Catarina...
Catarina chega em São Paulo, na rodoviária Tietê. Ela nunca havia estado num lugar com tanta gente, gritaria, corre, corre tudo isso era muito novo para pequena Catarina, ela estava assustada com tanta agitação, mas a vontade de conhecer a mãe era muito maior que qualquer medo. Catarina pede informação, pega mais um ônibus e segue sentido ao centro, quando Catarina desce na Praça da Sé, já era noite, ela não sabia por onde começa a procurar, não sabia nem onde estava, o medo era visível nos olhinhos da pequena Catarina, ela olha de um lado, e do outro mais não consegue identificar nada do que ela via nos jornais e revista da banca do Zezinho, apenas ruas, prédios e pessoas, Polícia espalhada por todo lado estávamos na era da ditadura militar a polícia estava no comando de tudo naquela época. Como Catarina iria sobreviver naquele lugar? Como iria comer, tomar banho, arrumar dinheiro ou achar sua mãe? Catarina já estava muito cansada para pensar nisso, dolorida, machucada, e com fome, Catarina caminhou mais um pouco, até chegar na igreja da Sé e entrando na igreja procurou um cantinho para deitar e adormeceu, o chão duro e frio já fazia parte do cenário da vida de Catarina então dormi ali não foi algo tão difícil ela apenas tinha que imaginar que estava no chão da cozinha de sua antiga casa e esquecer as vozes e barulho que a igreja fazia.
Na manhã seguinte Catarina levanta cedo e pensa
Catarina: preciso arrumar um emprego para me sustentar. Catarina entrou no banheiro da igreja lava o rosto e tenta se limpa a melhor forma possível, troca de roupa e sai para tentar arrumar um emprego. Catarina anda igual uma maluca batendo de porta em porta em busca de um emprego, porem quem iria empregar uma criança? Ela anda e anda mais um pouco, porem nada consegue, a fome começa a aumentar e até aquele momento ela não havia conseguido nada nem uma moeda, o pouco que lhe havia sobrado do dinheiro ela tinha comido no dia anterior antes de chegar na igreja, Catarina anda mais um pouco até chegar em uma casa ela toca a campainha e uma senhora sai
Senhora: Oi em que posso ajudar?
Catarina: Olá senhora meu nome é Catarina tenho dez anos, e preciso de um emprego, para me sustentar, a senhora teria alguma coisa para eu fazer? Pode ser qualquer coisa.
Senhora: Menina cadê sua mãe? Sua família não posso empregar uma criança de dez anos.
Catarina: Não tenho família senhora fui colocada na rua por minha madrasta e meu pai nada fez para mudar essa atitude dela, e minha mãe eu nunca conheci, o motivo de eu estar nessa cidade é para tentar encontrar minha mãe (ela fala com a voz já embargada pelo choro)
Senhora: Menina você precisa ir até a polícia procurar ajuda, não pode ficar por aí na rua isso que sua madrasta fez é um crime. E essas marcas no seu corpo esse machucado na sua boca o que aconteceu?
Catarina: Não senhora por favor não vá até a polícia, porque eles vão querer me prender, se eu não conseguir achar minha mãe. E essas marcas foi porque minha madrasta me bateu antes de me jogar na rua.
Catarina começa a chorar e quanto mais ela tanta não chorar, mais ela chorava e vai ficando cada vez mais fraca até que a sede, fome, o sol o cansaço de ter andado o dia todo vem tudo de uma vez sobre Catarina e ela desmaia no portão da casa da senhora. Sem saber o que fazer a governanta da casa chama o motorista para lhe ajudar a pegar a pequena Catarina e a colocar para dentro. Chegando na cozinha a Dona Irene governanta da casa, passa em seu nariz um pouco de álcool para que Catarina despertasse, e ao desperta Dona Irene olha com mais atenção para o rostinho da pequena Catarina e já se apaixona de imediato.
D. Irene: Está tudo bem minha filha?
Catarina: Sim senhora!
D. Irene: Meu nome é Irene, mas pode me chamar de neném, este ao seu lado é meu marido o nome dele é João ele é motorista da casa. Seu nome qual é?
Catarina: Meu nome é Catarina Senhora.
D. Irene: Bom Catarina me conta sua história quero saber o que realmente aconteceu com você.
Catarina narra sua história desde do início dentro do que ela lembrava, Catarina nunca havia parado para pensa em sua história, uma menina rejeitada pela mãe, largada pelo pai, maltratada pela madrasta e irmão, sem família, sempre sendo chamada de inútil, lixo, feia, e o ultimo elogio foi v***a e vagabunda, ao pensa em tudo isso de uma forma que Catarina nunca havia pensado, olhando sua vida desse jeito, ela uma menina de apenas dez anos, já tinha sofrido tanto em sua vida. Já tinha sido espancada, por várias vezes tanto do pai como da madrasta, suas irmãs sempre que podia a humilhava lhe tratava como se ela fosse um lixo, e ao se lembra disso os olhos de Catarina enchia de lagrima, mais uma vez quando se deu conta estava chorando novamente, ela tentava se controlar mais as lagrima corria em seu lindo e pequeno rosto.
D. Irene: Calma minha filha vai ficar tudo bem, vamos te ajudar, vamos esperar a senhora Eva chegar e eu vou falar com ela, vou dizer a ela que você é minha sobrinha que veio para cá, para estudar tudo bem?
Catarina: mas eu nunca fui a uma escola, como vou para escola?
