Zeca
As três em ponto o irmão da Mari deixou ela em frente à minha casa!
Eu estava louco para começar nossas brincadeiras de princesa e cavaleiro, mas eu tinha que me manter sério perto desse tal de Nero, pois já tinha percebido que o cara não gostava nem um pouco de mim, então, eu apenas dei boa tarde para eles e abri o portão para a Mari passar.
Assim que percebi o cara indo embora em seu carro, empurrei com tudo a cadeira da Mari e nós fomos em alta velocidade pra dentro da minha casa.
— Zeca seu louco! - Mari disse as gargalhadas, o som de seu sorriso estava cada vez mais se transformando para mim na coisa mais deliciosa de se ouvir.
— Princesa! Como ousa destratar assim o seu cavaleiro reluzente? - perguntei com falsa indignação.
— Se me chamar de Ruby novamente, você vai apanhar! - me avisou com uma carinha de brava, que na verdade era a coisa mais fofa do mundo.
— Ei calma! Eu não consigo pensar em um outro apelido assim tão rápido! - respondi com a mão no queixo fingindo pensar em algo.
— Porque não começamos logo a fazer o trabalho? - sua raivinha fofa já havia passado.
— Tudo bem! - Me dei por vencido e sentei no sofá, ela abriu sua mochila e retirou os materiais, pegou o livro de química e começou a folhear.
(...)
— Oi Mari! - Minha mãe disse assim que começou a descer as escadas e nos avistou na sala.
— Oi dona Karina! Tudo bem? - a lindinha respondeu educadamente.
— Tudo sim! Como está indo o trabalho de vocês?
— Começamos agora! A sua casa é muito bonita! - acertou em cheio no elogio.
— Ohwn minha princesinha muito obrigada! Você sabia que fui eu quem planejei toda a decoração? O preguiçoso do Mauro só concordava com tudo e....
— Ei mãe! Você não disse que tinha paciente depois das três? - Precisei interromper a minha mãe, pois quando ela começava a falar sobre a decoração da casa não conseguia mais parar.
— MEU DEUS! EU JÁ ESTOU INDO! MARI VOCÊ TEM SESSÃO NA QUINTA FEIRA A TARDE! - gritou eufórica e saiu apressada.
— Tabom! - Mari disse tentando se manter educada mesmo estando incomodada com os gritos da minha mãe, ela era uma princesinha mesmo.
Assim que minha mãe saiu, nós voltamos a nos concentrar no trabalho, eu observei-a durante todo o tempo, e foi impossível não reparar no quanto ela ficava linda toda concentrada nos estudos.
Depois de um tempo no qual já havíamos concluído quase toda a atividade, a Ayame entrou com uma bandeja cheia de lanches pra gente.
— Ah que delícia eu adoro sanduíche! - Mari disse já se servindo.
— Ayame senta pra lanchar com a gente! - falei para a nossa empregada.
É costume daqui de casa que a Ayame faça as refeições na mesa com a gente, ela só não participa quando tem visitas, minha mãe já brigou com ela por causa disso, mas a Ayame insiste em não querer participar porque diz que fica com vergonha dos visitantes, inclusive agora ela parece estar com vergonha da Mari.
— Relaxa Ayame! A Mari é de casa! - As duas me encaram assim que eu disse isso, e percebi um leve rubor nas bochechinhas da Mari, e tentei disfarçar voltando a insistir com a Ayame.
— Você trouxe muito, come com a gente!
— Ayame você colocou canela nesse bolo? Eu tô sentindo um gosto amanteigado com um leve toque de canela! - assim que a Mari disse isso, a Ayame sentou com a gente com uma expressão de espanto no rosto.
— Nossa você percebeu? - perguntou surpresa para a Marina.
— Sim! Eu adoro fazer cokies de canela! São os preferidos da Marcela! - respondeu-a.
— Você pode me passar a receita? O Zeca tá começando a enjoar os cokies com gotas de chocolate! - pediu e a Mari concordou.
A Ayame comia e conversava com a Mari como se já se conhecessem há séculos, e foi aí que eu me toquei que a Mari não tinha o dom apenas de me encantar, esse dom ela tinha com todos.
— Quer mais um pouco de suco? - Ayame perguntou já segurando a jarra.
— Já estou satisfeita! Obrigada! - respondeu.
— Obrigada Ayame! - agradeci a nossa funcionária.
Ayame se retirou e Mari e eu continuamos a fazer o trabalho, faltando pouco para terminarmos, observei ela se movimentar um pouco incomodada e começar a olhar para todos os cantos da sala.
— Zeca! Onde fica o banheiro? - me perguntou.
— O de hóspedes fica no corredor lá em cima! - Apontei para as escadas e ela olhou para a mesma decepcionada, e eu me senti o maior i****a do mundo.
— Eu preciso fazer xixi! Tô apertada! - me confessou.
— Eu te levo Mari! - respondi imediatamente.
Eu peguei ela no colo e subi com ela as escadas, em vez de levá-la ao banheiro de hóspedes achei melhor levar para o banheiro do meu quarto que tinha a porta mais larga, mesmo assim foi difícil a passagem de nós dois ao mesmo tempo, abaixei a tampa do vaso, e coloquei ela quase em pé, segurando forte em sua cintura para ela não cair, como ela estava de vestido, apenas abaixou a calcinha e eu sentei ela no vaso.
