Giulia
E então o outro dia chegou.
Estou diminuindo toda a parte que eu fiquei ansiosa a noite inteira pelo encontro que aconteceria ao amanhecer.
Eu me arrumei, coloquei o meu hábito e fiquei esperando-o perto do altar, eles iriam deixar o cara entrar em se anunciar, era o poder do sobrenome.
Eu ouvi os passos atrás de mim, eu sabia que era ele, mas não o identifiquei pelos passos, eu identifiquei pelo perfume que invadiu todo o lugar.
Eu me virei para ele e o vi andando lentamente, o sorriso que ele estampava no rosto era tão lindo que me causava arrepios por todo o meu corpo.
- Olá... Giulia certo? – disse ele se aproximando mais.
- Certo – eu estendi a mão – Sr. Dante, certo?
- Não precisa me chamar de senhor, apenas Dante basta! – ele disse ainda sorrindo – e então, pode me levar para ver as dependências do lugar?
- Me diga Dante, não me faça perder tempo, qual é o seu propósito? – eu disse ríspida, planejei aquela conversa na minha cabeça a noite inteira.
- Como assim? – disse Dante surpreso.
- Você doou dinheiro, mesmo depois do nosso desentendimento. E hoje está aqui, querendo visitar as alas da paróquia, por que exatamente? – eu pensei muito sobre isso durante a madrugada, o que aquele homem estava armando?
- Eu me senti muito m*l pelo que aconteceu. Eu não agi da forma correta com você, eu sei disso. E quero aproveitar para te pedir desculpas! – Ele não parecia sincero, tudo o que ele falava soava um pouco cínico para mim, mas ainda assim eu pensei em dar uma chance.
O que eu tinha a perder afinal?
- Tudo bem, eu aceito suas desculpas – os olhos dele penetravam no meu, eu nunca senti aquela sensação esquisita e inquietante dentro de mim, ele fazia com que as sensações se misturassem.
Era confuso e maravilhoso, eu tinha que admitir.
Eu gostava de me sentir desafiada de algum modo, eu gostava de sentir que eu tinha algum estímulo, mesmo que para a briga.
A minha vida andava monótona demais.
- Vamos então... – eu disse evitando encarar Dante mais do que era necessário.
- Vamos! – disse ele olhando firme nos meus olhos.
Era inevitável.
Andamos pelo corredor sem ao menos nos olhar muito nos olhos, era nítido que ele queria falar alguma coisa.
Será que era sobre a minha aparência? Ele queria fazer alguma crítica as pessoas que estavam ali?
Enquanto íamos nos aproximando do quarto onde estava minha mãe eu ia ficando cada vez mais nervosa.
Eu tentei desviar do quarto algumas vezes, mas ele continuava andando e encarando o meu rosto com o mesmo ar do “que horas eu vou poder falar?" Estampado naquele rosto... Lindo.
- E então, podemos voltar! - eu disse tentando me livrar o mais rápido possível daquela situação.
- Podemos sim, claro, mas antes quero ver o que tem no último quarto! - ele disse me desafiando.
- Não tem necessidade! - falei incisiva para ele.
- Sua mãe está ali certo? - ele disse me quebrando ao meio com o modo como perguntou, parecia realmente preocupado com alguma coisa além do próprio umbigo.
- Está - eu disse com a voz um pouco mais embargada que o normal.
- Sabe... Giulia... - ele começou com um tom de cachorro sem dono, boa coisa não deveria ser.
Eu fiquei imaginando a quantidade de coisas infames esse cara poderia falar para mim que fossem me obrigar a acabar com a raça dele ali mesmo.
- Não vamos falar sobre isso, é um assunto que me machuca muito mesmo Dante - eu implorei pela última vez.
Dante não parecia nada interessado no fato de eu estar chateada, pelo contrário, ele queria me ferir.
Pelo menos essa era a impressão que ele me passava sempre que possível, não sei se era alguma coisa que eu deveria reagir, como uma sobrevivente eu realmente não queria reagir a nada.
- Tudo bem Giulia, eu não vou falar nada i****a sobre isso... Era só uma preocupação mesmo! - ele disse com os olhos marejados, se era verdadeiros ou não aqueles sentimento era conversa para um pouco mais tarde.
Quando ele se aproximou mais de mim eu conseguia sentir ainda mais forte o seu perfume, os meus sentimentos estavam confusos dentro do meu coração e a forma como ele olhava para mim me deixava em conflito.
- Tudo bem Giulia? – disse ele colocando a mão quente no meu rosto
- Para dizer a verdade, eu não sei mais o quanto eu aguento! – eu deixei escapar algo que estava dentro do meu coração pulsando.
- O que você não aguenta? – disse ele olhando em meus olhos.
- Eu não aguento mais... Deixa, eu não quero ficar falando sobre coisas que me incomodam, eu vou dar um jeito! – eu desviei o meu olhar, mas Dante tinha uma ideia diferente, então puxou o meu rosto e voltou a olhar nos meus olhos.
- Me diz... Não está dando para cuidar dela do jeito certo? – ele disse parecendo ainda mais interessado.
- Eu vim parar aqui só por isso, mas agora... Parece que não estou conseguindo dar um jeito, o padre some do nada ficamos na mão de uma freira maluca, eu m*l consigo dar atenção a minha mãe.
- Eu poderia mudar isso para você... você sabe disso, não é?
- Como você poderia mudar? – eu disse olhando diretamente para ele.
- Eu tenho uma proposta para você, vai parecer uma loucura, mas vai favorecer nós dois!
- Qual proposta? – eu disse confusa.
- Você... Você poderia se casar comigo, o que acha?
Eu nem sei o porquê aquela estupidez me atingiu em cheio, meu coração acelerou como se fosse algo sério mesmo, e não uma piada sem graça.
- Sério? Essa é a sua grande piada do dia Dante?
- Eu não estou brincando! Eu preciso me casar para ter acesso ao meu lugar de direito, você precisa de dinheiro para cuidar melhor da sua mãe! Esse não é um arranjo perfeito?
- Você só pode estar de s*******m Dante, não tem graça... Para!
Ele segurou o meu braço e ficou me olhando por um tempo, quanto mais eu olhava nos olhos dele mais eu percebia que ele estava derretendo o meu coração de gelo.
- Dante... Realmente não tem a mínima graça! – minha voz foi ficando fraca e à medida que ele respirava perto de mim o meu coração chegava a disparar.
- Eu sei que parece a maior das loucuras, mas eu não estou brincando Giulia, eu acho que o nosso acordo pode dar certo! Você não vai precisar ficar enfiada aqui dentro desse convento, sua mãe pode ter o apoio necessário para se curar e eu consigo o que eu quero... Uma esposa bonita para levar a jantares e exibir na alta roda. O que você acha?
- Essa proposta é tão indecente que não tenho nem como considerar Dante!
- Você deveria! Tem quarenta e oito horas para decidir se quer ou não ser uma Salvatore. Status, poder e dinheiro são só o começo do que eu tenho para te oferecer, acho que no seu caso, só de poder ter liberdade e cuidar de sua mãe da forma correta já é uma forma de você conseguir dormir em paz a noite, eu estou fornecendo o bote!
- Você está mesmo falando sério? Você não está brincando Dante?
- p***a Giulia, eu pareço estar brincando?