Conhecendo a celebridade

4962 Words
Já estava em casa, e não sabia o que exatamente sentir. Quer dizer, devo estar feliz por estar finalmente empregada, ou me sinto um lixo por ter que ferrar com alguém só pra ter a merda de um salário? Estava sentada em meu sofá, com o meu notebook no colo. Tinha feito algumas pesquisas sobre o Bieber, comprovando o que a Emily tinha dito à algumas horas atrás, ele estava mesmo em sua melhor fase. O cara havia voltado para a igreja, estava só paz e amor com todos, incluindo os paparazzi’s. Não tinha seu nome envolvido em alguma confusão à vários meses. E a última tinha sido uma “briga” que ele havia se enfiado apenas para defender uma mulher, a sua última polêmica se tratava de um ato heroico. Isso não está me ajudando! Seria tão mais fácil se eu tivesse apenas que tirar as fotos do rapaz, e deixasse ele em paz, na sua calmaria. Mas não, vou ter que arrumar uma forma de tirá-lo do sério, apenas para Emily ter uma matéria. Bem, poderia ser pior. Ela poderia me colocar para escrever a matéria, o que não aconteceu, ainda bem! - Você está quieta desde a hora que chegou. Não conseguiu o emprego? – Ah, Jen. Se você soubesse. Ela se sentou ao meu lado e ficou me observando. Gostaria de dizer a ela que meu emprego era bem pior do que eu imaginava, mas não sei se gostaria de envolver ela nisso. Não queria preocupar Jen atoa, afinal não pretendo trabalhar para Emily por muito tempo. Eu não aguentaria por muito tempo, ela era um demônio em forma de gente, e veja, não precisei de mais que algumas horas perto dela para notar isso. - Consegui sim. Tá tudo certo! – abri um sorriso fraco, vendo ela assentir. – Já me entregaram até a câmera que eu vou usar. – Mostrei a câmera que estava devidamente guardada em sua capa. Ela pegou da minha mão e tirou da capa. - Essa é uma das boas? – Sim, essa foi a pergunta que ela fez. Enquanto eu não entendia absolutamente nada de moda, Jen não entendia nada de tecnologia, tudo certo. - É uma das ótimas! – disse ganhando um sorriso iluminado da mesma, ela estava feliz por mim. Desde que havia chego da revista eu estava meio que fechada comigo mesma, costumava ficar assim quando estava pensativa demais. Jen havia notado e me deixou na minha, não tinha dito nada a ela, nada sobre o serviço. Eu só queria arrumar um jeito de dizer isso sem parecer muito r**m, quer dizer, é algo r**m pra mim. Talvez não seja tanto para alguém de fora. - Conversaram sobre o salário? – seus olhos permaneciam atentos em mim. Sai do meu pequeno transe e a olhei. Eu estava definitivamente no mundo da lua, ou talvez só estivesse evitando o assunto. É só um emprego novo, não deveria ser um grande evento. - Sim. – Tirei o papel com o valor que eu ganharia do meu bolso, e entreguei para ela. Jen abriu um sorriso grande, era realmente muito dinheiro. - É sério que você vai ganhar tudo isso? – Assenti como resposta. – É muito bom, Lucy. Sério, você deveria estar pulando agora. Deveria mesmo? A grana pode ser muita mas ela não compra a minha consciência. Não sei se fico feliz, ou m*l com isso. - Acredite, eu já comemorei bastante. – Se dar apenas um sorriso é comemoração, eu dei uma festa. Tudo depende do ponto de vista, não é mesmo? - O que aconteceu lá? – ela largou o papel e se virou de frente para mim. Tinha esperanças de que ela não fosse perguntar. - Nada. – dei de ombros. – É só fotografar os famosos. - Lucy! – seu olhar era duro. Jen sabia bem que algo não estava certo aqui, e é nessas horas que eu odeio o fato dela me conhecer tão bem. - Ok. – bufei, e desviei meus olhos dela. – Eu não vou ter que apenas fotografar os famosos, vou ter que irritá-los para gerar uma polêmica. Jen continuava me olhando, via por canto de olho. Não tinha coragem de encarar ela nos olhos. Vi quando ela relaxou