Levei alguns segundos para compreender o que realmente significava aquilo. O Jonas estava me dando um anel de noivado, tornando nossa relação oficial, indo além dos acordos das famílias. Ele tinha tirado a minha virgindade e nas últimas semanas tinha sido um namorado até bem legal. Com erros, claro, mas legal e se colocou ao meu lado quando eu precisei. Eu prometi tentar, me empenhar no romance e ele estava sorridente ajoelhado aos meus pés. Então porque eu só conseguia pensar em um certo par de olhos pretos me encarando duas mesas da nossa? “Emily, se recomponha!” A voz da minha mãe ecoou na minha cabeça e se eu demorasse mais um segundo deixaria o Jonas constrangido.
- Aceito. - Consegui sorrir e ele colocou o anel no meu dedo enquanto o salão explodiu em aplausos ao nosso redor. Ele levantou e me puxou para um beijo que retribui no automático, e me abraçou em seguida. Marcone nos olhava ainda sem piscar, com o maxilar cerrado e o ar ao seu redor tinha promessas tentadoras. O ódio queimava nos olhos dele. O orgulho de me ver com outro, meu noivo, mesmo ele sabendo da sua existência, foi um golpe duro para ele. Me afastei do Jonas, finalmente olhando para ele que sorria radiante.
- Você gostou da surpresa? - Mantive o sorriso o máximo de tempo que consegui sem entrar em curto.
- Adorei. - Menti. - Obrigada pela surpresa.
- Sol. Nos traga a champanhe. - Sol já estava a caminho com a garrafa enquanto eu me sentava novamente. Ela nos serviu e brindamos ao nosso noivado enquanto a atenção de todos mudava para suas respectivas mesas. Mesmo de uma mesa específica, que insistia em me olhar profundamente. Desviando os olhos apenas para as costas de Jonas. Forcei uma garfada do bolo para dentro, por insistência do Jonas. Estava gostoso, mas eu queria ir embora o mais rápido possível.
- Ficou perto. - Ele comentou, olhando para o anel no meu dedo anelar.
- Sim. - Estendi a mão para olhar, era de fato muito lindo. - Ele é lindo Jonas. - Sorri para ele. O gesto havia sido carinhoso, e ele não tinha culpa do meu aspirante a amante estar no mesmo ambiente.
Depois de mais alguns minutos, me senti segura para sugerir que fossemos embora. Jonas estava comendo o bolo.
- Adorei a noite, mas estou cansada. - Ele assentiu.
- Vamos já. - Eu sorri sem mostrar os dentes, evitando olhar para além do ombro dele. Mas o movimento me chamou a atenção. Marcone havia levantado e caminhava de forma elegante na nossa direção. Por favor, finja que não me conhece. Por favor, não fale nenhuma merd4! Supliquei mentalmente e esperei que meu olhar passasse a mensagem. Ele então parou na nossa mesa e eu pensei em fingir um desmaio.
- Bom noite. - Eu me recusava a encará-lo.
- Boa noite. - Jonas respondeu de imediato. Ele estendeu a mão ao Jonas.
- Marcone Bittencourt. - Jonas soube quem era na mesma hora apertando a mão de Marco.
- Jonas. Jonas Garcia. - Ele me olhou.
- Olá Marcone. - Me obriguei a dizer, sem conseguir encará-lo nos olhos.
- Gostaria de parabenizá-los pelo noivado. - Ele falou em tom cordial.
- Obrigada. - Respondi e Jonas se limitou a assentir.
- Como proprietário daqui gostaria de presenteá-los com o jantar de hoje. Considerem um presente de noivado para a minha futura sócia. - Foi impossível não encara-lo.
- Eu agradeço. Mas não é necessário. - Jonas se adiantou.
- Eu insisto. Afinal nos veremos com maior frequência e quero manter uma boa relação. Com os dois. - Ele concluiu olhando para o Jonas e depois para mim.
- Ainda não fechamos nada. - Eu falei, tentando controlar os meus nervos e manter as aparências. Consegui sorrir sutilmente.
- Ainda é a palavra chave Emily. - Ele falou.
- Eu apoio a sociedade, disse isso para a Emily mais cedo. - E meu blefe com o Marco foi para o espaço com esse comentário.
- Fico satisfeito que apoia. - O sorriso do Marco apareceu por um segundo. - Ela comentou que vocês estavam em vias de fechar negócio.
- Sim. Mas devo reconhecer uma proposta irrecusável quando vejo uma. Por isso eu a aconselhei a seguir. - Marco assentiu.
- Bem, vou deixá-los terminar o jantar. - Ele estendeu a mão ao Jonas novamente, despedindo- se dele. Me estendeu a mão em seguida e eu relutante peguei na mão dele. A onda de calor que subiu pelas minhas pernas foi imediata. Aquele homem era minha ruína. Ele depositou um beijo nas costas das minhas mãos enquanto circulou a palma da minha mão com o dedo, quase impercetível.
- É sempre um praz3r, Senhorita White. - Eu só consegui assentir. Ele se retirou, deixando no ar o perfume com notas de acqua e o cheiro másculo dele. Quando minha cabeça voltou a funcionar eu olhei para o Jonas.
- Por que falou para ele do investimento? - Ele levantou e me estendeu a mão.
- Porque achei necessário. Você iria aceitar, e bem, ele nos ofereceu o jantar por conta da sociedade. Achei que poderíamos ter uma boa relação. - Ele não tinha ideia do que tinha feito. Minha expressão devia ter alertado ele, mas ele ignorou. - Meu amor, relaxe. São só negócios.