PRIMEIRO CONTATO COM ORFEU

2538 Words
Florença se sentou em uma das poltronas acomodando seus pés em uma pequena mesa, deixando os óculos sob o braço do sofá e suspirou aliviada pois sabia que ninguém a encontraria ali tão cedo "sei que Isis vai perguntar a Laura sobre mim, mas sei também que ela não vai dizer, ela já me viu fugir tantas vezes. a uns dias atrás quando ela me viu com aquela cara de enterro porque isis me arrastou a força pra fora me levando para aquele maldito encontro, ela entendeu minha miserável situação com aquela garota, por isso que ela me contou sobre esse pequeno espaço previlegiado" pensava enquanto ouvia uma melodia tocar quase imperceptível em algum local distinto da sala. Ela não se recorda de já ter ouvido algo do tipo alguma vez nessa sala, mas era um som tão discreto que poderia passar imperceptível que ninguém ouviria realmente bem, mas estava ali, porém ela ignorava com o pensamento de que seja só o som do outro lado da biblioteca algum aluno quebrando regras. Ela agora tinha sua própria sessão particular de livros pre-selecionados que nunca era tocada por mais ninguém apesar de estar a vista, sempre deixando no mesmo local próxima da poltrona era só esticar o braço e pegar um livro, era seus livros favoritos hoje seria A divina comédia, de Dante Alighieri Textos teológicos não eram bem sua especialidade mas ela gostava de ler. — fui informado que a área dos professores não podia entrar alunos, será que estou enganado!? — comentou uma voz a fazendo pular do sofá e correr os olhos por entre as estantes e poltronas, a música clássica havia parado de tocar. Suas mãos agora estavam trêmulas e suava frio, só havia se passado uns 15 minutos " Porque Laura não me disse que havia alguém aqui?" Pensou ela em Pânico. — Há alguma punição para alunos que invadem o espaço dos professores? — elas só ouviam a voz até ver um homem alto e jovem sair de entre as estantes, havia uma área escondida que nem ela havia percebido. Ela não teve nenhuma reação a não ser ficar petrificada em pé na sua frente sem esconder seu pânico. "Preciso correr..." — você não fala? — continuou a se aproximar lentamente a olhando fixamente. — falo! Não achei que tinha alguém aqui! — disse atropelando as palavras. — ah... — fez ele a encarando fixamente, a expressão dele era indecifrável enquanto a encarava, parece que até ele ficou sem palavras naquele momento. — desculpe, não foi a intenção... Eu só estava me escondendo. — você... Não parecia estar escondida. — disse ele ainda a olhando fixamente era como se não quiser perder nada pois m*l conseguia piscar, Florência desviou seu olhar envergonhada sem saber mais o que dizer. — desculpa, desculpa... Desculpa. — dizia descontroladamente sem encara-lo. — espera! — tentou a parar quando saiu correndo e sumiu da sua vista, ele sorriu confuso. — curioso... Nunca vi nenhuma garota fugir de mim. — disse pensativo escondendo suas mãos no bolso da calça. Ele foi até a poltrona em que ela estava e pegou o óculos que ela havia esquecido na fuga o enrolou em um guardanapo e guardou no bolso do seu paletó, recolheu o livro que ficou jogado no chão e o colocou junto com a pilha de livros que ela havia deixado ali. — Florença! — Isis a segurou pelo braço quando a viu sair sem fôlego da biblioteca. — onde você foi? Eu passei horas te procurando. — dispenso hipérbole... — disse sem fôlego. — Não faz nem 20 minutos que eu sumi. — ainda assim, como pode sumir? Eu... — se interrompeu ao prestar atenção na amiga, ela nunca havia visto Florença de cabelo solto. — você... — antes que ela pudesse falar, Florença olhou mais uma vez pela porta da biblioteca procurando o professor e fugiu novamente puxando sua amiga antes que ele aparecesse. — o que está fazendo? — perguntou confusa seguindo sua amiga. — Temos que ir para bem longe dessa biblioteca! — nunca pensei que ouviria isso de você. — disse irônica. — mas o que aconteceu com você? — perguntou após perceber os olhares discretos voltados a Florença, ela estava realmente atraindo atenção. — nada... Eu só estava lendo! — onde? Eu perguntei a Laura e ela disse que você não estava lá. — continuava seguindo a amiga que a puxava dando passos largos e rápidos. — ah... Isso? — disse agora parando, ela sabia que tinha que manter seu local seguro. - ela não viu que eu havia entrado, eu estava bem ali, não muito longe. — ah, ok — disse conformada. — Você estava em alguma sessão de contos de fadas? — o que? — é que… — o que? — continuava impaciente ao parar para a encarar estranhando a pergunta. — o que aconteceu? Eu nunca tinha te visto de cabelo solto e... Sei lá, não parece você, está todo mundo olhando é que... Está incrível. — olhava pasma pra amiga, enquanto só agora ela caiu em si e percebeu que havia perdido seu prendedor e lembrou que havia deixado seu óculos na biblioteca. Enrolou