Cuidado

1602 Words
Sorya Burke O homem parado na entrada da minha casa apesar de incrivelmente bonito, tinha uma aparência assustadora, com todo aquele sangue escorrendo do seu ombro na camisa e a expressão de dor no rosto. Ele era alto e musculoso, com cabelos escuros desgrenhados, maxilar angular e uma barba por fazer rala. Os olhos dele eram de um azul intenso, quase hipnóticos, e o seu rosto estava coberto de suor e sujeira. A camisa branca que ele usava estava rasgada e manchada de sangue em outros pontos, e ele segurava o ombro ferido com uma das mãos. Mas ainda assim ele era incrivelmente lindo. Por um momento, ficamos apenas nos olhando. Minha mente corria em mil direções diferentes, tentando entender o que estava acontecendo. Quem era esse homem? Como ele havia se machucado? E por que estava na minha casa? Como ele entrou na minha casa? Eu poderia gritar ou correr, mas a verdade é que não sabia o que fazer. — O que aconteceu com você? — Perguntei, tentando manter a minha voz firme. Ele me encarou por um tempo, mas não respondeu. Eu engoli em seco sentindo coração batendo forte no meu peito. — Se você não falar eu não vou te ajudar. Ele permaneceu em silêncio respirando pesado enquanto o sangue escorria lentamente pelo ombro pingando no carpete da entrada. Eu suspirei pesadamente, —Tudo bem! Você não vai me falar? Vou chamar a polícia então. Eu estava prestes a ligar para a polícia quando ele abriu finalmente a boca. — Não. — Ele respondeu sério e rouco. — Sente no sofá e fique quieta. — Você só pode estar louco.— Eu ri e me virei para o telefone. Nem uma arma ele tinha e ferido uma dois socos eu o derrubaria facilmente. — Acho que você não entendeu, docinho. Nós vamos sentar no sofá, eu vou me sentar ao seu lado e você não vai gritar nem falar nada, apenas assistir o restante do filme. Se a polícia aparecer você vai agir normalmente. Entendeu? Ele só poderia ser um doido varrido se estivesse pensando que eu não o entregaria à polícia depois dele me ameaçar tão explicitamente. Nem uma arma ele tinha. Patético. Eu o encarei incrédula, erguendo uma sobrancelha sentindo o meu sorriso se abrindo no meu rosto, peguei o telefone e coloquei no ouvido. No entanto, antes que eu pudesse discar o número, ele estendeu a mão em minha direção e agarrou meu braço. Seu toque gélido me causou um arrepio na coluna. Eu encarei o lugar onde ele segurava, — Por favor, não! — Ele sussurrou, — Eu... eu não posso explicar tudo agora, mas se você chamar a polícia, isso só vai piorar as coisas para nós dois. Acredite em mim. Eu cerrei os olhos para ele e então ele cambaleou e tossiu sangue, espirrando um pouco no meu pijama. Eu estava sozinha em casa, com um estranho ferido e possivelmente perigoso que acabou de me ameaçar. Eu engoli seco antes de falar. — Droga! Você tem que me dar alguma coisa. Qualquer coisa! — eu insisti, cruzando os braços e tentando parecer mais corajosa do que realmente me sentia. — Quem é você e como entrou na minha casa? Ele respirou fundo, fechando os olhos por um momento antes de responder. — Meu nome é Ronan. Ronan O'Connor. Fui emboscado por alguns homens que querem me matar. Consegui escapar e vi sua casa... a porta estava destrancada. — ele riu fraco e me encarou com os dentes cheios de sangue, — Sério, você deveria tomar mais cuidado. Eu revirei os olhos para ele. Que cara petulante. — É zombando de mim que você espera conseguir minha ajuda? — eu falei impaciente. Ele parou de rir e limpou a garganta um pouco, — Desculpe. É uma droga eu ter que precisar de ajuda. Enfim… Entrei aqui em busca de a abrigo. Só preciso de um lugar para me esconder e tratar o ferimento. Eu fiquei encarando o estranho por um tempo. — Eu vou embora depois, prometo. — ele falou baixo. — Okay… Que merda! — eu respondi com um suspiro, me sentindo i****a por insistir em ter um bom coração — Certo, você pode sentar ali no sofá. Eu não sabia bem o que estava fazendo, mas algo nele me fez sentir que eu devia dar uma chance a ele. Sim, eu sei que eu posso estar abrigando um assassino em série no sofá da minha casa, okay? Eu sei o quão i****a isso soa e eu não quero dizer que isso é normal. Não é. Mas é como eu digo, siga minhas palavras e não façam o que eu faço. Enquanto ele se sentava, fui até o armário de remédios e peguei algumas ataduras, antisséptico e uma tesoura para cortar a camisa