Lyssa
– Boa noite Sebastian, como vai? – Cumprimento meu gerente e vou em direção ao vestiário.
– Lyssa? Pode vir aqui um instante? – O ouvi e parei onde estava. – Tem algumas mudanças hoje, estamos com duas pessoas a menos e eu sei que quem consegue dar conta de duas áreas aqui é você.
Cruzei os braços e sorri. – Se vou trabalhar por duas, vou ganhar por duas? – Empinei o nariz e ele acompanhou minha risada.
– É claro Lyssa, eu não faria diferente, o que me diz? Aceita? Eu até mudei a Larissa de lugar, assim você vai ficar com as salas uma do lado da outra.
Pensei por alguns instantes, sei que seria uma loucura, mas por fim acabei aceitando. – Tudo bem, mas se tiver reclamação você já sabe o motivo. Esses clientes chatos que têm aqui não aguentam esperar mesmo que apenas um minuto.
Sebastian torceu a boca. – Lyssa... segura a língua por favor, hoje teremos a visita de alguém importante. – Ele pegou uma dose de tequila. – Por conta da casa, você vai precisar.
– Ah não, você só faz isso quando é alguém insuportável. – Virei a dose.
– Boa sorte querida. – Caiu na gargalhada e eu segui meu caminho.
Sebastian e eu nos damos muito bem, adoro quando é ele quem está na boate, mas quando é o i****a do Miguel, a noite que já é um porre fica ainda pior.
Coloquei a roupa ridiculamente curta que é o “uniforme” e me preparei psicologicamente para o que estava por vir.
Entrei nas salas VIP que eu atenderia naquela noite e deixei os combos iniciais, normalmente as pessoas que ficavam naquelas salas não se importavam com valores, e para ficar ali pagavam uma nota, o combo inicial era uma cortesia da casa, então antes mesmo de chegar alguém eu costumava levar até lá.
Os clientes habituais da sala que costumo atender chegaram.
– Lyssa, que bom te ver aqui hoje, não costuma estar de sexta. – Léo, um homem carismático e gentil comentou ao me ver. – É sempre bom ver alguém tão linda.
Abri meu melhor sorriso e respondi educadamente. – Bom te ver também Sr. Stevens. – Sabia o que viria a seguir, mas eu tinha que manter o limite entre meus clientes e eu.
– Léo... mas você já sabe disso não é. – Assenti. – Pode mandar o de sempre para mim por favor.
– Pode deixar. – Sorri.
Um dos amigos de Léo, alguém que eu ainda não tinha visto, passou a mão na minha b***a quando ia para a porta buscar as bebidas.
Parei no mesmo instante me virando para ele. – Faça isso novamente e eu arranco a sua mão fora.
Léo sorriu, mas avisou ao amigo. – Mantenha as suas mãos guardadas para si se ainda quer mantê-las. – Ficou sério. – E isso não é brincadeira. – Deu uma picadela para mim e eu segui meu rumo.
Passei bufando em direção ao bar.
– Começou cedo hoje em. – Sebastian comentou ao me ver já de cara fechada.
– Juro que essas pessoas são menos racionais que animais de zoológico. – Bufei. – O de sempre para o Sr. Stevens. – Ele pegou tudo e me entregou na bandeja.
Voltei para a sala e vi que a luz da sala ao lado estava acesa, o que significa que os convidados ilustres chegaram.
Servi Léo e os outros convidados e fui até a sala ao lado.
– Demorou. – Um deles comentou quando entrei.
A sala estava com cinco homens numa rodinha central e mais dois que estavam num canto mais afastado, sentados nas poltronas onde ficava mais escuro e menos visível.
Cada um deles estava com pelo menos duas mulheres penduradas em seus pescoços, outros até mais, menos um dos que estavam no canto.
– Sinto pela demora, posso anotar seus pedidos? – Peguei o papel e a caneta e fiz meu trabalho, anotei a lista imensa que se tomassem tudo era provável que todos saíssem em coma daqui.
Me afastei do primeiro grupo e fui atender os dois do canto.
Um deles me olhou como se eu fosse o último pedaço de sua iguaria preferida, isso porque já tinha três mulheres o alisando. – Boa noite querida.
– Boa noite senhor, já quer fazer seu pedido? – Perguntei educadamente ignorando seu olhar pervertido.
O outro apenas me analisou e seus olhos verdes passearam pelo meu corpo demoradamente.
