Capítulo 17 - Pequenas desavenças

2305 Words
— O que? Ele quer me matar? — perguntou histérico. — Eu não sei se é bem assim, senhor Malfoy, mas quer tirar algo de você. — Filho da p**a — resmungou baixo, mas todos ouviram. Os quatro estavam um do lado do outro. Hermione segurou firme a mão de Draco sem que os outros vissem. — Você me chamou aqui para me dar essa notícia maravilhosa? — perguntou cínico. — Na verdade foi para alertá-lo e dizer que deixarei sua varinha com o senhor. — Ótimo. — Mas.... Draco revirou os olhos, claro que tinha que ter um porém. — Você só vai usá-la para se defender. Estamos colocando um rastreador na varinha e se ele vier a te procurar, você pode usá-la contra ele. Assim que usar vamos chegar onde você está para poder pegarmos ele. Você entendeu? — Quando usar o feitiço de defesa vocês vão saber que é ele? — Se usar qualquer um vamos atrás. — Que maravilha! — disse cínico e sentiu a mão de Hermione acariciar a sua. Ele a olhou por um momento e viu em seus olhos o medo que ela estava sentindo. — Onde ele vai ficar? – Hermione perguntou ao homem. — Acredito que onde está agora é seguro. A menos, é claro, que você não queira. — Não tem como ele me achar lá? — Não, ele sabe sobre o local de trabalho, mas não a casa dela. — Mas tem como descobrir. Aliás, como descobriu sobre a casa de repouso? — Um sujeito daqui de dentro lhe deu a informação e contou também que quem estava com o senhor era a senhorita Granger, mas ela é cautelosa, ninguém aqui além dos amigos dela sabem seu endereço. Draco sorriu a olhando. É uma sabe tudo mesmo! — Então eu acredito que lá é seguro. — Ele não pode ficar na casa dela! — Rony disse alterado. — A casa é minha e quem decide sou eu! — Não comecem com isso! — Harry disse nervoso. — Rony o assunto aqui é sério! Pare com esses ciúmes bobos. Já chega! Rony encarou Harry com fúria e saiu da sala batendo a porta. — Inacreditável! — Hermione disse irritada e sentiu um apertão em sua mão. — Ai... — O que? — Harry perguntou. — Nada... — Esse cara que deu a informação, foi pego? — Draco perguntou tentando tirar aquela cena dos dois discutindo da cabeça. — Sim. Já foi para Azkaban. Só tem gente confiável lá agora para que ninguém fuja. — E tem como saber quem é confiável? — Harry que perguntou e fez o homem ficar surpreso. — É claro, senhor Potter. Só coloquei pessoas de minha confiança. Fora o reforço com os dementadores. — Entendi. — Mas enquanto ele não está preso eu vou parar de fazer os serviços? — perguntou esperançoso. — É claro que não. Draco ficou sério olhando o homem à sua frente. — Vou colocar uns homens vigiando o lugar. Você vai para lá e vai terminar os serviços. — Era o que eu queria... — respondeu sem vontade e Hermione deu uma risadinha. — Podem ir. — Entregou a varinha a Draco. — Não esqueça. Qualquer feitiço e vai estar rodeado. — Como esquecer? — perguntou cínico. — Vamos. — Hermione o empurrou para fora da sala. — Hermione... Ela virou para trás. — Oi. — Tome cuidado. De verdade. Se ele é capaz de matar o próprio filho, não imagino o que pode fazer com você. — Pode deixar, Harry. Vai ficar tudo bem. Os dois se abraçaram e Harry olhou Draco. Estava com cara amarrada olhando os dois. — Até... Draco acenou e Harry foi embora. — Quer parar de abraçar ele na minha frente? — Quer que eu abrace quando não estiver vendo? Draco a encarou com fúria. — Deixa de ser bobo! Agora vamos. — Segurou a mão dele e seguiu para a casa de repouso. Já tinham o lugar certo para aparecer sem assustar ninguém. — Bom dia! — a primeira coisa que escutaram quando entraram na recepção. — Se responder te capo! — disse por entre os dentes e fez Draco rir. Os dois passaram por ela e Draco acenou depois que passaram pela porta indo para o corredor. — Eu vi isso, Malfoy! Hoje você vai dormir no quarto ao lado! — Saiu de perto dele em passos fortes. — Mas... Que merda! — Foi atrás dela — Oi meus jovens! — Valentina disse feliz quando entraram na sala. — Que bom ver vocês! — Bom te ver também! — Hermione