os ombros. - E o que te surpreende nisso? Olhei para ela de imediato. - Como assim, Jen? São mentiras! Eles querem dar a entender que os famosos são algo que eles não são. – estava visivelmente indignada. Ela arqueou a sobrancelha. - Eles sempre fizeram isso, é o que a imprensa faz de melhor. Não sei porque está surpresa. – ela deu de ombros. - Claro, eu estou exagerando. – disse amarga. Não me interessava se aquilo era normal nesse mundo, não é normal para mim. - Não foi isso que quis dizer, Lucy. Só não acho que deveria estar tão surpresa, esse mundo é sujo. Assenti e fiquei quieta. Não tinha mais o que ser dito, não é? Vai ver que eu que estou exagerando. Jen se levantou e foi para a cozinha, o que me deu um certo alivio, não estava com clima para conversas. Me ajeitei melhor no sofá, e abri o meu e-mail. Emily já tinha dado as caras por ali. Ela havia me mandado a localização exata do Bieber, e disse que era para mim ir encontrá-lo. Ótimo! Fechei o notebook e o coloquei na mesa de centro. Me levantei ganhando a atenção da Jen. - A comida está quase pronta. – ela comentou. - Vou ter que sair agora. – vesti a jaqueta que estava jogada no sofá. E peguei a câmera. - Vai demorar? - Acho que não. Peguei as minhas chaves. - Tchau, Jen. Nos vemos mais tarde! - Boa sorte. Foi a última coisa que ouvi antes de fechar a porta. Peguei o elevador e desci até a garagem, destravei o carro e sai dali. De acordo com a Emily o Justin estava indo para um dos Starbucks daqui de Los Angeles, e para o meu azar era o mais longe de mim. Eu precisava chegar lá antes dele. Demorei alguns minutos para chegar no local, vendo a famosa Lamborghini do Bieber parando em uma vaga por ali. Parei o meu carro e observei ele sair do carro e entrar no Starbucks. Passei a mão pelo rosto, não planejava chegar já tirando fotos dele, precisava observar antes. Sai dali carregando a câmera comigo, que para a minha sorte nem parecia ser uma já que a capa disfarçava bem. Entrei no ambiente, vendo ele no balcão, parecia estar fazendo o pedido. Passei atrás dele, ouvindo ele falando algo com a atendente. Observei o local, vendo que estava praticamente vazio, escolhi uma mesa um pouco distante dali. Estava torcendo para ele passar pelo menos alguns minutos a mais ali. Me sentei, podendo ver o Justin perfeitamente. Peguei um cardápio e tampei o meu rosto, não queria ser óbvia. Os olhos do Justin vieram de encontro aos meus, me fazendo gelar, ele sorriu. Por que ele estava sorrindo? Assim que pegou o café começou a vir em minha direção. Ok, o que ele está fazendo? Olhei para o cardápio, vendo por canto de olho ele parando bem em minha frente. Será que ele descobriu o que eu sou? Sou péssima mesmo em disfarçar as coisas. Ouvi quando ele pigarreou para chamar a minha atenção, o que era de fato desnecessário, eu já tinha notado a sua presença ali. Talvez eu esteja disfarçando bem. Desviei meus olhos do cardápio o olhando, ele estava ali parado com um sorriso de lado. Ele usava uma blusa de moletom, uma bermuda, chinelos, e um boné, que deixava seu cabelo bem bagunçado. Mas o mais surpreendente disso era a quantidade de cores que ele conseguiu juntar em um look só. Era agoniante olhar para ele diretamente, se Jen estivesse aqui vendo isso, ela iria surtar. - Eu notei o seu olhar em mim. – ele gesticulou com as mãos. Ok, a onde ele estava querendo chegar? - Acho que se confundiu. – dei um falso sorriso. - Tá tudo bem. – parecia querer me tranquilizar. – Passei daquela fase em que não queria tirar fotos com as pessoas, não tem problema pedir uma, se quiser. Ou sei lá, se aproximar de mim, se quiser conversar. – ele deu de ombros. Oh! Agora entendi a onde ele queria chegar. Para o Justin eu era apenas uma fã querendo se aproximar dele, mas não tendo coragem o suficiente