— O que? Ele quer me matar? — perguntou histérico.
— Eu não sei se é bem assim, senhor Malfoy, mas quer tirar algo de você.
— Filho da p**a — resmungou baixo, mas todos ouviram.
Os quatro estavam um do lado do outro. Hermione segurou firme a mão de Draco sem que os outros vissem.
— Você me chamou aqui para me dar essa notícia maravilhosa? — perguntou cínico.
— Na verdade foi para alertá-lo e dizer que deixarei sua varinha com o senhor.
— Ótimo.
— Mas....
Draco revirou os olhos, claro que tinha que ter um porém.
— Você só vai usá-la para se defender. Estamos colocando um rastreador na varinha e se ele vier a te procurar, você pode usá-la contra ele. Assim que usar vamos chegar onde você está para poder pegarmos ele. Você entendeu?
— Quando usar o feitiço de defesa vocês vão saber que é ele?
— Se usar qualquer um vamos atrás.
— Que maravilha! — disse cínico e sentiu a mão de Hermione acariciar a sua.
Ele a olhou por um momento e viu em seus olhos o medo que ela estava sentindo.
— Onde ele vai ficar? – Hermione perguntou ao homem.
— Acredito que onde está agora é seguro. A menos, é claro, que você não queira.
— Não tem como ele me achar lá?
— Não, ele sabe sobre o local de trabalho, mas não a casa dela.
— Mas tem como descobrir. Aliás, como descobriu sobre a casa de repouso?
— Um sujeito daqui de dentro lhe deu a informação e contou também que quem estava com o senhor era a senhorita Granger, mas ela é cautelosa, ninguém aqui além dos amigos dela sabem seu endereço.
Draco sorriu a olhando. É uma sabe tudo mesmo!
— Então eu acredito que lá é seguro.
— Ele não pode ficar na casa dela! — Rony disse alterado.
— A casa é minha e quem decide sou eu!
— Não comecem com isso! — Harry disse nervoso. — Rony o assunto aqui é sério! Pare com esses ciúmes bobos. Já chega!
Rony encarou Harry com fúria e saiu da sala batendo a porta.
— Inacreditável! — Hermione disse irritada e sentiu um apertão em sua mão. — Ai...
— O que? — Harry perguntou.
— Nada...
— Esse cara que deu a informação, foi pego? — Draco perguntou tentando tirar aquela cena dos dois discutindo da cabeça.
— Sim. Já foi para Azkaban. Só tem gente confiável lá agora para que ninguém fuja.
— E tem como saber quem é confiável? — Harry que perguntou e fez o homem ficar surpreso.
— É claro, senhor Potter. Só coloquei pessoas de minha confiança. Fora o reforço com os dementadores.
— Entendi.
— Mas enquanto ele não está preso eu vou parar de fazer os serviços? — perguntou esperançoso.
— É claro que não.
Draco ficou sério olhando o homem à sua frente.
— Vou colocar uns homens vigiando o lugar. Você vai para lá e vai terminar os serviços.
— Era o que eu queria... — respondeu sem vontade e Hermione deu uma risadinha.
— Podem ir. — Entregou a varinha a Draco. — Não esqueça. Qualquer feitiço e vai estar rodeado.
— Como esquecer? — perguntou cínico.
— Vamos. — Hermione o empurrou para fora da sala.
— Hermione...
Ela virou para trás.
— Oi.
— Tome cuidado. De verdade. Se ele é capaz de matar o próprio filho, não imagino o que pode fazer com você.
— Pode deixar, Harry. Vai ficar tudo bem.
Os dois se abraçaram e Harry olhou Draco. Estava com cara amarrada olhando os dois.
— Até...
Draco acenou e Harry foi embora.
— Quer parar de abraçar ele na minha frente?
— Quer que eu abrace quando não estiver vendo?
Draco a encarou com fúria.
— Deixa de ser bobo! Agora vamos. — Segurou a mão dele e seguiu para a casa de repouso. Já tinham o lugar certo para aparecer sem assustar ninguém.
— Bom dia! — a primeira coisa que escutaram quando entraram na recepção.
— Se responder te capo! — disse por entre os dentes e fez Draco rir.
Os dois passaram por ela e Draco acenou depois que passaram pela porta indo para o corredor.
— Eu vi isso, Malfoy! Hoje você vai dormir no quarto ao lado! — Saiu de perto dele em passos fortes.
— Mas... Que merda! — Foi atrás dela
— Oi meus jovens! — Valentina disse feliz quando entraram na sala. — Que bom ver vocês!
