Capítulo 6

1562 Words
Quase em choque, a vampira enruga a testa. ― Como é? ― responde estupefata. ― Acho que estava nos planos da sua mãe, torná-las vampiras. Ela trouxe o grupo que dizimou todo o vilarejo. Está bem aqui ― ergue o livro, mostrando a passagem que a mãe de Daina havia escrito. ― “Perdoai-me por meus pecados e por meus condenáveis atos. A traição da minha linhagem é totalmente abominável, contudo, necessito provar que sempre estive certa este tempo todo e que a minha ideia deve ser abraçada por cada bruxo. Mesmo que, para tal, eu tenha que sacrificar as minhas irmãs e o meu próprio sangue[...] hoje, convoquei um grupo de sanguessugas. Quebrei a p******o do vilarejo e os permiti nos encontrar. Eu preciso de sangue de vampiro para completar o ritual. Minhas filhas serão as cobaias. E, se eu estiver certa, será possível criar um vampiro-bruxo. Preciso testar em alguém antes de testar em mim[...] hoje, matei as minhas filhas. Envenenei o chá de ervas que dei para elas. Mas, não devo me preocupar, elas têm sangue de vampiro no organismo e em breve acordarão, e será necessário apenas o sangue de um humano para concluir o ritual. E, em breve, poderei me tornar uma bruxa imortal e que só precisará de sangue para sobreviver...” Daina estava chocada com tamanha revelação. Ela sabia que a sua mãe era baixa, mas não ao ponto de sacrificar um vilarejo inteiro para provar a merd* de uma teoria.  ― Você está dizendo que a minha mãe sacrificou um vilarejo inteiro, usou Aria e eu como cobaias, para provar a merd* de uma teoria de vampiro-bruxo? ― É o que está escrito aqui. A vampira solta um riso irônico, embasbacada. ― Eu não acredito que ela foi tão escrota assim! Ela deveria saber que só se pode ser vampiro ou bruxa. Não dá pra ser os dois! ― Na verdade... ― Parker engole a saliva, tenso. ― Na verdade o quê? ― É possível. Mas, para isso... É necessário sacrificar milhares de pessoas. Um vilarejo inteiro, talvez. ― Então, ela sacrificou todas aquelas pessoas à toa. Porque, nem eu e nem Aria somos bruxas. ― Talvez, ela tenha morrido antes de concluir o ritual, ou coisa do tipo. ― Não. Não pode ter sido isso. Eu demorei anos para matá-la. Que foi quando eu descobri que ela tinha ligado minha eternidade a da Aria, com o intuito de nos m***r de uma vez só. Parker desliza as páginas do livro. ― Deve ter mais coisas a respeito disso aqui. Eu posso encontrar sobre o feitiço que liga a eternidade de vocês. Mas eu preciso ler cada página deste livro. Daina abre um sorriso ladino. ― Acho que estou começando a gostar de você, bruxinho. Parker revira os olhos com a bajulação de Daina. A porta da frente é aberta, anunciando a chegada de Aria. Em um piscar de olhos, Daina se encontra com a irmã, abordando-a ao entrar em casa. ― O passeio foi legal, querida? A vampira diz sarcástica, visto que já estava anoitecendo quando Aria chegou em casa. ― Sim. Aria diz breve, dando de ombros, em desdém, e passa por Daina, indo em direção à cozinha. ― E posso saber por onde você andou? ― a segue. ― Em uma escola. Pretendo voltar a estudar. Daina ri e escora-se no balcão da cozinha, observando a irmã mais nova pegar uma bolsa de sangue de dentro da geladeira. ― Não sei qual é a sua de ter fetiche por colegiais. Eles são tão... Desinteressantes. Você devia ir à uma boate de strippers. Lá sim, é o paraíso ― diz maliciosa. “Desinteressantes”? Isto, porque ela não viu o que Aria tinha visto. E Aria sabia que Daina mudaria drasticamente de opinião quando descobrisse sobre Thobias. Mas, “se” descobrisse. Porque, por Aria, ela nunca descobriria. ― Não estou interessada nos garotos. Apenas não quero me sentir ultrapassada ― diz amarga e crava os seus dentes na bolsa de sangue, alimentando-se. Aria não mentiu. Ela realmente gostava de não se sentir ultrapassada. Gostava de absorver cada informação do tempo em que vivia. Mas, claramente, desta vez, ela tinha uma motivação especifica para querer voltar a um ambiente escolar. E a sua motivação era Thobias.   ― Tá, tanto faz ― Daina diz em um tom de desinteresse. ― Eu tenho outra coisa pra falar com você ― cruza os braços e encosta-se no balcão da cozinha, recebendo a atenção de Aria. ― Eu tenho uma notícia boa e outra r**m. A boa, é que finalmente podemos encontrar o feitiço que ligou a nossa eternidade. O livro da nossa mãe está enfeitiçado, então, apenas bruxos conseguem ler os textos. E, Parker fará isto. ― De nada, por impedir você de matá-lo ― diz com sarcasmo. Daina revira os olhos e continua. ― E a ruim... ― suspira. ― Dakota está sob os comandos de um vampiro. Ele tornou a cidade em seu estoque particular. E, eu não faço ideia de quantos outros vampiros podem existir aqui também. Surpresa, Daina arregala os olhos. ― E como você descobriu? Daina se lembra de todo o percurso que fez até chegar nesta conclusão, principalmente das duas crianças. ― Dois crianças me contaram Aria ri. ― E você, Daina Lancaster, acreditou em duas crianças? ― arqueou as sobrancelhas, em deboche. Daina enruga a testa, intrigada com a reação da sua irmã. ― Eu não sou um monstro, Aria! E por que eu não acreditaria nelas? Aria ergue as mãos, em redenção. ― Só gostaria de saber se elas continuam vivas ― diz em um ar cínico. ― Mas, enfim, o que isso importa? Por que ter outros vampiros na cidade seria r**m? ― Porque eles podem querer nos m***r! Não sabemos quem são ou quantos são. Fora que, eu tenho um péssimo histórico de inimigos. Não quero aumentar a minha lista. ― Deveria ter pensado nisso antes de sair matando qualquer vampiro que a confrontasse ― resmunga. ― Enfim, e o que sugere que façamos? ― Que demos o fora daqui. A gente leva o Parker, que é a peça principal, quebramos o feitiço e vivemos felizes para sempre! Você morre e eu continuo vivendo a minha satisfatória vida vampira! Daina sorri contente com a sua ideia, entretanto, Aria não parecia nem um pouco satisfeita. ― Acabamos de chegar e já vamos embora? O sorriso de Daina se desfaz ao ouvir a resposta da irmã. ― Ué, era você que não gostava da ideia de voltarmos para cá. E, de repente, mudou de ideia? ― arqueia a sobrancelha esquerda, confusa. Embaraçada, Aria tenta encontrar uma boa explicação para justificar a sua mudança de planos, porque, ela não queria citar que encontrou um cara exatamente idêntico a Gregory, e, muito menos, que ele era o motivo que a fez repensar em ficar em Dakota. ― Bem... Eu quero dar mais uma chance a esta cidade. Afinal, foi aqui onde nascemos, não foi? Sinto que... Podemos recomeçar. Daina estreita os olhos, tornando o seu olhar sombrio. Era impressão dela, ou havia alguma coisa estranha em Aria? ― O que você está escondendo, Ariana? A mandíbula de Aria treme, ela nunca foi uma boa mentirosa. Ela sabia que precisa pegar pesado com Daina para conseguir fugir daquele assunto. ― Eu? ― enrugou a testa, prestes a forjar uma discussão. ― Por que acha que estou escondendo algo de você? Já não basta todos estes anos infernais que eu vivi sob a sua sombra? Fazendo tudo o que você pedia? Eu cansei de fugir com você! Cansei de ter que passar no máximo um ano em cada cidade, só porque você mata quem te dá na tela e não sabe controlar a merd* da sua carência! Você é egoísta! Só pensa em si mesma! Você causa destruição por todos os lugares que passa, Daina! E isto nunca irá parar! Aquelas pessoas que você matou... O número aumentará. E não importa qual lugar onde você esteja, continuará acontecendo, em um loop infinito. Porque o problema... É você! Aria cuspia aquelas palavras, e mesmo que tivesse sido apenas uma desculpa para se livrar daquela conversa com Daina, era exatamente assim como ela se sentia. Aria estava cansada de viver sob os comandos da irmã. Era como se, ela só estivesse ali para manter Daina viva. E, não que deixasse de ser verdade, Aria já havia perdido o gosto pela vida há muito tempo. Mas, hoje, ela havia encontrado um motivo para reacender a chama que existia dentro dela, da garota alegre, gentil e amável que um dia fora, e ela não perderia a chance de voltar a ser o que era. Nem que para isso, ela tivesse que arriscar perder a sua irmã. A vampira atravessa a cozinha, deixando Daina para trás. Aquelas palavras, definitivamente, foram duras de serem ouvidas, mesmo que Daina tivesse total consciência da sua falta de equilíbrio emocional. Ela se deixava facilmente levar por todo e qualquer impulso, o que ocasionava a morte de muitas pessoas que a confrontavam ou a desagradavam. Claramente, era o seu maior defeito, mas, ninguém, nem mesmo a sua irmã, a ajudava a melhorar, então, como ela poderia conhecer um caminho diferente daquele que lhe foi apresentado desde que ela viu Gregory e todos os outros namorados serem mortos por sua irmã?
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