— Vou te esperar aqui fora! - Eu disse e ela concordou com o rosto mais vermelho que um pimentão, e eu não me olhei no espelho, mas devo ter ficado assim também, eu vou conversar com a minha mãe, ela vive se gabando da decoração da casa, mas essa mesma não é adaptada para pessoas com necessidades especiais.
— Terminei Zeca! - Mari disse e eu fui correndo pegar ela, quando a levantei dei um tempo para ela levantar a calcinha, e despois a peguei no colo novamente.
— Zeca pode me sentar um pouco nessa cama? - me pediu quando passávamos pelo quarto.
— Claro! - respondi.
Sentei ela bem no meio da cama e ela se acomodou, as pernas dela realmente não tem nenhum tipo de movimento, são bem molinhas e grossinhas, eu sei que eu não deveria reparar assim, mas quando ela as puxou com os braços para se acomodar foi impossível não olhar, a Mari é toda perfeitinha.
— Desculpa Zeca! É que eu fiquei apertada, bebi muito suco e...
— Mari você não tem que se desculpar por isso! Eu que devo desculpas por não ter uma casa adaptada! - disse envergonhado.
— Ninguém na sua casa precisa de banheiro adaptado Zeca! Isso é super normal relaxa! A minha casa só foi adaptada depois do acidente! - me explicou.
— Então foi um acidente? - perguntei um pouco receoso, esse assunto devia ser difícil de se falar.
— Sim! Eu tinha quatorze anos e a Marcela doze! O Nero tinha gritado com ela porque ela disse algo comprometedor dele pra Tenten a noiva dele, que na época era só namorada, e ela saiu correndo e chorando para o meio da rua! Eu ia chegando na calçada de casa com meu ex namorado e vi a Marcela passando direto por mim e no mesmo instante vinha um carro, eu não pensei duas vezes e...
Marina parou para respirar, parece que falar disso ainda mexia com ela.
— Eu já entendi tudo Mari! Tudo bem! Você tinha namorado? - tentei mudar um pouco o assunto.
— Era um paquera da escola! Que tinha me pedido em namoro pro meu pai! Ele se afastou depois do acidente, não vale a pena falar dele! - ela disse um pouco triste e eu a abracei, e mais uma vez eu senti o seu perfume doce de morango.
— Que babaca! Eu nunca te deixaria Mari! - falei e Percebi ela ficar envergonhada e um pouco sorridente.
— Eu nunca o culpei por nada sabe, mas na mesma semana que voltei para a escola já o vi de mãos dadas com outra garota! - disse com um semblante pesaroso.
— Me passa o endereço desse cara Mari! Eu vou quebrar a cara dele! - fervendo de raiva e a Mari começou a gargalhar.
— Ahh Zeca! Só você mesmo pra me fazer dar risada com essa história!
— Lutar pela sua felicidade e bem estar, é o objetivo da minha vida Oh doce Rubi! - disse fazendo uma reverência.
— Fico lisonjeada e agraciada cavaleiro reluzente! - me disse com o seu sorriso lindo e eu fiquei sem palavras, então eu fui aos poucos aproximando o meu rosto do dela, ela percebeu e virou o rosto pro lado.
— Eu fiquei com vergonha! - novamente confessou.
— De que? perguntei baixinho ainda olhando pra boquinha rosa e carnuda dela.
— De você ter me levado no banheiro! - disse com a cabecinha baixa olhando para as mãos e eu levantei-a delicadamente segurando em seu queixo, fazendo-a olhar para mim.
— Eu também fiquei com um pouco de vergonha! Mas isso é normal, já vi o Shiko mijando na frente da Tati certa vez quando a gente vinha de uma festa, e não foi nada demais.
— Mas eles são namorados Zeca! Kkkkk! - fiquei aliviado ao perceber que ela já estava sorrindo e mais descontraída.
— Mari! Seria muito cedo pra eu pedir você em namoro? - perguntei olhando fundo nos olhos dela, e meu coração começou a bater descontrolado.
— Seria! - respondeu sem rodeios.
— Aii! Isso doeu! - disse um pouco magoado e ela sorriu. — Eu não sabia que a princesa Rubi era malvada e esmagava os corações dos cavaleiros com as mãos! - botei a mão no peito fingindo dor.
— Zeca só você mesmo! - disse gargalhando.
— Você não me leva a sério! Eu vou te levar lá pra baixo! - fui pegar ela no colo e ela segurou no meu braço e pediu pra eu sentar de novo na cama.
— Acho que não se pede alguém em namoro antes de ficarem por um tempo e se conhecerem melhor! - me disse séria com o seu lindo olhar azul piscina.
— Você é muito moderninha princesa Rubi! - eu disse e nós dois começamos a sorrir.
Em meio as risadas senti suas mãos macias segurarem o meu rosto e aos poucos eu fui sendo puxado para mais perto dela, e quando novamente o seu doce de morango tomou conta de mim, eu fechei meus olhos para apreciar o doce aroma.
De repente senti o toque macio e aveludado dos seus lábios nos meus, e eu juro que essa sensação realmente me fez viajar pra outro mundo, um mundo onde eu era realmente um cavaleiro e estava completamente apaixonado pela bela princesa.