Samira estava encolhida no canto da sala, ela desejava que o professor não a nota-se ali, a sua amiga a olhava e ria da sua cara de desespero.
Quando a aula termina ela suspira aliviada.
_ O que ouve que você se atrasou? - pergunta Bia assim que deixam a sala.
Samira abre a boca para contar, mas pensa melhor, não queria que as pessoas pensassem m*l dela por Marco ter dormido na sua casa.
_ O meu despertador falhou. - diz tristonha.
_ Isso acontece amiga, não fica triste. - diz passando os braços sobre os ombros de Samira,
_ Ainda bem que o professor não me viu.
_ Uma vez que você se atrase eles não vão pegar no seu pé. - Bia olhava para Samira achando graça da sua preocupação.
_ Você pode estar certa, mas prefiro não arriscar. - diz ela. - E o seu estágio deu certo?
_ Deu, começo na próxima semana, - diz animada. - Estou torcendo para se tornar definitivo.
_ Tomara que seja mesmo, vou entregar alguns formulários essa semana.
_ Sabe que não precisa disso, ou se esqueceu do bonitão que te ofereceu uma vaga na empresa dele? - pergunta Bia com a sobrancelha arqueada.
_ Ele é legal, mas não queria abusar da nossa amizade.
_ Ele ofereceu-se Samira, aceite ajuda dos outros ao menos uma vez na vida. - Samira sabia que Bia estava certa, ela tinha se acostumado a se virar sozinha, mas naquele momento seria bem mais fácil se ela apenas aceitasse a oferta de Carlos.
_ Vou pensar nisso, mas agora preciso ir ou vou me atrasar para meu turno no restaurante. - diz ela já correndo.
_ Toma cuidado! - grita Bia a ela.
Samira corre pelas ruas da cidade, por sorte o restaurante não ficava muito longe da sua faculdade, então ela chegaria a tempo para o trabalho, afinal ainda precisava pagar o seu aluguel, e já tinha algum tempo que Samira não mandava dinheiro para sua tia, então teria que pegar alguns turnos extra para a ajudar.
Assim que chega ela guarda as suas coisas e se troca rapidamente para começar o seu turno, ela gostava de trabalhar ali as gorjetas eram boas e sempre lhe rendia algo bom no final do mês, sem contar a alimentação que ela não precisava pagar já que o restaurante fornecia aos funcionários.
Samira começa a anotar os pedidos das mesas e a levar os pedidos, o dia estava agitado o que era bom para passar as horas de trabalho.
_ Ora só o que temos aqui. - a nuca de Samira se arrepia com o som daquela voz, um tanto relutante ela se vira para encarar a mulher a sua frente.
_ É bom vela senhorita Diana. - diz Samira de forma polida. - Posso ajudá-la com algo?
_ Então quer dizer que a noiva do poderoso Marco Bernardi não passa de uma garçonete barata. - diz ela rindo de Samira.
_ É um trabalho honesto com qualquer outro, senhorita. - responde Samira com educação.
_ Como ousa responder para mim! Serviçal! - Diana cospe as palavras na cara de Samira como se fossem o pior insulto que existia, mas aquilo não a atingia, afinal sempre tinha trabalhado e não se achava inferior por servir os outros.
_ Se não precisa de nada eu vou me retirar senhorita. - diz Samira se preparando para sair.
_ Espere! Anote os nossos pedidos. - diz ela com um sorriso c***l no rosto.
_ Claro senhorita, o que deseja?
_ Quero o vinho da casa e a sopa especial do chefe. - diz ela fechando o cardápio.
_ Vou providenciar. - diz Samira se afastando.
O dia de Samira tinha acabado de piorar, Diana a odiava, Samira via isso nos seus olhos, mas ela não fugiria do seu trabalho pelo contrário mostraria a Diana que ela não era uma qualquer como ela pensava.
_ Aqui está senhorita. - diz Samira colocando um prato de sopa e a taça de vinho na frente de Diana.
_ Nossa! Mas esse vinho está horrível, sua incompetente. - diz Diana jogando o conteúdo da taça no rosto de Samira.
A vontade de Samira era de dar uns tapas em Diana, mas ela não podia ali era seu local de trabalho, então ela apenas segura a sua raiva.
_ Está tudo bem aqui? - pergunta o gerente vendo aquela comoção.
_ A sua funcionária incompetente trouxe-me um vinho horrível, não foi o que pedi. - esbraveja Diana.
_ Foi exatamente o que pediu senhorita. - responde Samira com dentes trincados.
_ Não se preocupe senhorita vou trazer outro e por conta da casa. - diz o gerente a Diana, ele gostava de Samira e sabia que Diana estava apenas causando problemas, mas não podia se dar ao luxo de destratar alguém da alta sociedade.
_ Não quero outro vinho, quero que a mande embora por ser tão inútil!
_ Mas senhorita, podemos resolver isso de outra forma. - diz o gerente de forma tranquila tentando acalmar a situação.
_ Não quero resolver de outra forma, se não mandar ela embora eu vou fazer questão de espalhar por aí que esse restaurante não trata os seus clientes vips como se deve. - diz ela o fulminando com o olhar.
_ Me desculpe Samira. - diz o gerente a olhando com tristeza.
E ali estava, a diferença entre quem tinha muito e quem não tinha nada, aquele abismo sempre haveria no mundo de Samira, antes ela não se importava, mas naquele momento desejou que fosse diferente, talvez Diana tivesse razão sobre Marco estar com ela, ela não tinha nada a oferecer para ele, então por que se prender a uma ninguém como ela? Samira não sabia a resposta.
_ Não peça desculpas senhor, sempre foi muito bom comigo, e agradeço pela oportunidade. - diz ela com um sorriso triste nos lábios.
_ Não esqueça de levar essa droga de sopa! - diz Diana, quando Samira se vira ela sente o líquido quente se derramar sobre o seu braça a queimando.
As pessoas olhavam chocados o que Diana havia feito, Samira segurava o seu braço enquanto os seus olhos ardiam pela dor, ela mordia os lábios para conter a sua agonia.
_ Como você se atreve! - todos congelam quando aquela voz soa em alto e bom tom dentro do restaurante, Diana encarava o homem a sua frente pálida de pavor.