seu cabelo e escondeu dentro do capuz e seguiu até o banheiro rapidamente deixando Isis ali em pé no corredor ainda como se estivesse enfeitiçada. Ela era totalmente diferente quando estava sem seus adereços de feiúra. Em frente ao espelho ela esfregava o rosto com a mão molhada, mas isso só piorava sua pele a deixando marcada, um grupo de meninas se maquiando a encaravam em desaprovação a achando louca enquanto tentava limpar o rosto impaciente, como se fosse possível. Tudo que ela pôde fazer foi prender o cabelo seguramente e se esconder no seu capuz, como se houvesse algo errado com ela. — o que você é? — entrou Isis hipnotizada, m*l conseguia tirar os olhos dela mesmo estando de capuz. — Você tem problemas? Quer dizer... Eu sei que você não tem uma boa sanidade, mas está indo longe demais agora. — sério... Fada? — fada... O que? — você é uma fada? — continuava Isis parecendo débil a seguindo como um cachorrinho, mas ela estava no limite querendo novamente fugir. ela ficaria irreconhecível de novo quando colocasse o óculos. - fadas não existem. — suspirou de forma impaciente. — Deusa, rainha, Afrodite? — Isis... Pandinha... — disse forçando fofura desesperada, enquanto maldosamente apertando as bochechas de Isis. — Para, eu não quero te dar um tapa. — Disse, Pandinha era o apelido que Florença deu a sua amiga por achar ela fofa, por ser tão baixinha, isis tem cabelo curto corte Chanel e corpo robusto nas medidas perfeitas. — aí... — reclamou de dor tirando duas mãos da sua bochecha. — Está bem, vou me recompor. — mas você fica tão diferente. — esqueça isso. Chegaram ao salão onde seria o treino de vôlei, já havia muitos alunos, mas ainda faltava alguns minutos, elas teriam que trocar de roupa, no vestiário lá tinha um armário onde ela tem um óculos extra, então ela não estava preocupada, só seguiu imediatamente para o vestiário se trocar e em poucos minutos já estava de volta antes mesmo do professor chegar. Todos usavam roupas confortáveis para treino, as meninas usavam shorts colados e fardas de manga curta, mas ela preferia a calça que os garotos usavam e a blusa era um pouco bem maior do que as garotas comuns usam, a maioria das garotas ali queriam mesmo chamar atenção além de que o professor de educação física era um pouco atraente. — a escola deve está se adaptando, tirou aquele professor de educação física velho e gordo e colocou um professor mais jovem e cheio de vigor. — comentou uma das garotas atrás, todas as garotas estavam divididas em 3 fileiras, eram 3 times diferentes e na arquibancada ficavam alunos que só vinham assistir, as garotas ficavam realmente chamativas naquelas blusas coladas que elas levavam pra reformar então ficavam bem menor que o indicado era difícil de se movimentar sem que deixasse a barriga amostra.. — sim ele é realmente lindo! As aulas de vôlei nunca foram tão cheias. — comentou outra garota empolgada, enquanto as outras concordavam, e Florença sentia ânsia de tanta impaciência e incômodo era cansativo ficar ouvindo tanta futilidade. "Todos nessa campus parece que entrou no período do cio ao mesmo tempo, lembro que falta uma semana para a fraternidade, ah... odeio esse evento, pelo menos não sou obrigada a ir, ouvir comentários desagradáveis… como era mesmo? Bebidas, drogas escondidas, sexo clandestino… Isis né contou que não viam realmente acontecer que eram em parte privadas criada pelos alunos, eu direi alunos delinquentes" brigava ela em seus pensamentos. — olá garotas! — disse o professor entrando apressado, ele aparentava ter em torno dos 30 anos, ele realmente tem o porte de um atleta profissional, sua pele escura totalmente bronze, Florença fitavam as curvas da sua panturrilha bem trabalhada como de um corredor nato, as meninas ficam loucas enquanto olham seus músculos explodindo em sua camisa regata e short solto cobrindo até o meio do coxa. "Gay com certeza, achei tão gay, com certeza esse é muito gay" pensava Florença o olhando minuciosamente, levou uma leve cotovelada de Isis. — lindo não é? — comentou animada, por um segundo Florença pensou que ela tivesse lido seus pensamentos, mas só era empolgação mesmo. — Sim, muito gay. — Cochichou no seu ouvido a fazendo rir. — Pelo menos ele parece tão gay — Você viu o volume dele? — sim sua panturrilha é de um corredor profissional. — disse ingenuamente. — Não, Florença! — Isis a repreendeu pasma, ela se surpreendia a cada vez que fazia um comentário baixo e Florença nunca entendia. — do que estão falando? — perguntou o professor após ouvir Isis. — Uhm, nada professor. — retrucou Isis rapidamente olhando disfarçando pra ela. — ok, vamos para as formações, e não esquecendo, temos novas atualizações sobre o treino, além de que essa modalidade finalmente será privilegiada, haverá disputas colegiais de vôlei. — O QUE? — gritou Florença