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2076 Words
Por Anastácia. Automaticamente abraço meu corpo e me encolho sobre o olhar frio de Christian. Estou quebrada por dentro, uma dor intensa e dilacerante domina meu coração estilhaçado, olho para o chão pois não consigo olhar para Christian, não consigo olhar para esse olhar sombrio. – por que se casou comigo? – pergunto ainda olhando para o chão e tentando engolir os soluços, não quero chorar na frente dele, isso seria humilhação demais para mim. – por que.... – acompanho seus pés que agora andam de um lado para o outro – por que apesar de não amá-la eu vi uma linda mulher meiga, generosa, inteligente, doce... apesar de não poder retribuir seu amor nós podemos fazer esse casamento funcionar, eu gosto muito de você. Ele apenas gosta muito de mim. Nesses três anos ele nunca me amou, apenas gosta. – Anastácia olhe para mim – tenho medo de olhar para Christian e começar a chorar, pois se eu começar a chorar... sei que será descontroladamente, minhas lagrimas e soluções não vão cessar. – não sei o que dizer Christian – olho para seus pés que estão parados agora na minha frente – sinto que o amo a muito tempo e saber que esse sentimento não é correspondido está me matando – sussurro – mas também sei que não posso obrigá-lo a me amar. O amor é um sentimento único, o sentimento mais puro que existe, o amor não pode ser obrigado a sentir, ele vem de dentro e se instala no coração, mas esse amor único e puro é sentido apenas por mim. – Anastácia não precisa ficar assim, tudo voltará a ser como era, eu queria poder devolver esse sentimento, mas não posso, não consigo amar, o problema não é você, sou eu, não quero trazer uma criança ao mundo onde apenas a mãe irá amá-lo. – você está errado Christian – começo com a minha voz trêmula – todo o ser humano é capaz de amar, você apenas não se deixa sentir. – arrumo forças e levanto minha cabeça o encarando, consigo conter as lagrimas mas não a expressão devastada na minha face. – esqueça a história sobre filhos, para mim eu nunca toquei no assunto – me viro para sair do quarto, mas sua mão prende meu braço. – aonde você vai? – preciso lidar com a minha dor nesse momento Christian – ele fecha os olhos com as minhas palavras ditas – e preciso fazer isso sozinha. – Christian me solta e saio o mais rápido possível, como se fugindo de uma bomba prestes a explodir, ando rapidamente pelo apartamento frio e masculino que eu odeio, abro a porta de qualquer quarto de hóspedes e em seguida tranco, vou direito para o banheiro e fecho a porta atrás de mim, olho-me no espelho e encaro uma pessoa desmoronando, pálida, fria e com dor, e é olhando para mim mesma que eu deixo os soluços aflorarem do fundo do meu peito. Vou escorregando até o chão conforme eu soluço deixando as lagrimas fluírem livremente. Abraço meu joelhos e deito minha cabeça ali. Eu não a amo. Como quatro palavras podem machucar tanto uma pessoa em todos os sentidos? Meu corpo chacoalha conforme os soluços aumentam. Quero correr para os braços da minha mãe, mas ela esta longe assim como meu pai. Em Seattle eu não tenho apoio familiar, estou longe de todos. Estou sozinha. Lembro-me como se fosse ontem meu casamento, ainda posso ouvir Christian recitando os votos de maneira firme e alta. "... eu te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida." Como pude me enganar tanto, tudo foi uma mentira, como ele pode mentir na igreja? Para o próprio padre, Christian pode ser fiel e estar comigo em todos esses momento, mas eu preciso do seu amor, eu necessito dele. Eu fico ali, no chão frio do banheiro enquanto meus soluços se acalmam e aos poucos as lagrimas vão cessando, muitos dizem que quando se chora sua alma é lavada, e posso dizer que isso é verdade, mas mesmo assim a dor esta ali, ela se instalou no meu