ensanguentada. Quando eu voltei, ele já tinha tirado a camisa, revelando o ferimento feio em seu ombro e um peito coberto de tatuagens que se alinhavam para o pescoço, costelas e as costas. O corte no braço era profundo. E tinha mais um na costela direita. Ele havia colocado uma pistola na minha mesa ao lado do sofá. Me agradeci mentalmente por ter um bom coração, caso contrário eu estaria em uma sala do IML amanhã. Meu Deus! Onde diabos esse cara estava andando? Eu me ajoelhei ao lado dele, tentando ignorar a proximidade e o calor que emanava de seu corpo ferido sob o meu. — Isso vai doer um pouco, — eu avisei antes de aplicar o antisséptico na ferida. Ele cerrou os dentes e gemeu baixo, mas não se queixou. Eu ri porque ele realmente deveria estar sentindo muita dor, mas ele estava tentando agir como um cara durão. Com cuidado, comecei a limpar a área ao redor da ferida na costela com um pano úmido e um pouco de antisséptico. Era um ferimento a faca. Ele fechou os olhos e grunhiu de dor, os músculos de seu braço se contraindo sob meus dedos. — Aí… — ele grunhiu me fazendo apertar os lábios. — Desculpe, tenho que limpar direito para não ficar infectado. — Eu falei baixo. Os olhos dele me observaram o tempo todo, como se ele estivesse tentando ler meus pensamentos. Eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas com a forma que ele me olhava. Não sei o que no jeito que ele me olhava, mas havia algo que fazia com que o calor soubesse sobre o meu pescoço. Meu cabelo pendeu para frente roçando de leve nele, ele ergueu a mão, brincando com a mecha entre os dedos e empurrou para o lado me fazendo erguer os olhos para ele. Fiquei alguns segundos encarando-o em silêncio. Aquele cabelo escuro, mandíbula angular e o nariz reto dava a ele um ar jovial e poderoso, mas julgando por todas as tatuagens no peito dele cuja tinta está fresca eu tenho a sensação de que ele deve ter mais ou menos a minha idade. Nós continuamos nos encarando durante um longo tempo. — Por que você está me ajudando, pequena? — ele perguntou de repente, quebrando o silêncio. — Eu... Eu não sei. — eu respondi honestamente. — Talvez, porque você parece realmente precisar de ajuda. — respondi de forma vaga. Embebendo o algodão em mais antisséptico, — E talvez, porque você não tentou me machucar, apesar da sua ameaça inicial. Ele assentiu, mas não disse mais nada. Terminando de limpar a ferida, comecei a enfaixá-la com cuidado. Limpei também um pouco do rosto dele e o lábio tinha um pequeno r***o, provavelmente fruto de um soco. Ele se concentrou em mim novamente. — Você está tão concentrada. — ele falou chamando minha atenção, — É fofo como você morde o lábio. Eu nem percebi que estava morrendo o lábio para ser bem sincera. E o comentário dele me desconcertou. — Vou buscar uma camisa para você. — eu falei me levantando, ele agarrou minha mão abruptamente me fazendo girar para encará-lo. — Obrigado. — ele falou sem desviar o olhar, — Por fazer isso. Ele tossiu e se mexeu, gemendo em seguida por causa da dor. — Não se mexa, eu já volto. Eu juntei as coisas sujas de sangue e levei em direção a lavanderia pegando uma das camisas de Brian e uma calça jeans que provavelmente era de Liam. Sei que não poderiam ser o estilo dele, mas é o que eu tenho para oferecer. Dei as peças para ele e me virei para que ele pudesse se vestir. Fiquei de costas enquanto ele grunhiu algumas vezes com dor me segurando para não virar e ajudá-lo. — Eu prometo, vou embora assim que puder me mover melhor. Não quero causar mais problemas para você. — Ele sentou de volta no sofá e eu dei uma manta para ele. — Sente-se. — ele pediu dando um tapinha no canto vago ao lado dele. Okay, as coisas estavam começando a parecer estranhas. — As sirenes — Ronan murmurou, o tom tenso e pesado — Você disse que não ia chamar a polícia. — E eu não chamei. — eu afirmei. Olhei para ele, vendo o desespero surgir em seus olhos bonitos. Algo em mim sabia que ele estava falando a verdade, que realmente estava fugindo de algo perigoso. Talvez fosse e******o, mas decidi confiar nele mais uma vez. — Fique calmo — eu disse, tentando soar mais confiante do que me sentia. — Se alguém bater à porta, eu vou dizer que está tudo bem. Só... finja e siga a minha deixa. Eu estava tentando soar calma. Mas as coisas estavam longe de ficar calmas.
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