Rocco DeLuca
Observei a pequena Catarina sair de dentro do meu escritório, ainda saboreando o sutil desafio nos seus olhos, aquele brilho indomável que me provocava mais do que qualquer palavra ousada que ele pudesse me dar. Fiquei admirado com a audácia dela em pensar que eu pagaria tanto apenas para ter lá na minha cama, embora meu p*u estivesse tentado a aceitar. Mas o que eu faria com a virgem? Eu preferia mulheres que tivessem mais experiência e não era o caso dela.
Mesmo estando intrigado, o trabalho não me espera, e eu tinha um encontro marcado com Vittorio nas docas. Armas não se vendem sozinhas, e o lote que estava para chegar do exterior não era apenas uma mercadoria; era uma oportunidade para expandir nossos territórios um pouco mais além, para fortalecer nossas operações. Agora com Luigi fora do jogo, o território dele me pertencia e eu tinha que alinhar isso rapidamente antes que outro mafioso desse uma de esperto.
Vittorio já estava esperando na sala de reuniões, sua expressão séria, como de costume. Ele era um homem meticuloso, sempre pensando três passos à frente, o tipo de aliado que qualquer um na minha posição valorizaria. Isso sempre se deu pela educação rigorosa de meu tio, Giovanni DeLuca, com ele.
— Então, como vamos dividir essa carga?— Vittorio começou, sem rodeios.
— Quero que metade vá para o sul, — eu respondi, — Meu território está precisando de reforços nessa área por causa do “problema Luigi” — ele sorriu e acendeu um cigarro, — A outra metade você pode distribuir entre seus homens no leste. Não precisamos de confusão interna agora.
— O segundo lote para onde vai? — ele perguntou
— Esse vai ser mais fácil de dividir. — eu respondi, pegando um copo de uísque e me servindo, — As AKs e as granadas vão para a minha parte da cidade. Você fica com os rifles de precisão e as pistolas na Área de Chinatown.
Vittorio assentiu, mas eu percebi a hesitação em seus olhos. — E a nova encomenda? Aquela que mandamos buscar na Ucrânia?
— Será dividida igual. Não vou me preocupar com isso agora, — eu falei, seco. — Você deve se concentrar em garantir que os nossos clientes estejam prontos para comprar.
Ele assentiu, pensativo. Ele sabia que eu estava certo, mas também sabia que não podia simplesmente concordar sem questionar. Era assim que ele funcionava, sempre calculando todos os nossos passos.
— Você confia nos homens que vão fazer essa entrega? — ele perguntou, com os olhos fixos nos meus, como se estivesse procurando uma falha.
— Confio tanto quanto confio em qualquer um nesta p***a de organização, Vittorio! Que diabos de pergunta é essa? Tem algo que eu não sei? — ele deu de ombros e continuou fumando seu cigarro. — Mas já tomei as devidas precauções. Se alguém tentar nos passar a perna, vai se arrepender.
Esse era o nosso método, não deixar espaço para erros, porque no nosso mundo, um deslize significava sangue derramado; deles e nosso. Depois disso, Vittorio saiu para cuidar de outra parte dos nossos negócios, e eu fui até a boate encontrar meu tio Giovanni.
Na Boate
A boate estava cheia, mas minha mente estava longe da agitação ao redor. Com o som da música abafando os murmúrios da multidão, olhei ao redor, notando como tudo ali parecia funcionar em perfeita sincronia. Cada movimento tinha um propósito, uma intenção, assim como a nossa organização. Mas meu foco estava no meu tio, Giovanni, que parecia completamente alheio ao caos ao nosso redor.
Ele estava sentado no canto da sala, como sempre, observando tudo e todos com aquela expressão predatória que o caracterizava. O charuto pendia entre os dedos, e seu olhar era o de um homem que já tinha vivido mil vidas e sabia exatamente como todas terminariam.
— Rocco, — ele me cumprimentou, abrindo um sorriso. Enquanto uma das garotas se aproximava dele, se sentando em seu colo. — Você se atrasou.
— Tinha outros negócios para tratar, — eu resmunguei. Eu revirei os olhos e sinalizei para o barman mais um uísque, me sentando ao lado dele na mesa reservada. — A situação na Costa Leste? — perguntei, mudando o foco para o que realmente importava naquele momento.
Tio Giovanni deu uma tragada no charuto e soltou a fumaça lentamente, como se saboreasse cada segundo antes de responder.
— Tudo controlado, — ele disse, — Os amigos de Enrico Casanova estão quietos, por enquanto. Não espero problemas da parte dele, mas é sempre bom ficar de olho.
Assenti, um pouco mais tranquilo. Enrico era um problema à parte, mas desde que mantivéssemos a nossa força e mostrássemos que não toleraríamos qualquer afronta, ele continuaria no lugar dele. Manteria a própria palavra. Isso era o que importava, manter o equilíbrio.
Tio Giovanni continuou falando enquanto outra das garotas da boate se aproximava, sentando-se no colo dele como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele passou um braço possessivo ao redor da cintura dela, sem desviar o olhar do meu. — Agora, Rocco, — ele começou, — Precisamos falar sobre o futuro, sobre os próximos passos. Luigi está fora do jogo, mas outros vão tentar preencher esse vazio. Precisamos estar um passo à frente, sempre.
Eu sabia que ele estava certo. Neste mundo, vacilar não era uma opção. — Não se preocupe com isso. — respondi simplesmente — Essa parte vou passar para Vittorio.
Giovanni acenou com a cabeça, satisfeito, e se inclinou para trás, puxando a garota mais perto, enquanto eu afundava no meu próprio copo de uísque. Então, um dos meus homens se aproximou, a expressão pálida e o suor escorrendo pela testa. — Signore,— ele começou, a voz trêmula, — a do pier… carga... foi roubada.
Ele estava gaguejando,mas eu entendi. Por um momento, o tempo pareceu parar. Olhei para Giovanni e vi o reflexo da minha fúria estampado em seu rosto. O copo de uísque estilhaçou em minha mão, os cacos de vidro cortando a minha pele.
— Che cazzo?! (Que p***a é essa?!) — Eu xinguei, a voz mais baixa do que eu esperava, mas cheia de pura raiva. — Come diavolo hanno osato rubare da me? (Como diabos eles ousaram roubar de mim?)
O sangue pulsava nos meus ouvidos enquanto Giovanni e eu nos levantávamos, Vittorio chegou alguns minutos depois, sem precisar dizer uma palavra, sabíamos o que tínhamos que fazer.