coração e não irá embora tão cedo. Levanto-me do chão e ligo o chuveiro, enquanto a água fica quente eu me dispo olhando-me no espelho, meu rosto esta vermelho, meu nariz principalmente, minha felicidade não está mais ali. Enquanto vou me livrando da roupa reparo nas marcas de mãos no quadril. Christian nunca fez amor comigo, por isso ele é assim, um bruto. Ele apenas transou comigo. Como ele pôde tirar minha virgindade anos atrás se sempre soube que nunca poderia me amar? Seria mais fácil ele nunca ter conversado comigo naquele dia, as coisas hoje seriam diferentes e eu não estaria nessa situação agora. Entro dentro do Box e deixo a água molhar meu corpo. Encosto minha cabeça na parede. Lembro-me do dia que conheci Christian, eu estava cantando em um restaurante de luxo. A musica... ahhh simmm, a musica que eu cantava se encaixa na situação que eu estou agora, é como se a minha própria canção estivesse me avisando sobre o futuro. Começo a cantar baixinho para mim mesma, como uma forma de tentar achar algum conforto. "Eu gostaria de acreditar em você então eu estaria bem Mas agora tudo o que você me disse na real não se aplica Ao jeito como eu me sinto por dentro Amar você foi fácil uma vez Mas agora minhas suspeitas de você se multiplicaram E tudo isso porque você mentiu" "Amei você mais do que nunca Mais do que minha própria vida A melhor parte de mim eu te dei Vivi com sacrifício E tudo isso porque você mentiu" É tão engraçado, a própria musica me avisou e eu não ouvi. Mas sabe de uma coisa? Eu estou feliz por Christian pois nesse momento ele não sente a dor que eu sinto, ele não tem que se preocupar se o seu coração está sendo rasgado e estilhaçado. Jogado no chão que nem sujeira. Mudo a temperatura do chuveiro para frio, a água quentinha se vai dando espaço a água congelante. Primeiramente meu corpo se arrepia mas logo se acostuma, meu corpo fica gelado, afasto as declarações de agora a pouco e por breves minutos é como se nada tivesse acontecido, meu corpo fica anestesiado. Mas apenas foram breves minutos... Depois desses breves minutos anestesiada eu fecho a água, saio do Box, pego a toalha e começo a me secar, olhando-me no espelho, se antes eu estava pálida nesse momento eu posso passar a não existir de tão branca que estou, meus lábios e dentes batem um no outro, rapidamente me enrolo na toalha, mas quando saio do banheiro lembro-me que esse é o quarto de hóspedes e aqui não se encontra nenhuma roupa. Sendo assim seco meu cabelo rapidamente o máximo que posso com a toalha, e enfio-me no meio das cobertas nua já que tenho roupas apenas no quarto de casal, e nesse momento eu apenas quero ficar longe de lá. Aos poucos a cobertas começa a me esquentar, meu corpo vai parando de tremer e o sono me chamando. Mas o sono vem repleto de lembranças do passado. Flash Back On. Mais uma vez eu estava ali naquele restaurante luxuoso em Seattle. Os donos precisavam de uma musica de fundo, e candidatei-me a vaga a duas semanas atrás, concorri o lugar com mais quatro pessoas sendo três homens e uma mulher. Sei que é nesses restaurantes luxuosos que pessoas ricas vêm e quero que alguma delas descubra meu potencial, essa é a minha segunda apresentação essa semana. Na primeira eu estava muito nervosa, mas hoje não estou tanto, talvez eu esteja acostumando-me com o ambiente. O Play Back é ligado e os sons reverberam o ambiente, respiro profundamente e decido cantar a primeira musica que compus. "Eu gostaria de acreditar em você então eu estaria bem Mas agora tudo o que você me disse na real não se aplica Ao jeito como eu me sinto por dentro Amar você foi fácil uma vez Mas agora minhas suspeitas de você se multiplicaram E tudo isso porque você mentiu Eu só te dei um gelo Porque eu não posso continuar e fingir que Eu não tenho tentado esquecer isso Mas eu estou muito cheia