– Bom e se eu pedisse para que se sentem meu colo, o que diria? – Me controlei para não revirar os olhos.
– Diria que precisa pedir outra coisa.
Ele fechou o sorriso. – Ah, não seja assim, posso te dar uma gorjeta muito boa.
– Já tenho meu salário, muito obrigada. O pedido, por favor? – É cada coisa com o que tenho que lidar.
Anotei o que me pediu e olhei para o outro. – E o senhor?
– A sua melhor garrafa de whisky. – Sua voz grossa e sensual arrepiou minha espinha e mesmo sem conseguir enxergar seu rosto seus olhos verdes brilham como esmeraldas, ficam até um pouco assustadores.
– Anotado. Já volto com os pedidos.
Precisei fazer três viagens para levar tudo o que me foi pedido, e quando finalmente cheguei nos dois do fundo, o engraçadinho me olhou de cara fechada, ainda que estivesse no escuro ele estava no lugar aonde a luz ainda chegava um pouco.
– Venha até aqui primeiro da próxima vez. – Lambeu meu corpo com os olhos. – Eu não gosto de esperar pelo que quero.
– Claro. – Sorri sem vontade. – Gostariam de algo mais?
– Não. – A voz do outro me arrepiou novamente.
Assenti e me virei para sair, mas a mão do outro rodeou meu pulso, me impedindo de sair.
– Quer algo mais.
Ele me deu um sorriso asqueroso. – Quero... você! – Me puxou em sua direção e me sentou a força em seu colo.
– Está louco? Me solte agora mesmo!
– Vai me dizer que não quer? Por favor! Está desfilando quase nua na nossa frente, se não quer chamar nossa atenção, o que quer?
Briguei contra seus braços, mas ele é muito mais forte que eu. – Trabalhar i****a! É apenas por isso que venho aqui!
– p**o um ano do que ganha aqui só pra te f***r aqui na mesa, o que me diz, você nem vale tudo isso...
– Solte-a! está com suas acompanhantes, ela está apenas trabalhando Fábio. – O outro tentou me defender.
– Senhor, me solte agora mesmo. – Tentei mais uma vez. – Ele apertou ainda mais o braço ao meu redor e apalpou minha b***a. Senti as mãos do outro nos braços dele puxando para que soltasse.
– Solta cara, não está vendo que ela não quer?
Uma mão alcançou meu seio e foi o meu limite, dei uma cabeçada no nariz do maldito homem que estava me segurando e quando ele levou a mão até o nariz me levantei, peguei a bebida na mesa e joguei em cima dele.
– Sua v***a! Você quebrou meu nariz! – Resmungou segurando o nariz.
– Quando alguém te disser não, lembre-se que é não! – Gritei para ele. – Espero que todas as vezes que for ser tão escroto, lembre-se de mim, babaca!
Me virei para ir em direção a porta, mas três dos cinco que estavam no meio já estavam parados perto de mim.
– O que foi que fez? – Um me perguntou.
– Saiam do meu caminho! – Gritei para eles.
Senti uma mão em meu pulso, e uma descarga elétrica percorreu todo o meu corpo, me virei para olhar quem era e fiquei momentaneamente chocada com a beleza do homem de olhos verdes.
– Façam o que a moça pediu, vamos evitar mais desconforto. – Os outros dois, que eram bem parecidos com ele e tinham os mesmos olhos verdes se aproximaram e ficaram ao seu lado.
Eles se encararam por alguns momentos, mas depois os três saíram da frente e o homem dos olhos verdes me levou até a porta, ainda segurando meu pulso.
O outro que eu havia batido estava exclamando diversas ofensas para mim, ao que eu respondi apenas erguendo o dedo do meio.
– Ou você é muito corajosa, ou muito burra menina! – A voz de trovão unido ao seu toque causou um reboliço em meu ventre. – Acho melhor que não volte aqui.
– Se não notou, ainda estou trabalhando. – Respondi revirando os olhos.
Estreitou os olhos e franziu o cenho. – Deve ser muito burra mesmo! – Balançou a cabeça negativamente.
Puxei meu pulso que ele ainda estava segurando e encarei seus olhos de cabeça erguida, esse deve ser o homem mais bonito que já vi na vida, seu olhar é perturbador, e ele é pelo menos duas cabeças mais alto que eu. – Se não notou, eu sei me defender, mas obrigada pela ajuda senhor!
Abri a porta e saí sem dizer mais nada.