Terça-feira, 9 de março
9:31AM
Depois do café, sentei no sofá e liguei para a minha mãe. Ela não atendeu, então imaginei que deve estar lá na cadeia. Falando com meu pai.
Espero que ele pague logo esse dinheiro, porque eu quero voltar para minha casa.
Do nada, a porta do casarão se abriu e a Galega entrou. Ela não ficou nada contente ao me ver.
Digamos que eu nem posso enfrentar ela. Dá duas Andressa, ela é forte, com um corpo bem definido, uma b***a grande e muito peito, mas os cabelos parecem de caroço de manga chupado. Só o bagaço, imagino que de tanto descolorir.
Então fiquei na minha.
— Onde tá o Ruivo? — parou perto do sofá e me encarou de cima a baixo.
— Saiu. — Pablo respondeu sem dar muita moral pra ela.
— E essa garota? O que ainda faz aqui? — perguntou como se eu não falasse por mim mesma.
— Hey, essa garota está aqui. Pode falar diretamente comigo, porque eu tenho voz e sei falar.
Sinceramente, depois de ontem estou à beira de um colapso sem notícias da minha mãe e do p*******o. Geralmente evito brigas e discussões, mas nos dias que estou com a paciência limite, qualquer coisa me tira do sério.
Pablo olhou pra mim com um sorriso orgulhoso surgindo no rosto e a Galega veio na minha direção pronta pra me estrangular, quando ergui meus braços a frente do corpo, na procura de me defender e então ela foi arrastada pelos cabelos e arremessada no sofá do lado pelo Ruivo. — Mas que p***a é essa?!
A Galega levantou pronta pra avançar encima de mim de novo, mas o Ruivo não deixou. Empurrou ela de volta pro sofá. Ela só faltava espumar.
Me encolhi no sofá sem saber de quem eu teria medo agora.
— Me responde que p***a é essa! — gritou ele novamente.
Dessa vez eu nem tive voz.
Mas o Pablo respondeu. — A Galega falou da Morena em 3° pessoa e a Morena a afrontou.
Foi né, eu afrontei sim. Quantos minutos de vida depois dessa atitude me resta?
O Ruivo olhou pra mim surpreso enquanto a Galega me xingava de tudo quanto é nome.
— Um dia isso ía acontecer. Porque tu não larga essa mania de fingir que os desconhecidos são invisível... — o Ruivo sentou no sofá do lado dela e tirou o celular do bolso, deixando de lado toda a confusão.
Mas a Galega não quis saber de parar. — Porque você a trouxe pra cá? É algum caso seu?
— Deus me free! — não fiquei calada.
O casal olhou pra mim surpreso e o Pablo continuava rindo de tudo o que eu falava de um jeito orgulhoso.
— Ela vai ficar aqui até o pai dela pagar a dívida. — ele segurou o rosto dela e apertou. — E você baixa o faixo. Tô sem paciência pra mulher barraqueira.
— Quando você ficou comigo já sabia como eu era...
Olha, camarote de DR...
— Sim, e eu posso te largar e arranjar outra melhor. Então cala o bico. — levou e saiu.
A mulher ficou furiosa.
Como será viver com altos níveis de estresse o tempo todo? Porque o tempo que fiquei no mesmo ambiente que ela, 99% dele era ela exalando raiva e estresse.
E acredite, é contagioso.
Eu já estava ficando estressada.
Verifiquei meu celular e nada da minha mãe.
Resolvi mandar um áudio para ela.
[— Mãe... cadê você? Foi falar com o papai? O que ele falou? Vai pagar a dívida?]
— Será que tem alguma coisa boa na TV? — Pablo ligou o aparelho, logo o Ruivo saiu da sala e a Galega levantou e foi atrás dele.
Depois do comercial da tv a cabo, o canal local apareceu, na chamada do jornal.
[... e você também ficará sabendo tudo sobre a prisão da esposa do gerente do banco que está sendo acusado de lavagem de dinheiro.]
What??
— Amiga, essa daí não é a tua mãe? — Pablo olhou pra mim enquanto a foto da minha mãe com uma bolsa cheia e policiais ao redor aparecia na tela da tv.
— Sim, é ela. Mas eu não tô entendendo. Ela não tem nada a ver com o que meu pai fez!
Passei do fundo do poço para Shangrilá.
— Vamos ver na internet o que estão falando. — ele pegou o celular e eu também pesquisei no meu.
No site que encontrei, falava que a minha mãe foi visitar meu pai hoje cedo, depois que ela saiu de casa com um bolsa grande. A polícia que estava investigando o caso do meu pai a seguiu até a entrada do morro e a abordaram. Encontraram muita grana na bolsa que ela carregava. 1 milhão em notas de 200 e 100.
— Merda. Isso explica tudo. — cocei minha cabeça. — A minha mãe vinha pagar a dívida do meu pai quando eles a pegaram.
E teve como piorar.
— Nossa, você tá super fudida.
— Sério, Pablo? Eu nem percebi...
Não vou chorar. Não vou chorar.
— Ontem...— dei um soluço e logo comecei a chorar. — Não bastava a notícia da prisão do meu pai, meu namorado ainda me traiu com uma garota que estuda comigo e...eu tô sofrendo um monte de hate na faculdade...— enxuguei meu rosto.
— Você é a pessoa mais fudida que eu já conheci, sério mesmo. Não fica muito perto de mim, porque vai que isso aí pega. — ele me encarou de um jeito super engraçado. É trágico mesmo e o Pablo não me ajuda