Giulia
Eu fiquei tão irritada com o tal Dante, o cara era um completo i*****l e eu sabia disso. Dona Isabella fez questão de dizer isso inúmeras vezes durante o passeio na ala dos pacientes!
Eu me compadeci dele por dois segundos por conta das histórias que Lorenzo contava, mas com certeza ele não era digno da minha pena ou da minha atenção.
Eu abri o meu coração, precisava da doação... O remédio para os pacientes está acabando, o maldito padre que me convenceu a entrar nessa furada foi dar uma passeada na Romênia e eu fiquei responsável da paróquia.
E lidar com duas patetas e um coroinha meio b***a não era bem a minha maneira preferida de passar o tempo.
- E então, conseguiu o que precisávamos com aquele ricaço? – disse Marceli com um sorriso divertido nos lábios.
- Você não deveria estar orando ou sei lá o que? – eu disse sorrindo de volta para ela.
- Sabe que eu não oro.
A história de Marceli era um pouco mais complicada que a minha, porém, certamente, muito mais divertida.
Ela foi obrigada a ir para o convento, uma pessoa impossível vivendo com uma beata religiosa que tinha sobre ela o poder da maternidade, o que poderia vir de bom nisso?
- Eu não sei o motivo pelo qual sua mãe não colocou você em um curso... Por que o convento? Você nem acredita em Deus! – eu debochei.
- Padre Pipo é muito amigo da minha mãe, convenceu ela a me colocar nessa prisão! Você acredita mesmo em Deus Giu? – disse ela me ajudando a colocar um pano sobre a mesa da sala principal
- Eu acredito na medida do possível, se ele existir eu não acho que ele seja muito o meu fã! – eu ri para ela que riu de volta para mim.
Nós duas tínhamos uma certa conexão, eu não estava ali porque era uma mulher a serviço de Deus, essa foi uma sugestão do padre para me ajudar, um serviço trocado pelo outro.
Nunca entendi a obsessão de Padre Pipo, ajuda em troca de uma promessa hipócrita de servidão.
Para qualquer coisa que precisássemos a solução sempre era essa.
Sua filha apresentou um mau comportamento e está dando para o filho da vizinha? A transforme em uma noviça.
Sua mãe está com câncer? Se transforme em uma noviça.
Eu duvido que o Vaticano esteja de posse dessas informações.
- Será que a Mary já está com a cara de merda dela para o chá das senhoras? – disse Marceli me tirando dos meus pensamentos.
- Vamos conferir, aposto que vou levar uma bronca por ter xingado o filho da madame.
- Ele era tão lindo que eu nem sei o porquê você brigou com ele, é até pecado! – Disse Marceli.
- Não adianta muito ser um modelo de beleza se a pessoa é horrível! Ele é horrível, tinha de ver a forma como ele me olhou, eu me senti a pior pessoa do mundo!
Abri a porta da sala da reunião e lá estava irmã Mary preparada para acabar com o meu pequeno vislumbre de felicidade com minha amiga.
- E então Irmã Mary, fala logo o que está engasgado! – eu disse para acabar logo com aquilo.
- Do que você está falando Giulia? – disse ela parecendo realmente surpresa.
- O filho da madam...O filho da Sra. Isabella, ele não ligou para reclamar de algo?
- Na verdade não, ele doou o dobro do que precisávamos para manter os tratamentos. E ligou agora a pouco dizendo que passará aqui amanhã e quer que você mostre a ele o andamento das alas de tratamento! – disse ela entusiasmada com a situação toda.
- Ele... como assim? – aquilo me pegou de assalto, eu não esperava que aquele canalha mimado fosse entender a importância dos tratamentos operados aqui.
Eu só esperava que ele fosse ignorar. A vida dos ricos era fácil, fico imaginando quantas gerações estão sem trabalhar nessa família.
- Ele vem amanhã cedo, esteja pronta e com as coisas arrumadas, assim vamos garantir as doações da família dele por mais tempo. Deus sabe como Dona Isabella já sofreu com Dante.
- Você o conhece Mary? – falei cheia de curiosidade.
Talvez, saber do passado do meu oponente fosse me ajudar a farpá-lo do jeito certo quando chegasse a hora.
- Eu o conheço desde bebê, quando Isabella vinha orar por ele aqui... ele sempre foi... difícil.
- Como assim difícil? – eu não podia mostrar tanto interesse, se Mary percebesse que eu estava querendo uma fofoca completa ela não me contaria. Consideraria essa uma ofensa a Deus dentro da casa dele.
Ia ser f**a.
- Dante sempre teve uma personalidade avessa a Leona ou a Lorenzo. Isabella vinha aqui sempre interceder pela alma dele, sempre achou que o filho estava... – ela engoliu a saliva com dificuldade, então eu concluí ali que a fofoca ia ser boa a brutal – possuído pelo d***o.
Eu dei uma gargalhada – Uma criança possuída pelo d***o? Será que ela não poderia ter considerado o mau gênio ou o fato de que devem ter dado tudo de mão beijada para esse mimado? – as palavras saíram como facas.
Quando se vinha de uma criação difícil você sabe que a vida não era uma fábrica de realização de sonhos, era f**a lidar com a frustração de ser uma criança pobre.
Por isso, quando eu via um rico mimado maltratando a mãe e todas as pessoas em volta: Isso me subia o sangue.
Era insuportável lidar com um mimado.
E para mim, Dante Salvatore não tinha nenhum problema na vida para justificar ser um i****a em tempo integral.
- Não diga isso Giulia – disse Mary indignada com minha reação – você não sabe o que foi a vida desse menino.
E simplesmente ela parou de falar, e eu não ia insistir, eu tinha certeza de que ela não me diria mais nada.
Fiquei me perguntando o motivo pelo qual Lorenzo nunca me contou nada sobre o irmão. A única informação era que ele era difícil e nada mais.
Bom, de qualquer forma eu vou ter que arrancar a informação direto da fonte.