O herdeiro?

822 Words
Só pode ser brincadeira. Fiquei parada, tentando entender tudo que tinha acontecido, olhando para o meu corpo e cabelos sujos de terra. Olhei para o automóvel, que parou em frente à vendinha da dona Maria, com os olhos vermelhos de raiva. Na mesma hora corri para o alcançar e descobrir quem era o babaca que tinha feito aquilo comigo. Meu pai sempre dizia que eu era do tipo esquentadinha desde pequena, e não era mentira. Na maioria das vezes eu me mantinha calma e educada, sorria e usava da ironia para não ter que brigar, mas daquela vez talvez os pés doendo de eu tanto andar ou o corpo sujo de lama me fizeram sair correndo até o desgraçado sem medo nenhum. Quando cheguei diante da lojinha, o motorista já tinha saído do carro, que estava com os pneus sujos de terra. Entrei no lugar sem nem saber quem era ele e quem presenciaria o meu descontrole. Haviam outras pessoas no lugar onde, frequentemente, eu ia comprar pão. Avistei as costas do babaca que me sujou. Ele vestia um jeans surrado, uma jaqueta escura de couro e um par de botas da mesma cor. Só dava para eu ver seus ombros largos e os cabelos loiros. Eu não me importava se ele era um mauricinho cheio da grana, tiraria satisfação com o sujeito. Aproximei-me dele por trás, pondo uma das mãos na cintura, e com a outra chamei sua atenção. — Quem o senhor pensa que é para me deixar no meio do caminho melada de barro? — eu o peitei, ainda sem ver o seu rosto. — Até parece um covarde. Seu Zé estava no canto da venda conversando com um amigo e logo parou para observar a cena. Assim que o dito cujo se virou e me encarou, senti como se minha língua pegasse fogo. Eu já tinha visto muitos homens bonitos, uns peões muito apresentáveis, mas esse homem... Deus! Ele era magnífico. Olhos azuis, rosto muito bem desenhado, uma barba rala de tirar o fôlego e um sorriso no rosto. Isso me deixou de pernas bambas. Nossa Senhora da beleza! Esse homem tinha a boniteza de um anjo e a personalidade de um capeta. — Desculpe. O que disse? — ele perguntou, confuso. O tal carinha me olhou dos pés à cabeça antes de me encarar. — O que aconteceu com você? Pisquei duas vezes para sair do transe em que ele me colocou. O que tem de bonito, tem de babaca. — Olha aqui, seu... — Eu não sabia como chamá-lo. Na verdade, eu sabia, mas não seria tão m*l-educada e suja. — Não sei o seu nome, mas o senhor fez isso em mim quando passou pela poça enorme lá na pista. Então, no mínimo, deve me pedir desculpa. — Às vezes eu falava um pouco alto e parecia mesmo uma barraqueira. O homem me encarou, confuso, como se estivesse tentando se lembrar disso. — Vai ficar só olhando? — Eu pus as duas mãos na cintura e bati os pés no chão, esperando alguma reação dele. — É uma imagem muito bonita — ele brincou, gerando em mim desconforto e vergonha. — Mas se fui eu o causador dessa bagunça, senhorita, queira me desculpar — ele disse quase se curvando, e eu achei isso estranho. — Estamos quites? Ele tinha aquele olhar de safado e o sorriso de um cafajeste. Eu sabia que ele era encrenca, então tratei de parar de encará-lo como uma i****a do campo. — Nem um pouco, estranho. — Não sei de onde isso veio, porém me aproximei dele, passei a mão em mim e o sujei com o mesmo barro que me cobria. O homem não estava esperando por isso e ficou chocado, assim como os que assistiam. — Pronto. Agora sim. Saí da sua frente, pisando no chão e sentindo o meu coração na boca. O homem era lindo, muito lindo, e eu não sabia o que tinha feito. Ele me pediu desculpa, mas eu ainda estava furiosa. Nem sabia quem ele era e já estava arrumando confusão. — Espera aí. Qual o seu nome? — ele quase gritou antes que eu desaparecesse. Eu olhei para trás. O loiro bonitão sorria. Droga! Sorrindo ficava ainda mais bonito. Simplesmente continuei andando sem respondê-lo. Algo dentro de mim dizia que esse aí seria um problema. On: Violeta, irritada, provocou um homem perigoso, mas não por ele ser c***l ou um bandido. E Benjamin encarava as costas daquela baixinha que rebolava a sua b***a, com olhos gordos. Ela era quente, e ele sabia disso, mesmo que não tenha durado muito todo aquele show. Violeta queria correr para casa; não só por estar completamente suja, mas por estar nervosa e achando que o homem poderia segui-la até lá só para dar o troco. Entretanto, o que Ben queria era conhecer melhor a mulher apimentada que o sujou de lama, punindo-o pelo seu desastre. Off.
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