para isso. Ótimo, ele pensar dessa forma! Podemos mesmo ir por esse caminho, se for necessário. - Não quero incomodar. – foi o que eu disse. - Não vai. Depois que cancelei a minha turnê poucas coisas me incomodam. – ele deu de ombros. - Eu imagino. – Não, eu não imaginava. Sequer sabia que ele tinha cancelado uma turnê. Como eu era desinformada. – Você sabe se a garçonete vem até aqui? – minha pergunta sem nexo tinha um motivo bom, estava me sentindo constrangida. Ele negou. - Não, você não sabe. Ou não, ela não vem? Ele sorriu. Realmente não estava entendendo esse cara, seria mais fácil se ele permanecesse longe de mim. Preferia na verdade que ele fosse um babaca, meu serviço se tornaria mais simples. - Eu não faço a menor ideia. – disse e deu de ombros. Ele permanecia ali parado em pé, de frente a minha mesa. O que eu deveria fazer? Pedir para que ele se sentasse? Porquê sendo sincera, não era o que eu queria. Preferia que ele não estivesse nem falando comigo. A garçonete veio até mim com um sorriso simpático, ganhando a minha atenção e a do poste parado ali. Parece que a minha duvida tinha sido esclarecida afinal. - O que vai pedir? – estava com o bloquinho de anotação na mão, pronta para escrever o meu pedido, que nem eu sabia o que era. Eu precisava ter em mente o que iria pedir, mas não. Eu nunca tinha vindo em um Starbucks, não fazia ideia de qual café iria gostar mais, dei uma olhada no cardápio novamente, e me desesperei, todas as opções me pareciam confusas demais. Eu já deveria ter pedido. Não sei se era a minha consciência pesando por estar fazendo algo que não me agradava em nada, ou se o Justin e a garçonete realmente me encaravam, estranhando a minha demora. Estou ficando paranoica, ótimo! - Pode trazer o mesmo que o meu. – Justin pediu por mim. Minhas sobrancelhas quase foram parar no meu couro cabeludo, de tão alto que as levantei. Ela anotou o pedido e saiu dali, nos deixando sozinhos. - Acho que eu poderia ter feito o pedido sozinha. – tentativa de ser uma completa babaca, concluída com sucesso. - Só quis ajudar. É evidente que você nunca tomou os cafés daqui. - É...Me desculpe se soei rude demais, não foi a intenção. Já tinha motivos o suficiente para me sentir um ser humano r**m, não preciso de mais um para a conta. - Você vai querer a foto? – ele desconversou e tomou um gole do café. Eu não queria a foto. O que eu tinha que dizer agora? Que sim? - Acho que sim. – a incerteza foi um erro c***l. Ele franziu a testa e me olhou confuso. Era sim ou não. Muito simples. Mas a esperta aqui tinha que dificultar tudo. - Foto é um negócio banal. Manter uma conversa com você me parece ser mais interessante. – consertei o meu erro. E quase soltei um sorriso por ter sido tão rápida no raciocínio. Ele deu um sorriso de lado, e apontou para a cadeira a minha frente. Eu ainda não tinha pedido para ele se sentar, vacilo. Principalmente vindo de alguém que diz querer conversar com ele. Não estou me atentando aos detalhes, foco nos detalhes. - Fique a vontade. Ele assentiu e se sentou ali, olhando em volta. - Em uma situação normal eu não me sentaria com você jamais. – voltou os seus olhos para mim. – Inventariam coisas sobre nós! Claro que sim. É o que a mídia faz, não é? - Deve ser difícil tudo isso. Digo, são muitas mentiras sobre você. – eu observava todos os seus movimentos. Ele era tão imperativo, se mexia de um lado para o outro. E parecia estar ansioso, já que sua perna balançava a todo instante. Aposto que são efeitos que os paparazzi’s lhe causaram, era nítido que ele não se sentia confortável o suficiente ali. - Já me acostumei. É o preço a ser p**o pela fama. – deu de ombros, tomando mais um gole do café. Mal sabia o Justin que eu seria uma das peças fundamentais para criarem mais uma de suas