— Bom te ver também! — Hermione abraçou a senhora.
— E você rapaz? Como vai? — O puxou e o abraçou também fazendo Hermione rir com a expressão que ele fez.
— Estou bem... — disse sem graça.
— Ele é um fofo, não é?! — perguntou fazendo ele ficar vermelho. As duas riram.
— Ele é um s*******o isso sim!
— Você quer que eu seja m*l-educado agora?
— Não vai ser m*l-educado com pessoas que não precisam da sua educação.
Valentina olhava de um para outro em silêncio.
— Isso não tem nada a ver.
— O que?
— O que acabou de dizer.
— Então fale com quem você quiser! Mas não venha reclamar se eu falar com Robert na rua! — Virou as costas e começou a andar para o novo quarto a ser pintado.
Draco foi atrás furioso.
— Não ouse falar com aquele i*****l!
— Quem vai me impedir? — perguntou debochada e virou o rosto pra trás.
— Não me provoca, Granger! Se falar com ele vai ver só! — Foram discutindo pelo corredor e nem perceberam que já estavam no quarto.
— Vou ver o que? Você acenando pra Marcele por trás de mim? Nas minhas costas?
— Merlin Hermione! Foi só um aceno de mão! Não entrei na recepção e a agarrei feito um louco! — falou alto.
— O que você está insinuando? — perguntou nervosa e chegou mais perto dele.
— Que não agarrei ela como você fez com aquele babaca!
Hermione deu um tapa forte no peito dele.
— Seu i****a! ... Mas ela vive dando em cima de você!
— AAh! E aquele cara não, né? É um santo! E o Weasley? Que merda foi aquela?
— Não mude de assunto, Malfoy! Estamos falando da v***a!
— Por quê? Não podemos falar de seu ex?
— O assunto aqui é outro, merda!
— Não importa! — gritou.
— Para de gritar comigo! — disse alto.
— Eu não estou gritando! — disse aos berros.
— Então precisa de um aparelho de surdez, Malfoy! Todo mundo deve estar ouvindo seus gritos!
— E você fala baixo, né? Só eu que grito aqui! — disse cínico.
Hermione colocou as mãos no rosto e respirou fundo. Eles ficaram em silêncio agora. Draco a olhava respirando ofegante. Hermione tirou as mãos do rosto e tentou passar por ele, mas o loiro não deixou e a puxou para um abraço apertado.
— Desculpa... — Fez carinho no cabelo dela.
Hermione apertou o braço dele. Ao ver que ela ia sair dali brigada com ele, sentiu um desespero repentino e a segurou como se nunca mais fosse vê-la na vida. Hermione respirava ofegante, tentava esconder que queria chorar.
— Eu preciso ir...
— Por favor, me desculpa. — A apertou mais.
— Me solta, Malfoy. — Estava a ponto de chorar e não queria que ele visse.
— Por favor, Hermione me desculpa. — Puxou o rosto dela de encontro ao dele e a beijou.
Hermione apertou os braços dele com força. O beijo foi desesperado, ambos sentiam medo de ficar brigados. Draco estava com as mãos no rosto de Hermione e conseguiu sentir as lágrimas descerem. Ele se afastou e limpou o rosto dela.
— Você sabe que eu só fiz aquilo porque estava bêbada... — disse chorando.
Draco a abraçou forte.
— Esqueça o que eu disse. — Beijou a cabeça dela.
Ficaram abraçados um tempo até que ela parou de chorar. Se separaram e se olharam nos olhos. Draco beijou a testa dela.
— Estou com medo...
— De que?
— Draco seu pai quer te matar!
— Ah é isso... — Suspirou. — Eu sempre soube que ele era obcecado por magia n***a, mas... Não tanto.
Hermione o abraçou de novo.
— Vai ficar tudo bem...
— Espero.
— Não quer me perder é? — perguntou sorrindo.
Hermione sorriu.
— Eu entendo. Perder alguém como eu não é fácil...
Ela revirou os olhos.
— Quanta modéstia... — Os dois riram. — Agora começa logo pra gente poder ir embora.
— Está com pressa, é? — perguntou sedutor.
— Estou, mas não é pro que você está pensando! — disse quando viu o sorriso safado no rosto dele. — Só acho que aqui estamos muito a vista. Ele pode aparecer aqui e...
— Tudo bem eu já entendi. E ele não vai fazer isso porque sabe que estão protegendo a casa. Lucius é mais esperto do que você pensa, Hermione. Acho que deve tentar algo quando menos esperarmos.
— Está me assustando...
— Não se preocupa, você não vai perder seu loiro gostosão.
