Prólogo

1295 Words
Christian Como de costume estávamos reunidos em uma noite de sábado na sala de jantar. Eu quase não vejo meus pais, eles são muito ocupados. Meus pais Eduardo e Kelly tem uma fábrica/empresa de peças de automotivos. Eles vivem para o trabalho, e somente no final de semana ficamos juntos. Essa ausência tem um alto preço . A minha companhia é a senhora Mercês, ela que cuida de mim, me leva para passear, sempre acompanhado de dois seguranças, é ela que me conta histórias até eu adormecer de segunda a sexta . Somos uma família bem sucedida, e não nos falta nada. Temos bons carros, muitos empregados, seguranças e motoristas. Eu tenho de tudo, roupas de marca, os melhores brinquedos, vídeo game e tudo que eu peço meus pais me presenteiam. Eu nunca fui a escola, meu pai paga uma professora participar para vim a nossa casa me ensinar. Eu queria ir a escola conhecer pessoas novas e ter amigos, mas eles não acham seguro e preferem assim. Eu sei que eles querem o melhor para mim. Mas sou uma criança e vivo apenas no meio dos nossos empregados, sozinho . - Mamãe. - Sim meu filho. – Minha mãe é jovem, e muito bonita. Ela é muito vaidosa, e está sempre arrumada mesmo dentro de casa. - Fico muito feliz quando estamos nós três juntos. – Os finais de semana tornava-se os melhores dias para mim. - Também meu filho. Vamos tentar chegar mais cedo da empresa, e ser mais presente na sua vida. – Ela colocou sua mão sobre a minha. - Papai olhou para ela com semblante sério e não disse se quer uma palavra. – Meu pai não é muito de conversar comigo, apenas perguntava se eu estava bem e se fiz a lição de casa. Ele anda sempre ocupado no celular resolvendo assuntos de entrega e recebimento da fábrica. Estávamos terminando nossa refeição, uma lasanha bolonhesa, minha comida preferida. Foi quando escutei dois tiros vindo do lado de fora. Imediatamente meu pai disse: - Se escondam. – Ele sacou uma arma que estava escondida debaixo da sua cintura. – Eu sabia que meus pais faziam tiro aí alvo, mas não imaginava que ele andasse armado, nunca se quer notei volume em sua roupa. Corri e entrei dentro de um aparador que tinha em nossa sala. Eu me deitei de barriga para baixo e abri um pouco a porta do armário, olhei por aquela greta e vi um homem de pernas longas, arrombando a porta da entrada. Eu não conseguia ver seu rosto pelo ângulo que estava, apenas da cintura para baixo. - Você. – Disse Eduardo. – Papai de imediato deu um tiro, ele pegou no braço esquerdo do invasor, mas aquele homem foi mais rápido e disparou muitos tiros contra ele. Meu pai caiu no chão todo ensanguentado, e agonizando de dor. Eu tremia de medo, e choramingava em silêncio, eu não podia fazer nenhum barulho, ele não podia descobrir que estava escondido ali. Em seguida ele saiu dali e foi atrás da minha mãe. Ela correu para os fundos, provavelmente saiu pela porta da cozinha. Poucos segundos depois escutei mais três disparos, vindo do lado de fora. Ele a acertou. Aquele homem voltou e andou por toda casa, subiu para os quartos, ele estava procurando se havia mais alguém. Escutei barulho de um carro saindo e depois o silêncio tomou conta da nossa casa, eu não sabia o que fazer, foi quando escutei: - Christian, Christian, onde você está ?- reconheci sua voz, era uma de nossas empregadas. – Eu abri a porta do aparador devagar e entrei aos prantos e chorei sem parar . Ela veio até mim e me abraçou forte . - Alguém te viu? – Ela me perguntou espantada com o que via no chão. - Não! – Eu assenti com a cabeça de um lado para outro. - Temos que sair daqui agora. Eles podem vim atrás de você. – Ela pegou na minha mão e andamos até a saída de traz. Eu passei do lado do meu pai, ele já estava morto com dois tiros no peito e três na cabeça. Quando saímos da casa minha mãe estava caída de bruços com vários tiros nas costas, possivelmente ela estava correndo quando ele a acertou. Eu não parava de soluçar. Mariah me levou para sua casa, e chamou seu esposo . Ela cochichou algo baixinho no seu ouvido, eu não consegui escutar e depois ela tirou o carro da garagem e disse: - Vamos Christian, depressa! Tenho que te levar a um lugar seguro. – Não disse nada, apenas fiz o que ela mandou e entrei no carro. Viajamos cerca de uma hora, entramos em uma estrada de chão e chegamos até uma fazenda. Havia dois homens na entrada com trajes normais, imaginei que seriam os seguranças. Já estava bem tarde, passava das onze da noite. Mariah saiu do carro, e conversou com eles. - Preciso falar com urgência com o senhor José e a senhora Lúcia, diga a eles que é a Mariah ( a Tita ) eles vão se lembrar . Um daqueles homens pegou um celular no bolso e fez uma ligação. Demorou um pouco, e em seguida ele disse: - Podem passar. – A porteira se abriu, liberando nossa passagem. Chegamos na porta daquela casa, uma casa grande e muito bonita. Um casal aparentando ter uns 50 anos nos esperavam na varanda. Ambos de roupão. - Quanto tempo Tita. – A senhora Lúcia veio de encontro a Mariah e a abraçou. - Aconteceu alguma coisa para vocês virem a essa hora ? – José perguntou. - Sim. Aconteceu algo muito grave e a única pessoa que pensei na hora da desespero foi vocês. Preciso que cuidem desse menino. - Estou ficando preocupada . – Lúcia disse. - Queria conversar com vocês dois a sós. – Mariah disse entrado com o casal para dentro de casa. Eu e o esposo de Mariah ficamos na varanda esperando eles conversarem . Eu imagina o que estavam falando. E podia ver pela janela o espanto deles escutando ela contar. Os três saíram para fora e Mariah disse: - Filho eu sei que o que você viu foi muito difícil para uma criança presenciar, mas te peço que tente viver sua vida bem, esse casal vai cuidar de você, te proteger daqueles homens maus e te criar com muito amor e carinho. - Tudo bem. – Eu não tinha opção a não ser ficar. – Eu não podia voltar para minha casa. E não tenho nenhum familiar a não ser meus pais, que agora se foram. Eu estava sozinho no mundo. Os anos se passaram, eu continuei morando naquela fazenda, Sr. José e Sra. Lúcia me criaram com um filho que eles nunca tiveram. Eles me davam muito amor e faziam de tudo para mim e para me ajudar, tenho muito gratidão e reconheço que se não fosse por Mariah ter me levado para ali, e eles me acolherem eu poderia está morto. Considero eles como meus segundos pais. Eu nunca esqueci de Eduardo e Kelly, para mim eles foram únicos na minha vida, eles não se fazia presente, mas foram minha família. Eu permaneci um longo período fazendo tratamento psicólogo, eu fiquei traumatizado e com medo. Eu era apenas uma criança de 7 anos que presenciou cruelmente a morte de seus pais . Não conseguia dormir direito e via eles por todo a casa, os pesadelos tomaram conta dos meus sonhos, e sempre o mesmo, o assassino . Eu não podia ver seu rosto, como naquele dia c***l, e quando estava descobrindo quem é, eu acordava assustado . O sonho parecia muito real. Aquilo me atormentava e a sede por vingança só aumentava.
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