mentiras sobre ele. A garçonete apareceu com o meu pedido, o colocou na mesa e saiu dali. Peguei o copo, e o analisei por um tempo. Não estava nem um pouco afim de tomar café. Justin me olhou atento, enquanto eu dava um gole. Era bom até, mas nada que eu precisaria tomar novamente. - E ai? - É bom! – falei simples. - Eu amo esse café. – ele disse saboreando mais um gole do seu, fazendo uma cara de satisfação. - É bem notável. - Você é assim mesmo? Ele atraiu a minha curiosidade. - Assim como? - Não sei. – pausa. – Calada. Minha mente estava gritando comigo enquanto eu encarava o homem a minha frente. Não, eu não era assim, mas precisava ser. Não quero ser amiguinha do Justin, só precisava observar ele um pouco, para assim, poder bolar algo melhor para fazê-lo se irritar. Eu não fazia a menor ideia de como faria isso acontecer, mas com toda a certeza não seria com ele sendo próximo a mim. Tudo fica mais complicado quando envolve i********e, e bom, já era r**m o suficiente prejudicar alguém que eu não conhecia muito bem. Pensa ter que prejudicar alguém que eu conheça? É, ia ser um inferno. - Estou tendo uns dias difíceis. – foi o que eu genialmente resolvi dizer. - Ah! – ele não tinha o que dizer. – Sinto muito! - Não precisa, está tudo bem. – sorri sem mostrar os dentes, vendo ele assentir. - Se te conforta, também não estou nos meus melhores dias. Ótimo. Agora vamos desabafar um com o outro. Estou indo bem no quesito não se aproximar dele. Bem m*l! - Eu entendo. – Não sei porque eu insistia em dizer essas coisas. - Acho que não. – Eu tenho certeza. Assenti, desviando o meu olhar para a enorme janela que tinha ao meu lado. As pessoas andavam tranquilamente pelas ruas, e nada de paparazzi’s. A essa hora eles já deveriam saber que o Justin está por aqui, certo? Ainda mais com esse carro nada discreto dele, parado no lado de fora. Acho que tem dedo da Emily nisso, ou eles não andam muito interessados na vida pacata do Justin. Que é bastante provável. - Eu ainda não sei o seu nome. – ele comentou depois de alguns minutos em um silêncio constrangedor. - Lucy. – dei um gole no meu café. - É um nome legal. Estávamos visivelmente sem assunto. Mas era de se explicar, eu não queria muito papo com ele. - O que você faz? – seu esforço para manter uma conversa era admirável, ele realmente estava interessado em falar comigo. Em uma outra situação, eu também estaria. - Sou formada em jornalismo. – não podia entrar muito nesse assunto, ele não podia desconfiar de nada. – Mas gosto bastante de tirar fotos. – completei. - Sério? Eu jurava que você era modelo. - Ah, não. Acho que não me daria bem nisso. - Como não? Você é linda! – ok, por essa eu não esperava. Eu nunca soube lidar muito bem com elogios. E dessa vez não seria muito diferente, senti minhas bochechas queimarem, enquanto desviava meu olhar dele. Precisava focar em qualquer outra coisa, odiava me sentir constrangida. Ouvi sua risada, fazendo eu me sentir mais envergonhada do que já estava. Isso é péssimo! - Não sabia que ficaria tão sem graça, me desculpe. – ele mantinha um sorriso no rosto. - Tá tudo bem. – permaneci com o olhar longe dele. – Só evite fazer isso novamente. - O quê? Dizer que você é linda? – Certo, Justin Bieber estava se divertindo com o meu constrangimento. Endureci meu olhar e o encarei. Vendo ele abaixar os ombros, e erguer uma das mãos, claramente se rendendo. - As pessoas tem reações diversas quando eu estou perto, mas a sua até agora é a que mais me intriga. – ele mantinha um olhar desafiador sobre mim, enquanto bebericava seu café. Justin era esperto demais, ele sabia que algo não estava certo ali. Uma fã que não quer tirar foto? Que não tem perguntas a serem feitas? - Gostaria de saber o porquê. – olhei dentro de seus olhos, sem vacilar. Precisava