Capítulo 11- "Meu "Papai"

1237 Words
- É sério mamãe, por que o tio do palque tá cholando? - Era óbvio que ela não havia acreditado que caiu um simples cisco no olho dele. - Se fosse só um cisquinho, só um olho dele estalia com láglimas. Mas os dois estão! - Alessandro pôde ter a certeza do quanto a menina era inteligente, lembrava muito Giovanna. - Ele caiu e ralou o joelho, é por isso que ele tá cholando? - Quase isso meu amor, quase isso! - Diz Giovanna. Alessandro estava um pouco afastado delas com as mãos nos bolsos da calça, ele não queria mostrar o tremor das mesmas. Ela então se aproxima dele com a filha nos braços, seu coração estava acelerado e, apesar da pouca idade, a menina sabia que havia algo errado com a mãe. Nero olhava para a criança sem acreditar que aquele ser humano tão puro, bom e lindo era fruto do amor que ele teve com Giovanna. A menina era um sonho, um encanto de criança. - Filha..esse aqui é o Alessandro.. e..ele é.. - Ele é o tio que pegou o bolota no palque! - A inocente garota completa ao ver o embaraço da mãe ao falar. - Que foi mamãe, você tá tliste? - Pergunta ao ver uma lágrima rolar no rosto da mãe. - Não princesa, a mamãe não tá triste! - Beijou a ponta do nariz da filha. Carinhosa como sempre, a menina passa o pequeno polegar sobre o rosto da mãe limpando o rastro úmido que a lágrima havia deixado. - ...me ajuda! - Direciona o olhar para ele que ainda olhava fixamente para a menina. - Oi princesinha! - Diz ele depois de um tempo em silêncio, tocou o rosto da menina contornando o mesmo com as pontas dos dedos. - Eu fiz alguma coisa errada? Mamãe, eu julo que não fiz nada. Eu só dei solvete pro bolota porque ele pediu muito! - Ela tenta se explicar pensando que o motivo das lágrimas fossem algo que ela tenha feito. - Ele não vai levar o bolota, vai? - Você deu sorvete pra ele? - Não mamãe, clalo que não! - Ana Clara.. - Tá, eu dei. Mas eu julo, juladinho, que foi ele quem pediu! - Depois a gente vai conversa sobre isso! Alessandro sorrir encantado, ele se amaldiçoava por ter perdido quatro anos da vida daquele ser de luz. De uma coisa ele tinha certeza, não perderia nem mais um dia. — Vem aqui lindinha! — Ele chama, estava se segurando para não chamá-la filha. A menina olha para a mãe como se pedisse permissão, Giovanna coloca a menina nos seus braços e ele chora ainda mais. Não era a primeira vez que ele pegava a garota no colo. Lá na fazenda dos pais dela ele havia segurado a menina, mas ela havia dito que a criança era filha do seu irmão, Leonardo. Mas agora, sabendo que ela era SUA a emoção era ainda maior. - Você é muito linda, você é perfeita! - Ele exclama quando a garota passa as mãozinhas em seu rosto, secando as lágrimas que molhavam o mesmo. Aquele simples gesto faz seu peito encher de um sentimento novo, desconhecido. Fora o amor que sentia por Giovanna, ele nunca havia sentido isso antes, era um amor diferente, desconhecido. - Obligada! - Ela sorrir tímida. - Você palece com o homem da foto que a mamãe gualda na caixinha secleta! - Alessandro direciona um olhar interrogativo para Giovanna, ela sente o rosto arder de tanta vergonha, ela nem sabia que a menina já havia visto a tal caixinha que ela trouxe do passado que teve ao lado de Alessandro. - Ana Clara! - Ela olha séria para a filha, que tampou a boquinha ao perceber que havia falado demais. - Tu mexeu na minha caixinha? - Olha rapidamente para Alessandro que tinha um sorriso satisfatório nos lábios, depois dessa confissão da criança, ele teve a certeza que a história deles não havia acabado. - Eu fui pegar a maquiagem mamãe, achei que pudesse estar lá na caixinha secleta.. Desculpa! - Abaixou os olhinhos. - Mas julo que não li o que tinha naqueles papéis! - Claro né, tu não sabe ler! - Revirou os olhos. - Giovanna! - Ele chama atenção dela, quando a menina esconde o rostinho em seu pescoço. - Tem como você focar aqui por favor! - Desculpa mamãe, julo que não vou mais mexer lá! - Giovanna assente com a cabeça ainda meio desconcertada. - Filha.. olha aqui pra mamãe! - Colocou a mão nas costas da menina, que ainda mantinha o rostinho escondido no pescoço de Alessandro. A menina ergue os olhinhos pretos, encarando Giovanna que suspira antes de falar. - Tu lembra da história da sementinha que a mamãe te contou? - A criança fez que sim e Alessandro a olhou atentamente. - Então.. foi ele.. - Apontou para Alessandro. - ... Que plantou a sementinha na barriga da mamãe! - Terminou a explicação com o coração acelerado, ela sabia que que a sua vida e, principalmente a da filha, mudaria naquela tarde. Ana encara Alessandro e depois direciona o olhar para a mãe. Alessandro xinga Giovanna mentalmente pela explicação infundada, pois na cabeça dele era nítido que a garota de apenas 4 anos não entenderia aquela explicação bizarra. - Tá louca, Giovanna? Ela não vai entender isso que você chama de explicação! - Ele aproveita que a filha olhava para Giovanna pra gesticular sem e emitir som. Giovanna apenas revira os olhos e faz sinal para que ele esperasse. Ana Clara olha para o pai de novo, agora com o dedinho no queixo. E, com a pontinha dos delicados dedinhos, ela começa a dedilhar o rosto do pai. Giovanna olha a cena sem nada dizer, só queria saber o que a filha iria pensar sobre aquele mundo novo. Ela ainda tinha medo do rumo que as coisas poderiam tomar, tinha medo de novamente Alessandro ir embora. Não só por ela, mas agora tinha a filha. - Mamãe.. - Esticou os bracinhos para que Giovanna a pegasse. Alessandro soltou um suspiro triste, parecia que a menina não havia gostado dele. Ela então pega a filha dos braços dele sem protestar. A garota esconde o rosto em seu pescoço por algum tempo. Alessandro n**a com a cabeça, fazendo cara feia para Giovanna. - Ele é meu papai? - Perguntou de repente, deixando os pais boquiabertos. - S..sim. - Piscou, acenando com a cabeça. Alessandro não podia acreditar que ela tinha entendido a explicação. - Tu gosta da ideia? - Você vai me levar na escola? E vai na festinha do dia dos papais? Por que você nunca veio antes? - Os olhinhos dela brilham ao perguntar. - Eu vou poder dizer plas meninas que tenho um papai? - Os mais velhos fizeram que sim e a menina balança as perninhas querendo descer do colo da mãe. Ela coloca a filha no chão apreensiva, a criança coloca as mãos na cintura encarando Alessandro da cabeça aos pés. Alessandro sem graça, coloca a mão no bolso desconcertado. De um segundo para o outro, ele repara que a menina tinha o mesmo olhar desafiador da mãe, com a diferencia que os olhos eram grandes e pretos iguais aos seus. - Filhota... você ainda não disse se gostou da ideia. - Giovanna fala, ao perceber o embaraço dele sobre o olhar da criança.
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