abraçou a senhora. — E você rapaz? Como vai? — O puxou e o abraçou também fazendo Hermione rir com a expressão que ele fez. — Estou bem... — disse sem graça. — Ele é um fofo, não é?! — perguntou fazendo ele ficar vermelho. As duas riram. — Ele é um s*******o isso sim! — Você quer que eu seja m*l-educado agora? — Não vai ser m*l-educado com pessoas que não precisam da sua educação. Valentina olhava de um para outro em silêncio. — Isso não tem nada a ver. — O que? — O que acabou de dizer. — Então fale com quem você quiser! Mas não venha reclamar se eu falar com Robert na rua! — Virou as costas e começou a andar para o novo quarto a ser pintado. Draco foi atrás furioso. — Não ouse falar com aquele i*****l! — Quem vai me impedir? — perguntou debochada e virou o rosto pra trás. — Não me provoca, Granger! Se falar com ele vai ver só! — Foram discutindo pelo corredor e nem perceberam que já estavam no quarto. — Vou ver o que? Você acenando pra Marcele por trás de mim? Nas minhas costas? — Merlin Hermione! Foi só um aceno de mão! Não entrei na recepção e a agarrei feito um louco! — falou alto. — O que você está insinuando? — perguntou nervosa e chegou mais perto dele. — Que não agarrei ela como você fez com aquele babaca! Hermione deu um tapa forte no peito dele. — Seu i****a! ... Mas ela vive dando em cima de você! — AAh! E aquele cara não, né? É um santo! E o Weasley? Que merda foi aquela? — Não mude de assunto, Malfoy! Estamos falando da v***a! — Por quê? Não podemos falar de seu ex? — O assunto aqui é outro, merda! — Não importa! — gritou. — Para de gritar comigo! — disse alto. — Eu não estou gritando! — disse aos berros. — Então precisa de um aparelho de surdez, Malfoy! Todo mundo deve estar ouvindo seus gritos! — E você fala baixo, né? Só eu que grito aqui! — disse cínico. Hermione colocou as mãos no rosto e respirou fundo. Eles ficaram em silêncio agora. Draco a olhava respirando ofegante. Hermione tirou as mãos do rosto e tentou passar por ele, mas o loiro não deixou e a puxou para um abraço apertado. — Desculpa... — Fez carinho no cabelo dela. Hermione apertou o braço dele. Ao ver que ela ia sair dali brigada com ele, sentiu um desespero repentino e a segurou como se nunca mais fosse vê-la na vida. Hermione respirava ofegante, tentava esconder que queria chorar. — Eu preciso ir... — Por favor, me desculpa. — A apertou mais. — Me solta, Malfoy. — Estava a ponto de chorar e não queria que ele visse. — Por favor, Hermione me desculpa. — Puxou o rosto dela de encontro ao dele e a beijou. Hermione apertou os braços dele com força. O beijo foi desesperado, ambos sentiam medo de ficar brigados. Draco estava com as mãos no rosto de Hermione e conseguiu sentir as lágrimas descerem. Ele se afastou e limpou o rosto dela. — Você sabe que eu só fiz aquilo porque estava bêbada... — disse chorando. Draco a abraçou forte. — Esqueça o que eu disse. — Beijou a cabeça dela. Ficaram abraçados um tempo até que ela parou de chorar. Se separaram e se olharam nos olhos. Draco beijou a testa dela. — Estou com medo... — De que? — Draco seu pai quer te matar! — Ah é isso... — Suspirou. — Eu sempre soube que ele era obcecado por magia n***a, mas... Não tanto. Hermione o abraçou de novo. — Vai ficar tudo bem... — Espero. — Não quer me perder é? — perguntou sorrindo. Hermione sorriu. — Eu entendo. Perder alguém como eu não é fácil... Ela revirou os olhos. — Quanta modéstia... — Os dois riram. — Agora começa logo pra gente poder ir embora. — Está com pressa, é? — perguntou sedutor. — Estou, mas não é pro que você está pensando! — disse quando viu o sorriso safado no rosto dele. — Só acho que aqui estamos muito a vista. Ele pode aparecer aqui e... — Tudo bem eu já entendi. E ele não vai fazer isso porque sabe que estão protegendo a casa. Lucius é mais esperto do que você pensa, Hermione. Acho que deve tentar algo quando menos esperarmos. — Está me assustando... — Não se preocupa, você não vai perder seu loiro gostosão. — Você não existe! — Deu um selinho nele e se afastou