passar confiança a ele, e que forma melhor do que essa? - Você não tem nenhuma pergunta, não quer fotos. E não me parece estar sem graça com a minha presença. - Tudo bem. Você me pegou! – ele arregalou os olhos levemente. – Não sou uma fã. Vi quando ele soltou o ar, que por algum motivo estava prendendo. - Achei que diria que é uma assassina, ou sei lá. - Você é louco! – soltei uma risada. - Não diria isso, recebo bastante ameaça de morte. – ele dizia tranquilamente. - É sério? Ele deu de ombros e desviou o olhar. - Não brincaria com isso. Por algum motivo a minha morte parece ser bem atrativa para alguns. - Isso é doentio! – pela primeira vez eu estava esboçando um sentimento real nessa conversa. - Você não imagina o quanto. - Como você pode andar assim? – pausa. – Sozinho? Ele me olhou novamente e soltou uma risada. - Se quisessem me matar eu já estaria morto. Arqueei as minhas sobrancelhas. Muito prepotente. - Não quis dizer no sentido que você entendeu. – ele mantinha um olhar duro, parecia estar lendo todos os meus pensamentos. – Só quis dizer que Deus está no controle de tudo! Se fosse da vontade dEle eu já não estaria mais aqui, mas como vê, estou. – ele abriu os braços, como se quisesse me mostrar que tudo estava bem. - Ainda tenho que concluir o meu propósito. Eu nunca fui do tipo religiosa. Quer dizer, ia sempre com os meus pais aos cultos de Domingo, mas era apenas isso. Nunca tive a chance de conhecer Deus a fundo, só de ouvir falar. As pessoas costumavam dizer coisas boas sobre Ele, o que sempre me gerou curiosidade. Mas agora, aqui, vendo ele dizer dessa forma parece tudo tão mágico. É estranho dizer, mas seus olhos tomaram um brilho diferente no momento em que ele colocou Deus no assunto. Não sei o que as pessoas acham dessa mudança de comportamento do Justin, mas conhecendo bem a mídia, eles devem estar dizendo em todos os cantos que isso é uma mentira. O que eu pude comprovar agora que não é, Justin se encontrou. - E sobre você não ser uma fã, eu já tinha reparado. – ele completou. Me tirando do meu pequeno transe. - Como assim? Não sou uma boa fã? – perguntei num tom descontraído. - Não. – negou com cabeça. – Você como fã, é uma excelente fotografa. - Você nem viu as minhas fotos. – olhei feio para ele. - Não preciso ver para saber que você se sai melhor lá. - Quanta audácia! – cruzei os meus braços. - Acredite, foi um elogio. – sorriu docemente. Disparei a rir no segundo seguinte, eu sabia que estava me saindo muito m*l no papel de fã, mas tenho uma justificativa ótima para isso, não sou fã dele. Nem sequer sei que músicas ele canta. - Ok. Sou apenas uma curiosa que estava te observando para ter a certeza de que você era mesmo o cara que vi na TV. – disse simples e dei de ombros. Ele colocou a mão sobre o peito. - Como pode não saber quem eu sou? – seu falso tom de indignação quase me causou gargalhadas, mas me contive. – Sou um dos maiores artistas da atualidade, é um desaforo você não saber nada sobre mim. - Me desculpe! Mas não sou obrigada a te conhecer. – pausa. - Você é um dos atores da Disney? Aquele que fez High School Musical? Justin mordeu o lábio tentando conter uma risada. Falhou. No segundo seguinte a sua gargalhada soou por todo o local, o que não foi nem um pouco diferente para mim. Começamos a gargalhar juntos. - Zac Efron, sério? – ele limpava os resquícios de lágrimas do canto dos olhos, enquanto ainda ria. - Ué. Vocês são idênticos!!! – segurei a minha barriga, enquanto tentava cessar a risada. - Separados por um olho claro. – disse assim que parou de rir. - Exatamente. – respirei fundo, me ajeitando na cadeira. Justin pegou o celular, parecia estar lendo algumas mensagens. Quando seus olhos se voltaram para mim, ele se levantou num pulo. - Hora de ir embora. – ele disse e deu um