▪︎GROSSEIRÃO DO CARRO PRETO▪︎

1294 Words
Longe dali — Mamãe... Semana que vem é a apresentação do recital. Você vai, não é? — Max pergunta enquanto subiam no ônibus que os levariam até o Monticello Public Schools — Claro que vou, meu amor! — Marisa responde abrindo sua bolsa e retirando seu porta níquel na cor anil — E minha vó, também vai? — Max indaga enquanto fechava sua mochila, após retirar seus inseparáveis fones de ouvido — Acredito que sim, ela nunca perdeu uma apresentação sua no colégio. Marisa fala contando as moedas e pagando as passagens de ônibus do Max e dela. — Pensei que ela não fosse, já que vocês estão brigadas. — uma voz de desapontamento e uma ruguinha de dúvida surge no rosto do pequeno Max e Marisa percebendo, logo intervém para que desapareça. Se tinha algo que ela evitava à todo custo, era que o filho sofresse ou se preocupasse com assuntos como esse, que eram somente de adultos. Para ela, o filho, tinha que ocupar seus pensamentos apenas com seus estudos e todo o resto deveria ser deixado de lado. E isso incluía as constantes desavenças entre Marisa e Soledad. Afinal, isso nunca mudaria e o jeito prepotente da avó continuaria sendo o mesmo, com ou sem, a preocupação de Max. Marisa toca suavemente no queixo de Max com as pontas dos dedos, para que pudesse olhar no fundo de seus olhos cintilantes e só então diz: — Ei mocinho, sua avó e eu não estamos brigadas, só tivemos um desentendimento, nada além disso. Coisa de adultos e você não deve se preocupar com isso. E sim, no dia do recital sua vó e eu estaremos lá! Max dá de ombros e coloca seus fones de ouvido iniciando uma das músicas do seu grupo predileto, Jacksons Five. Sim! Max era realmente muito diferente dos garotos de sua idade e isso incluia o seu gosto musical. A viagem segue seu percurso tranquilamente e Marisa após deixa-lo no colégio faz o trajeto contrário para a sua entrevista de emprego. Jodie estaria lhe aguardando em frente ao Hotel, para passar as informações e explicar tudo o que Marisa deveria dizer ao gerente, para assim garantir a sua vaga como camareira. Marisa sabia que o salário estava muito abaixo do que recebia nas empresas Marshall, mas só em saber que teria dinheiro no fim do mês para suprir as necessidades do filho, já se sentia vitoriosa. Com relação à sua dívida no banco, isso resolveria depois que recebesse seu dinheiro nas empresas Marshall. "Malditos! Só de lembrar o que foram capazes de fazer com todos nós sinto meu sangue ferver e afirmo, que se esse prepotente do Cristhian Marshall estivesse bem na minha frente o encheria de tapas e diria grandes verdades." — Marisa pensava, enquanto lia seu novo livro predileto, cujo título era: "Como lidar com um filho super dotado" Desde que Max havia sido diagnosticado como super dotado, Marisa procurava se inteirar cada vez mais sobre o assunto e assim ajudar o filho para que não se sentisse tão deslocado quando estivesse entre seus colegas durante as aulas. E até então tem funcionado muitíssimo, além é claro das constantes visitas à psicóloga. Para chegar até o Hotel, Marisa precisou fazer uma verdadeira acrobacia, necessitou seguir metade do percurso de metrô, uma parte de ônibus e mais uma caminhada de quinze minutos, que ficou menos torturante após ela atravessar o parque e iluminar seus olhos com as lindas espécies de bromélias que ali haviam. Faltavam exatamente dez minutos para o horário marcado, quando Marisa avista sua amiga Jodie caminhando de um lado para o outro da calçada aparentando estar apreensiva e preocupada pela demora da amiga. Jodie estava de costas olhando para o lado contrário em que Marisa estava e levou ou baita susto quando sentiu as mãos de Marisa tocarem seus ombros. — Ai, que susto! Me lembre de enviar a conta do meu cadiologista para sua casa, viu? — Jodie fala em um tom brincalhão — Por que demorou? Já estou sem unhas de tanto que tive que roer pelo nervosismo. — Tive que deixar o Max no colégio e cruzar metade da cidade para chegar aqui. Esqueceu onde eu moro? — Marisa fala segurando a alça da bolsa e ajeitando sobre seu ombro direito — Porque a Soledad não levou o Max? — Jodie pergunta enquanto observava Marisa ajeitar seu casaco — Ela até poderia fazer se soubesse que estou aqui tentando essa vaga de emprego. — Marisa responde tranquilamente e Jodie a encara curiosa, dizendo o óbvio — Por que não contou? Vocês brigaram outra vez? — Acertou! Dessa vez ela passou se todos os limites Jodie. Você acredita que ao saber que fui demitida insinuou que procuraria o pai do Max para suprir as necessidades da casa? — Marisa fala indignada e nota Jodie ficar apreensiva, pois ela sabia tudo o que a volta do pai de Max significava para à amiga — Quê? Falcón? Ela ficou louca? Se esse homem descobrir onde vocês estão sua vida vai virar um inferno. — Viu só! Até você me entende e ela que sofreu tudo junto comigo só faz me julgar. E ainda por cima fez eu revelar toda a verdade para o Max. Estou possessa! — Marisa fala encarando a amiga — Ai Marisa! Que merda! E como ele reagiu? — Disse que não quer um pai bandido e que para ele nada havia mudado e continuaria órfão de pai. — Marisa responde com pesar na voz e Jodie pousa a mão em seus ombros, na tentativa de dar um pouco de conforto a amiga que tanto já havia sofrido e não merecia passar por nada disso outra vez — Ai minha amiga, não fique triste, Max é um bom menino e não vai te julgar pelos erros do seu passado. Coloca um sorriso nesse rostinho e vamos entrar, o gerente está te aguardando. Eu já fiz a entrevista e agora só falta você. Jodie abraça Marisa apertado e ambas caminham para a entrada do hotel. A recepcionista pede que aguardem por alguns instantes até ela comunicar ao setor da gerência que Marisa havia chegado. Enquanto isso Marisa começa a observar onde seria o seu novo local de trabalho, se Deus assim permitisse. Ela caminha em meio àquele luxuoso e impecável salão, se a entrada era assim com tanto requinte, Marisa m*l poderia esperar para conhecer os quartos. Em passos largos se aproxima de um vitrô que dava uma visão privilegiada e ampla da parte de fora do hotel. Ela observa a entrada e saída de mulheres, homens, distintos e elegantes. Seu olhar corre rapidamente para um veículo que havia estacionado naquele momento, e arregala os olhos ao olhar para a placa. Uma luz acende em sua memória e ela recorda do momento difícil e a maneira deprimente que chegou em casa, após um i****a deixá-la ensopada com a água da chuva. Ela dá passos para ir tirar satisfações e dizer poucas e boas para o ser medonho que não teve nem ao menos a decência de lhe pedir desculpas, quando ouve chamarem pelo seu nome. — Marisa! Venha! O gerente está lhe aguardando! Marisa acena na direção de Jodie dizendo que já estava indo e quando torna a procurar o maldito dono do carro para ao menos gravar a sua cara, o veículo já estava se afastando do hotel e ela continua com a mesma raiva e pensamento de antes. Mas dessa vez as coisas estavam um pouco mais fáceis e benéficas para seu lado, ao menos ela já sabia onde encontrar o grosseirão do carro preto. E dessa vez ele não escaparia de ter a lição de moral que merecia. Ele iria ouvi-la querendo ou não, à se iria! Continua...
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