indo pra sala do lugar. Draco terminou três quartos nesse dia. Quanto mais fazia, mais rápido ele terminava. Hermione esteve ajudando os idosos com suas necessidades. E não deixou de ler para eles, é claro. *** Marcele saiu para o seu almoço. Não comia na casa de repouso, pois os recursos não estavam em alta. Ela seguia para o restaurante ouvindo música em seu celular. Assim que passou perto de um beco sentiu um puxão em seu pulso e alguém segurando sua boca. — Fica quieta! — Que susto, droga! Poderia ter me chamado ao invés de fazer isso! — Estão me procurando, garota. Não posso ficar dando mole por aí — disse frio. — O que você quer agora? — Ele está lá? — Sim, os dois estão. — E ele está mesmo envolvido com aquela... Menina? — Sim, mas hoje eles estavam discutindo. Todo mundo ouviu os gritos deles. — E por que discutiam? — Por minha causa. — Riu. — Ela morre de ciúmes de mim. O homem sorriu m*****o. — Que bom saber disso. Quero que faça uma coisa... — O que? E o que ganho com isso? — Você já sabe o que vai ganhar... A mulher sorriu. — Quero que dê em cima do meu filho. — Eu já estava fazendo isso, mas ele parece bem apaixonado por ela... Lucius rosnou de raiva. — Então invista mais! Faça ela acreditar que vocês estão tendo um caso! — Mas... — Se vire! Invente! Ele não pode ficar com essa sangue-r**m! — Sangue—r**m? — Eu já disse que explico tudo depois meu amor... — Segurou o rosto da garota com as mãos. — Mas lembre—se que só vai ganhar o que prometi quando me trouxer o Draco. Hermione seguiu até o quarto em que Draco trabalhava, agora ele estava na janela olhando para fora. Pensava em tudo que estava acontecendo e começou a ficar com medo de continuar com Hermione e seu pai fazer alguma coisa com ela, mas ao mesmo tempo não queria ficar longe... — Pensando em que? — O abraçou por trás. O loiro sorriu e virou de frente para ela. — Em como as coisas são loucas... Há dias atrás podia te matar a qualquer momento. Hermione ergueu uma sobrancelha. — Mas agora... — O que? — Se aproximou mais e beijou o pescoço dele. — Agora não quero você longe de mim nunca — sussurrou bem perto dos lábios dela. Hermione sorriu e o beijou. — Cof, cof. Draco se separou de Hermione e respirou fundo. Da última vez que ouviu esse "cof, cof" não foi nada legal... — Desculpe atrapalhar vocês, mas sempre que venho aqui estão trocando beijos. — Deu de ombros e fez Hermione rir. — Tudo bem, Valentina. — Mas isso é ótimo. Que bom que estão de bem. Hermione olhou Draco, que desviou o olhar. Agora ele entendeu perfeitamente que todos ouviram a discussão deles. — Precisa de ajuda? — É o senhor Nico... Draco resmungou e escondeu o rosto nos cabelos de Hermione fazendo as duas rirem. Mais uma vez reclamando internamente ele seguiu até o quarto daquele senhor e trocou a bendita frauda dele. Além de fazer isso, ainda tinha que aturar as grosserias do velho rabugento. — Podemos ir embora agora? — perguntou com cara amarrada. — Não ligue pra ele, Draco. Só está chateado por estar preso em uma cama. Como você se sentiria? O loiro suspirou. — Eu sei, mas é difícil! — Eu sei, não é nada legal lidar com pessoas grosseiras e que só pensam em si, não é? Draco ficou em silêncio e refletiu as coisas que ela disse. — Está me comparando ao velho? — Eu não disse isso, mas se você viu semelhança... — Deu um selinho nele e foi andando na frente. Draco a seguiu e a segurou pela cintura. — Me desculpe por tudo que te falei e fiz até hoje... Hermione virou para trás e o olhou surpresa. — Está tudo bem... — Não sabia o quão chato e irritante isso era. — O importante é que você reconhece que não era legal. — É... Você me desculpa? Hermione se aproximou dele e ficou na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido. — Eu acho que precisa de um castigo por ter sido um menino mal... — Mordeu a orelha dele. Draco mordeu o lábio inferior. Ele não tirou o medo dela... Ele criou um monstro! E se sentia bem em ter criado esse monstro!
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