— Você não existe! — Deu um selinho nele e se afastou indo pra sala do lugar.
Draco terminou três quartos nesse dia. Quanto mais fazia, mais rápido ele terminava. Hermione esteve ajudando os idosos com suas necessidades. E não deixou de ler para eles, é claro.
***
Marcele saiu para o seu almoço. Não comia na casa de repouso, pois os recursos não estavam em alta. Ela seguia para o restaurante ouvindo música em seu celular. Assim que passou perto de um beco sentiu um puxão em seu pulso e alguém segurando sua boca.
— Fica quieta!
— Que susto, droga! Poderia ter me chamado ao invés de fazer isso!
— Estão me procurando, garota. Não posso ficar dando mole por aí — disse frio.
— O que você quer agora?
— Ele está lá?
— Sim, os dois estão.
— E ele está mesmo envolvido com aquela... Menina?
— Sim, mas hoje eles estavam discutindo. Todo mundo ouviu os gritos deles.
— E por que discutiam?
— Por minha causa. — Riu. — Ela morre de ciúmes de mim.
O homem sorriu m*****o.
— Que bom saber disso. Quero que faça uma coisa...
— O que? E o que ganho com isso?
— Você já sabe o que vai ganhar...
A mulher sorriu.
— Quero que dê em cima do meu filho.
— Eu já estava fazendo isso, mas ele parece bem apaixonado por ela...
Lucius rosnou de raiva.
— Então invista mais! Faça ela acreditar que vocês estão tendo um caso!
— Mas...
— Se vire! Invente! Ele não pode ficar com essa sangue-r**m!
— Sangue—r**m?
— Eu já disse que explico tudo depois meu amor... — Segurou o rosto da garota com as mãos. — Mas lembre—se que só vai ganhar o que prometi quando me trouxer o Draco.
Hermione seguiu até o quarto em que Draco trabalhava, agora ele estava na janela olhando para fora. Pensava em tudo que estava acontecendo e começou a ficar com medo de continuar com Hermione e seu pai fazer alguma coisa com ela, mas ao mesmo tempo não queria ficar longe...
— Pensando em que? — O abraçou por trás. O loiro sorriu e virou de frente para ela.
— Em como as coisas são loucas... Há dias atrás podia te matar a qualquer momento.
Hermione ergueu uma sobrancelha.
— Mas agora...
— O que? — Se aproximou mais e beijou o pescoço dele.
— Agora não quero você longe de mim nunca — sussurrou bem perto dos lábios dela. Hermione sorriu e o beijou.
— Cof, cof.
Draco se separou de Hermione e respirou fundo. Da última vez que ouviu esse "cof, cof" não foi nada legal...
— Desculpe atrapalhar vocês, mas sempre que venho aqui estão trocando beijos. — Deu de ombros e fez Hermione rir.
— Tudo bem, Valentina.
— Mas isso é ótimo. Que bom que estão de bem.
Hermione olhou Draco, que desviou o olhar. Agora ele entendeu perfeitamente que todos ouviram a discussão deles.
— Precisa de ajuda?
— É o senhor Nico...
Draco resmungou e escondeu o rosto nos cabelos de Hermione fazendo as duas rirem.
Mais uma vez reclamando internamente ele seguiu até o quarto daquele senhor e trocou a bendita frauda dele. Além de fazer isso, ainda tinha que aturar as grosserias do velho rabugento.
— Podemos ir embora agora? — perguntou com cara amarrada.
— Não ligue pra ele, Draco. Só está chateado por estar preso em uma cama. Como você se sentiria?
O loiro suspirou.
— Eu sei, mas é difícil!
— Eu sei, não é nada legal lidar com pessoas grosseiras e que só pensam em si, não é?
Draco ficou em silêncio e refletiu as coisas que ela disse.
— Está me comparando ao velho?
— Eu não disse isso, mas se você viu semelhança... — Deu um selinho nele e foi andando na frente. Draco a seguiu e a segurou pela cintura.
— Me desculpe por tudo que te falei e fiz até hoje...
Hermione virou para trás e o olhou surpresa.
— Está tudo bem...
— Não sabia o quão chato e irritante isso era.
— O importante é que você reconhece que não era legal.
— É... Você me desculpa?
Hermione se aproximou dele e ficou na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido.
— Eu acho que precisa de um castigo por ter sido um menino mal... — Mordeu a orelha dele.
Draco mordeu o lábio inferior. Ele não tirou o medo dela... Ele criou um monstro!
E se sentia bem em ter criado esse monstro!