José
Desgraçada! É isso que essa mulher é. Ao invés de me agradecer por tentar ajudar a salvar a vida do filho dela, ela me trouxe para um desenrolo com esse bando de traficantes armados. Esses desgraçados não respeitam ninguém, e eu só trabalho aqui na comunidade porque é muito mais fácil t*****r com as mulheres daqui. Algumas gostam muito de dinheiro, e outras ficam desesperadas com o diagnóstico dos filhos. Eu já fiz isso outras vezes, mas nunca fui descoberto, porque todas as mulheres gostaram muito do dinheiro que receberam. É sempre um valor alto, mas essa desgraçada se acha a última coca-cola do deserto e acredita que eu não posso entrar na mente desses traficantes. Mas eles são burros, e eu com certeza consigo fazer essa situação virar contra ela. Depois que isso acontecer, eu vou me fazer de bonzinho, e a única alternativa que ela vai ter será t*****r comigo para poder salvar aquele pirralho do filho dela, que, por mim, poderia morrer. Ela é muito novinha e bonita para ser mãe; dava para ela virar a minha amante oficial. Pena que vou ter que fazer esse traficante bater nela. É um desperdício.
Ela saiu com cara de choro, e um dos homens que estava do lado de fora me mandou entrar. Eu entrei e dei de cara com um homem novo; nem parecia que era dono do morro. Ele estava com a cara fechada e era todo tatuado, como todo favelado. Na verdade, pensei que ele era preto, mas ele era branco. Na minha cabeça, o chefe disso aqui era um Zé ninguém, mas, pelo visto, ele me parece mais inteligente do que eu pensei. Então, eu também vou ter que pensar na história que vou contar para ele. Eu não posso sair daqui machucado.
Portuga: E aí, doutor, como vai a tua responsa? Uma hora da manhã e o senhor me tirou de casa para vir para um desenrolo. Agora estou aqui tentando entender quem está tentando me enganar, até porque um de vocês dois está mentindo, e a minha função aqui é tentar descobrir quem é. Ou eu vou cobrar os dois, o que você acha?
José: Você não deveria ter saído da sua casa, porque é óbvio que essa mulher está mentindo.
Portuga: Ela fez acusações muito sérias, inclusive disse que você ofereceu dinheiro para ela dentro do posto e que disse que o filho dela morreria se ela não transasse com você. Acho isso um pouco problemático, tá ligado? Porque ameaçar a vida de uma criança, mano, dentro do meu morro, pode te trazer problemas, e um deles é a morte. Eu mandei puxar a tua ficha e vi que você é o diretor do hospital, todo engomadinho, falando direito, e provavelmente está se aproveitando disso para poder comer umas faveladas, né? E depois contar para os teus amigos. Deve ser divertido. Mas aí você encontrou uma favelada que não te quer. Deve ser r**m, né? Uma mina que negou o teu dinheiro. Acho chato um bagulho desse. Mas ela é bonitona; achou que seria tão barata assim, porque na hora que eu vi, eu pensei que mulher cara.
José: Eu não sei do que você está falando. Eu não ofereci dinheiro para essa mulher. Acha mesmo que eu tenho necessidade de oferecer dinheiro para poder t*****r com alguém? E acha mesmo que eu seria capaz de ameaçar uma criança? Um bebê? O filho dela tem um ano no máximo. Eu não mataria ninguém.
Portuga: O negócio é que, no tempo que tu estava lá fora, eu mandei puxar as câmeras do postinho. Sim, lá tem câmeras. Eu acho que tu não sabia, né? Agora estou esperando as filmagens chegarem aqui para a gente ver no que isso vai dar. Se você estiver falando a verdade, eu vou cobrar a mina e vou te deixar sair daqui tranquilão. Mas se você estiver mentindo, você só sai daqui em um paletó de madeira. A tua esposa vai chorar e os teus filhos também. Mas eu posso te dar a opção de falar a verdade. Você pode me falar o que está arrumando com as mulheres daqui, e aí eu só vou te dar um p*u e vou te deixar meter o pé do meu morro tranquilão, quebrado, mas vivo.
José: E... e... eu não fiz nada.
Portuga: Essa é a tua última chance de me dar um papo de sujeito homem. Se essas gravações chegarem aqui e se eu achar qualquer coisa de errado nelas, eu não vou querer ser você. Na verdade, nem você vai querer ser você, porque o bagulho vai ficar tão sinistro, mas tão sinistro que não vão reconhecer a tua cara sem um exame de DNA. Eu posso fazer um estrago maior do que você imagina. Achou que eu era burro, né? Mas eu não sou. Eu sou um favelado inteligente, e eu acho bom você ser um médico inteligente também e começar a me passar a visão do que você está arrumando dentro do meu morro.
José: Eu transei com algumas pacientes, algumas eu até paguei. Mas eu não fiz nada com essa mulher. Ela está inventando por algum motivo. Acho que ela está querendo o meu dinheiro para poder pagar a operação do filho dela. Ela é muito bonita, é verdade, e quando ela se ofereceu para mim, eu acabei sendo fraco e aceitando, mas não passou disso. Eu não toquei nela e nem fiquei agarrado. Então, pelo amor de Deus, me deixa ir embora daqui.
Portuga: Antes, vamos assistir ao filminho lá do posto e o do morro também. Lá em frente ao abrigo tem uma câmera, tá ligado? Não sei se você notou. Claro que não é para prevenir os roubos; eu deixo ela bem escondidinha. Vamos ver se você está falando a verdade ou não.
José: Tá bom, eu tentei agarrar ela, mas foi em um momento de fraqueza. Me desculpa, não vai acontecer novamente.
Portuga: Não vai mesmo, até porque morto não agarra ninguém.