meio sorriso. - Tudo bem. Nossa conversa foi bem legal! Assentiu. - Foi sim. Bom, nos vemos por ai! – ele colocou as duas mãos no bolso. – Até logo! - Até! Justin girou seus calcanhares e saiu dali. Vi ele caminhando até o seu carro, através da janela, e logo não havia mais nenhum sinal dele por ali. Já tinha ido embora. Suspirei e passei as mãos pelo rosto. Sua saída foi estranha, ele parecia ter recebido ordens severas. Quando vi alguns paparazzi’s surgindo por ali, entendi bem o que havia acabado de acontecer. Alguém tinha avisado ele sobre a vinda dos paparazzi’s, o que é bem interessante. Peguei o meu copo de café, que ainda continha mais da metade do liquido, coloquei a câmera no meu ombro. E me levantei, jogando o dinheiro na mesa e saindo do estabelecimento. Eu espero que o Justin não frequente muito esse local, já que não estou nem um pouco disposta a gastar meu dinheiro com cafés que não irei sequer tomar. Peguei as minhas chaves no bolso da calça e destravei meu carro, entrando nele e colocando a câmera em um dos bancos. Passei uma das mãos no meu rosto, sentindo um sono me dominar. Odiava o fato de ter vindo até o outro lado da cidade atoa, não que tenha sido realmente atoa, mas nenhuma foto? Acho que Emily não iria gostar nada disso. Nem eu estava gostando disso, Bieber era um cara gente boa e se aproximar dele para completar um serviço não me parecia algo digno. Dirigi até o meu apartamento, estacionei o carro em minha vaga e peguei o elevador, parando no meu andar. Tateei as chaves no meu bolso, a pegando e destrancando a porta. Entrei, ouvindo um silêncio fora do normal, parece até que voltei à alguns dias atrás, que ainda não estava hospedando uma melhor amiga barulhenta. Coloquei o meu corpo para dentro do apartamento e joguei as chaves no mesmo pote de sempre, coloquei a câmera no sofá, me jogando nele. Assim que fechei os meus olhos, pude ouvir uma voz cantarolando algo, era a Jen. Soltei uma risada, ela estava no banho. Meu celular começou a vibrar freneticamente no bolso, o peguei vendo um número desconhecido. Franzi o cenho enquanto atendia. - Alô? - Lucy, oi. É a Dora. Emily quer falar com você, vou passar a ligação. Dei uma suspirada longa enquanto aguardava a ligação ser passada, ouvindo uma musica um tanto irritante ao fundo. - Lucy? - Oi, Emily. – meu tom de voz denunciava claramente o meu desânimo com essa ligação. - Ainda não recebi as suas fotos por e-mail. Já está me enviando? Me ajeitei melhor no sofá. Precisava encontrar uma maneira de dizer a ela. - Bom, eu..- pausa. – Não consegui nenhuma foto. Fechei os olhos com força já esperando por xingamentos, que não vieram. - Ele não se estressou, foi isso? Sabia que essa fase zen do Justin me traria prejuízos. – ela dizia rapidamente, sendo até um pouco difícil de acompanhar. - Não, não foi bem isso. Só achei que seria mais sensato conhecer o terreno antes de pisar nele. Optei por observar o Justin por um tempo, para saber com precisão o que o irrita de verdade. – quando parei para prestar a atenção nas palavras que dizia, percebi o quão babaca eu estava sendo. Preferi não comentar nada sobre os meus 30 minutos conversando com ele. Melhor que ela não saiba. - Você é mesmo boa no que faz. Achei genial! – ela realmente estava animada com a ideia de ferrar com alguém? – Mas que fique claro, você tem no máximo 1 semana para aparecer com alguma foto útil. - 1 semana é pouco, Emily. - É o necessário. Não me decepcione! – pausa. – Já depositei seu p*******o. Até mais! Ela finalizou a ligação. Bufei alto, como eu vou fazer isso? Jen apareceu por ali com uma toalha enrolado no corpo e uma outra enrolada na cabeça. - Já chegou? Que rápida! – ela comentou enquanto ia para a cozinha pegando algo na geladeira. - Não consegui as fotos. – comentei enquanto