Enquanto as crianças fortaleciam os seus laços de amizade, Heitor estava ansioso esperando a ligação da gerente que tanto estava a mexer com ele.
As suas três amigas, deram dicas dizendo que ele precisava investir, mandar flores, chamar para sair.
Algo nele dizia que ainda não era o momento, com ela, ele sentiu que deveria ir com calma, estudar o terreno.
Na empresa todos estavam animados com o projeto, porém apreensivos com a demora na resposta do banco.
Na quinta-feira a tarde Heitor recebeu uma ligação de número restrito, achou estranho mais atendeu.
"Boa tarde, aqui é o Heitor! Com que eu falo por gentileza?"
"Boa tarde, senhor Heitor!" Ele já sabia quem era, o que o deixou animado. "Aqui a gerente imobiliário do Banco XXX, Barbara. Conversamos na última semana, não sei se o senhor se lembra."
"Com certeza lembro-me, da nossa conversa, posso até dizer tudo o que falamos, a cor da sua roupa e o seu perfume, Barbara."
"Senhor Heitor, tem um bom humor. Estou quase terminando a análise dos documentos que me passou, porém, tem um ponto que gostaria de orientá-lo, quando estaria disponível para conversarmos."
"Para você, basta chamar e mandar a sua localização que estou a chegar."
"Amanhã no horário do almoço, o senhor me envie o endereço de um restaurante discreto, e o horário, nos encontramos lá. Não conheço a cidade ainda, então não sei onde podemos ter um almoço de negócios."
"Melhor, amanhã, às onze horas passo aí no banco e vamos juntos até o restaurante."
A mulher demorou um pouco para responder, estar com um homem na sua sala, onde ela podia chamar a segurança do banco facilmente era uma coisa, mas entrar num carro, mas Heitor parecia confiável, ela não sabia o porquê mais ele lhe passava confiança, e algo mais, que ela ainda não sabia.
"Barbara.."
"Tudo bem senhor Heitor, amanhã as onze horas, o nosso almoço de negócios. Até amanhã!"
Ela terminou a ligação mesmo sem ele responder.
Heitor ficou a olhar para seu celular com um sorriso bobo no rosto, a um bom tempo não sentia isso.
BARBARA
Dois anos de paz, dois anos no mesmo trabalho, promovida por meus méritos, dois anos cuidando dos meus filhos sozinha, porém muito feliz.
Viver com medo, não é viver, mas fiz escolhas erradas depois que fiquei viúva, talvez ter casado tão nova tenha sido aminha primeira escolha, mas desse casamento veio a minha princesa Belinda.
Fui feliz em um ano e meio de casada, mas a vida dele foi tirada de forma covarde num assalto, o então melhor amigo do meu falecido esposo colocou-se como um porto seguro, sempre presente, sempre ali. As coisas começaram a ficar difíceis para mim, sem apoio da minha família, fui ficando perdida, acabei caindo na conversa de Romulo.
Ter-me juntado a ele só me trouxe uma única alegria, Benjamin, que não tem o nome do pai no sua certidão de nascimento, pois consegui fugir antes dele nascer. Aquele homem é um monstro, descobri já nas primeiras semanas que ele foi morar comigo, começou sutil.
Precisei para de trabalhar, pois ele ia no meu serviço fazer escândalos por ciúmes, mudei as minhas roupas, pois ele dizia que eu chamava atenção de mais, passei a cobrir o meu corpo, não usar maquiagem. Não saia mais, sem amigas, foi quando as surras começaram, batia-me, depois mandava flores, não sei onde trabalhava, mas nunca deixou faltar nada em casa, bizarrices no ato s***, coisas que começaram a dar-me nojo de mim mesma, fraca acabei ficando gravida, as agressões continuavam, ele não batia na minha barriga, mas o restante do corpo padecia.
Ele começou levar prostitutas para dentro de casa, eu dormia no quarto da minha filha, ele com as prostitutas no nosso, eu escutava elas sofrendo nas mãos dele, muitas vezes vi algumas saindo sangrando e chorando, nem uma mulher merecia aquilo.
Estava perdida, não sabia a que pedir ajuda. Ele ainda me deixava ir à igreja, por isso numa oportunidade conversei com o padre, ue me aconselhou a fugir, deu-me um contacto, dizendo que poderiam ajudar-me.
Naquela noite ele não voltou para casa com prostitutas, foi assim por duas semanas, achei que tinha conseguido paz. Uma vizinha enquanto limpava a calçada veio até mim, com medo, ninguém conversava comigo, falou rápido, "Sua paz é porque ele arrumou outra b***, está namorando uma moça lá do bairro xxx". Ela falou e saiu correndo.
Na verdade, saber que ele estava atrás de outra mulher me aliviou, mesmo estando preocupada com essa próxima vítima, porém, naquela noite o pesadelo foi o pior.
Estava na cozinha preparando o jantar ele chegou, avisou que iria tomar banho, apenas acenei com a cabeça, como ele demorou fui ver, a cena me gelou a alma. Ele estava no quarto da minha filha, ela já dormia, ele puxou a coberta, olhando para o corpo pequeno de Belinda, enquanto m@s***** o seu m****, e falava. "Logo você vaie star no ponto para o abate, uns dois meses a sua mãe vai estar a cuidar da minha cria e você eu vou cuidar."
Voltei para o corredor, comecei a vomitar chamando a atenção dele, que achou ser algo da gravidez. Ele, logo saiu voltando com duas prostitutas. Não pensei duas vezes peguei apenas um cartão da poupança de Belinda, os nossos documentos, um pouco de dinheiro. Fugi sem olhar para trás.
O padre conseguiu um abrigo numa casa de apoio numa cidade longe dali, fique lá onde Benjamin nasceu, elas me ajudaram a arrumar um trabalho, alugar uma casa. Vivi nessa cidade por um ano, foi quando em um dia quando fui buscar as crianças na creche me avisaram que o pai já tinha pegado, corri para casa desesperada, quando cheguei lá, encontre Romulo com Belinda no seu colo e Benjamin no carrinho. " Ela está linda" . Ele dizia alisando o corpo da minha filha, que chorava, vi o sinal no seu rosto, provavelmente de um tapa dele. Antes de chegar em casa, já havia entrado em contacto com a responsável da rede de apoio, que chegou acompanhado da polícia, ele resistiu a prisão, fazendo a minha pequena de escudo, mas o policiais conseguiram prende-lo, fiz a denúncia, mas sabia que logo ele seria soltou, fugi novamente.
Foi assim, por um bom tempo, fugia, escondia-me. Descobri que ele havia se casado com a tal namorada, mas fez com ela pior que comigo, ela faleceu após ele e**** ela durante a grávidez. Vizinhos denunciaram e ele foi preso. Na prisão descobriram que ele tinha envolvimento com tráfico e muitos outros crimes. Com as investigações, descobriram que ele foi o assassino do meu marido, ele confessou.
Fazia dois anos que ele estava preso, não sairia tão cedo, trabalhava para um banco internacional, com a promoção vim para essa cidade de médio porte, o meu antigo gerente disse que seria bom para mim e as crianças, quando vi o nome da cidade senti uma certa alegria, era a cidade que a minha amiga de infância havia se mudado a muitos anos atrás, me questionei se ela ainda morava lá, seria bom rever Vanessa.
Sei que sou um pouco paranoica, proíbo os meus filhos de fazerem amizades, conversar com estranhos, sair sozinhos nunca. Mas percebi que eles tem chegado mais felizes da escola, isso tem-me feito bem.
Como uma das minhas primeiras missões aqui no banco precisei analisar uma proposta de investimento para um novo condomínio.