de ressentimento" Enquanto minha voz sai suavemente um homem de terno feito por corte e muito bonito entra no restaurante. Seus olhos fixam nos meus mas logo o mesmo desvia, uma mulher loura vem atrás dele, ela é mais velha, e o homem parece estar profundamente irritado por estar ali. Conforme a noite vai passando vou cantando algumas musicas que compus e outras não, mas sempre musicas calmas que combinam com o ambiente. Vez ou outra olho na direção do casal,parecem estar discutindo baixinho para as demais pessoas ao lado não ouvir. Até no final da noite estou completamente cansada. Não se encontra mais nenhum cliente no restaurante, apenas eu e as pessoas que ali trabalham, eu desmonto o equipamento e guardo no fundo da loja. Ao voltar peço um copo de água para a atendente que logo me entrega e bebo tudo rapidamente por causa da sede. – você tem uma voz muito linda, como a de um anjo. – olho para o lado para saber de quem veio esse elogio e me deparo com o homem de terno perfeito e muito bonito. Mas agora ele está apenas com o camisão branco, e com três botões abertos revelando um pouco do seu tórax. – obrigado – retribuo educadamente, mas por dentro quero sair correndo. Por que um homem lindo desse está falando comigo? Seus cabelos é cor de cobre, um cobre que eu nunca vi, olhando de longe seus olhos parecem ser verdes, mas olhando atentamente são cinzas, fora que o corpo do homem ao meu lado é lindo, ele exala masculinidade. – Christian Grey – ele estende a mão e logo aperto. – Anastácia Steele – sinto um calafrio bom tomar conta do meu corpo, uma eletricidade estranha, por isso logo tiro minha mão da sua. – trabalha com musica senhorita Steele? – seus olhos sondam-me e sinto-me intimidada. – sim, dou aulas de canto e muitas vezes sou contratada para cantar a noite. Assim que acabei minha faculdade de musica não sabia o que fazer, dar aulas ou seguir meu sonho. Então decidi dar aulas em meio período e a noite tentar a sorte. Ambos começamos a conversar sobre musica, sobre tecnologia, ele falava sobre o trabalho dele com excitação. Ficamos ali até que o dono veio nos dizer que iria fechar. Christian Grey ofereceu-me carona, fiquei tentada a aceitar, mas ele era um completo estranho, por isso fui para o ponto de ônibus. Pensei que nunca mais o veria, mas estava enganada, na semana seguinte ele apareceu novamente no restaurante, e dessa vez sozinho. Flash Back Off. Desperto lentamente das lembranças, afasto-as para longe, não quero que elas fique rondando em minha mente. Sento na cama e consto já é de manhã. Enrolo-me no lençol e saio em direção ao quarto de casal, espero que Christian já tenha ido para empresa. Ao chegar no quarto dou um suspiro de alivio. Coloco uma roupa e faço minha higiene. Saio do quarto e desço em direção ao primeiro andar indo para a cozinha, fico pasma ao ver Christian sentado na mesa de café da manhã ainda com seu moletom de dormir. – bom dia – ele diz olhando para mim. – bom dia – digo de volta, não sento-me perto dele, eu preciso de distancia. Pego meu Danone e coloco granola, pego a colher e começo a comer. Quando olho para cima Christian ainda está olhando para mim. – podemos conversar – respiro profundamente preparando-me e assinto. Christian levanta-se e dá a volta parando do meu lado. Ele ajuda-me a levantar e vamos para a sala, eu me sento em um sofá e Christian no que está a minha frente. – sobre ontem... será que podemos esquecer? Esquecer? Muito difícil. – eu quero esse casamento Anastácia, você já faz parte da minha vida, podemos fazer dar certo. Olho as linhas de expressão na face Christian, posso notar que ele está um pouco nervoso. – podemos tentar Christian – sussurro e ele dá um suspiro de alivio. Eu apenas não sei até quando vou agüentar viver sem o seu amor.  
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