D. Irene: calma a princípio iremos falar isso depois a gente ver.
Seu João olha com um ar de desconfiança para a esposa, mas não fala nada perto de Catarina, mas ele sabia que aquilo não daria certo, Irene era uma mulher de coração bondoso, não tinha filhos então qualquer criança que chegava perto dela, ela já queria tomar como filha, porém seu João sabia que a chegada da pequena Catarina ali poderia trazer confusão futuramente. Seu João e Dona Irene trabalhavam naquela casa há muitos anos era um casal adorável, dona Irene era uma mulher de uns 45 anos e seu marido uns 50 anos e com uma bondade formidável.
D. Irene: Bom Catarina vamos combinar como iremos fala com a senhora Eva, para que ela não desconfie de nada ok. Não fale nada deixa que eu fale com ela apenas concorda está bom filha?
Catarina: sim senhora vou fazer como a senhora mandar, mas o que eu vou fazer aqui porque não posso ficar aqui comer, beber e dormi de graça. Eu aprendi que nada nessa vida é de graça.
D. Irene: Calma filha vamos fazer por parte. Primeiro vou arrumar alguma coisa para você comer, porque pelo jeito você não se alimentava direito, depois você vai tomar um banho e eu vou arrumar uma roupa para você, ai vamos fala com a senhora Eva, depois vou arrumar uma escola para você, já que eu vou fala que você veio até aqui para estudar, e por último arrumo alguma coisa para você fazer aqui para pagar o tempo que você ficar aqui.
Catarina: Escola? Eu nunca fui na escola eu não seu lê nem escreve, só conheço algumas letras e alguns números porque meu querido e amado irmão me ensinou.
D. Irene: Você tem irmãos, minha querida?
Catarina: Sim! Tenho uma irmã e um irmão mais novos que eu, mas só me dou bem com o meu irmão o Matheus a Bianca não gosta de mim.
Catarina foi contando pouco a pouco sua história com detalhe para Dona Irene, e cada vez mais ela foi se apaixonando por Catarina. Dona Irene deu comida e deixou Catarina tomar um banho rápido, antes da senhora Eva chegar. Quando a senhora Eva chegou era quase 20hs da noite, Catarina se encontrava na cozinha junto com dona Irene, ajudando no jantar, Catarina era educada e delicada para fazer as coisas e isso agradava os olhos de Irene.
D. Irene: Boa noite Senhora tudo bem? Como foi de viagem?
D. Eva: Foi tudo bem, Irene obrigada, e por aqui como esta as coisas?
D. Irene: Está tudo bem senhora? Mas eu queria conversa com a senhora se a senhora não estiver tão cansada.
D. Eva: O que aconteceu Irene pode fala.
D. Irene: Bom senhora é um pouco delicado a situação.
D. Eva: Fale logo Irene você sabe que tem liberdade para falar de qualquer coisa comigo.
Dona Irene conta tudo que aconteceu e contou tudo que Catarina havia contado para ela, dona Irene não gostava de mentira então disse para senhora Eva toda a verdade. A senhora Eva ouve com atenção a história e a cada relato a expressão de seu rosto vai mudando, um ar preocupação passou pelo rosto de dona Irene no íntimo ela sabia que agora que estava frente a frente com a senhora Eva as coisas não parecia ser tão fácil como ela achou que seria, e nesse momento ela entendeu o olhar que o marido lhe deu quando ela tomou a decisão de ficar com a menina, mas agora não tinha mais como ela voltar atrás, ela teria que ir até o fim, quando Irene terminou a senhora Eva , não se manifestou ela apenas olhou para a Irene a mandou chamar a menina. Catarina saiu da cozinha e foi até a sala onde se encontrava a dona Irene e a senhora Eva.
D. Irene: Catarina essa é a senhora Eva a dona esta casa.
Catarina: Oi senhora Eva.
D. Irene: Olá Catarina tudo bem?
Catarina: Tudo bem senhora obrigada.
D. Irene: levanta a cabeça Catarina quero olhar em seus olhos e ver melhor seu rosto.
Catarina levanta a cabeça e olha nos olhos da senhora Eva e mais uma vez o encanto que tem os olhos de Catarina enfeitiçou a senhora Eva.
D. Eva: Você é uma menina muito bonita Catarina, quantos anos tem?
Catarina: Obrigada senhora eu tenho dez anos completei dez no mês passado.
D. Eva: Você estuda Catarina? Quero a verdade.
Catarina olha para a dona Irene, porque elas haviam combinado de falar algo, porem Catarina não gostava de mentira, então ela olhou para saber o que tinha que fazer. Mas Irene disse para ela falar a verdade. Catarina respirou fundo e começou a falar
Catarina: Eu nunca fui a uma escola senhora, eu só sei escrever meu nome, conheço alguns números e algumas letras porque meu irmão que me ensinou. Eu fui roubada de minha mãe pelo meu pai e fui criada por minha madrasta, e ela não me deu a oportunidade de estudar.
D. Eva: E sua mãe onde mora? Onde está?
Catarina: Não sei senhora eu nunca vi minha mãe tenho apenas uma foto e o nome dela, meu pai disse que ela mora nesta cidade, porém não sei onde e nem por onde começar a procurar, pensei em arrumar um emprego primeiro porque preciso comer, dormir, tomar banho, e eu sei que nada nesta vida é de graça. Depois que eu arrumar um emprego e aprender a ler vou procurar pela minha mãe.
D. Eva: Você é uma menina muito decidida Catarina sabe o que quer, gosto de pessoa assim, porém você não pode ficar aqui, você é só uma criança e se alguém da sua família der falta de você e ir a uma delegacia eu posso ser presa por sequestro, ou trabalho escravo porque você só tem 10 anos e isso é crime. Por isso me perdoe, mas não posso deixa-la morar aqui e nem te dar emprego.
E agora o que seria de Catarina mais uma vez sendo rejeitada? O que seria desta menina?
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