olhava para um quadro qualquer, não me lembrava de ter pendurado ele ali. - Nenhuma? – ela apoiou no balcão me olhando, enquanto tomava um copo d'água. - Não. Digamos que ter que provocar alguém para tirar uma foto polêmica, não é algo simples. – falei com um certo desgosto. - Quem foi o sortudo? – meu olhar pairou sobre ela, eu estava visivelmente confusa. – O famoso que você tentou fotografar hoje. – ela explicou quando percebeu minha confusão. - Ah! Foi o Justin Bieber. – dei de ombros. - É sério? – o tom animado em sua voz me surpreendeu um pouco. Até onde eu saiba Jen não é fã dele. - Você gosta dele? - As músicas são bem legais. E ele é um gatinho. – ela disse mantendo um sorriso i****a no rosto. - Você mudaria de opinião se visse a roupa que ele estava usando hoje. - Eu sei, eu sei. Ele anda se vestindo de um jeito estranho ultimamente. – ela deu de ombros, eu estava observando cada movimento dela. - Ultimamente? Desde quando você acompanha ele, Jen? Seus olhos se encontraram com os meus. - Digamos que eu tenha ido em alguns shows. – sua forma simples de dizer me assustou. Bom, a Jen que eu conheço não é fã de ninguém. De acordo com ela, gastar dinheiro comprando ingressos, CD’s, de algum cantor é dinheiro jogado fora. Vejo que a mesma mudou de opinião. - Você é mesmo surpreendente. – comentei rindo. - Ah, qual é! O cara é realmente bom fazendo músicas. Achei que seria justo ir em alguns shows, e olha, não me arrependo. - Mas e aquele papo de que gastar dinheiro com ingressos e CD’s era bobeira? - Mudei de opinião. Foi o dinheiro mais bem gasto de toda a minha vida! – ela sorriu. – Não que eu gaste meu dinheiro com coisas uteis. – Assenti, concordando totalmente. Jen era craque em gastar dinheiro com as coisas mais idiotas e fúteis que alguém pode imaginar. Em uma ocasião ela gastou mais de 200 dólares, em uma merda de urso, só porque ele era enorme. Dois dias depois ela teve que doar ele, porque o mesmo causava espirros nela. – Mas o dinheiro dos ingressos realmente foi muito bem gasto. - Temos uma fã do Bieber por aqui. – a olhei sorridente. - Não. Ainda não mudei de opinião sobre ser fã das pessoas. Prefiro só admirar o trabalho e ponto. – ela deu de ombros. – Mas me diz, você conseguiu se aproximar dele? – seu olhar curioso estava me matando. - Sim. Diria que me aproximei até demais. Os olhos da Jen tomaram um certo brilho, que era bem assustador. Pois eu já sabia bem o que ela havia entendido. - Jen! Não é isso. – fuzilei ela com os olhos, enquanto a mesma erguia as mãos e ria. - Eu não disse nada. Você que está toda desesperada ai. - E precisa dizer? Eu conheço muito bem esse olhar. - Então me explica, o que quis dizer com esse se aproximar demais? - Eu quis dizer que era apenas para eu ir no mesmo lugar que ele estava e observá-lo de longe, mas que acabamos nos sentando juntos e conversando por uns 30 minutos. A boca da minha melhor amiga foi parar praticamente no chão. Ela parecia ter paralisado. - Você é uma sortuda de merda! - Tem certeza que não é fã dele? Ela veio até mim e se sentou na minha frente. - Já disse que não! Mas que ia ser legal sentar e conversar um pouco com ele isso seria. - É..- falei pensativa. - Ele é legal? Ou é babaca? Queria eu que ele fosse um completo babaca, é mais fácil prejudicar alguém r**m. Mas não, o cara tinha que ser incrível, tudo para dificultar o meu serviço. - Ele é muito legal! Sério. – eu disse e sorri, lembrando da nossa pequena conversa de algumas horas atrás. - E isso não é bom, né? Ela se ajeitou melhor no sofá, e me fitou. - Nada bom! Torna tudo mais difícil pra mim. – entortei a boca. - Acho que estou começando a entender o quão r**m esse trabalho é. - E olha que nem começou a pior parte. – bufei.
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