Terça-feira, 9 de março
9:45AM
Cheguei nos caras para mais um dia de favores em troca da quitação da dívida do meu pai, mas o que mais me motivou para voltar àquele quintal perigoso foi saber o quanto valeu ter ido buscar aquela garota.
Entrei e só estava ali o Cabeça e o Cleitin. E eles conversavam tanto que nem me viram entrando e sentando, muito menos ouviram o meu bom dia.
— Sério, o Ruivo até mandou aqui no zap, é que agora ele tá lá dentro com a Galega, mas é verdade pô. — Cleitin tentava convencer o Cabeça de alguma coisa até que me notou. — Ô Léo, tu viu a chamada do jornal?
— Não, porque?
— Falou que vai passar a mulher do banqueiro que tá preso, o que deve uma dívida do c*****o pro Ruivo. Ela foi presa com dinheiro, a grana que ía pagar ao Ruivo.
— Droga, ele deve tá puto. Pegou a garota pra garantir o p*******o.
— E agora? — fiquei curioso. A dívida não é minha, espero que não sobre caia encima de mim. A Júlia é fodida demais! Primeiro o pai, agora a mãe presa.
— Agora ele vai ter que acionar os caras de dentro da prisão pra pressionar. — Cabeça explicou.
Logo o Ruivo apareceu. Ele estava furioso. Prestes a sair quebrando tudo.
Achamos que era por causa da prisão da tal mulher, mãe da Júlia, mas o motivo entrou logo em seguida, conversando sem parar.
— Eu não tô brincando, Ruivo! Tu vai sumir com aquela garota de uma vez por todas e rápido. Eu não quero vagabunda nenhuma morando na casa do meu namorado.
Eu nunca vi uma namorada tão insuportável igual essa mulher. De tudo ela faz briga.
— Galega... — ele se virou pra ela. — Some daqui antes que eu estoure seus miolos.
Ui.
Ela ficou encabulada e até abriu a boca pra falar, mas aí o Ruivo balançou a cabeça sinalizando que não e ela fechou a boca e saiu.
Depois desse clima, os caras resolveram falar sobre a mulher que foi presa.
— Eu vi passando na tv, a morena tava assistindo com o viado do meu irmão, mas não ouvi nada porque a Galega tava no meu ouvido. — abriu uma cerveja. — Eu não sei porque ainda não chutei essa mulher da minha vida.
— Porque você é louco por ela...— Cabeça sugeriu com um certo deboche. O Ruivo negou. — Mas então, e a dívida?
— Seguimos o plano. A garota fica com a gente até o pai pagar as dívidas.
Vixi, o final igual o meu.
— Cara...— Cabeça se endireitou. — Eu sei que ela é gatinha e tal, mas ficar com essa garota aqui é mais ter prejuízo do que receber algum p*******o.
O Ruivo ficou encarando o chão sem piscar. — Ela vai me servir de alguma coisa.
Já tô vendo que isso vai dar merda.
— Léo. — ele olhou pra mim.
Finalmente vou saber o que recebi dessa cobrança.
— Tu vai com a morena na casa dela, pra trazer as coisas pra cá.
Mas o que? E a minha dívida? O que foi quitado?
— Tem certeza que isso é uma boa ideia? — Cleitin questionou. Também acho loucura nessa situação. — A polícia deve tá procurando por ela.
— Ela precisa de roupas.
— Arranja por aqui.
— Ela vai pra faculdade.
— E desde quando você liga pra isso? É só uma garota que tem uma dívida enorme. f**a-se a faculdade dela. — Cabeça falou. — Deixa ela aí presa, quando pagar a dívida, libera. Se tu soltar ela pra ir pra casa, a polícia vai ver quando voltarem e todo mundo sabe quem manda nesse morro.
— Eu não ligo pro que a p***a da polícia tá achando de mim. A garota vai buscar as coisa e trazer pra cá. De noite ela vai pra faculdade e pronto. — bateu o martelo e o Cabeça se aquietou. — E você, Léo, tá responsável por ela, na ida pra buscar as coisas e na faculdade.
Era só o que faltava.
— E o que eu já fiz? Descontou quanto da dívida do meu pai?
Ele deu um gole na cerveja. — Digamos que se você tomar conta direitinho da morena, a dívida acaba.
Ok. Agora as coisas mudaram de figura.
— Tá bom. Fechado.
Acabar com toda a dívida de uma só vez era o que eu queria. Vou fazer de tudo pra deixar essa garota dentro da linha.