desacreditada. — isso que você ouviu! E eu trouxe isso. — disse mostrando uma folha. — todas as meninas olharam curiosa. — é uma lista de todas que vão participar, lembrando que valerá pontos, então as que estão na lista terão que se esforçar um pouco mais pra competir. "Meu nome não por favor! Meu nome não, não quero competir e tudo que eu menos quero. " — Bom, as que estão na lista desse horário são. Raquel. — e Raquel levantou alegre enquanto Florença olhando desanimada. — Lilian, Deise, Minerva, Eloisa, Cristina, Ray e por último... — parou como se estivesse pensando e quanto ela ora e torce para que não seja ela. — Florença, sim! Não adianta chorar. -- dizia enquanto Florença se contorcia no chão em desaprovação. — as demais continuarão treinando como atividade extracurricular, enquanto as da lista darão seu melhor pelo campeonato e vamos ao vôlei de salão. — todas as garotas levantaram empolgadas menos Florença. — ah que pena flor, eu não fui escolhida! — lamentou Isis falsamente, ela m*l jogava... Talvez quando recebia a bola na cabeça, mas sempre se escondia atrás da amiga que ao contrário dela era excelente no jogo. — Florença? O que faz aí deitada? Vamos! — insistiu o professor em chamar o corpo pálido e morto no chão, se não fosse pela sua pele corada com certeza enganaria. — Vamos! ânimo! — disse Isis a puxando fazendo bastante esforço para conseguir a levantar, sem sucesso, ela estava determinada a não levantar, mas inesperadamente Isis a puxou pelo pé e arrastou o que a fez levantar rapidamente. — você não cansa de me perturbar? — perguntou entediada. Isis só sorriu e foi sentar na arquibancada saltitante, com certeza alegre que não foi selecionada. Apesar de Florença não querer participar do campeonato, não havia nada que ela não fizesse bem, além de que nos tempo que passou longe, aprendeu autodefesa e judô, e isso atraiu a atenção do professor, era uma jogadora em potencial por causa da sua dedicação, isso pelo menos fez as outras meninas se esforçarem mais ao invés de somente olhar os bíceps do professor. Ninguém havia percebido que havia um convidado secreto na arquibancada, distante na última fileira de cima observando o time, o olhar de minerva na direção dele era imperceptível aos outros, mas ele via bem o olhar e o sorriso disfarçado dela e retribuía também, mas o que ele queria era encontrar a garota daquela sala, ele ficou todo o treino e logo após sumiu. — Flor… — chamou Isis por ela que ainda estava sentada debaixo da rede de vôlei com uma garrafa de água após o término do treino — O que foi? — perguntou se levantando preguiçosamente e indo sentar do seu lado na arquibancada. — não temos mais nenhuma aula hoje, e já é quase meio dia, vamos pro refeitório? — Não, você pode ir! Eu vou tomar um banho! — Então eu também vou! — Não, você nem se quer jogou e já até trocou de roupa, como pode ser tão grudenta, porque não vai se encontrar com aquele aluno auxiliar? — Ah verdade! posso chama-lo pra almoçar comigo. — disse empolgada. — Então... Ok, chame-o e vá. — ela escreveu uma mensagem com um sorriso aberto de orelha a orelha. — pronto! — disse satisfeita, vou encontra-lo no refeitório, até mais tarde flor! — Até amanhã, Pandinha. Todos já haviam ido, era hora do almoço então a próxima aula iria ser daqui a 2h então pra ela não havia problema ficar deitada no meio do salão. "Ficar aqui talvez seja melhor do que na biblioteca, aquele espaço talvez não seja mais seguro, mas afinal quem era aquele professor, eu só me lembro do seu terno azul marinho" pensava perdidamente tentando lembrar seu rosto, enquanto o tempo passava, até cair no sono, um dos faxineiros chegou Bartô um senhor que sempre limpava o salão, ele passava o esfregão por todos os cantos ao redor de Florença sem a acordar. — Ahhh esses jovens, sempre caindo em qualquer lugar" resmungou bem humorado, Florença acordou quando ele sem querer derrubou uma das bolas que estava recolhendo para guarda no certo. — Pode voltar a dormir... Sim! Eu só estou limpando. — disse com a voz rouca e arrastada, a bola girou e correu até em direção a Florença. — olá Sr. Bartô. — Olá, pequeno tomate. — Era como ele a chamava carinhosamente a fazendo abrir um sorriso. — Eu esqueci do horário, tenho que ir me trocar, ainda tenho 1h10 minutos de tempo. — avisou encarando seu relógio de pulso. — sim! A próxima turma de esportes chegará logo também, já terminei por agora, então até logo. — avisou saindo do salão arrastando o esfregão e um grande balde com rodinhas. Florença se dirigiu até o vestiário, entrou em um dos banheiros e sentou-se no vaso encostando a cabeça na parede fechando os olhos novamente quase caindo no sono, entregando seu sono foi interrompidos ao ouvir a porta do vestiário ranger em sinal de que alguém acabara de entrar.
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