou seriado. O barmen não demorou, surgiu com um copo pequeno e um líquido meio alaranjado.
- Achei que estivesse em outra fase. – falei baixo, quase como um sussurro; a intenção era de que ele não me ouvisse mas ele ouviu.
- E estou. Por isso só vou beber esse copo. Se fosse antes eu beberia a garrafa inteira. – ele disse descontraído.
Assenti. Acho que não estava muito afim de papo, não com ele. Cometi o erro de me aproximar demais, não posso permanecer nisso. A primeira regra do jogo, que eu acabei de inventar: - Você não pode se aproximar de alguém que pretende prejudicar. – E pensando bem eu deveria mesmo ter criado umas regras, antes mesmo de ir até o Justin na primeira vez.
- Eu te disse que nos veríamos de novo. – ele comentou depois de alguns segundos em um completo silêncio.
E isso não podia ser pior.
- É. Mas eu ainda não vou almoçar com você. – quis esclarecer caso ainda existisse duvidas.
- Por que não? Eu sou gente boa. – ele estava mesmo tentando me convencer disso?
Desviei os meus olhos das bebidas e olhei para ele. Justin tinha um sorriso maroto nos lábios, é como se ele já soubesse o percurso que essa conversa tomaria, e que no final ele conseguiria exatamente o que quer.
- Por ene motivos. – dei de ombros. – E sobre você ser gente boa, não é essa visão que eu tenho. – Mentira. Eu achava ele gente boa demais.
Seu sorriso aumentou, deixando claro que a minha fala não havia o afetado em absolutamente nada.
- Ah é? E se fizermos um trato? – sua sobrancelha estava bem arqueada agora.
- Que trato seria esse?
Justin umedeceu os lábios lentamente. E foi nesse exato momento que me dei conta da furada que isso era.
- Bom, é simples. – pausa. - Eu tenho essa noite para te convencer que sou gente boa. Se eu conseguir, você sai pra almoçar comigo.
- É só isso? – ele assentiu. – Por que isso é tão importante pra você? Não precisa me convencer de nada.
Ele mexeu em seus fios louros, me olhando de uma forma estranha quase desconfortável, parecia que ele não se sentia bem com a minha pergunta. O que me fez encará-lo ainda mais e arquear uma de minhas sobrancelhas.
- Qual o problema em querer a sua companhia em um almoço? – e o sorriso voltou, maldito sorriso! – Não preciso mesmo te convencer de nada, mas eu quero.
- E se você não conseguir me convencer?
Justin soltou uma risada nasalada. – Não existe essa opção. – sim, foi o que ele disse. Me causando uma revirada de olhos.
- Caso não aconteça, eu te deixo em paz. – ele se deu por vencido e disse. Sempre existe outra opção.
Assenti enquanto pensava em seu plano mirabolante, eu não estava fazendo nada agora. Não acho que seria tão r**m ter a companhia dele, no final da noite é só continuar fingindo que não acho ele gente boa e está tudo certo.
- Tudo bem. Eu topo!
Ele esticou a sua mão direita em minha direção e eu prontamente a apertei, tínhamos acabado de selar o trato.
- Pra essa noite você irá precisar de uma bebida mais forte. – ele disse enquanto procurava, com os olhos, por alguma na enorme prateleira.
- Nada disso. Estou dirigindo essa noite e não sou irresponsável. – eu não estava dirigindo mas sabia bem que teria que voltar no volante, já que a minha melhor amiga bebeu uma quantidade boa, o suficiente para estar animadinha.
- Você pode deixar seu carro ai. – disse óbvio.
- Nada disso. – neguei com a cabeça. – Não gosto de bebidas e não vejo necessidade para me entupir delas essa noite.
- Minha intenção era te embebedar, as pessoas sempre me acham mais legal quando estão bêbadas. – seu tom brincalhão era notável. E eu ri.
- Você é um i****a!
- Se for um i****a bom pra mim está tudo bem. – ele ergueu uma das mãos.
- Não existe i****a bom, Bieber. – o olhei séria.
- Se você ainda não sabe que existe, é porquê ele não foi bom. – disse fingindo uma falsa tristeza.
Apenas neguei com a cabeça enquanto ria. Ele deu um gole só em sua bebida, deixando o copo vazio. Assim que colocou ele no balcão levantou em um pulo, fiquei apenas o acompanhando com o olhar.
- Vamos! – sua mão esticada para mim me fez franzir o cenho. Vamos pra onde? Foi o que meu cérebro gritou pra ele, uma pena que ele não ouviria.
- Pra onde?
Vi o louro abrindo um sorriso de lado.
- Dançar. – respondeu como se realmente fosse óbvio.
Soltei uma risada nasalada e neguei com a cabeça várias vezes, ele enlouqueceu de vez.
- Eu não danço. – foi o que respondi.
E mesmo que dançasse, não seria ele o meu par. A última coisa que quero é um bar inteiro nos olhando e se perguntando – Quem é essa garota com quem o Justin Bieber está dançando? – E muito menos ser filmada por isso. Nunca gostei de ser o centro das atenções, e isso não mudou. É exatamente por isso que nem me dei o trabalho de olhar para os lados, desde que ele sentou ao meu lado. Eu sabia que deveria ter diversas pessoas nos olhando, e não estava disposta a me sentir constrangida.
- Como assim não dança? – por que parecia uma ofensa pra ele o fato de eu não dançar?
- Não dançando ué. – dei de ombros.
- Ah, mas hoje você vai dançar. Qual é! Você veio aqui pra se divertir ou pra ficar ai parada? – ele parecia a Jen falando e isso me incomodava. Não preciso de mais um pegando em meu pé.
Justin tirou a garrafa da minha mão gentilmente, e pegou nela me puxando de leve. Não hesitei. Sabia que ele não iria desistir, é só uma dança e pronto. Me levantei e fui guiada até onde os outros estavam dançando, pude observar que ninguém nos olhava. E quando digo ninguém, era ninguém mesmo. Não tinha um olhar curioso, uma câmera apontada. Isso me passou uma certa tranquilidade, mas ainda assim me sentia nervosa e tensa com toda essa situação. Eu era péssima dançando e ter que fazer isso com um cara mundialmente famoso não me parece ser algo simples.